Pedro Guimarães Pimentel | Colégio Pedro II (original) (raw)
Papers by Pedro Guimarães Pimentel
Com o objetivo de revisitar as principais contribuicoes feitas por Renato Ortiz no estudo da emer... more Com o objetivo de revisitar as principais contribuicoes feitas por Renato Ortiz no estudo da emergencia historica da Umbanda, este trabalho busca uma interpretacao do cenario religioso carioca no contexto pos-abolicao, marcado pela reordenacao social e o convivio de distintas praticas religiosas. Traz como principais fontes relatos de jornais de epoca e estabelece uma critica as teses de “desajustamento social” e “desagregacao da memoria coletiva” que se tornaram marcantes no estudo da formacao das novas religioes de matrizes africanas no Rio de Janeiro.
Revista Desenvolvimento e Civilização, 2020
Partindo da noção de escravismo colonial como modo de produção particular à formação sócio-histór... more Partindo da noção de escravismo colonial como modo de produção particular à formação sócio-histórica brasileira, objetivamos analisar o caráter da dependência durante a transição ao capitalismo. Neste sentido, observando a definição de Ruy Mauro Marini de que a dependência é uma relação de subordinação econômica entre Estados-nação independentes no plano político, examinaremos os mecanismos pelos quais a sociedade brasileira se "moderniza" na segunda metade do século XIX. Em especial, dois aspectos serão abordados: a expansão da plantagem cafeeira na Província de São Paulo e as primeiras investidas industrialistas na cidade do Rio de Janeiro.
Dimensões - UFES, 2019
Com o objetivo de revisitar as principais contribuições feitas por Renato Ortiz no estudo da emer... more Com o objetivo de revisitar as principais contribuições feitas por Renato Ortiz no estudo da emergência histórica da Umbanda, este trabalho busca uma interpretação do cenário religioso carioca no contexto pós-abolição, marcado pela reordenação social e o convívio de distintas práticas religiosas. Traz como principais fontes relatos de jornais de época e estabelece uma crítica às teses de "desajustamento social" e "desagregação da memória coletiva" que se tornaram marcantes no estudo da formação das novas religiões de matrizes africanas no Rio de Janeiro.
Espaço e Economia - Revista Brasileira de Geografia Econômica, 2018
Neste artigo investigamos a relação da produção cafeeira com a sobrevivência do escravismo na seg... more Neste artigo investigamos a relação da produção cafeeira com a sobrevivência do escravismo na segunda metade do século XIX, principalmente na província de São Paulo. Tal inquietação parte do combate que Jacob Gorender travou contra o mito de que os cafeicultores do Novo Oeste paulista seriam, além de ‘capitalistas’, abolicionistas (por promoverem a imigração e o trabalho livre em suas fazendas), provando, em verdade, que o trabalho escravizado permaneceu como opção prioritária para esses plantadores até a Abolição. Em decorrência, apontamos, em linhas gerais, a inevitabilidade de retomar a discussão sobre o movimento abolicionista e a luta dos escravizados como os principais responsáveis por colocar termo ao escravismo colonial.
Perspectivas em Educação Básica, 2018
Vivemos num mundo cada vez mais mediado pelas tecnologias de informação e comunicação (TICs).
MNEME - REVISTA DE HUMANIDADES, 11(29), 2011 – JAN / JULHO, 2011
Categoria social das primeiras décadas do século XX, o malandro foi sacralizado pela prática da U... more Categoria social das primeiras décadas do século XX, o malandro foi sacralizado pela prática da Umbanda e do Catimbó, convertendo-se numa categoria espiritual. As dimensões profanas da relação com o trabalho, a violência e a mulher são constantemente ressignificadas para que possa assumir o sagrado. Igualmente, foram revistas as potencialidades dos componentes da indumentária do personagem que ganham contornos e funcionalidades correspondentes às expectativas de um culto assistencialista, como o da Umbanda. O malandro sagrado pode então subsumir as alcunhas pejorativas que o caracterizavam na sua existência profana, já que lhe têm conferidos, em acréscimo, novos atributos. Em posse desses novos títulos é que atuará e representará nos espaços sagrados umbandistas, realizando-se, desta forma, num novo homem. Com base em discussões teóricas acerca das temporalidades, da memória, do profano e do sagrado e da análise do discurso, tal 'processo de sacralização' será investigado.
ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTÓRIA DAS RELIGIÕES E DAS RELIGIOSIDADES, 2011
Thesis Chapters by Pedro Guimarães Pimentel
O presente trabalho trata da transição entre o escravismo colonial e o capitalismo dependente na ... more O presente trabalho trata da transição entre o escravismo colonial e o capitalismo dependente na cidade do Rio de Janeiro. Partimos de uma extensa discussão bibliográfica que visou revalidar a singularidade do escravismo enquanto modo de produção, apresentada originalmente por Jacob Gorender. Para tanto, cotejamos as recentes críticas e contribuições tanto com as proposições do autor, quanto com as interpretações oferecidas pela Teoria Marxista da Dependência e pelas Teorias dos Sistemas-Mundo, a fim de elaborar um instrumento de análise capaz de examinar o período transicional. Para este intuito, a definição de “revoluções tecnológicas” desenvolvida por Darcy Ribeiro possibilitou a elaboração do conceito de transição dependente. Munidos desta ferramenta, investigamos, ainda na primeira parte, o ciclo transicional do capital em sua transformação histórica de padrões de acumulação simples e ampliada, e o papel do Estado enquanto condensação material das lutas sociais no favorecimento ou retardo da transição. Em seguida, procedemos à apreciação dos elementos característicos da reconfiguração da dinâmica sócio-ocupacional na cidade do Rio de Janeiro, tendo como momento inicial a promulgação da Lei “do Ventre Livre” em 1871 e, final, o ano de 1920, através da utilização crítica dos dados presentes nos recenseamentos realizados em 1872, 1890, 1906 e 1920. Dada a inconsistência e discrepância de critérios nos levantamentos demográficos, propusemos uma metodologia de equivalência de modo que os quantitativos profissionais pudessem ser comparados em sua evolução. Sob esta perspectiva, nos valemos dos anúncios contidos no Almanak Laemmert como dispositivo autônomo de observação e ao mesmo tempo como possibilidade de corrigir a inexatidão dos Censos. Nosso principal objetivo foi o de explorar a conformação das classes subalternas e oprimidas a partir do ocaso do escravismo diante do processo inaugural de industrialização do espaço urbano carioca. Neste sentido, apresentamos o conceito de ganho como performance de reprodução da força de trabalho que supera os “escravos ao ganho” e os “ganhadores livres”, regularmente inscritos pelo Estado, e alcança, por um lado, a transitoriedade e volatilidade de acesso a postos de trabalho e, por outro, a insuficiência da geração proporcional desses mesmos postos, provocada pelas transformações econômicas do período em confronto com o acelerado crescimento populacional. Finalmente, consideramos a atuação estruturante de mecanismos ideológicos tais quais o racismo e o patriarcado na distribuição dos indivíduos nos estratos da hierarquia social.
Dissertação, 2013
Este trabalho tem como objetivo discutir o processo de legitimação da Linha Branca de Umbanda e D... more Este trabalho tem como objetivo discutir o processo de legitimação da Linha Branca de Umbanda e Demanda na sociedade carioca, nas primeiras décadas do século XX. Para tanto, nos debruçamos sobre as principais obras historiográficas e sociológicas acerca da emergência deste culto, de modo a elucidar seus suportes documentais e ideológicos, apontando, porém, os limites e possibilidades destes estudos. Isto nos levou a produzir um profundo questionamento acerca do conceito de "religião" e da maneira pela qual diversos pesquisadores trabalham com o mesmo. A participação diversa e difusa de grupos sociais numa mesma prática religiosa nos leva a defender a idéia de que uma religião não está enquistada numa única classe, produzindo uma teologia que é o resultado do conflito de diversas ideologias que contribuem para a realidade e concretude das mesmas. A Umbanda Branca, fundada na cidade de Niterói no ano de 1908, através de seus lideres e intelectuais se tornou o produto, em constante acabamento, dos conflitos sociais da região metropolitana do Rio de Janeiro e tem
um importante marco na realização do I Congresso Brasileiro de espiritismo de Umbanda, em 1941. Nos anais deste Congresso observamos os argumentos defendidos pelos representantes de diversas tendas umbandistas sobre aspectos sociais que dizem respeito: ao passado social de escravidão, ao progresso material
e moral da sociedade brasileira, a relação com a medicina, com a ciência e com as demais religiões. Importante destaque se dá ao posicionamento tomado pelos congressistas às práticas concebidas como magia, reunidas sob o epíteto de Quimbanda ou Macumba, ou ainda "baixo espiritismo".
Monografia, 2010
Categoria social das primeiras décadas do século XX, o malandro foi sacralizado pela prática da U... more Categoria social das primeiras décadas do século XX, o malandro foi sacralizado pela prática da Umbanda e do Catimbó, convertendo-se numa categoria espiritual. As dimensões profanas da relação com o trabalho, com a violência e com a mulher são constantemente
ressignificadas para que possa assumir o sagrado. Igualmente, foram revistas as potencialidades de seus objetos e acessórios – componentes da indumentária do personagem –
ganhando contornos e funcionalidades que correspondem às expectativas de um culto assistencialista, especialmente o da Umbanda. O malandro sagrado pode então subsumir as alcunhas pejorativas que o caracterizavam na sua existência profana, já que lhe têm conferidos, em acréscimo, novos atributos. Em posse desses novos títulos é que atuará e representará no espaço sagrado dos terreiros e tendas umbandistas, realizando-se, desta forma, num novo homem.
Com base em discussões teóricas acerca das temporalidades, da memória, do profano e do sagrado e da análise do discurso, busco investigar como se dera tal ‘processo de sacralização’. Para tanto, serão analisados os ‘pontos cantados’ dos ritos da Umbanda e destacados os termos que denotam o processo. Este corpus documental é passível também de uma ordenação lógica, tornando inteligível a trajetória empreendida pelo agente até assumir suas funções religiosas. Serão investigadas, na mesma linha, as práticas e instrumentalizações teológicas que puderam conferir eficácia ao processo em questão.
Book Reviews by Pedro Guimarães Pimentel
Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, 2016
Conference Presentations by Pedro Guimarães Pimentel
VIII Semana de História - UERJ, 2010
A imagem do(a) “preto(a)-velho(a)” – entidade espiritual dos cultos brasileiros de matrizes afric... more A imagem do(a) “preto(a)-velho(a)” – entidade espiritual dos cultos brasileiros de matrizes africanas, já difundida por todo o país e que preenche o imaginário social de uma parcela considerável da população – bem como sua memória, são alvos de disputas ideológicas de sentido nos diversos suportes discursivos que se referem a tais personagens. O
presente trabalho, tendo como base metodológica a análise dos discursos, pretende investigar as nuances desse conflito nas teses dos representantes de tendas umbandistas presentes no Congresso de 1941, bem como em alguns ‘pontos cantados’, na intenção de fazer com que se revele o modo pelo qual alguns grupos apropriam-se do impacto social que a figura dos(as) pretos(as)-velhos(as) causa, e como isto interfere no saber que outros grupos tem sobre eles e sobre sua historicidade no processo de formação imaginativa. As referências sócio-históricas que dão corpo a esta investigação são fundamentadas nas análises de Emilia Viotti da Costa e Florestan Fernandes sobre a situação do negro no Brasil, no contexto pós-Abolição.
Anais do 2º Encontro História e Parcerias ANPUH-RJ, 2019
Este trabalho visa discutir o uso de fontes seriadas para a compreensão da evolução da dinâmica o... more Este trabalho visa discutir o uso de fontes seriadas para a compreensão da evolução da dinâmica ocupacional dos trabalhadores e trabalhadoras da cidade do Rio de Janeiro durante a transição do escravismo colonial ao capitalismo dependente. Partiremos, portanto, dos recenseamentos demográficos realizados nos anos de 1872, 1890, 1906 e 1920 a fim de propor uma sistematização que supere as possíveis distorções com as quais os levantamentos censitários operaram no que diz respeito à classificação das profissões desempenhadas pelos habitantes da cidade. A historiografia que fez uso de tais fontes pouca atenção dedicou à sua elaboração, escalonando, sem restrições, os dados fornecidos. Desse modo, omitiu importantes distinções que os próprios recenseadores propuseram entre uma investigação e outra, ao procurarem aperfeiçoar seus métodos investigativos. A análise histórico-comparativa nos permitirá evidenciar aspectos ideológicos e científicos (bem como suas filiações teóricas) que presidiram a realização dos inventários, denotando a proeminência da organização burguesa do trabalho que tendia a sobrepor-se à escravista. Ademais, recorreremos a documentação diversa que possa colaborar para a retificação dos dados oferecidos pelos inventários demográficos, tais como almanaques e periódicos de grande circulação. Ainda que cientes das inconformidades das pesquisas estatísticas, objetivamos formular uma metodologia que seja capaz de regular as diferenças classificatórias afim de acompanhar o percurso histórico de afirmação da condição industrial do Rio de Janeiro diante de sua historicidade colonial e escravista.
Anais do Anais do XXIV Encontro Nacional de Economia Política, 2019
Partindo das contribuições de Jacob Gorender, Darcy Ribeiro e da Teoria Marxista da Dependência, ... more Partindo das contribuições de Jacob Gorender, Darcy Ribeiro e da Teoria Marxista da Dependência, nosso trabalho visa analisar o processo de modernização da estrutura produtiva cafeeira, a partir da segunda metade do século XIX, estabelecendo um diálogo crítico com o conceito de “segunda escravidão” elaborado por Dale Tomich. Defendemos que ao incorporar elementos oriundos da Revolução Industrial do capitalismo central (como as ferrovias e as máquinas de beneficiamento), a plantagem cafeeira reitera tardiamente o escravismo colonial - ao invés de favorecer sua derrocada -, num período em que interna e externamente o trabalho escravizado passava por uma longa crise de contestação, com a proibição do tráfico internacional e o aprofundamento da luta dos escravizados. Finalmente, apontamos para a necessidade de recorrermos com maior precisão aos conceitos de revoluções tecnológicas, modo de produção e formação econômico-social para o estudo das particularidades do desenvolvimento econômico periférico.
Anais do XVIII Encontro de História da Anpuh-Rio - História e Parcerias, 2018
No Brasil, a expansão da fronteira agrícola através da lavoura cafeeira, a partir da segunda meta... more No Brasil, a expansão da fronteira agrícola através da lavoura cafeeira, a partir da segunda metade do século XIX, associada ao baixo grau de especialização e divisão do trabalho,
Books by Pedro Guimarães Pimentel
Quais são os vestígios suficientemente rígidos do escravismo para que o desenvolvimento do capita... more Quais são os vestígios suficientemente rígidos do escravismo para que o desenvolvimento do capitalismo em nosso país fosse estampado pelas “marcas do passado”? Através do materialismo histórico nacional e latino-americano, o autor busca responder a essa e outras questões, colaborando com os estudos acerca da passagem para o “trabalho livre” no Brasil. A partir de uma perspectiva que opera não somente por recortes políticos e jurídicos, privilegia, em seu lugar, a análise da prolongada transição entre modos de produção definidores do caráter da formação socioeconômica brasileira. Neste sentido, temas como ciclo do capital, caráter de classes do Estado, abolicionismo, reificação e alienação e industrialização e proletarização são revisitados à luz da compreensão de um período transicional entre o escravismo colonial e o capitalismo dependente.
Com o objetivo de revisitar as principais contribuicoes feitas por Renato Ortiz no estudo da emer... more Com o objetivo de revisitar as principais contribuicoes feitas por Renato Ortiz no estudo da emergencia historica da Umbanda, este trabalho busca uma interpretacao do cenario religioso carioca no contexto pos-abolicao, marcado pela reordenacao social e o convivio de distintas praticas religiosas. Traz como principais fontes relatos de jornais de epoca e estabelece uma critica as teses de “desajustamento social” e “desagregacao da memoria coletiva” que se tornaram marcantes no estudo da formacao das novas religioes de matrizes africanas no Rio de Janeiro.
Revista Desenvolvimento e Civilização, 2020
Partindo da noção de escravismo colonial como modo de produção particular à formação sócio-histór... more Partindo da noção de escravismo colonial como modo de produção particular à formação sócio-histórica brasileira, objetivamos analisar o caráter da dependência durante a transição ao capitalismo. Neste sentido, observando a definição de Ruy Mauro Marini de que a dependência é uma relação de subordinação econômica entre Estados-nação independentes no plano político, examinaremos os mecanismos pelos quais a sociedade brasileira se "moderniza" na segunda metade do século XIX. Em especial, dois aspectos serão abordados: a expansão da plantagem cafeeira na Província de São Paulo e as primeiras investidas industrialistas na cidade do Rio de Janeiro.
Dimensões - UFES, 2019
Com o objetivo de revisitar as principais contribuições feitas por Renato Ortiz no estudo da emer... more Com o objetivo de revisitar as principais contribuições feitas por Renato Ortiz no estudo da emergência histórica da Umbanda, este trabalho busca uma interpretação do cenário religioso carioca no contexto pós-abolição, marcado pela reordenação social e o convívio de distintas práticas religiosas. Traz como principais fontes relatos de jornais de época e estabelece uma crítica às teses de "desajustamento social" e "desagregação da memória coletiva" que se tornaram marcantes no estudo da formação das novas religiões de matrizes africanas no Rio de Janeiro.
Espaço e Economia - Revista Brasileira de Geografia Econômica, 2018
Neste artigo investigamos a relação da produção cafeeira com a sobrevivência do escravismo na seg... more Neste artigo investigamos a relação da produção cafeeira com a sobrevivência do escravismo na segunda metade do século XIX, principalmente na província de São Paulo. Tal inquietação parte do combate que Jacob Gorender travou contra o mito de que os cafeicultores do Novo Oeste paulista seriam, além de ‘capitalistas’, abolicionistas (por promoverem a imigração e o trabalho livre em suas fazendas), provando, em verdade, que o trabalho escravizado permaneceu como opção prioritária para esses plantadores até a Abolição. Em decorrência, apontamos, em linhas gerais, a inevitabilidade de retomar a discussão sobre o movimento abolicionista e a luta dos escravizados como os principais responsáveis por colocar termo ao escravismo colonial.
Perspectivas em Educação Básica, 2018
Vivemos num mundo cada vez mais mediado pelas tecnologias de informação e comunicação (TICs).
MNEME - REVISTA DE HUMANIDADES, 11(29), 2011 – JAN / JULHO, 2011
Categoria social das primeiras décadas do século XX, o malandro foi sacralizado pela prática da U... more Categoria social das primeiras décadas do século XX, o malandro foi sacralizado pela prática da Umbanda e do Catimbó, convertendo-se numa categoria espiritual. As dimensões profanas da relação com o trabalho, a violência e a mulher são constantemente ressignificadas para que possa assumir o sagrado. Igualmente, foram revistas as potencialidades dos componentes da indumentária do personagem que ganham contornos e funcionalidades correspondentes às expectativas de um culto assistencialista, como o da Umbanda. O malandro sagrado pode então subsumir as alcunhas pejorativas que o caracterizavam na sua existência profana, já que lhe têm conferidos, em acréscimo, novos atributos. Em posse desses novos títulos é que atuará e representará nos espaços sagrados umbandistas, realizando-se, desta forma, num novo homem. Com base em discussões teóricas acerca das temporalidades, da memória, do profano e do sagrado e da análise do discurso, tal 'processo de sacralização' será investigado.
ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTÓRIA DAS RELIGIÕES E DAS RELIGIOSIDADES, 2011
O presente trabalho trata da transição entre o escravismo colonial e o capitalismo dependente na ... more O presente trabalho trata da transição entre o escravismo colonial e o capitalismo dependente na cidade do Rio de Janeiro. Partimos de uma extensa discussão bibliográfica que visou revalidar a singularidade do escravismo enquanto modo de produção, apresentada originalmente por Jacob Gorender. Para tanto, cotejamos as recentes críticas e contribuições tanto com as proposições do autor, quanto com as interpretações oferecidas pela Teoria Marxista da Dependência e pelas Teorias dos Sistemas-Mundo, a fim de elaborar um instrumento de análise capaz de examinar o período transicional. Para este intuito, a definição de “revoluções tecnológicas” desenvolvida por Darcy Ribeiro possibilitou a elaboração do conceito de transição dependente. Munidos desta ferramenta, investigamos, ainda na primeira parte, o ciclo transicional do capital em sua transformação histórica de padrões de acumulação simples e ampliada, e o papel do Estado enquanto condensação material das lutas sociais no favorecimento ou retardo da transição. Em seguida, procedemos à apreciação dos elementos característicos da reconfiguração da dinâmica sócio-ocupacional na cidade do Rio de Janeiro, tendo como momento inicial a promulgação da Lei “do Ventre Livre” em 1871 e, final, o ano de 1920, através da utilização crítica dos dados presentes nos recenseamentos realizados em 1872, 1890, 1906 e 1920. Dada a inconsistência e discrepância de critérios nos levantamentos demográficos, propusemos uma metodologia de equivalência de modo que os quantitativos profissionais pudessem ser comparados em sua evolução. Sob esta perspectiva, nos valemos dos anúncios contidos no Almanak Laemmert como dispositivo autônomo de observação e ao mesmo tempo como possibilidade de corrigir a inexatidão dos Censos. Nosso principal objetivo foi o de explorar a conformação das classes subalternas e oprimidas a partir do ocaso do escravismo diante do processo inaugural de industrialização do espaço urbano carioca. Neste sentido, apresentamos o conceito de ganho como performance de reprodução da força de trabalho que supera os “escravos ao ganho” e os “ganhadores livres”, regularmente inscritos pelo Estado, e alcança, por um lado, a transitoriedade e volatilidade de acesso a postos de trabalho e, por outro, a insuficiência da geração proporcional desses mesmos postos, provocada pelas transformações econômicas do período em confronto com o acelerado crescimento populacional. Finalmente, consideramos a atuação estruturante de mecanismos ideológicos tais quais o racismo e o patriarcado na distribuição dos indivíduos nos estratos da hierarquia social.
Dissertação, 2013
Este trabalho tem como objetivo discutir o processo de legitimação da Linha Branca de Umbanda e D... more Este trabalho tem como objetivo discutir o processo de legitimação da Linha Branca de Umbanda e Demanda na sociedade carioca, nas primeiras décadas do século XX. Para tanto, nos debruçamos sobre as principais obras historiográficas e sociológicas acerca da emergência deste culto, de modo a elucidar seus suportes documentais e ideológicos, apontando, porém, os limites e possibilidades destes estudos. Isto nos levou a produzir um profundo questionamento acerca do conceito de "religião" e da maneira pela qual diversos pesquisadores trabalham com o mesmo. A participação diversa e difusa de grupos sociais numa mesma prática religiosa nos leva a defender a idéia de que uma religião não está enquistada numa única classe, produzindo uma teologia que é o resultado do conflito de diversas ideologias que contribuem para a realidade e concretude das mesmas. A Umbanda Branca, fundada na cidade de Niterói no ano de 1908, através de seus lideres e intelectuais se tornou o produto, em constante acabamento, dos conflitos sociais da região metropolitana do Rio de Janeiro e tem
um importante marco na realização do I Congresso Brasileiro de espiritismo de Umbanda, em 1941. Nos anais deste Congresso observamos os argumentos defendidos pelos representantes de diversas tendas umbandistas sobre aspectos sociais que dizem respeito: ao passado social de escravidão, ao progresso material
e moral da sociedade brasileira, a relação com a medicina, com a ciência e com as demais religiões. Importante destaque se dá ao posicionamento tomado pelos congressistas às práticas concebidas como magia, reunidas sob o epíteto de Quimbanda ou Macumba, ou ainda "baixo espiritismo".
Monografia, 2010
Categoria social das primeiras décadas do século XX, o malandro foi sacralizado pela prática da U... more Categoria social das primeiras décadas do século XX, o malandro foi sacralizado pela prática da Umbanda e do Catimbó, convertendo-se numa categoria espiritual. As dimensões profanas da relação com o trabalho, com a violência e com a mulher são constantemente
ressignificadas para que possa assumir o sagrado. Igualmente, foram revistas as potencialidades de seus objetos e acessórios – componentes da indumentária do personagem –
ganhando contornos e funcionalidades que correspondem às expectativas de um culto assistencialista, especialmente o da Umbanda. O malandro sagrado pode então subsumir as alcunhas pejorativas que o caracterizavam na sua existência profana, já que lhe têm conferidos, em acréscimo, novos atributos. Em posse desses novos títulos é que atuará e representará no espaço sagrado dos terreiros e tendas umbandistas, realizando-se, desta forma, num novo homem.
Com base em discussões teóricas acerca das temporalidades, da memória, do profano e do sagrado e da análise do discurso, busco investigar como se dera tal ‘processo de sacralização’. Para tanto, serão analisados os ‘pontos cantados’ dos ritos da Umbanda e destacados os termos que denotam o processo. Este corpus documental é passível também de uma ordenação lógica, tornando inteligível a trajetória empreendida pelo agente até assumir suas funções religiosas. Serão investigadas, na mesma linha, as práticas e instrumentalizações teológicas que puderam conferir eficácia ao processo em questão.
VIII Semana de História - UERJ, 2010
A imagem do(a) “preto(a)-velho(a)” – entidade espiritual dos cultos brasileiros de matrizes afric... more A imagem do(a) “preto(a)-velho(a)” – entidade espiritual dos cultos brasileiros de matrizes africanas, já difundida por todo o país e que preenche o imaginário social de uma parcela considerável da população – bem como sua memória, são alvos de disputas ideológicas de sentido nos diversos suportes discursivos que se referem a tais personagens. O
presente trabalho, tendo como base metodológica a análise dos discursos, pretende investigar as nuances desse conflito nas teses dos representantes de tendas umbandistas presentes no Congresso de 1941, bem como em alguns ‘pontos cantados’, na intenção de fazer com que se revele o modo pelo qual alguns grupos apropriam-se do impacto social que a figura dos(as) pretos(as)-velhos(as) causa, e como isto interfere no saber que outros grupos tem sobre eles e sobre sua historicidade no processo de formação imaginativa. As referências sócio-históricas que dão corpo a esta investigação são fundamentadas nas análises de Emilia Viotti da Costa e Florestan Fernandes sobre a situação do negro no Brasil, no contexto pós-Abolição.
Anais do 2º Encontro História e Parcerias ANPUH-RJ, 2019
Este trabalho visa discutir o uso de fontes seriadas para a compreensão da evolução da dinâmica o... more Este trabalho visa discutir o uso de fontes seriadas para a compreensão da evolução da dinâmica ocupacional dos trabalhadores e trabalhadoras da cidade do Rio de Janeiro durante a transição do escravismo colonial ao capitalismo dependente. Partiremos, portanto, dos recenseamentos demográficos realizados nos anos de 1872, 1890, 1906 e 1920 a fim de propor uma sistematização que supere as possíveis distorções com as quais os levantamentos censitários operaram no que diz respeito à classificação das profissões desempenhadas pelos habitantes da cidade. A historiografia que fez uso de tais fontes pouca atenção dedicou à sua elaboração, escalonando, sem restrições, os dados fornecidos. Desse modo, omitiu importantes distinções que os próprios recenseadores propuseram entre uma investigação e outra, ao procurarem aperfeiçoar seus métodos investigativos. A análise histórico-comparativa nos permitirá evidenciar aspectos ideológicos e científicos (bem como suas filiações teóricas) que presidiram a realização dos inventários, denotando a proeminência da organização burguesa do trabalho que tendia a sobrepor-se à escravista. Ademais, recorreremos a documentação diversa que possa colaborar para a retificação dos dados oferecidos pelos inventários demográficos, tais como almanaques e periódicos de grande circulação. Ainda que cientes das inconformidades das pesquisas estatísticas, objetivamos formular uma metodologia que seja capaz de regular as diferenças classificatórias afim de acompanhar o percurso histórico de afirmação da condição industrial do Rio de Janeiro diante de sua historicidade colonial e escravista.
Anais do Anais do XXIV Encontro Nacional de Economia Política, 2019
Partindo das contribuições de Jacob Gorender, Darcy Ribeiro e da Teoria Marxista da Dependência, ... more Partindo das contribuições de Jacob Gorender, Darcy Ribeiro e da Teoria Marxista da Dependência, nosso trabalho visa analisar o processo de modernização da estrutura produtiva cafeeira, a partir da segunda metade do século XIX, estabelecendo um diálogo crítico com o conceito de “segunda escravidão” elaborado por Dale Tomich. Defendemos que ao incorporar elementos oriundos da Revolução Industrial do capitalismo central (como as ferrovias e as máquinas de beneficiamento), a plantagem cafeeira reitera tardiamente o escravismo colonial - ao invés de favorecer sua derrocada -, num período em que interna e externamente o trabalho escravizado passava por uma longa crise de contestação, com a proibição do tráfico internacional e o aprofundamento da luta dos escravizados. Finalmente, apontamos para a necessidade de recorrermos com maior precisão aos conceitos de revoluções tecnológicas, modo de produção e formação econômico-social para o estudo das particularidades do desenvolvimento econômico periférico.
Anais do XVIII Encontro de História da Anpuh-Rio - História e Parcerias, 2018
No Brasil, a expansão da fronteira agrícola através da lavoura cafeeira, a partir da segunda meta... more No Brasil, a expansão da fronteira agrícola através da lavoura cafeeira, a partir da segunda metade do século XIX, associada ao baixo grau de especialização e divisão do trabalho,
Quais são os vestígios suficientemente rígidos do escravismo para que o desenvolvimento do capita... more Quais são os vestígios suficientemente rígidos do escravismo para que o desenvolvimento do capitalismo em nosso país fosse estampado pelas “marcas do passado”? Através do materialismo histórico nacional e latino-americano, o autor busca responder a essa e outras questões, colaborando com os estudos acerca da passagem para o “trabalho livre” no Brasil. A partir de uma perspectiva que opera não somente por recortes políticos e jurídicos, privilegia, em seu lugar, a análise da prolongada transição entre modos de produção definidores do caráter da formação socioeconômica brasileira. Neste sentido, temas como ciclo do capital, caráter de classes do Estado, abolicionismo, reificação e alienação e industrialização e proletarização são revisitados à luz da compreensão de um período transicional entre o escravismo colonial e o capitalismo dependente.