Pedro Mandagará | Universidade de Brasília - UnB (original) (raw)
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Papers by Pedro Mandagará
Discute a necessidade de revermos a forma como as literaturas de matriz oral (não) são inseridas ... more Discute a necessidade de revermos a forma como as literaturas de matriz oral (não) são inseridas na academia.
Texto antigo, publicado nos anais da IX Semana de Letras da PUCRS. Já levemente desatualizado.
In: Schmidt, Rita T., e Mandagará, Pedro (orgs). Sustentabilidade: o que pode a literatura? Santa... more In: Schmidt, Rita T., e Mandagará, Pedro (orgs). Sustentabilidade: o que pode a literatura? Santa Cruz do Sul: EdUNISC, 2015. Livro digital disponível em Fins e fins Como sabemos, a História já teve diversos fins. Previsões diversas (com ano demarcado ou não), feitas por milenaristas de toda sorte, de Nostradamus às Testemunhas de Jeová, deram conta de que o mundo acabaria em tal ou qual ano. Milenaristas científicos já calcularam os bilhões de anos que passarão até que o envelhecimento do Sol torne a vida na Terra impossível. Em outro plano, a História teve um fim lá por 1989, 1990, com a Queda do Muro de Berlim e da União Soviética e o início do consenso neoliberal dos anos 1990. O cientista político Francis Fukuyama captou o zeitgeist daquele momento no seu livro O fim da História e o último homem (1992). Para Fukuyama, a derrocada do "socialismo real" representava a vitória definitiva do liberalismo e da democracia em nível global. Não havia mais História com H, no sentido de grandes metamorfoses ou revoluções. Haveria ainda eventos, mas a História, enquanto narrativa de progresso, havia alcançado, em ao menos dois sentidos, seu Fim. Restaria apenas a expansão, o crescimento e a estabilização das democracias liberais como novo modelo para todos. Não haveria História, apenas problemas administrativos. A segunda parte do título do livro de Fukuyama é pouco lembrada. O fim da História e o último homem. Fukuyama aqui se refere a um trecho do Prólogo do Zaratustra, de Nietzsche: Vede! Eu vos mostro o último homem. "Que é o amor? Que é criação? Que é anseio? Que é estrela?"assim pergunta o último homem, e pisca o olho. A terra se tornou pequena, então, e nela saltita o último homem, que tudo apequena. Sua espécie é inextinguível como o pulgão; o último homem é o que tem vida mais longa. (...) Um pouco de veneno de vez em quando: isso gera sonhos agradáveis. E muito veneno por fim, para um agradável morrer. (...) Nenhum pastor e um só rebanho! Cada um quer o mesmo, cada um é igual: quem sente de outro modo vai voluntariamente para o hospício. (...) Têm seu pequeno prazer do dia e seu pequeno prazer da noite: mas respeitam a saúde. "Nós inventamos a felicidade"dizem os últimos homens, e fecham o olho.
Anais do VIII Seminário Internacional de História da Literatura - PUCRS (CD), 2009
Anais do III SEPESQ UniRitter (CD), 2007
O presente ensaio discute as relações entre gênero literário e hibridismo cultural a partir do li... more O presente ensaio discute as relações entre gênero literário e hibridismo cultural a partir do livro Terra papagalli, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. Depois de discutir algumas formas de aplicação do conceito de hibridismo a obras literárias, escolhe-se a formulação de um certo hibridismo estético como mais adequada. A partir da classificação da obra como romance híbrido, considera-se o uso da paródia nela como forma de resistência, a partir do célebre ensaio “O entre-lugar do discurso latino-americano”, de Silviano Santiago.
Esta tese se inscreve dentro do projeto contemporâneo de escrever a história da literatura de um ... more Esta tese se inscreve dentro do projeto contemporâneo de escrever a história da literatura de um só ano, no caso o ano de 1975. Para tanto, toma-se o conceito de dispositivo, de Michel Foucault, e seus desenvolvimentos por Hans Ulrich Gumbrecht e Giorgio Agamben, e se descreve o dispositivo engajamento. O dispositivo é descrito de maneira genealógica, a partir de leituras de Jean-Paul Sartre e Theodor Adorno. É mostrado que o conceito de engajamento apresenta três acepções, descritas como três níveis. A seguir se analisam os romances Zero, de Ignácio de Loyola Brandão, e El otoño del patriarca, de Gabriel García Márquez, ambos publicados em 1975, no que se refere aos seus narradores e protagonistas, e se comparam os resultados da análise aos níveis do engajamento descritos anteriormente. Conclui-se que há a presença do dispositivo engajamento nas obras analisadas. Nas considerações finais, discute-se a inscrição histórica dos romances, tanto na história geral da América Latina quanto em relação à história literária e cultural.
Palavras-chave: Dispositivo, Engajamento, História da Literatura
Discute a necessidade de revermos a forma como as literaturas de matriz oral (não) são inseridas ... more Discute a necessidade de revermos a forma como as literaturas de matriz oral (não) são inseridas na academia.
Texto antigo, publicado nos anais da IX Semana de Letras da PUCRS. Já levemente desatualizado.
In: Schmidt, Rita T., e Mandagará, Pedro (orgs). Sustentabilidade: o que pode a literatura? Santa... more In: Schmidt, Rita T., e Mandagará, Pedro (orgs). Sustentabilidade: o que pode a literatura? Santa Cruz do Sul: EdUNISC, 2015. Livro digital disponível em Fins e fins Como sabemos, a História já teve diversos fins. Previsões diversas (com ano demarcado ou não), feitas por milenaristas de toda sorte, de Nostradamus às Testemunhas de Jeová, deram conta de que o mundo acabaria em tal ou qual ano. Milenaristas científicos já calcularam os bilhões de anos que passarão até que o envelhecimento do Sol torne a vida na Terra impossível. Em outro plano, a História teve um fim lá por 1989, 1990, com a Queda do Muro de Berlim e da União Soviética e o início do consenso neoliberal dos anos 1990. O cientista político Francis Fukuyama captou o zeitgeist daquele momento no seu livro O fim da História e o último homem (1992). Para Fukuyama, a derrocada do "socialismo real" representava a vitória definitiva do liberalismo e da democracia em nível global. Não havia mais História com H, no sentido de grandes metamorfoses ou revoluções. Haveria ainda eventos, mas a História, enquanto narrativa de progresso, havia alcançado, em ao menos dois sentidos, seu Fim. Restaria apenas a expansão, o crescimento e a estabilização das democracias liberais como novo modelo para todos. Não haveria História, apenas problemas administrativos. A segunda parte do título do livro de Fukuyama é pouco lembrada. O fim da História e o último homem. Fukuyama aqui se refere a um trecho do Prólogo do Zaratustra, de Nietzsche: Vede! Eu vos mostro o último homem. "Que é o amor? Que é criação? Que é anseio? Que é estrela?"assim pergunta o último homem, e pisca o olho. A terra se tornou pequena, então, e nela saltita o último homem, que tudo apequena. Sua espécie é inextinguível como o pulgão; o último homem é o que tem vida mais longa. (...) Um pouco de veneno de vez em quando: isso gera sonhos agradáveis. E muito veneno por fim, para um agradável morrer. (...) Nenhum pastor e um só rebanho! Cada um quer o mesmo, cada um é igual: quem sente de outro modo vai voluntariamente para o hospício. (...) Têm seu pequeno prazer do dia e seu pequeno prazer da noite: mas respeitam a saúde. "Nós inventamos a felicidade"dizem os últimos homens, e fecham o olho.
Anais do VIII Seminário Internacional de História da Literatura - PUCRS (CD), 2009
Anais do III SEPESQ UniRitter (CD), 2007
O presente ensaio discute as relações entre gênero literário e hibridismo cultural a partir do li... more O presente ensaio discute as relações entre gênero literário e hibridismo cultural a partir do livro Terra papagalli, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. Depois de discutir algumas formas de aplicação do conceito de hibridismo a obras literárias, escolhe-se a formulação de um certo hibridismo estético como mais adequada. A partir da classificação da obra como romance híbrido, considera-se o uso da paródia nela como forma de resistência, a partir do célebre ensaio “O entre-lugar do discurso latino-americano”, de Silviano Santiago.
Esta tese se inscreve dentro do projeto contemporâneo de escrever a história da literatura de um ... more Esta tese se inscreve dentro do projeto contemporâneo de escrever a história da literatura de um só ano, no caso o ano de 1975. Para tanto, toma-se o conceito de dispositivo, de Michel Foucault, e seus desenvolvimentos por Hans Ulrich Gumbrecht e Giorgio Agamben, e se descreve o dispositivo engajamento. O dispositivo é descrito de maneira genealógica, a partir de leituras de Jean-Paul Sartre e Theodor Adorno. É mostrado que o conceito de engajamento apresenta três acepções, descritas como três níveis. A seguir se analisam os romances Zero, de Ignácio de Loyola Brandão, e El otoño del patriarca, de Gabriel García Márquez, ambos publicados em 1975, no que se refere aos seus narradores e protagonistas, e se comparam os resultados da análise aos níveis do engajamento descritos anteriormente. Conclui-se que há a presença do dispositivo engajamento nas obras analisadas. Nas considerações finais, discute-se a inscrição histórica dos romances, tanto na história geral da América Latina quanto em relação à história literária e cultural.
Palavras-chave: Dispositivo, Engajamento, História da Literatura