Como a arquitetura acolhe alunos neurodiversos nesta escola americana (original) (raw)

De acordo com dados da ABD (Associação Brasileira de Dislexia), a dislexia pode afetar entre 5% e 17% dos estudantes em salas de aula ao redor do mundo. Assim como a disgrafia e a discalculia, a dislexia é um dos transtornos de aprendizagem que podem atingir as crianças. Pensando nisso, o escritório de arquitetura NBBJ, com sede em Los Angeles, criou uma escola com propósito de oferecer um ambiente amigável e confortável a estudantes neurodiversos.

“Dedicada a educar, capacitar e celebrar os alunos com estilos de aprendizagem distintos, fornecendo as ferramentas necessárias para alcançar um futuro bem-sucedido e gratificante”, o Lower School Campus – que faz parte da Westmark School, localizada na cidade de Encino, no sul da Califórnia – foi desenvolvido com soluções de design que permitem reduzir a ansiedade e o estresse que acometem alunos com transtornos de aprendizagem no ambiente escolar.

A escola foi pensada para proporcionar conforto acústico, visual e sensorial a estudantes neurodiversos — Foto: Ty Cole

A escola foi pensada para proporcionar conforto acústico, visual e sensorial a estudantes neurodiversos — Foto: Ty Cole

Mas como? O campus de 1.440 m², que abriga 120 crianças da primeira à quinta série, conta com elementos para melhorar o conforto acústico, amortecer ruídos de fundo e aumentar a inteligibilidade da fala. “As escolas são frequentemente barulhentas, o que pode aumentar as distrações e minimizar a capacidade de aprendizagem dos jovens estudantes, especialmente dos neurodiversos, que podem ser mais sensíveis aos sons ambientes”, explica Jonathan Ward, líder de Design da NBBJ.

A escola vista do alto — Foto: Ty Cole

A escola vista do alto — Foto: Ty Cole

As intervenções estão presentes tanto no edifício quanto no formato das salas de aula e uso de materiais. A Lower School, com desenho em formato de U, tem dois níveis e um subsolo, sendo organizada em torno de um pátio com áreas circulares para jardins e assentos. Esta estrutura, composta por volumes escalonados organizados em torno de um pátio arredondado, ajuda a minimizar a transferência de som entre os cômodos.

Plantas:

Além disso, as salas de aula contam com paredes com painéis acústicos, que absorvem o excesso de som, vigas escalonadas nas paredes e dutos revestidos com isolamento. Os materiais e elementos utilizados no complexo – como a madeira, painéis de fibrocimento, cores suaves e superfícies não refletivas – contribuem para que a instalação proporcione uma sensação de aconchego e acolhimento. A iluminação também desempenha um papel importante no conforto dos estudantes, permitindo uma maior flexibilidade através de clerestórios, persianas e iluminação LED com dimmers.

Cada detalhe foi pensado para facilitar a concentração e proporcionar calmaria — Foto: Ty Cole

Cada detalhe foi pensado para facilitar a concentração e proporcionar calmaria — Foto: Ty Cole

Para completar, o campus ainda possui uma sala especial: localizada no nível inferior do edifício, dentro do espaço de terapia ocupacional, este cômodo é isolado acusticamente e é adornado com uma iluminação com ajuste de cores, permitindo um refúgio tranquilo para os estudantes quando necessário.

 As salas de aula contam com paredes com painéis acústicos, que absorvem o excesso de som — Foto: Ty Cole

As salas de aula contam com paredes com painéis acústicos, que absorvem o excesso de som — Foto: Ty Cole

A Lower School ainda permite que os estudantes estejam em constante contato com a natureza. Não é à toa que o projeto é orientado em torno de uma grande árvore Sycamore que cresce dentro de um pátio comunitário. Ainda, reconhecendo os efeitos calmantes da natureza, todas as salas de aula estão orientadas para esta árvore central e são adjacentes a um espaço externo, permitindo vistas e acesso ao exterior.

“Para criar ainda mais acesso regular ao ar livre, a equipe de projeto planejou a escola sem corredores, para que o exterior se tornasse a circulação principal do edifício. Aproveitando o clima ameno do sul da Califórnia, esse recurso de design permite uma conexão consistente e perfeita com a natureza para alunos e funcionários”, completa o líder de Design da NBBJ.

O contato com a natureza é outro ponto essencial do projeto — Foto: Ty Cole

O contato com a natureza é outro ponto essencial do projeto — Foto: Ty Cole

A escola também possui uma série de características sustentáveis, incluindo paisagismo e instalações hidráulicas com eficiência hídrica. Além disso, o projeto conta com capacidades solares que serão adicionadas no futuro, incorpora medidas de carbono zero defendidas pelo International Living Future Institute e busca a certificação LEED Gold do US Green Building Council.

O projeto da NBBJ mostra como o design pode trasnformar experiências — Foto: Ty Cole

O projeto da NBBJ mostra como o design pode trasnformar experiências — Foto: Ty Cole

“O design tem o poder de transformar as nossas experiências – de mudar positivamente a forma como nos sentimos, nos conectamos e aprendemos – e é por isso que acreditamos que é essencial investir em projetos adicionais que promovam ambientes educacionais inclusivos para crianças com diferenças de aprendizagem. Ao empregar o design como um veículo para promover estilos de aprendizagem distintos, a Westmark School não serve apenas como um modelo educacional para estudantes neurodiversos, mas também aponta o caminho a seguir com estratégias de design apoiadas por pesquisas para melhorar os resultados educacionais para estudantes em todos os lugares”, ressalta Jonathan Ward.