Rodas de Viriato (original) (raw)
Reportagem da 28.ª Automobilia de Aveiro / 2022 (2/2)
Com uma fotografia de uma banca cheia de chapas antigas de motorizadas e de bicicletas fabricadas em Portugal, concluímos a reportagem relativa à 28.ª Automobilia de Aveiro 2022, que se realizou no passado mês de Maio.
Mais uma vez mostramos a diversidade de veículos, de marcas, de épocas, de artigos, de clubes / entidades que ajudam a que chamada Feira de Aveiro seja das melhores em termos nacionais e europeus.
Podemos até dizer que, independentemente do que se procura relacionado com veículos antigos, haverá sempre qualquer coisa para satisfazer o interesse de cada um. Vejam por exemplo a lata antiga da Sonap que aparece na imagem anterior, é ideal para quem gosta de marcas de óleos e quer decorar um espaço especial.
E quem gosta de artigos de grandes dimensões, podia adquirir uma chapa esmaltada da Mabor General, com sinais da idade...
Quem gosta de pedalar em bicicletas antigas / clássicas / vintage tinha muitas à disposição para comprar. Na imagem anterior vemos um lote de bicicletas de corrida / ciclismo, destacando-se a primeira da marca Masil.
Já sabemos que na Automobilia de Aveiro há sempre exposições temáticas e este ano havia uma de tratores / máquinas agrícolas, onde era se podiam ver exemplares que ajudaram a desenvolver a agricultura e facilitaram a vida de quem nela trabalhava.
Outra das exposições que se podia ver era da PSP - Polícia de Segurança Pública, que levou para o espaço uma Casal S170 Carina de 1969. Note-se que esta scooter foi usada no Comando Distrital da Guarda, em Gouveia. Outro dos veículos apresentado foi a Casal K 272, com motor de 1150 cc.
Na entrada da Autobilia de Aveiro havia uma exposição de motos antigas de grandes cilindradas, muitas delas do primeiro quartel do século XX.
Fora dos espaços de exposição havia muito material para quem gosta de pensar em passear com motorizadas de fabrico nacional. E tanto se podiam comprar motorizadas restauradas e prontas a circular, como muitas peças usadas para completar restauros.
Sendo um evento anual, quem comprar agora peças para fazer restauros, tem todo o ano para concluir os trabalhos e quando chegar a próxima automobilia pode repetir o processo.
Em termos de brinquedos antigos a oferta também era muito grande. Quem queria relembrar os tempos de infância podia encontrar modelos como o da imagem anterior que nos remetem para os anos 20 e 30 de século passado.
Material de fabrico recente também não faltava, como chapas esmaltadas da Sonap, da Sacor e da Galp que podiam ser aplicadas numa parede sem precisarem de qualquer tipo de intervenção / manutenção ou restauro.
E quem gosta de objectos com luz encontrava vários reclamos antigos, como os dois da Tudor que vemos na fotografia
Brevemente iremos mostrar detalhadamente peças que podiam ser encontrar no evento e que merecem um destaque especial.
Visita ao M2R - Museu Duas Rodas
Na longa caminhada pelo reconhecimento e valor do que foi, e é, a história dos veículos fabricados em Portugal, muito pode e deve ser feito.
Quando o Rodas de Viriato iniciou a sua atividade divulgadora destes veículos no ano de 2006, muito havia por fazer na Internet e mais ainda no mundo real. De entre os variados tipos e marcas de veículos, foi no mundo das motorizadas que mais se sentiu a necessidade da criação de um museu, de modo a esclarecer muitos pormenores desconhecidos.
Se havia quem dissesse que se devia fazer um museu das motorizadas portuguesas numa das antigas fábricas, havia quem dissesse que o mesmo deveria ser numa das localidades a que elas estão associadas. E havia ainda quem dissesse que esse museu deveria estar ligado a um outro museu já existente (não por se pretender aglutinar recursos e dar expressão à dimensão deste passado, mas por se considerar que esse museu poderia ter interesse neste mundo).
Entretanto surgiram exposições (o Rodas de Viriato organizou e montou as exposições Início da Indústria de Ciclomotores em Portugal; Alguns dos 100 anos da EFS e A Pedalar) e livros relacionados com as motos antigas portuguesas, permitindo a sistematização de conhecimento sobre o tema e a criação de contactos de diferentes pessoas e entidades que podiam dar aso a outros projectos.
Mas a criação de um museu era uma realidade que demorava a ganhar forma e a ser concretizada, até que este ano abriu o Museu Duas Rodas - M2R, no Centro de Alto Rendimento de Anadia / Velódromo Nacional de Sangalhos.
E o Rodas de Viriato lá teve uma boa desculpa para ir até ao concelho de Anadia, a uma zona cujo nome está associado a vinhos, mas também a bicicletas e a motorizadas.
Para visitar o Museu Duas Rodas - M2R é conveniente fazer uma marcação prévia, pois o mesmo está instalado no corredor exterior da pista do Centro de Alto Rendimento de Anadia / Velódromo Nacional de Sangalhos. Como há motorizadas, motos e peças expostas sem estarem protegidas por um vidro, a visita é feita por uma guia que vai falando sobre o que está exposto e ao mesmo tempo garante-se que não há furtos ou danos no que está exposto.
A planta do museu tem uma forma oval, pelo que foi criado um percurso com várias "estações" em que é explicada a evolução desta indústria local, mostrando bicicletas, motorizadas, motos, triciclos; bem como uma série de coleccionáveis, documentários e até algumas propostas tecnológicas com realidade virtual.
A visita tem a duração de aproximadamente uma hora e pela variedade do que está exposto, podemos dizer que é recomendada para todas as faixas etárias (como é conveniente num museu...).
E já que falámos do que vimos no museu M2R sem fazer referência às fotos que acompanham este texto, fiquem a saber que na fotografia seguinte vemos uma experiência de realidade virtual em que é possível montar uma SIS Sachs V5 pegando "virtualmente" nas principais peças desta motorizada com a mão.
Envelope Armazéns Mieiro & Filhos, L.da - Narvik
A falta de informação escrita e disponível a qualquer um sobre a nossa história relacionada com veículos de duas rodas, faz com que um simples envelope traga luz sobre um determinado tema. Mas estamos cá para mudar isso, pelo que hoje acrescentamos mais uma peça ao quebra-cabeças.
Neste envelope dos armazenistas / importadores Mieiro & Filhos, L.da, de Sangalhos, podemos obter algumas informações importantes, pois temos a confirmação de que a Mieiro & Filhos, L.da, vendia as motorizadas Narvic de fabrico nacional, bem como motorizadas Rixe e Bismark. Isto para além de vender bicicletas Longines e Bremen de fabrico nacional e das Phillips de fabrico inglês. Eram ainda os importadores exclusivos para Portugal das Triumph fabricadas na Raleigh Industries, LTD.
Mas se obter estas informações sobre o nosso passado já é uma coisa boa, melhor é ver o desenho impresso no verso deste envelope com carimbo de 29 de Março de 1956. É uma motorizada Narvik com 50 c.c., com 2 velocidades e kick-starter, equipada com o famoso motor alemão JLO.
Publicidade Narvik motorizadas - 1965
No seguimento do artigo sobre a motorizada Narvik que esteve no Classic' Auto, recebemos esta publicidade, bem como algumas informações que complementam o assunto (gentilmente enviadas por Carlos Martins/Old Moped - muito obrigado!).
A Narvik era uma marca dos Armazéns Mieiro e Filhos L.da, fundados em 1942, em Sangalhos. Estes armazéns surgem de uma outra empresa, a Mieiro e Teixeira.
Pela publicidade no panfleto, podemos ver que as motorizadas Narvik tinham punhos Magura, que a pintura era nas cores cinzento e castanho claro e que eram equipadas com pneus Continental 21 x 2.75.