Nome de cantor, futebol de craque - Roberto Carlos da Silva (original) (raw)

A determina��o na vida, a habilidade com a bola nos p�s e um potente chute com a perna esquerda fazem do lateral-esquerdo Roberto Carlos, acima de tudo, um vencedor. Um homem aut�ntico, de personalidade forte, que prefere se expor a se omitir, de h�bitos extravagantes e atitudes surpreendentes. Apreciador das ditas "boas coisas da vida", como j�ias, carros caros e sofisticados e toda a sorte de eletr�nicos modernos, mas solid�rio com aqueles que n�o t�m quase nada na vida. Um chefe de fam�lia exemplar e um filho dedicado. "Um cara corajoso", dizem aqueles que convivem mais de perto com ele.

Em campo, Roberto � um jogador carism�tico que, �s v�speras de completar 30 anos, j� conquistou quase tudo na carreira. Al�m dos v�rios t�tulos coletivos defendendo equipes como o Palmeiras e o pr�prio Real, j� foi apontado como o segundo melhor do mundo na sua posi��o, recebido com aten��o especial pelo rei Juan Carlos, da Espanha, onde reside com a fam�lia e � �dolo dos torcedores do Real Madrid.

� com o Real de Madrid que o lateral brasileiro vive um casamento de sete anos e muitas conquistas. Se ele foi mal com a Sele��o na Copa de 1998, como seus cr�ticos brasileiros afirmam, com o Real, no mesmo ano, foi campe�o da Copa dos Campe�es da Europa e eleito o melhor jogador do mundo, numa pesquisa realizada na internet espanhola.

Inf�ncia dif�cil

Apesar da inf�ncia pobre de menino do Interior, nascido em uma fazenda de cultivo de caf�, em Gar�a, S�o Paulo, e criado com muita dificuldade pelos pais, lavradores, Roberto Carlos da Silva (o nome � uma homenagem do pai do jogador ao cantor, de quem ambos s�o f�s at� hoje) driblou o destino e venceu na vida, como profissional e ser humano. Nunca teve papas na l�ngua. Ao contr�rio: sempre falou o que lhe veio � cabe�a, sem grandes preocupa��es se estaria agradando ou n�o a quem quer que seja. Esse comportamento lhe valeu admira��o de alguns e v�rios desafetos.

Mascarado, falastr�o, arrogante e briguento s�o apenas alguns dos adjetivos que lhe imputaram ao longo da carreira. Mas tamb�m j� o chamaram de craque, her�i, fora-de-s�rie... "Sou um cara simples. �s vezes posso n�o ser compreendido por alguma atitude, mas nunca ataquei ou feri quem quer que seja. Quem convive comigo sabe disso", rebate o craque a seus cr�ticos, garantindo que � uma pessoa humilde.

Tudo aquilo que a inf�ncia pobre lhe negou, seu esfor�o e talento lhe proporcionaram j� a partir da adolesc�ncia. E ele faz quest�o de usar. Cord�es, an�is, brincos e pulseiras de ouro e brilhante, carros e aparelhos sofisticados s�o algumas de suas manias. Mas, ao mesmo tempo, ele n�o esquece seu passado e faz quest�o de ajudar aqueles que precisam, como as crian�as atendidas pela Santa Casa de Araras, cidade onde come�ou sua carreira futebol�stica, defendendo o time do Uni�o.

"Acho que jogadores de futebol e cantores deveriam usar uma parte do dinheiro que ganham para ajudar crian�as carentes", afirma o jogador, que na inf�ncia deu duro ajudando o pai, sr. Oscar, numa tecelagem da cidade onde nasceu.

O ponta que virou lateral

Roberto Carlos ganhou sua primeira bola aos 3 anos de idade. Aos 8, j� jogava entre adultos, no mesmo time em que seu pai era volante. "Jogava na ponta ou na meia-esquerda; nunca na lateral", lembra. Em 1981, com a mudan�a da fam�lia para Cordeir�polis, onde foi morar na casa da av� materna, o jogador apareceu para o futebol. Jogava na equipe de uma f�brica de aguardentes quando foi convidado para defender o time da cidade nos Jogos Abertos do Interior. Estava lan�ada sua sorte.

Em 1988, inicia sua carreira nas equipes menores do Uni�o S�o Jo�o de Araras, onde jogou por quatro anos, passando pelas categorias juvenil e juniores. Em 1990, chega � Sele��o Brasileira de Juniores, na �poca comandada pelo t�cnico Ernesto Paulo, onde conquista o vice-campeonato mundial da categoria e o Campeonato Pr�-Ol�mpico. Em 1992 torna-se profissional, ganha definitivamente a posi��o de lateral-esquerdo do Uni�o e, no mesmo ano, � vendido para o Palmeiras por US$ 500 mil.

Do Palmeiras, onde conquistou dois t�tulos brasileiros, dois paulistas e uma Ta�a Rio-S�o Paulo, foi vendido, em 1995, para a Internazionale de Mil�o por US$ 7 milh�es. E em 1996, dez meses ap�s sua chegada a Mil�o, transfere-se para o Real Madrid, da Espanha, onde atinge o auge de sua carreira, sendo tratado com toda a pompa de �dolo.

Em 1997 ele foi considerado pela entidade m�xima do futebol mundial, Fifa, o segundo melhor jogador do mundo e no ano seguinte, em 98, ganhou a oitava edi��o do Trof�u EFE, entregue pela ag�ncia de not�cias espanhola ao melhor jogador ibero-americano do ano.

At� a metade de 2002, com a conquista de mais um Campeonato Europeu pelo Real Madrid, bem sucedido pessoal e profissionalmente, o lateral poderia considerar-se um homem completamente realizado. Por�m, ele ainda lutava por um sonho: tornar-se campe�o do mundo defendendo a sele��o brasileira. Ele chegou � sele��o principal em 1993, com Carlos Alberto Parreira, mas acabou sendo preterido na campanha do tetra. J� na Copa de 1998 ele era uma das estrelas do grupo brasileiro, ao lado de Ronaldinho, seu companheiro de quarto na concentra��o. Com a perda do t�tulo, foi tamb�m um dos mais criticados. Por�m, sempre afirmou que o vice-campeonato em 98 fora uma conquista muito importante.

Nos meses que antecederam a Copa da Cor�ia e do Jap�o, Roberto Carlos era, mais uma vez, quase que uma unanimidade nacional na lateral esquerda. Enquanto muitos outros jogadores brigavam pelo banco da posi��o, Roberto j� tinha seu lugar assegurado no time titular. Foi nesse Mundial que finalmente veio a reden��o do menino humilde do interior de S�o Paulo.

Ao final do dia 30 de Junho de 2002 a vida desse aclamado jogador havia mudado. Seu sonho finalmente se tornara realidade, ele era campe�o mundial pela sele��o brasileira. Eleito um dos melhores do Brasil na Competi��o, o atleta atacou, marcou, lutou, correu e, de quebra, deixou sua marca no jogo contra a China, em que a sele��o canarinha venceu por 4 a 0. Ele abriu o placar com um gola�o numa falta cobrada da meia esquerda.

No final desse ano memor�vel para Roberto, ele ainda conquistou, com sua super-equipe, o Mundial Interclubes do Jap�o pela segunda vez (a primeira havia sido em 98, diante do Vasco). Tamb�m no final de 2002, ele foi eleito o melhor jogador do mundo pela revista francesa L�Equipe. Nada mal para quem nasceu numa fazenda e ainda crian�a enfrentou todo tipo de dificuldade, t�picas de um garoto pobre, filho de lavradores. (gazetaesportiva)