Anderson Antunes | Fundação Oswaldo Cruz (original) (raw)
Artigos / Papers by Anderson Antunes
Anais do Museu Histórico Nacional, 2021
Este artigo analisa como os saberes locais contribuíram para a formação das coleções de História ... more Este artigo analisa como os saberes locais contribuíram para a formação das coleções de História Natural reunidas durante algumas das expedições científicas estrangeiras que percorreram o Brasil durante a segunda metade do século XIX. A historiografia recente
demonstrou a importância da sociabilidade para a realização destas expedições, destacando o caráter social do trabalho de campo. A partir das interações com as populações locais, os viajantes conseguiam o apoio logístico necessário para a movimentação em regiões pouco conhecidas e reuniam informações importantes sobre os hábitos e habitats de espécies animais e vegetais, incluindo seus usos econômicos e medicinais. Além disso, indígenas e escravizados, dentre outros, contribuíram com a coleta e a preparação dos espécimes que formaram as coleções levadas para museus de História Natural nos Estados Unidos e na Europa, principalmente. Ao longo deste artigo analisaremos exemplos destas contribuições nos livros de viagem publicados por Henry Bates, Alfred Wallace e Louis Agassiz.
Publicaciones de la Asociación Argentina de Humanidades Digitales, 2021
With its origins in Sociology, social network analysis has gained popularity with the development... more With its origins in Sociology, social network analysis has gained popularity with the development of both Digital Humanities and free network visualization software, such as Gephi. For the History of Sciences, network analysis can highlight how scientific knowledge is socially constructed and dependant on the interactions between individuals and institutions. In this paper I demonstrate how the analysis and visualization of networks with Gephi can be a valuable tool to understand the sociability of 19th century scientific expeditions by investigating Louis Agassiz’s and Henry Walter Bates’ travels in Brazil.
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 2020
Em 1863, Henry Bates publicou um livro de viagem relatando sua expedição pelo Brasil. Seu sucesso... more Em 1863, Henry Bates publicou um livro de viagem relatando sua expedição pelo Brasil. Seu sucesso acarretou a preparação de uma segunda edição. Bates revisou e reduziu sua obra a pedido do editor, removendo muitas informações que havia publicado. No Brasil, seu livro só foi publicado quase cem anos após a expedição, traduzido, prefaciado e comentado por Mello- -Leitão. Até hoje, essa é a única edição brasileira da primeira edição, uma vez que uma segunda tradução, feita em 1979, foi baseada na segunda edição reduzida. Neste artigo, discutimos as motivações e o processo de produção do livro e analisamos e comparamos as duas primeiras edições em inglês, destacando as alterações e as omissões, além de comparar as traduções brasileiras. Com isso, objetivamos compreender a narrativa construída pelo naturalista a partir de sua vivência no Brasil, o seu impacto e também as transformações dessa narrativa ao longo do tempo e de suas traduções.
Revista Brasileira de História da Ciência, 2016
Uma expedição científica do século XIX contava, geralmente, com uma diversificada rede de auxilia... more Uma expedição científica do século XIX contava, geralmente, com uma diversificada rede de auxiliares. Embora a participação destes indivíduos costumasse ser suprimida nas publicações de cunho científica,
menções a suas contribuições eram recorrentes nos livros e diários de viagens mantidos pelos naturalistas. Neste
artigo, analisamos a rede de auxiliares envolvida na Expedição Thayer, que visitou o Brasil entre 1865 e 1866,
liderada por Louis Agassiz, e observamos de que forma muitos membros das populações locais contribuíram
para a realização e os resultados científicos alcançados pela Expedição Thayer.
Boletim Eletrônico da Sociedade Brasileira de História da Ciência, 2016
Este artigo analisa brevemente as relações de sociabilidade no trabalho de campo realizado pelo n... more Este artigo analisa brevemente as relações de sociabilidade no trabalho de campo realizado pelo naturalista suíço Louis Agassiz e sua comitiva durante a Expedição Thayer, que visitou o território brasileiro entre os anos de 1865 e 1866. A relação com os habitantes locais diversificados, incluindo o Imperador D. Pedro II, presidentes de províncias e membros das elites locais, ribeirinhos, indígenas e escravos foi essencial para possibilitar a numerosa coleta de espécimes obtida por Agassiz e levada para o Museu de Zoologia Comparada da Universidade de Harvard.
Historia Crítica, 2019
This paper analyses the relations between 19th century travelling naturalists and the indigenous ... more This paper analyses the relations between 19th century travelling naturalists and the indigenous inhabitants of Brazilian Amazonia. The region was a favourite among travellers during the latter half of the 19th century. On their travel books, naturalists reported not only on local Nature, but also on local inhabitants and their contributions to the expeditions, making them valuable sources for understanding the interactions between them and the natives. Originality: The originality of the paper rests in the use of a diverse set of primary sources, in the form of 19th century travel books. The article contributes to the current historiography on Natural History expeditions while aiming specifically at the relations between naturalists and the indigenous inhabitants of the region. Methodology: The analysis relies on primary sources, which consist mainly of the travel books written and published by some of the most well-known 19th century travelling naturalists that visited the Brazilian Amazonia. It is from their personal reports and observations that we aim to understand, on the one hand, how these foreign naturalists interacted with the local indigenous inhabitants and, on the other, how the natives were able contribute to the scientific expeditions led by European naturalists. Conclusions: It is safe to conclude that the indigenous inhabitants of Brazilian Amazonia were a constant presence during 19th century expeditions in the region. The interactions between naturalists and natives, sometimes mediated by a third party, were often essential to the success of these expeditions. The principal contribution of the indigenous inhabitants, as stated by the naturalists themselves, was the aid in the collection of specimens. The natives’ expertise on the habits and habitats of animals and plants, paired with their hunting and to navigational skills through the region’s complex river system, seem to have been a subject of admiration as well as a source of information and specimens.
História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 2015
Durante o século XIX, expedições científicas percorreram o Brasil investigando fauna, flora e nat... more Durante o século XIX, expedições científicas percorreram o Brasil investigando fauna, flora e natureza geológica. Com base em cartas, relatórios, livros de viagens e ilustrações, é possível retratar essas expedições, os naturalistas e os auxiliares que os acompanhavam, assim como a sociedade oitocentista brasileira. Nosso foco é a iconografia dos viajantes. As imagens dão subsídios para compreendermos o olhar do naturalista viajante sobre a natureza, os homens do interior e as populações indígenas. A partir da comparação de oito imagens, selecionadas pelo fato de ilustrarem os acampamentos dos viajantes, buscamos observar suas semelhanças e diferenças, desvelando o que elas nos dizem a respeito desses viajantes, suas expedições e o contexto em que atuaram.
During the nineteenth century, scientific expeditions travelled across Brazil investigating its fauna, flora and natural geological resources. By examining letters, reports, travelogues and illustrations of that time, it is possible to picture those expeditions, the naturalists themselves and the assistants who accompanied them, as well as something of society in nineteenth century Brazil. Our research focuses on the iconography of these travelers. These images help us to understand the way these traveling naturalists viewed nature, the men living in the interior and the indigenous peoples. By comparing eight images selected to illustrate the travelers’ campsites we sought to observe their similarities and differences, revealing what they tell us about these travelers, their expeditions and the context in which they worked.
Revista Museologia e Patrimônio, 2011
In this article we try to understand the process of constituion of certain memories of Heitor Vil... more In this article we try to understand the process of constituion of certain memories of Heitor Villa-Lobos. The path of Arminda Villa-Lobos (1912-1985), second wife of the composer, is the leading thread of the investigation. After more than twenty years living together, she kept and organized hundreds of Villa-Lobos’ sheet music, documents, correspondences, photographies and more which, one year after the maestro’s death, in 1959, became the collection of the Villa-Lobos Museum (created one year later). Not by chance, Arminda was the founder and director of the institution for 25 years. We intend to reflect on the process of formation of the Villa-Lobos Museum and Arminda’s role in it. From an understanding that the objects and actions of a museum are signs of a constructed memory, we look to shed light on themes which were privileged and omitted and the political and institutional questions at stake.
Revista Brasileira de História da Ciência, 2012
No Brasil, o século XIX foi marcado por expedições científicas que desbravaram o território em bu... more No Brasil, o século XIX foi marcado por expedições científicas que desbravaram o território em busca de descobertas que contribuíssem para o desenvolvimento da ciência e para a modernização da nação. Em meio aos homens de ciência, figurou o artista viajante, encarregado pela produção iconográfica que ilustrava os relatos de viagem. As imagens criadas por estes artistas formaram um repertório imagético que traduziu o Novo Mundo para o homem europeu. Tais representações são aqui analisadas não apenas como impressões individuais sobre os cenários desvelados durante as viagens, mas como ferramentas essenciais para a pesquisa histórica e científica.
Monografia, Dissertação e Tese by Anderson Antunes
O nome Agassiz era um dos mais reconhecidos nos círculos científicos ao longo do século XIX. Da s... more O nome Agassiz era um dos mais reconhecidos nos círculos científicos ao longo do século XIX. Da sua Suíça natal aos Estados Unidos e ao Brasil, Louis Agassiz era respeitado por suas pesquisas, especialmente nas áreas de glaciação e ictiologia. Ele ainda permanece como um dos mais conhecidos naturalistas de todos os tempos. No entanto, pouca atenção tem sido dada a sua esposa, Elizabeth Agassiz. Autora de três livros que procuravam divulgar a ciência para um público não especializado, um deles sendo um relato da viagem ao Brasil, Elizabeth foi mais do que uma parceira de Louis Agassiz em sua vida. Ela foi sua companheira na ciência. Em uma época em que as mulheres eram mantidas distanciadas de instituições científicas e de ensino superior, ela organizou escolas para ensinar ciências e outros assuntos para mulheres. Nesta pesquisa, analisaremos a vida e as contribuições científicas de Elizabeth Agassiz para compreender as formas como as mulheres podiam participar da construção do conhecimento científico no século XIX.
Da mesma forma que a ciência praticada contemporaneamente, o trabalho de campo realizado por natu... more Da mesma forma que a ciência praticada contemporaneamente, o trabalho de campo realizado por naturalistas viajantes Oitocentistas também era uma atividade fundamentalmente social. O sucesso de suas expedições geralmente dependia da articulação de uma diversificada rede de auxiliares. Estes indivíduos poderiam colaborar cientificamente, com a localização, identificação, coleta e preparação de espécimes; logisticamente, com transporte, hospedagem e alimentação; ou compartilhando de seus conhecimentos adquiridos de forma empírica ao longo de sua vivência nas regiões a serem exploradas. Nos livros e diários de viagem dos naturalistas, é comum encontrarmos registradas a presença e a atuação de seus auxiliares. No entanto, em artigos científicos e textos dirigidos aos seus pares, a participação das populações locais é, em geral, invisível. Por muito tempo, a historiografia das viagens científicas também reproduziu esta tendência. Mas, recentemente, é possível começar a perceber que cada vez mais pesquisadores tem voltado seus focos para as relações sociais envolvidas no trabalho de campo. Ao longo desta pesquisa, procuramos contribuir com esta linha de investigações, ao fazer uma análise da rede de auxiliares envolvidos com a Expedição Thayer, liderada por Louis Agassiz. A partir dos relatos dos próprios viajantes, identificamos e analisamos as contribuições de 168 de seus auxiliares no Brasil. A metodologia utilizada se baseou, principalmente, na identificação e na classificação dos auxiliares em diferentes categorias, baseadas na natureza de sua contribuição e no seu envolvimento com a expedição, e na utilização de um programa de visualização de redes chamado Gephi. Acreditamos que este estudo permitirá compreender melhor o significado e a relevância da articulação de redes de auxiliares na Expedição Thayer, além de inspirar análises similares em outras expedições científicas.
A ciência foi um dos temas em voga durante todo o século XIX. O mundo inteiro viu surgir homens d... more A ciência foi um dos temas em voga durante todo o século XIX. O mundo inteiro viu surgir homens de ciência, homens letrados interessados pelas questões e descobertas científicas. Juntos, eles formavam as sociedades científicas e partiam em expedições para desbravar territórios inexplorados, como muitas regiões do interior do Brasil. Estas expedições muitas vezes eram subvencionadas pelo Estado, tenha sido ele brasileiro – imperial ou republicano – ou estrangeiro. Durante estas expedições foram formadas grandes coleções de fauna, flora, mineralogia e etnografia, que foram levadas para os museus de história natural do mundo todo, onde foram estudadas e colocadas em exposição. Neste trabalho, pretendo explorar as relações de mutualismo entre a atividade científica e a atividade museológica no século XIX, descobrindo paralelos e verificando a presença dos museus de história natural no desenvolvimento da ciência no século XIX. Também discuto a importância das coleções formadas pelos cientistas viajantes do Oitocentos, a necessidade de sua preservação em tempos atuais e as possibilidades de uso destas coleções para uma aproximação entre a ciência e a sociedade, dentro dos museus.
Esta tese analisa a viagem do naturalista britânico Henry Walter Bates ao Brasil, entre 1848 e 18... more Esta tese analisa a viagem do naturalista britânico Henry Walter Bates ao Brasil, entre 1848 e 1859, enfocando suas relações com os habitantes locais e observando de que forma estes colaboraram para o êxito da expedição. Durante os seus 11 anos de estadia no país, Bates coletou espécimes de aproximadamente 14 mil espécies brasileiras, sendo cerca de oito mil até então desconhecidas na Europa e, a partir de suas observações, propôs a teoria hoje conhecida como mimetismo batesiano. Ademais, relatou sua vivência na Amazônia em um dos livros de viagem mais aclamados e bem-sucedidos de seu tempo, sendo reeditado até os dias de hoje. A viagem ao Brasil foi essencial para a inserção de Bates nos círculos científicos ingleses e para sua ascensão social e profissional. Por este motivo, é fundamental olhar para a sua passagem pelo Brasil para compreender o papel transformador de sua viagem e as estratégias empregadas por Bates para garantir o sucesso de sua empreitada. Sem apoio governamental, institucional ou financeiro, reunir uma ampla e diversificada rede de colaboradores locais foi essencial ao naturalista. Ao longo de seu relato de viagem, Bates faz referência a um total de 221 indivíduos, frequentemente nomeando e descrevendo aqueles que o auxiliaram. Desta forma, o livro de viagem, assim como os cadernos de campo mantidos pelo naturalista e algumas de suas correspondências pessoais, são fontes importantes para a compreensão da infraestrutura humana que tornou possível a sua expedição científica. Ao longo desta tese, a análise destas fontes é utilizada como base para a identificação de alguns dos principais indivíduos que compunham a rede de colaboradores de Bates no Brasil e para a observação das formas e dos momentos em que o naturalista buscava suporte na população local. Após a análise textual, uma visualização da rede de colaboradores de Bates foi criada com o software Gephi para complementar a leitura das interações dentro da rede. Observar como se davam estas interações é uma forma de compreender melhor a sociabilidade inerente ao trabalho naturalista de campo e de chamar atenção para uma complexa rede de indivíduos geralmente tornados invisíveis nas narrativas sobre as grandes viagens científicas do século XIX, mas frequentemente mencionados pelos próprios naturalistas em seus relatos de viagem por suas constantes colaborações.
Capítulos de Livros / Book Chapters by Anderson Antunes
The scientific dialogue linking America, Asia and Europe between the 12th and the 20thCentury. Theories and techniques travelling in space and time, 2018
In this paper, we analyse the relationship between the British naturalist Henry Walter Bates and ... more In this paper, we analyse the relationship between the British naturalist Henry Walter Bates and the local inhabitants who were part of the network who collaborated with him during his expedition to Brazil (1848-1849). From primary sources such as the first two editions of the travel book edited by Bates, as well as his correspondence, field diaries and notebooks, we have been able to identify about 200 hundred local inhabitants who contributed to his scientific expedition. Authors including Camerini (1996), Turner (1997), Moreira (2002), Fan (2003) and Raj (2010) have studied how knowledge and ideas circulated between travelling naturalists and the local inhabitants of the countries they visited. Intending to contribute to these studies, in this paper we will focus on Henry Walter Bates’ expedition to Brazil, looking at the ways through which knowledge circulated, was appropriated and translated between the naturalist and locals. Bates’ expedition was chosen not only because of its long duration of eleven years, but also because of the great number of places visited, the large number of local inhabitants with whom Bates interacted, and the vast amount of more than 14,000 species collected, the vast majority being insects, of which it estimated that at least 8,000 were unknown to science. Despite these accomplishments, which also include the formulation of the theory of Batesian mimicry, which was used as evidence for Darwinian evolution, Henry Bates and his Brazilian expedition remain largely understudied to this day.
Conferências / Conferences by Anderson Antunes
Anais do 17º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, 2020
A organização de uma expedição científica no século XIX não era uma tarefa trivial. As viagens er... more A organização de uma expedição científica no século XIX não era uma tarefa trivial. As viagens eram onerosas e incluíam obstáculos financeiros, logísticos, burocráticos, entre outros. Por este motivo, manuais e instruções eram publicados com o objetivo de orientar os viajantes em relação aos desafios que encontrariam. Ainda que preparados, imprevistos e contratempos não eram incomuns, principalmente em regiões como a Amazônia. A escassez de mapas precisos, a dificuldade da navegação fluvial e a existência de grandes regiões pouco habitadas ou habitadas somente por populações indígenas traziam desafios adicionais. Ainda assim, a região se tornou um dos principais destinos dos viajantes, especialmente a partir da segunda metade do século. Foi durante este período que estiveram no Brasil naturalistas como Henry Bates (1848-1859) e seu companheiro Alfred Wallace (1848-1852), e Louis Agassiz com a Expedição Thayer (1865-1866). Em termos de apoio financeiro e institucional, o contexto destas viagens foi distinto. Agassiz e sua equipe contavam com financiamento de um banqueiro estadunidense, apoio institucional da Universidade de Harvard e de seu Museu de Zoologia Comparada e dispunham, ainda, das vantagens garantidas pela amizade entre o naturalista suíço e o Imperador Pedro II. Por outro lado, Bates e Wallace eram jovens britânicos de origem modesta que buscavam financiar suas viagens a partir do trabalho de coleta de espécimes. Apesar do contraste, estes viajantes visitaram algumas das mesmas cidades e tiveram contato com alguns dos mesmos habitantes. A interação com a população local, já prevista nas instruções de viagem, oferecia aos viajantes oportunidades para superar algumas das adversidades encontradas. Em seus livros e diários, encontramos relatos sobre terem recebido auxílios diversos de um grupo variado de moradores locais, que incluía escravos, indígenas e estrangeiros que residiam na região. Além de
atuarem como guias, carregadores, navegadores e intérpretes, muitos contribuíram com a localização, identificação, coleta e preparação de espécimes, além de compartilharem conhecimentos sobre a natureza local. A análise das redes de auxiliares que contribuíram com as expedições de Bates, Wallace e Agassiz nos permite compreender a importância da sociabilidade para o trabalho naturalista de campo. Além disso, a identificação das pessoas que formavam essas redes permite constatar a existência de um pequeno grupo de indivíduos frequentemente associados aos naturalistas que visitavam a região Amazônica. Neste trabalho, chamo a atenção para as redes de colaboradores envolvidos com estes três naturalistas viajantes durante suas passagens pela Amazônia brasileira com o objetivo de demonstrar a importância de analisar e identificar quem eram os seus auxiliares e quais as contribuições da população local para suas expedições.
3ª Jornada de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde, 2015
Trabalho publicado nos anais eletrônicos da 3ª Jornada de Pós-Graduação em História das Ciências ... more Trabalho publicado nos anais eletrônicos da 3ª Jornada de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde onde alguns aspectos da História e da Historiografia das Ciências no Brasil são relacionados ao estudo da rede de colaboradores na expedição de Louis Agassiz ao Brasil entre 1865 e 1866.
Anais do XXVIII Simpósio Nacional de História, 2015
Este trabalho, publicado nos anais do XXVIII Simpósio Nacional de História, analisa a rede de col... more Este trabalho, publicado nos anais do XXVIII Simpósio Nacional de História, analisa a rede de colaboradores locais na expedição do naturalista suíço Louis Agassiz ao Brasil entre os anos de 1865 e 1866 e a importância da sociabilidade para o trabalho naturalista de campo durante o século XIX.
Anais eletrônicos do 13º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, 2012
O século XIX foi um momento excepcional para a história da ciência brasileira. Embora seja possív... more O século XIX foi um momento excepcional para a história da ciência brasileira. Embora seja possível apontar a existência de pesquisas científicas antes da chegada da Família Real, a vinda dos Bragança com a consequente abertura dos portos para as nações amigas, o casamento de Pedro I do Brasil com Maria Leopoldina da Áustria e o fomentismo estatal de instituições científicas praticado por Pedro II constituem-se em momentos singulares de emancipação da ciência no Brasil. Também é possível apontar, no Brasil Oitocentista, um movimento de “expansão para dentro”, onde a ciência figura como elemento importante no desbravamento do território, no conhecimento das populações e seus modos de vida e na formação de coleções de fauna, flora, antropologia, dentre outras. Foram muitas as expedições científicas que, durante o século XIX, percorreram o território brasileiro a procura de novas descobertas que contribuíssem para o desenvolvimento da ciência e para a modernização da Nação. O Estado – tanto brasileiro quanto estrangeiro – financiou a formação de diversas destas expedições, que contavam com cientistas das mais variadas formações. Em meio a biólogos, geólogos e antropólogos, outra figura comum nestas viagens era a do artista viajante, encarregado pela produção iconográfica que ilustraria os relatos da viagem. É a partir de cartas, relatórios, diários de viagens e das pinturas de paisagens, cidades, costumes e povos que se pode formar um retrato da sociedade Oitocentista brasileira. Muitas vezes vindos da Europa, as imagens criadas por estes artistas traduziam o Novo Mundo para o homem europeu. Hoje, estas imagens nos permitem compreender o olhar do naturalista sobre a natureza, dos homens de ciência sobre os homens do interior, dos europeus sobre os indígenas. Em muitos casos, estes registros apresentam, também, valores simbólicos ambivalentes: por um lado, retratavam os habitantes daqui como selvagens e, por outro, não economizavam esforços em apresentar uma visão idealizada da terra prometida. Nesta pesquisa, estas imagens são analisadas não apenas como registros objetivos dos espécimes e cenários encontrados durante as viagens, mas como visualidades ricas em conteúdo simbólico e como fontes para a produção de conhecimento nas mais variadas disciplinas científicas. São imagens capazes de nos revelar como os naturalistas e artistas viajantes Oitocentistas compreendiam o mundo ao seu redor, como se dava a relação entre arte e ciência no século XIX, como a arte era utilizada como um meio para a circulação de conhecimentos, dentre uma infinidade de questões cujas respostas podem se encontrar em meio às linhas e cores do vasto repertório imagético produzido pelos artistas viajantes do século XIX.
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia , 2015
Este trabalho, publicado nos anais eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e... more Este trabalho, publicado nos anais eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, analisa a rede de sociabilidade que tornou possível a expedição de Louis Agassiz ao Brasil entre 1865 e 1866.
Anais eletrônicos do 15º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, 2016
Quando veio ao Brasil pela primeira vez, em 1865, Louis Agassiz (1807-1873) já gozava de amplo re... more Quando veio ao Brasil pela primeira vez, em 1865, Louis Agassiz (1807-1873) já gozava de
amplo reconhecimento internacional. Dentre os méritos que justificavam sua reputação,
podemos citar alguns breves exemplos, como a descrição dos peixes coletados durante a
expedição de Spix e Martius, seus estudos ao lado de Georges Cuvier e Alexander von
Humboldt, em Paris, e a fundação do Museu de Zoologia Comparada, na Universidade de
Harvard. Logo, quando planejou sua vinda ao país, não foi difícil reunir uma vasta rede de
apoiadores, que incluía financiadores, naturalistas, autoridades norte-americanas e brasileiras,
além de caçadores, escravos e habitantes locais. Além de sua reputação como naturalista, de
seu ferrenho combate às teorias evolucionistas de Darwin que estavam sendo discutidas à
época, e da grande mobilização de colaboradores, outro importante fator contribuiu para gerar
interesse por sua passagem pelo país: a amizade pessoal que mantinha com o imperador
brasileiro D. Pedro II. O resultado desta relação foi um intenso interesse do monarca pelos
andamentos da expedição, assim como sua intervenção direta, sempre que possível, como na
comissão do engenheiro Major João Martins da Silva Coutinho para atuar como guia nas
regiões norte e nordeste do país. Como resultado, a Expedição Thayer, nome que recebeu
graças ao financiamento recebido pelo banqueiro Nathaniel Thayer Jr., recebeu grande
destaque na mídia brasileira. Atualmente, com o grande volume de periódicos digitalizados e
disponíveis na Hemeroteca Digital Brasileira, da Biblioteca Nacional, é possível ter acesso às
diversas notícias que eram publicadas sobre a expedição em jornais e revistas da época. Por
onde aportava, se houvesse uma publicação local, era quase certo que Agassiz e sua comitiva
ganhariam, ao menos, uma breve nota. No entanto, em muitos dos casos, é possível encontrar
não apenas informações sobre sua chegada e partida, mas registros de sua participação em
eventos, informações sobre o andamento de suas pesquisas, sobre a presença e atuação de
seus auxiliares locais, sobre suas relações com o governo, suas palestras públicas sobre
ciência, e até mesmo colunas e charges que nos permitem observar parte da percepção e
recepção do público em relação aos viajantes estrangeiros e seus interesses. O objetivo desta
pesquisa é analisar de que forma as notícias sobre a passagem de Agassiz pelo Brasil,
publicadas nos periódicos, podem ser utilizadas como fontes de informação sobre a
expedição, seus objetivos e resultados, uma vez que nos permitem acesso a um ponto de vista
diferente daquele do próprio naturalista, que é geralmente o narrador de sua própria história,
quando publica seus livros e diários de viagem. Desta forma, será possível também colaborar
com a crescente historiografia sobre o papel da imprensa na divulgação da atividade científica
presente no Brasil do século XIX.
Anais do Museu Histórico Nacional, 2021
Este artigo analisa como os saberes locais contribuíram para a formação das coleções de História ... more Este artigo analisa como os saberes locais contribuíram para a formação das coleções de História Natural reunidas durante algumas das expedições científicas estrangeiras que percorreram o Brasil durante a segunda metade do século XIX. A historiografia recente
demonstrou a importância da sociabilidade para a realização destas expedições, destacando o caráter social do trabalho de campo. A partir das interações com as populações locais, os viajantes conseguiam o apoio logístico necessário para a movimentação em regiões pouco conhecidas e reuniam informações importantes sobre os hábitos e habitats de espécies animais e vegetais, incluindo seus usos econômicos e medicinais. Além disso, indígenas e escravizados, dentre outros, contribuíram com a coleta e a preparação dos espécimes que formaram as coleções levadas para museus de História Natural nos Estados Unidos e na Europa, principalmente. Ao longo deste artigo analisaremos exemplos destas contribuições nos livros de viagem publicados por Henry Bates, Alfred Wallace e Louis Agassiz.
Publicaciones de la Asociación Argentina de Humanidades Digitales, 2021
With its origins in Sociology, social network analysis has gained popularity with the development... more With its origins in Sociology, social network analysis has gained popularity with the development of both Digital Humanities and free network visualization software, such as Gephi. For the History of Sciences, network analysis can highlight how scientific knowledge is socially constructed and dependant on the interactions between individuals and institutions. In this paper I demonstrate how the analysis and visualization of networks with Gephi can be a valuable tool to understand the sociability of 19th century scientific expeditions by investigating Louis Agassiz’s and Henry Walter Bates’ travels in Brazil.
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 2020
Em 1863, Henry Bates publicou um livro de viagem relatando sua expedição pelo Brasil. Seu sucesso... more Em 1863, Henry Bates publicou um livro de viagem relatando sua expedição pelo Brasil. Seu sucesso acarretou a preparação de uma segunda edição. Bates revisou e reduziu sua obra a pedido do editor, removendo muitas informações que havia publicado. No Brasil, seu livro só foi publicado quase cem anos após a expedição, traduzido, prefaciado e comentado por Mello- -Leitão. Até hoje, essa é a única edição brasileira da primeira edição, uma vez que uma segunda tradução, feita em 1979, foi baseada na segunda edição reduzida. Neste artigo, discutimos as motivações e o processo de produção do livro e analisamos e comparamos as duas primeiras edições em inglês, destacando as alterações e as omissões, além de comparar as traduções brasileiras. Com isso, objetivamos compreender a narrativa construída pelo naturalista a partir de sua vivência no Brasil, o seu impacto e também as transformações dessa narrativa ao longo do tempo e de suas traduções.
Revista Brasileira de História da Ciência, 2016
Uma expedição científica do século XIX contava, geralmente, com uma diversificada rede de auxilia... more Uma expedição científica do século XIX contava, geralmente, com uma diversificada rede de auxiliares. Embora a participação destes indivíduos costumasse ser suprimida nas publicações de cunho científica,
menções a suas contribuições eram recorrentes nos livros e diários de viagens mantidos pelos naturalistas. Neste
artigo, analisamos a rede de auxiliares envolvida na Expedição Thayer, que visitou o Brasil entre 1865 e 1866,
liderada por Louis Agassiz, e observamos de que forma muitos membros das populações locais contribuíram
para a realização e os resultados científicos alcançados pela Expedição Thayer.
Boletim Eletrônico da Sociedade Brasileira de História da Ciência, 2016
Este artigo analisa brevemente as relações de sociabilidade no trabalho de campo realizado pelo n... more Este artigo analisa brevemente as relações de sociabilidade no trabalho de campo realizado pelo naturalista suíço Louis Agassiz e sua comitiva durante a Expedição Thayer, que visitou o território brasileiro entre os anos de 1865 e 1866. A relação com os habitantes locais diversificados, incluindo o Imperador D. Pedro II, presidentes de províncias e membros das elites locais, ribeirinhos, indígenas e escravos foi essencial para possibilitar a numerosa coleta de espécimes obtida por Agassiz e levada para o Museu de Zoologia Comparada da Universidade de Harvard.
Historia Crítica, 2019
This paper analyses the relations between 19th century travelling naturalists and the indigenous ... more This paper analyses the relations between 19th century travelling naturalists and the indigenous inhabitants of Brazilian Amazonia. The region was a favourite among travellers during the latter half of the 19th century. On their travel books, naturalists reported not only on local Nature, but also on local inhabitants and their contributions to the expeditions, making them valuable sources for understanding the interactions between them and the natives. Originality: The originality of the paper rests in the use of a diverse set of primary sources, in the form of 19th century travel books. The article contributes to the current historiography on Natural History expeditions while aiming specifically at the relations between naturalists and the indigenous inhabitants of the region. Methodology: The analysis relies on primary sources, which consist mainly of the travel books written and published by some of the most well-known 19th century travelling naturalists that visited the Brazilian Amazonia. It is from their personal reports and observations that we aim to understand, on the one hand, how these foreign naturalists interacted with the local indigenous inhabitants and, on the other, how the natives were able contribute to the scientific expeditions led by European naturalists. Conclusions: It is safe to conclude that the indigenous inhabitants of Brazilian Amazonia were a constant presence during 19th century expeditions in the region. The interactions between naturalists and natives, sometimes mediated by a third party, were often essential to the success of these expeditions. The principal contribution of the indigenous inhabitants, as stated by the naturalists themselves, was the aid in the collection of specimens. The natives’ expertise on the habits and habitats of animals and plants, paired with their hunting and to navigational skills through the region’s complex river system, seem to have been a subject of admiration as well as a source of information and specimens.
História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 2015
Durante o século XIX, expedições científicas percorreram o Brasil investigando fauna, flora e nat... more Durante o século XIX, expedições científicas percorreram o Brasil investigando fauna, flora e natureza geológica. Com base em cartas, relatórios, livros de viagens e ilustrações, é possível retratar essas expedições, os naturalistas e os auxiliares que os acompanhavam, assim como a sociedade oitocentista brasileira. Nosso foco é a iconografia dos viajantes. As imagens dão subsídios para compreendermos o olhar do naturalista viajante sobre a natureza, os homens do interior e as populações indígenas. A partir da comparação de oito imagens, selecionadas pelo fato de ilustrarem os acampamentos dos viajantes, buscamos observar suas semelhanças e diferenças, desvelando o que elas nos dizem a respeito desses viajantes, suas expedições e o contexto em que atuaram.
During the nineteenth century, scientific expeditions travelled across Brazil investigating its fauna, flora and natural geological resources. By examining letters, reports, travelogues and illustrations of that time, it is possible to picture those expeditions, the naturalists themselves and the assistants who accompanied them, as well as something of society in nineteenth century Brazil. Our research focuses on the iconography of these travelers. These images help us to understand the way these traveling naturalists viewed nature, the men living in the interior and the indigenous peoples. By comparing eight images selected to illustrate the travelers’ campsites we sought to observe their similarities and differences, revealing what they tell us about these travelers, their expeditions and the context in which they worked.
Revista Museologia e Patrimônio, 2011
In this article we try to understand the process of constituion of certain memories of Heitor Vil... more In this article we try to understand the process of constituion of certain memories of Heitor Villa-Lobos. The path of Arminda Villa-Lobos (1912-1985), second wife of the composer, is the leading thread of the investigation. After more than twenty years living together, she kept and organized hundreds of Villa-Lobos’ sheet music, documents, correspondences, photographies and more which, one year after the maestro’s death, in 1959, became the collection of the Villa-Lobos Museum (created one year later). Not by chance, Arminda was the founder and director of the institution for 25 years. We intend to reflect on the process of formation of the Villa-Lobos Museum and Arminda’s role in it. From an understanding that the objects and actions of a museum are signs of a constructed memory, we look to shed light on themes which were privileged and omitted and the political and institutional questions at stake.
Revista Brasileira de História da Ciência, 2012
No Brasil, o século XIX foi marcado por expedições científicas que desbravaram o território em bu... more No Brasil, o século XIX foi marcado por expedições científicas que desbravaram o território em busca de descobertas que contribuíssem para o desenvolvimento da ciência e para a modernização da nação. Em meio aos homens de ciência, figurou o artista viajante, encarregado pela produção iconográfica que ilustrava os relatos de viagem. As imagens criadas por estes artistas formaram um repertório imagético que traduziu o Novo Mundo para o homem europeu. Tais representações são aqui analisadas não apenas como impressões individuais sobre os cenários desvelados durante as viagens, mas como ferramentas essenciais para a pesquisa histórica e científica.
O nome Agassiz era um dos mais reconhecidos nos círculos científicos ao longo do século XIX. Da s... more O nome Agassiz era um dos mais reconhecidos nos círculos científicos ao longo do século XIX. Da sua Suíça natal aos Estados Unidos e ao Brasil, Louis Agassiz era respeitado por suas pesquisas, especialmente nas áreas de glaciação e ictiologia. Ele ainda permanece como um dos mais conhecidos naturalistas de todos os tempos. No entanto, pouca atenção tem sido dada a sua esposa, Elizabeth Agassiz. Autora de três livros que procuravam divulgar a ciência para um público não especializado, um deles sendo um relato da viagem ao Brasil, Elizabeth foi mais do que uma parceira de Louis Agassiz em sua vida. Ela foi sua companheira na ciência. Em uma época em que as mulheres eram mantidas distanciadas de instituições científicas e de ensino superior, ela organizou escolas para ensinar ciências e outros assuntos para mulheres. Nesta pesquisa, analisaremos a vida e as contribuições científicas de Elizabeth Agassiz para compreender as formas como as mulheres podiam participar da construção do conhecimento científico no século XIX.
Da mesma forma que a ciência praticada contemporaneamente, o trabalho de campo realizado por natu... more Da mesma forma que a ciência praticada contemporaneamente, o trabalho de campo realizado por naturalistas viajantes Oitocentistas também era uma atividade fundamentalmente social. O sucesso de suas expedições geralmente dependia da articulação de uma diversificada rede de auxiliares. Estes indivíduos poderiam colaborar cientificamente, com a localização, identificação, coleta e preparação de espécimes; logisticamente, com transporte, hospedagem e alimentação; ou compartilhando de seus conhecimentos adquiridos de forma empírica ao longo de sua vivência nas regiões a serem exploradas. Nos livros e diários de viagem dos naturalistas, é comum encontrarmos registradas a presença e a atuação de seus auxiliares. No entanto, em artigos científicos e textos dirigidos aos seus pares, a participação das populações locais é, em geral, invisível. Por muito tempo, a historiografia das viagens científicas também reproduziu esta tendência. Mas, recentemente, é possível começar a perceber que cada vez mais pesquisadores tem voltado seus focos para as relações sociais envolvidas no trabalho de campo. Ao longo desta pesquisa, procuramos contribuir com esta linha de investigações, ao fazer uma análise da rede de auxiliares envolvidos com a Expedição Thayer, liderada por Louis Agassiz. A partir dos relatos dos próprios viajantes, identificamos e analisamos as contribuições de 168 de seus auxiliares no Brasil. A metodologia utilizada se baseou, principalmente, na identificação e na classificação dos auxiliares em diferentes categorias, baseadas na natureza de sua contribuição e no seu envolvimento com a expedição, e na utilização de um programa de visualização de redes chamado Gephi. Acreditamos que este estudo permitirá compreender melhor o significado e a relevância da articulação de redes de auxiliares na Expedição Thayer, além de inspirar análises similares em outras expedições científicas.
A ciência foi um dos temas em voga durante todo o século XIX. O mundo inteiro viu surgir homens d... more A ciência foi um dos temas em voga durante todo o século XIX. O mundo inteiro viu surgir homens de ciência, homens letrados interessados pelas questões e descobertas científicas. Juntos, eles formavam as sociedades científicas e partiam em expedições para desbravar territórios inexplorados, como muitas regiões do interior do Brasil. Estas expedições muitas vezes eram subvencionadas pelo Estado, tenha sido ele brasileiro – imperial ou republicano – ou estrangeiro. Durante estas expedições foram formadas grandes coleções de fauna, flora, mineralogia e etnografia, que foram levadas para os museus de história natural do mundo todo, onde foram estudadas e colocadas em exposição. Neste trabalho, pretendo explorar as relações de mutualismo entre a atividade científica e a atividade museológica no século XIX, descobrindo paralelos e verificando a presença dos museus de história natural no desenvolvimento da ciência no século XIX. Também discuto a importância das coleções formadas pelos cientistas viajantes do Oitocentos, a necessidade de sua preservação em tempos atuais e as possibilidades de uso destas coleções para uma aproximação entre a ciência e a sociedade, dentro dos museus.
Esta tese analisa a viagem do naturalista britânico Henry Walter Bates ao Brasil, entre 1848 e 18... more Esta tese analisa a viagem do naturalista britânico Henry Walter Bates ao Brasil, entre 1848 e 1859, enfocando suas relações com os habitantes locais e observando de que forma estes colaboraram para o êxito da expedição. Durante os seus 11 anos de estadia no país, Bates coletou espécimes de aproximadamente 14 mil espécies brasileiras, sendo cerca de oito mil até então desconhecidas na Europa e, a partir de suas observações, propôs a teoria hoje conhecida como mimetismo batesiano. Ademais, relatou sua vivência na Amazônia em um dos livros de viagem mais aclamados e bem-sucedidos de seu tempo, sendo reeditado até os dias de hoje. A viagem ao Brasil foi essencial para a inserção de Bates nos círculos científicos ingleses e para sua ascensão social e profissional. Por este motivo, é fundamental olhar para a sua passagem pelo Brasil para compreender o papel transformador de sua viagem e as estratégias empregadas por Bates para garantir o sucesso de sua empreitada. Sem apoio governamental, institucional ou financeiro, reunir uma ampla e diversificada rede de colaboradores locais foi essencial ao naturalista. Ao longo de seu relato de viagem, Bates faz referência a um total de 221 indivíduos, frequentemente nomeando e descrevendo aqueles que o auxiliaram. Desta forma, o livro de viagem, assim como os cadernos de campo mantidos pelo naturalista e algumas de suas correspondências pessoais, são fontes importantes para a compreensão da infraestrutura humana que tornou possível a sua expedição científica. Ao longo desta tese, a análise destas fontes é utilizada como base para a identificação de alguns dos principais indivíduos que compunham a rede de colaboradores de Bates no Brasil e para a observação das formas e dos momentos em que o naturalista buscava suporte na população local. Após a análise textual, uma visualização da rede de colaboradores de Bates foi criada com o software Gephi para complementar a leitura das interações dentro da rede. Observar como se davam estas interações é uma forma de compreender melhor a sociabilidade inerente ao trabalho naturalista de campo e de chamar atenção para uma complexa rede de indivíduos geralmente tornados invisíveis nas narrativas sobre as grandes viagens científicas do século XIX, mas frequentemente mencionados pelos próprios naturalistas em seus relatos de viagem por suas constantes colaborações.
The scientific dialogue linking America, Asia and Europe between the 12th and the 20thCentury. Theories and techniques travelling in space and time, 2018
In this paper, we analyse the relationship between the British naturalist Henry Walter Bates and ... more In this paper, we analyse the relationship between the British naturalist Henry Walter Bates and the local inhabitants who were part of the network who collaborated with him during his expedition to Brazil (1848-1849). From primary sources such as the first two editions of the travel book edited by Bates, as well as his correspondence, field diaries and notebooks, we have been able to identify about 200 hundred local inhabitants who contributed to his scientific expedition. Authors including Camerini (1996), Turner (1997), Moreira (2002), Fan (2003) and Raj (2010) have studied how knowledge and ideas circulated between travelling naturalists and the local inhabitants of the countries they visited. Intending to contribute to these studies, in this paper we will focus on Henry Walter Bates’ expedition to Brazil, looking at the ways through which knowledge circulated, was appropriated and translated between the naturalist and locals. Bates’ expedition was chosen not only because of its long duration of eleven years, but also because of the great number of places visited, the large number of local inhabitants with whom Bates interacted, and the vast amount of more than 14,000 species collected, the vast majority being insects, of which it estimated that at least 8,000 were unknown to science. Despite these accomplishments, which also include the formulation of the theory of Batesian mimicry, which was used as evidence for Darwinian evolution, Henry Bates and his Brazilian expedition remain largely understudied to this day.
Anais do 17º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, 2020
A organização de uma expedição científica no século XIX não era uma tarefa trivial. As viagens er... more A organização de uma expedição científica no século XIX não era uma tarefa trivial. As viagens eram onerosas e incluíam obstáculos financeiros, logísticos, burocráticos, entre outros. Por este motivo, manuais e instruções eram publicados com o objetivo de orientar os viajantes em relação aos desafios que encontrariam. Ainda que preparados, imprevistos e contratempos não eram incomuns, principalmente em regiões como a Amazônia. A escassez de mapas precisos, a dificuldade da navegação fluvial e a existência de grandes regiões pouco habitadas ou habitadas somente por populações indígenas traziam desafios adicionais. Ainda assim, a região se tornou um dos principais destinos dos viajantes, especialmente a partir da segunda metade do século. Foi durante este período que estiveram no Brasil naturalistas como Henry Bates (1848-1859) e seu companheiro Alfred Wallace (1848-1852), e Louis Agassiz com a Expedição Thayer (1865-1866). Em termos de apoio financeiro e institucional, o contexto destas viagens foi distinto. Agassiz e sua equipe contavam com financiamento de um banqueiro estadunidense, apoio institucional da Universidade de Harvard e de seu Museu de Zoologia Comparada e dispunham, ainda, das vantagens garantidas pela amizade entre o naturalista suíço e o Imperador Pedro II. Por outro lado, Bates e Wallace eram jovens britânicos de origem modesta que buscavam financiar suas viagens a partir do trabalho de coleta de espécimes. Apesar do contraste, estes viajantes visitaram algumas das mesmas cidades e tiveram contato com alguns dos mesmos habitantes. A interação com a população local, já prevista nas instruções de viagem, oferecia aos viajantes oportunidades para superar algumas das adversidades encontradas. Em seus livros e diários, encontramos relatos sobre terem recebido auxílios diversos de um grupo variado de moradores locais, que incluía escravos, indígenas e estrangeiros que residiam na região. Além de
atuarem como guias, carregadores, navegadores e intérpretes, muitos contribuíram com a localização, identificação, coleta e preparação de espécimes, além de compartilharem conhecimentos sobre a natureza local. A análise das redes de auxiliares que contribuíram com as expedições de Bates, Wallace e Agassiz nos permite compreender a importância da sociabilidade para o trabalho naturalista de campo. Além disso, a identificação das pessoas que formavam essas redes permite constatar a existência de um pequeno grupo de indivíduos frequentemente associados aos naturalistas que visitavam a região Amazônica. Neste trabalho, chamo a atenção para as redes de colaboradores envolvidos com estes três naturalistas viajantes durante suas passagens pela Amazônia brasileira com o objetivo de demonstrar a importância de analisar e identificar quem eram os seus auxiliares e quais as contribuições da população local para suas expedições.
3ª Jornada de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde, 2015
Trabalho publicado nos anais eletrônicos da 3ª Jornada de Pós-Graduação em História das Ciências ... more Trabalho publicado nos anais eletrônicos da 3ª Jornada de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde onde alguns aspectos da História e da Historiografia das Ciências no Brasil são relacionados ao estudo da rede de colaboradores na expedição de Louis Agassiz ao Brasil entre 1865 e 1866.
Anais do XXVIII Simpósio Nacional de História, 2015
Este trabalho, publicado nos anais do XXVIII Simpósio Nacional de História, analisa a rede de col... more Este trabalho, publicado nos anais do XXVIII Simpósio Nacional de História, analisa a rede de colaboradores locais na expedição do naturalista suíço Louis Agassiz ao Brasil entre os anos de 1865 e 1866 e a importância da sociabilidade para o trabalho naturalista de campo durante o século XIX.
Anais eletrônicos do 13º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, 2012
O século XIX foi um momento excepcional para a história da ciência brasileira. Embora seja possív... more O século XIX foi um momento excepcional para a história da ciência brasileira. Embora seja possível apontar a existência de pesquisas científicas antes da chegada da Família Real, a vinda dos Bragança com a consequente abertura dos portos para as nações amigas, o casamento de Pedro I do Brasil com Maria Leopoldina da Áustria e o fomentismo estatal de instituições científicas praticado por Pedro II constituem-se em momentos singulares de emancipação da ciência no Brasil. Também é possível apontar, no Brasil Oitocentista, um movimento de “expansão para dentro”, onde a ciência figura como elemento importante no desbravamento do território, no conhecimento das populações e seus modos de vida e na formação de coleções de fauna, flora, antropologia, dentre outras. Foram muitas as expedições científicas que, durante o século XIX, percorreram o território brasileiro a procura de novas descobertas que contribuíssem para o desenvolvimento da ciência e para a modernização da Nação. O Estado – tanto brasileiro quanto estrangeiro – financiou a formação de diversas destas expedições, que contavam com cientistas das mais variadas formações. Em meio a biólogos, geólogos e antropólogos, outra figura comum nestas viagens era a do artista viajante, encarregado pela produção iconográfica que ilustraria os relatos da viagem. É a partir de cartas, relatórios, diários de viagens e das pinturas de paisagens, cidades, costumes e povos que se pode formar um retrato da sociedade Oitocentista brasileira. Muitas vezes vindos da Europa, as imagens criadas por estes artistas traduziam o Novo Mundo para o homem europeu. Hoje, estas imagens nos permitem compreender o olhar do naturalista sobre a natureza, dos homens de ciência sobre os homens do interior, dos europeus sobre os indígenas. Em muitos casos, estes registros apresentam, também, valores simbólicos ambivalentes: por um lado, retratavam os habitantes daqui como selvagens e, por outro, não economizavam esforços em apresentar uma visão idealizada da terra prometida. Nesta pesquisa, estas imagens são analisadas não apenas como registros objetivos dos espécimes e cenários encontrados durante as viagens, mas como visualidades ricas em conteúdo simbólico e como fontes para a produção de conhecimento nas mais variadas disciplinas científicas. São imagens capazes de nos revelar como os naturalistas e artistas viajantes Oitocentistas compreendiam o mundo ao seu redor, como se dava a relação entre arte e ciência no século XIX, como a arte era utilizada como um meio para a circulação de conhecimentos, dentre uma infinidade de questões cujas respostas podem se encontrar em meio às linhas e cores do vasto repertório imagético produzido pelos artistas viajantes do século XIX.
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia , 2015
Este trabalho, publicado nos anais eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e... more Este trabalho, publicado nos anais eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, analisa a rede de sociabilidade que tornou possível a expedição de Louis Agassiz ao Brasil entre 1865 e 1866.
Anais eletrônicos do 15º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, 2016
Quando veio ao Brasil pela primeira vez, em 1865, Louis Agassiz (1807-1873) já gozava de amplo re... more Quando veio ao Brasil pela primeira vez, em 1865, Louis Agassiz (1807-1873) já gozava de
amplo reconhecimento internacional. Dentre os méritos que justificavam sua reputação,
podemos citar alguns breves exemplos, como a descrição dos peixes coletados durante a
expedição de Spix e Martius, seus estudos ao lado de Georges Cuvier e Alexander von
Humboldt, em Paris, e a fundação do Museu de Zoologia Comparada, na Universidade de
Harvard. Logo, quando planejou sua vinda ao país, não foi difícil reunir uma vasta rede de
apoiadores, que incluía financiadores, naturalistas, autoridades norte-americanas e brasileiras,
além de caçadores, escravos e habitantes locais. Além de sua reputação como naturalista, de
seu ferrenho combate às teorias evolucionistas de Darwin que estavam sendo discutidas à
época, e da grande mobilização de colaboradores, outro importante fator contribuiu para gerar
interesse por sua passagem pelo país: a amizade pessoal que mantinha com o imperador
brasileiro D. Pedro II. O resultado desta relação foi um intenso interesse do monarca pelos
andamentos da expedição, assim como sua intervenção direta, sempre que possível, como na
comissão do engenheiro Major João Martins da Silva Coutinho para atuar como guia nas
regiões norte e nordeste do país. Como resultado, a Expedição Thayer, nome que recebeu
graças ao financiamento recebido pelo banqueiro Nathaniel Thayer Jr., recebeu grande
destaque na mídia brasileira. Atualmente, com o grande volume de periódicos digitalizados e
disponíveis na Hemeroteca Digital Brasileira, da Biblioteca Nacional, é possível ter acesso às
diversas notícias que eram publicadas sobre a expedição em jornais e revistas da época. Por
onde aportava, se houvesse uma publicação local, era quase certo que Agassiz e sua comitiva
ganhariam, ao menos, uma breve nota. No entanto, em muitos dos casos, é possível encontrar
não apenas informações sobre sua chegada e partida, mas registros de sua participação em
eventos, informações sobre o andamento de suas pesquisas, sobre a presença e atuação de
seus auxiliares locais, sobre suas relações com o governo, suas palestras públicas sobre
ciência, e até mesmo colunas e charges que nos permitem observar parte da percepção e
recepção do público em relação aos viajantes estrangeiros e seus interesses. O objetivo desta
pesquisa é analisar de que forma as notícias sobre a passagem de Agassiz pelo Brasil,
publicadas nos periódicos, podem ser utilizadas como fontes de informação sobre a
expedição, seus objetivos e resultados, uma vez que nos permitem acesso a um ponto de vista
diferente daquele do próprio naturalista, que é geralmente o narrador de sua própria história,
quando publica seus livros e diários de viagem. Desta forma, será possível também colaborar
com a crescente historiografia sobre o papel da imprensa na divulgação da atividade científica
presente no Brasil do século XIX.
Con sus orígenes en la Sociología, el análisis de redes sociales ha ganado popularidad con el des... more Con sus orígenes en la Sociología, el análisis de redes sociales ha ganado popularidad con el desenvolvimiento de las Humanidades Digitales y de software gratuitos de visualización de redes, como Gephi. Para la Historia de las Ciencias, el análisis de redes puede destacar cómo el conocimiento científico es construido socialmente y depende de interacciones entre individuos e instituciones. En este artículo demuestro cómo el análisis y visualización de redes con Gephi puede ser una herramienta valiosa para comprender la sociabilidad de las expediciones científicas del siglo XIX al investigar los viajes de Louis Agassiz y Henry Walter Bates por Brasil.
Rodriguésia, 2022
Throughout the years there has been many works published about Barbosa Rodrigues' life and work, ... more Throughout the years there has been many works published about Barbosa Rodrigues' life and work, especially regarding his botanic and ethnographic research, his expedition to Amazonia, and his period as director of the Rio de Janeiro Botanical Garden. In these works, one photograph had a recurring appearance: Barbosa Rodrigues sitting in his cabinet. In this paper, we propose to analyse that photograph as a historical document to reflect on the different layers of symbolism it carries and on the public image of science and scientists in contemporary scientific culture. When considered as historical documents, one can glance at the intentions and designs behind photographs, which can reveal information about social and power relations, biographies, and in this case, the scientific work of a botanist in his cabinet.
Viaggiatori, 2018
In this paper, we analyse the relationship between the British naturalist Henry Walter Bates and ... more In this paper, we analyse the relationship between the British naturalist Henry Walter Bates and the local inhabitants who were part of the network who collaborated with him during his expedition to Brazil (1848-1849). From primary sources such as the first two editions of the travel book edited by Bates, as well as his correspondence, field diaries and notebooks, we have been able to identify about 200 hundred local inhabitants who contributed to his scientific expedition. Authors including Camerini (1996), Turner (1997), Moreira (2002), Fan (2003) and Raj (2010) have studied how knowledge and ideas circulated between travelling naturalists and the local inhabitants of the countries they visited. Intending to contribute to these studies, in this paper we will focus on Henry Walter Bates' expedition to Brazil, looking at the ways through which knowledge circulated, was appropriated and translated between the naturalist and locals. Bates' expedition was chosen not only becaus...
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 2020
Resumo: Este estudo pretende compreender o processo de constituição de determinadas memórias sobr... more Resumo: Este estudo pretende compreender o processo de constituição de determinadas memórias sobre Heitor Villa-Lobos. A trajetória de Arminda Villa-Lobos (1912-1985), segunda mulher do compositor, é o fio condutor da investigação. Em uma convivência de mais de vinte anos, ela guardou e organizou centenas de partituras, documentos textuais, correspondências, fotografias e outros pertences de Villa-Lobos, os quais, após a morte do maestro, em 1959, passaram a compor o acervo do Museu Villa-Lobos (criado um ano mais tarde). Não por acaso, Arminda foi fundadora da instituição e a dirigiu por 25 anos. Pretendemos refletir sobre o processo de formação do Museu Villa-Lobos e do papel de Arminda, a fim de evidenciar temáticas privilegiadas e omitidas e questões políticas e institucionais em jogo, partindo do entendimento de que os objetos e as linhas de ação de um museu são signos de uma memória construída. Abstract: In this article we try to understand the process of constituion of certai...
Revista Brasileira de História da Ciência
No Brasil, o século XIX foi marcado por expedições científicas que desbravaram o território em bu... more No Brasil, o século XIX foi marcado por expedições científicas que desbravaram o território em busca de descobertas que contribuíssem para o desenvolvimento da ciência e para a modernização da nação. Em meio aos homens de ciência, figurou o artista viajante, encarregado pela produção iconográfica que ilustrava os relatos de viagem. As imagens criadas por estes artistas formaram um repertório imagético que traduziu o Novo Mundo para o homem europeu. Tais representações são aqui analisadas não apenas como impressões individuais sobre os cenários desvelados durante as viagens, mas como ferramentas essenciais para a pesquisa histórica e científica.
A nineteenth-century scientific expedition usually relied upon a diversified network of assistant... more A nineteenth-century scientific expedition usually relied upon a diversified network of assistants. Although the participation of these individuals was usually suppressed in scientific publications, there were recurring mentions to their contributions in the travel books and diaries maintained by naturalists. In this article, we analyze the network of assistants involved in the Thayer Expedition that visited Brazil between 1865 and 1866, led by Louis Agassiz, and observe how many members of the local populations contributed to the realization and the scientific results achieved by the Thayer Expedition
Not unlike the science practiced today, the fieldwork of XIXth century traveler naturalists also ... more Not unlike the science practiced today, the fieldwork of XIXth century traveler naturalists also was a fundamentally social activity. The success of their expeditions usually depended on the articulation of a diversified network of helpers. These individuals could collaborate scientifically, with the location, identification, collection and preparation of specimens; logistically, with transportation, lodgings and food; or by sharing the knowledge they had empirically acquired throughout their time in the regions to be explored. In the travel books and diaries written by the naturalists, we can very often identify the presence and the actions of their helpers. However, in papers and texts written for their peers, the participation of local populations is often invisible. For a long time, the historiography of scientific travels has also reproduced this tendency. Recently, though, an increasing number of researches have been focusing on the social relations involved in the work in the...
Second volume on British travellers in 19th century Amazonia in the series about traveller-natura... more Second volume on British travellers in 19th century Amazonia in the series about traveller-naturalists published by the Social and Political Cartography of Amazonia Post-Graduate Programme/New Social Cartography of Amazonia Project. This work is the result of a post-doctorate research conducted on the importance of sociability to 19th-century fieldwork in Brazilian Amazonia.
First volume on British travellers in 19th century Amazonia in the series about traveller-natural... more First volume on British travellers in 19th century Amazonia in the series about traveller-naturalists published by the Social and Political Cartography of Amazonia Post-Graduate Programme/New Social Cartography of Amazonia Project. This work is the result of a post-doctorate research conducted on the importance of sociability to 19th-century fieldwork in Brazilian Amazonia.
EdUEMA, 2022
Digitais e Museologia. Atua, principalmente, pesquisando as relações entre naturalistas viajantes... more Digitais e Museologia. Atua, principalmente, pesquisando as relações entre naturalistas viajantes e habitantes locais no Brasil do século XIX, particularmente na região Amazônica, analisando a sociabilidade do trabalho de campo em História Natural e a circulação de conhecimentos e objetos por meio de livros, diários e iconografia de viagem. Publicou os dois volumes dos Cadernos Biobibliográficos e Cartográficos: viajantes e naturalistas da Amazônia sobre os viajantes britânicos na Amazônia do século XIX, disponíveis na página do Projeto Nova Cartografia Social Da Amazônia (PNCSA).
Primeiro volume do Caderno Biobibliográfico e Cartográfico sobre viajantes britânicos na Amazônia... more Primeiro volume do Caderno Biobibliográfico e Cartográfico sobre viajantes britânicos na Amazônia no século XIX publicado pelo Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia/Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia sob orientação de Alfredo Wagner Berno de Almeida. A obra é fruto do projeto de pós-doutorado A sociabilidade do trabalho de campo nas expedições científicas de viajantes britânicos na Amazônia do século XIX.
Segundo volume do Caderno Biobibliográfico e Cartográfico sobre viajantes britânicos na Amazônia ... more Segundo volume do Caderno Biobibliográfico e Cartográfico sobre viajantes britânicos na Amazônia no século XIX publicado pelo Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia/Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia sob orientação de Alfredo Wagner Berno de Almeida. A obra é fruto do projeto de pós-doutorado A sociabilidade do trabalho de campo nas expedições científicas de viajantes britânicos na Amazônia do século XIX.