Aretuza Santos | Universidade do Estado da Bahia (original) (raw)

Papers by Aretuza Santos

Research paper thumbnail of Recortes discursivos, paradigma indiciário e procedimentos contraindutivos.

Linguagem em (Dis)curso -LemD, 2019

Resumo: O presente artigo visa a cotejar os pressupostos epistemológicos da Análise Materialista ... more Resumo: O presente artigo visa a cotejar os pressupostos epistemológicos da Análise Materialista de Discurso com as críticas epistemológicas de Paul Feyerabend e o paradigma indiciário do historiador Carlo Ginzburg. Passando pelas relações entre Estado, ciência, subalternidade e materialismo, identifica proximidades entre as abordagens de Michel Pêcheux em torno das exceções, e de Ginzburg em torno do excepcional. Discute o lugar das evidências e dos procedimentos contraindutivos na prática científica, assim como o pluralismo metodológico dos estudos históricos, pontuando diversos cruzamentos entre as investigações dos historiadores, o anarquismo epistemológico de Feyerabend e os procedimentos de análise discursiva estabelecidos por Pêcheux e outros analistas, como Eni Orlandi e seu conceito de recorte discursivo. Partindo das implicações deste conceito, o artigo traz os resultados da análise do depoimento de um diretor do sindicato dos rodoviários da Bahia, contrário à liberação das roletas dos ônibus durante uma greve da categoria.

Research paper thumbnail of PROCESSOS ENUNCIATIVOS E UMA GREVE MILITARIZADA

Anais do IV Seminário Internacional de Estudos sobre Discurso e Argumentação (IV SEDiAr), 2018

RESUMO De acordo a teoria pecheuxtiana existe duas formas distintas de esquecimento no discurso, ... more RESUMO De acordo a teoria pecheuxtiana existe duas formas distintas de esquecimento no discurso, sendo que no esquecimento de nº2, o enunciativo, o sujeito "pode penetrar conscientemente na zona do nº2 e que ele o faz em realidade constantemente por um retorno de seu discurso sobre si, uma antecipação de seu efeito, e pela consideração da defasagem que aí introduz o discurso de um outro" (PÊCHEUX e FUCHS, [1975]). Desse modo, propomos discutir como se constituiu a produção de sentido nos dizeres enunciados pelo governador da Bahia em relação ao movimento reivindicatório da PMBA no ano de 2012, uma vez que, o confronto instaurado causou inúmeros impasses e desgastes. Utilizaremos o dispositivo de análise proposto por Pêcheux & Fuchs (1975) e Pêcheux (1973), realçando os processos enunciativos. Dentre os resultados, evidenciamos o quanto no interior de uma luta de classes, a linguagem tem seu lugar representado constitutivamente por tensões e conflitos. Palavras-chave: Greve. Estado. Sentidos. Esquecimento.
ABSTRACT According to pecheuxtiana theory there are two distinct forms of forgetting in discourse, and in the forgetting of nº2, the enunciative, the subject "can penetrate consciously in the zone of number 2 and that he does it in reality constantly by a return of his discourse on himself, an anticipation of its effect, and by the consideration of the lag that introduces the discourse of another " (PÊCHEUX & FUCHS, [1975]). Thus, we propose to discuss how the production of meaning was constituted in the statements enunciated by the governor of Bahia in relation to the PMBA's protest movement in the year of 2012, since the confrontation established caused numerous impasses and wear and tear. We will use the analysis device proposed by Pêcheux & Fuchs (1975) and Pêcheux (1973), highlighting the enunciative processes. Among the results, we show how within a class struggle, language has its place represented constitutively by tensions and conflicts.

Research paper thumbnail of III SEPLEV – Seminário de Estudos em Práticas de Linguagem e Espaço Virtual @BULLET A DEMONIZAÇÃO DO OUTRO ENQUANTO ESTRATÉGIA DISCURSIVA

Diante da instabilidade política dos dois últimos anos no país, forças sociais e círculos de afin... more Diante da instabilidade política dos dois últimos anos no país, forças sociais e círculos de afinidades políticas tomam divergentes posições nas redes se utilizando, muitas vezes, de estratégias em que se propaga a imagem pitoresca do mal associada aos seus adversários. O mal, o satânico, ocupa no imaginário social, o lugar onde se reúnem todas as ameaças aos valores cristãos, sendo fundamental afastar-se de tudo aquilo que possa suscitar a reprovação divina. Alain Badiou, discípulo do filósofo marxista Louis Althusser, ao falar sobre o Mal, defende que [...] o mal é a interrupção da verdade pela pressão de interesses particulares ou individuais [...]. Não existe uma definição natural do mal; o mal é sempre aquilo que, em uma situação particular, tende a enfraquecer ou destruir um sujeito. E a concepção de mal é portanto inteiramente dependente dos eventos nos quais um sujeito constitui a si mesmo. É o sujeito que prescreve o que é o mal, não uma ideia natural do mal que define o que um sujeito "moral" é (BADIOU, 2016, grifos nossos). Dizeres que circulam sócio-historicamente, os quais nos são impostos pelo interdiscurso, afirmam que devemos nos afastar de tudo que tenha ligação com o mal, o satânico, a fim de não nos afastarmos das graças de Deus e obtermos Sua aprovação. Por consequência, a destruição, o cair em desgraças, a identificação com práticas satânicas e pessoas que tenham envolvimentos ou sejam associadas ao satanismo devem ser evitadas. No entanto, seguindo as considerações de Badiou (2016), vemos que as figuras do Mal estão intimamente ligadas à constituição contingente de um regime de verdades subjetivas, à constituição de um sujeito e àquilo que o ameaça. Nota-se que, na sociedade, impera a tentativa de se manter o controle e dominação das classes ideologicamente dominadas por meio do discurso pedagógico autoritário 2 com a finalidade de atingir o imaginário social para imobilizar ações, direcionando e ressignificando sentidos.

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Linguagem em (Dis)curso -LemD, 2019

Resumo: O presente artigo visa a cotejar os pressupostos epistemológicos da Análise Materialista ... more Resumo: O presente artigo visa a cotejar os pressupostos epistemológicos da Análise Materialista de Discurso com as críticas epistemológicas de Paul Feyerabend e o paradigma indiciário do historiador Carlo Ginzburg. Passando pelas relações entre Estado, ciência, subalternidade e materialismo, identifica proximidades entre as abordagens de Michel Pêcheux em torno das exceções, e de Ginzburg em torno do excepcional. Discute o lugar das evidências e dos procedimentos contraindutivos na prática científica, assim como o pluralismo metodológico dos estudos históricos, pontuando diversos cruzamentos entre as investigações dos historiadores, o anarquismo epistemológico de Feyerabend e os procedimentos de análise discursiva estabelecidos por Pêcheux e outros analistas, como Eni Orlandi e seu conceito de recorte discursivo. Partindo das implicações deste conceito, o artigo traz os resultados da análise do depoimento de um diretor do sindicato dos rodoviários da Bahia, contrário à liberação das roletas dos ônibus durante uma greve da categoria.

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Anais do IV Seminário Internacional de Estudos sobre Discurso e Argumentação (IV SEDiAr), 2018

RESUMO De acordo a teoria pecheuxtiana existe duas formas distintas de esquecimento no discurso, ... more RESUMO De acordo a teoria pecheuxtiana existe duas formas distintas de esquecimento no discurso, sendo que no esquecimento de nº2, o enunciativo, o sujeito "pode penetrar conscientemente na zona do nº2 e que ele o faz em realidade constantemente por um retorno de seu discurso sobre si, uma antecipação de seu efeito, e pela consideração da defasagem que aí introduz o discurso de um outro" (PÊCHEUX e FUCHS, [1975]). Desse modo, propomos discutir como se constituiu a produção de sentido nos dizeres enunciados pelo governador da Bahia em relação ao movimento reivindicatório da PMBA no ano de 2012, uma vez que, o confronto instaurado causou inúmeros impasses e desgastes. Utilizaremos o dispositivo de análise proposto por Pêcheux & Fuchs (1975) e Pêcheux (1973), realçando os processos enunciativos. Dentre os resultados, evidenciamos o quanto no interior de uma luta de classes, a linguagem tem seu lugar representado constitutivamente por tensões e conflitos. Palavras-chave: Greve. Estado. Sentidos. Esquecimento.
ABSTRACT According to pecheuxtiana theory there are two distinct forms of forgetting in discourse, and in the forgetting of nº2, the enunciative, the subject "can penetrate consciously in the zone of number 2 and that he does it in reality constantly by a return of his discourse on himself, an anticipation of its effect, and by the consideration of the lag that introduces the discourse of another " (PÊCHEUX & FUCHS, [1975]). Thus, we propose to discuss how the production of meaning was constituted in the statements enunciated by the governor of Bahia in relation to the PMBA's protest movement in the year of 2012, since the confrontation established caused numerous impasses and wear and tear. We will use the analysis device proposed by Pêcheux & Fuchs (1975) and Pêcheux (1973), highlighting the enunciative processes. Among the results, we show how within a class struggle, language has its place represented constitutively by tensions and conflicts.

Research paper thumbnail of III SEPLEV – Seminário de Estudos em Práticas de Linguagem e Espaço Virtual @BULLET A DEMONIZAÇÃO DO OUTRO ENQUANTO ESTRATÉGIA DISCURSIVA

Diante da instabilidade política dos dois últimos anos no país, forças sociais e círculos de afin... more Diante da instabilidade política dos dois últimos anos no país, forças sociais e círculos de afinidades políticas tomam divergentes posições nas redes se utilizando, muitas vezes, de estratégias em que se propaga a imagem pitoresca do mal associada aos seus adversários. O mal, o satânico, ocupa no imaginário social, o lugar onde se reúnem todas as ameaças aos valores cristãos, sendo fundamental afastar-se de tudo aquilo que possa suscitar a reprovação divina. Alain Badiou, discípulo do filósofo marxista Louis Althusser, ao falar sobre o Mal, defende que [...] o mal é a interrupção da verdade pela pressão de interesses particulares ou individuais [...]. Não existe uma definição natural do mal; o mal é sempre aquilo que, em uma situação particular, tende a enfraquecer ou destruir um sujeito. E a concepção de mal é portanto inteiramente dependente dos eventos nos quais um sujeito constitui a si mesmo. É o sujeito que prescreve o que é o mal, não uma ideia natural do mal que define o que um sujeito "moral" é (BADIOU, 2016, grifos nossos). Dizeres que circulam sócio-historicamente, os quais nos são impostos pelo interdiscurso, afirmam que devemos nos afastar de tudo que tenha ligação com o mal, o satânico, a fim de não nos afastarmos das graças de Deus e obtermos Sua aprovação. Por consequência, a destruição, o cair em desgraças, a identificação com práticas satânicas e pessoas que tenham envolvimentos ou sejam associadas ao satanismo devem ser evitadas. No entanto, seguindo as considerações de Badiou (2016), vemos que as figuras do Mal estão intimamente ligadas à constituição contingente de um regime de verdades subjetivas, à constituição de um sujeito e àquilo que o ameaça. Nota-se que, na sociedade, impera a tentativa de se manter o controle e dominação das classes ideologicamente dominadas por meio do discurso pedagógico autoritário 2 com a finalidade de atingir o imaginário social para imobilizar ações, direcionando e ressignificando sentidos.