Hugo Calão | Faculdade de Letras da Universidade do Porto (original) (raw)
Artigos de investigação by Hugo Calão
ARADE - Revista do Arquivo Municipal de Lagoa, 2024
Este artigo pretende dar a conhecer uma das principais devoções marítimas do barlavento algarvio... more Este artigo pretende dar a conhecer uma das principais devoções marítimas do barlavento algarvio, apresentando uma análise contextualizada dos objetos votivos da Igreja de Ferragudo oferecidos como ex-voto às imagens da Virgem da Conceição e a São Pedro Gonçalves Telmo, exemplos menos conhecidos da religiosidade marítima local ligada à pesca do bacalhau. Ferragudo é uma vila e freguesia portuguesa do município de Lagoa (Algarve). É uma terra de pescadores que desde sempre esteve intimamente ligada ao rio e ao mar. Hoje,
embora mantenha a ligação ao mar, a sua atividade económica está ligada à atividade turística.
This paper aims to make known to one of the main maritime devotions of the western Algarve, presenting a contextualized analysis of the votive objects in the Church of Ferragudo offered as ex-voto to the images of the Virgin of the Conception and to São Pedro Gonçalves Telmo. This are lesser-known examples of local maritime religiosity linked to the cod fishing. Ferragudo is a village and civil parish in the municipality of Lagoa (Algarve). It is a land of fishermen that has always been closely linked to the river and the sea. Today, although it maintains the connection to the sea, its economic activity is linked to the tourist activity.
CADERNOS CULTURA: HISTÓRIA & PATRIMÓNIO DE AVEIRO, 2024
O presente trabalho de investigação nasceu da vontade de um envolvimento por parte da Comunidade ... more O presente trabalho de investigação nasceu da vontade de um envolvimento por parte da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) em acolher o inaugural Caminho Marítimo para Santiago de Compostela , recriando, na costa portuguesa, a viagem da ‘Barca de Pedra’ numa homenagem à lenda do santo. Deste modo, intentaremos fazer uma breve viagem pelas representações iconográficas de São Tiago presentes nas igrejas paroquiais, capelas interiores, ermidas, lugares de culto e lugares de memória da diocese aveirense, numa tentativa de mapear as rotas de peregrinação para Santiago de Compostela nos dez municípios que compõem as 101 paróquias da Diocese de Aveiro.
The present investigation was born from the desire for an involvement by the Intermunicipal Community of the Aveiro Region (CIRA) in welcoming the inaugural Maritime Way to Santiago de Compostela, recreating, on the Portuguese coast, the journey of the ‘stone tumb’ in a tribute to the legend of the saint. In this way, we will attempt to make a brief journey through the iconographic representations of St. James present in the parish churches, interior chapels, hermitages, places of worship and places of memory of the Diocese of Aveiro, attempting to map the pilgrimage routes to Santiago de Compostela in the ten municipalities that make up the 101 parishes of the Diocese of Aveiro.
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
O lugre “Gafanhoto” saíra do Porto carregado de cimento com destino à barra de Aveiro. Ao aproxim... more O lugre “Gafanhoto” saíra do Porto carregado de cimento com destino à barra de Aveiro. Ao aproximar-se de Aveiro foi colhido pelo mau tempo e, fazendo-se ao largo, nunca mais foi visto. Sem mantimentos, sem meios de segurança, a sua sorte começou a preocupar toda a gente. Confiava-se na valentia do capitão, mas, perante os elementos desencadeados, a esperança de salvamento desvanecia. Passado uns dias atracou em Leixões com grave avaria. Renasceu a alegria em muitos corações e secaram-se em muitos olhos as lágrimas. No momento agudo do perigo os tripulantes ajoelharam no convés do barco e prometeram mandar celebrar missa e sermão ao Senhor Jesus dos Navegantes de Ílhavo,
promessa que cumpriram no dia 29 de janeiro de 1933. O Gafanhoto
foi construído em 1919 por Joaquim Dias Ministro, em Pardilhó, e teve como primeiro armador Bagão & Ribaus, Lda. Após este episódio foi reparado e rebatizado de San Jacinto e motorizado para a campanha de pesca ao bacalhau de 1934. Navegou até 1952.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
São Brás nasceu na Arménia no final do séc. III. Não há muitos registos sobre sua vida, porém, na... more São Brás nasceu na Arménia no final do séc. III. Não há muitos registos sobre sua vida, porém, na vida adulta, sabemos que Brás foi médico. Grande evangelizador, tratou doenças físicas e da alma, ficando conhecido por retirar um espinho da garganta de uma criança. Por esse
motivo, é padroeiro das doenças da garganta. A sua festa litúrgica celebra-se anualmente na Igreja paroquial de Ílhavo no dia 3 de
fevereiro, ou fim de semana próximo, sendo tradição oferecer aos fiéis rebuçados de São Braz e pagando os devotos as suas promessas
em esmola ou ex-votos de cera em forma de garganta.
Encontrando-se Ílhavo numa zona caracterizada por uma grande produção de imagens em pedra calcária (desde a transição do Românico para o Gótico até ao Renascimento), o São Brás da Igreja de Ílhavo é uma imagem tardo-renascentista de início do século XVII e acompanha uma imagem de Santa Luzia de igual autoria, hoje expostas no Centro de Religiosidade Marítima. A atual imagem ao culto de São Brás, em madeira, foi adquirida em 1955 por D. Júlio Tavares Rebimbas na Oficina Casa Fânzeres de Braga. Os mareantes de Ílhavo, por devoção, batizaram sob a sua proteção o Hiate São Bráz, ativo em meados do século XIX (c.1856), comandada pelo mestre J. D. Magano.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
A custódia da Igreja de Ílhavo é uma soberba peça de ourivesaria sacra renascentista, de transiçã... more A custódia da Igreja de Ílhavo é uma soberba peça de ourivesaria sacra renascentista, de transição entre o tipo de custódia com hostiário em forma de templete para hostiário circular. Esta peça, com 450 anos, é uma das mais referenciadas custódias a nível nacional, presente nas mais importantes exposições de ourivesaria.
Sobressai pela sua dimensão, quase um metro de altura. Embora sem marcas de ourives, surge como possível encomenda do prior de Ílhavo D. Pedro de Castilho em 1572, figurando as suas Armas-de-fé na base. Tem semelhanças com a custódia-cálice de Belém (na haste), e igual morfologia nas custódias de menor dimensão de ourives de Aveiro, existentes no Museu Machado de Castro, Misericórdia de Aveiro e Paróquia de Vagos. D. Pedro de Castilho nasce em meados de 1500, filho do arquiteto do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra Diogo de Castilho. Foi um dos homens mais importantes de Portugal, sendo nomeado bispo de Angra em 1578, bispo de Leiria em 1583, inquisidor-geral do reino em 1604 e por duas vezes Vice-Rei de Portugal, entre 1605-1608 e 1612.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
Esta gravura aguarelada, exposta no núcleo mar e devoção do Centro de Religiosidade Marítima reme... more Esta gravura aguarelada, exposta no núcleo mar e devoção do Centro de Religiosidade Marítima rememora a devoção dos marítimos a Cristo e à Virgem nos portos europeus. A Capela de Nossa Senhora da Graça (Stella Maris) está localizada na cidade de Ecquemanville perto de Honfleur, com vista para o mar. É venerada em toda a Normandia. Muitos peregrinos levam as suas ofertas e imploram a poderosa proteção da Mãe de Deus. Os marinheiros que passavam diante do Calvário, que também fica na costa, e que se avista de longe, no mar, colocam-se sob a proteção de Maria. Tal como em Ílhavo, a capela está repleta de pinturas votivas representando navios à beira de naufrágio, milagrosamente salvos de tempestades.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
A Princesa Santa Joana é considerada, oficialmente desde 1965, padroeira da cidade e Diocese de A... more A Princesa Santa Joana é considerada, oficialmente desde 1965, padroeira da cidade e Diocese de Aveiro. Filha de D. Afonso V e de D. Isabel, a Infanta D. Joana nasce em Lisboa a 6 de fevereiro de 1452, vindo a falecer no Mosteiro de Jesus de Aveiro a 12 de maio de 1490. No seu mês, damos destaque à sua imagem exposta no Centro de Religiosidade Marítima do escultor Jorge Barradas, uma das seis imagens (São Nuno Álvares Pereira, São Miguel, Virgem de Fátima, São João de Deus e São João de Brito), de bordo das Capelas dos paquetes Vera Cruz e Santa Maria.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
A Associação de Oficiais da Marinha Mercante, em Ílhavo foi fundada a 1 de Janeiro de 1921, com s... more A Associação de Oficiais da Marinha Mercante, em Ílhavo foi fundada a 1 de Janeiro de 1921, com sede provisória no salão do «Club dos Novos».
Ligada à Liga de Oficiais da Marinha Mercante de Lisboa, mas independente, foi criada para responder aos interesses da Classe Marítima, batendo-se na necessidade de um navio hospital que acompanhasse a frota bacalhoeira, propondo a criação da Escola Náutica e provendo ao cumprimento da lei para as matrículas dos
pescadores e marinheiros. Fazia-se acompanhar da sua bandeira na procissão do Senhor Jesus dos Navegantes de Ílhavo, bordada em 1926 na casa Joaquim da Silveira Melo & Cª do Porto e estreada em 17 de Abril de 1927. Substituída atualmente por réplica, esta bandeira acompanhou à última morada muitos dos marítimos ilhavenses. O campo de cetim azul representa uma galera com bandeira nacional, cercada de cordão a ouro de onde pedem uma boia de salvação, uma ampulheta, uma rosa dos ventos, os símbolos da Fé, Esperança e Caridade, uma roda de leme, um sextante e uma âncora.
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
No seu traço singular João Carlos Celestino Gomes, médico-pintor ilhavense, sintetiza a religiosi... more No seu traço singular João Carlos Celestino Gomes, médico-pintor ilhavense, sintetiza a religiosidade marítima ilhavense na devoção ao Senhor Jesus dos Navegantes, autorretratando-se com a mulher e o filho junto da imagem. Neste desenho de grande dimensão a nanquim de 1928, vemos representado do lado esquerdo D. José António Pereira Bilhano, eclesiástico ilhavense, com as armas-de-fé de Arcebispo e vista da Catedral de Évora, contraposta por anjo e vista da Igreja paroquial de Ílhavo. No plano de fundo, ajoelham-se pescadores junto ao mar, oferecendo preces e navio ex-voto à proteção do Senhor Jesus dos Navegantes. João Carlos, na genialidade do seu desenho e escrita ajudou a consubstanciar o genius loci marítimo ilhavense, adotando para seu símbolo pessoal, como se vê na boia de salvação aos pés da imagem, Ora bamos lá cum Deus!
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
Esta jarra de adorno de altar, de produção local em porcelana da fábrica da Vista Alegre, traduz ... more Esta jarra de adorno de altar, de produção local em porcelana da fábrica da Vista Alegre, traduz a gratidão da tripulação da barca Glama pela intercessão do Senhor Jesus dos Navegantes de Ílhavo no seu salvamento. A barca Glama foi construída em setembro de 1868. Em 1897 ao avistar a barra de Lisboa foi repentina e inesperadamente colhida por um forte ciclone. Ao choque bruto das ondas, a Glama, bateu no abismo e, no meio da tempestade, despedaçou-se a mezena e o traquete, perdendo-se entre as colinas da espuma marinha. À deriva, quase sem governo, conseguiu arribar ao porto de Leixões. Membros da tripulação, que nessa noite trágica haviam sido varridos pelo mar, quando faziam o seu quarto de leme, foram milagrosamente salvos pelo vapor Cristin que seguia o rumo de Gibraltar. Chegando a Ílhavo, o capitão José da Costa Carola e tripulação, cumpriram a sua promessa, celebrando na festa do Senhor Jesus dos Navegantes a entrega das suas ofertas.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
O “Navegante” é um modelo miniatura de um lugre com três mastros e velas latinas, construído pelo... more O “Navegante” é um modelo miniatura de um lugre com três mastros e velas latinas, construído pelo marinheiro ilhavense José Domingues Pena, nascido em 1902. Quando começou a miniatura, o seu autor teria 16 anos, levando peças para bordo que ia entalhando durante a viagem, em dias de mau tempo. Quando naufragou, na faina do bacalhau, prometeu ao Senhor Jesus dos Navegantes que se fosse salvo a acabava e lhe a ofereceria, e assim o fez em 1919. Tem figurado desde essa data na procissão dos marítimos, incorporada no andor do Senhor Jesus dos Navegantes, do lado direito da imagem num mar de lona pintada, substituindo uma primitiva embarcação ex-voto oferecida em 1905. O lugre o “Navegante” que serviu de base ao modelo, segundo o Jornal de Ílhavo de 1904, foi lançado à água em Fão, e era propriedade do Sr. Bernardo dos Santos Camarão, de Ílhavo, e José Gouveia, do Porto. Na sua primeira viagem saiu para Setúbal a carregar sal para o Porto.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
Úrsula de Colónia celebra a sua festa a 21 de outubro. Princesa inglesa, foi martirizada no ano 3... more Úrsula de Colónia celebra a sua festa a 21 de outubro. Princesa inglesa, foi martirizada no ano 383 pelos hunos, episódio retratado nesta pintura, juntamente com 11 virgens que a acompanhavam. A pintura sobre tela, de início do século XVIII, pertenceu ao Convento de Sá de Aveiro, passando para extinto Asilo de Nossa Senhora do Pranto de Ílhavo. Mostra um porto de mar com caravelas, e explica que os percursos religiosos aconteciam mais por mar do que por terra, evitando conflitos armados e perigos. Santa Úrsula estava para casar com o futuro rei de Inglaterra mas um chamamento à religião cristã fê-la peregrinar a Roma. Em Roma conheceu o Papa Dâmaso I que a terá acompanhado até Colónia, onde foi martirizada. Dâmaso I foi o primeiro Papa a usar o anel do pescador e é padroeiro dos arqueólogos. Ainda que não seja considerado o primeiro Papa português, estando a Lusitânia sob o domínio romano, nasceu em Idanha-a-Velha (Egitânia), diocese da Guarda. Começou o culto das relíquias e pediu a São Jerónimo a tradução da Bíblia em latim.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
Com 3,10m de altura, a escultura monumental em gesso do ‘Homem do Gabão’ é a ‘anfitriã’ do Centro... more Com 3,10m de altura, a escultura monumental em gesso do ‘Homem do Gabão’ é a ‘anfitriã’ do Centro de Religiosidade Marítima. Este é um exemplo-modelo do pescador ilhavense, destemido, de olhos postos no horizonte do mar, na ânsia de buscar o que há para lá das ondas. Segura uma fateixa ao ombro e veste o tradicional gabão, casaco de burel castanho, que o protege dos elementos da chuva e da tempestade, com os pés na areia, pronto para a faina. É da autoria de Euclides Vaz (1916-1991), escultor ilhavense, professor de escultura, medalhística e gravura na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, e referência do segundo modernismo em Portugal, trabalhando maioritariamente para espaços públicos. São da sua autoria as esculturas monumentais em bronze do navegador João Afonso e de D. João Evangelista de Lima Vidal, 1º bispo de Aveiro. Foi também autor de várias esculturas de cariz religioso e escultura integrada em tribunais nacionais, projetando o desenho das moedas de 20 e 50 escudos, em 1986, de rebordo hexagonal com rosa-dos-ventos.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
João Carlos Celestino Gomes, médico-artista ilhavense, além de exímio pintor e ilustrador executo... more João Carlos Celestino Gomes, médico-artista ilhavense, além de exímio pintor e ilustrador executou também mobiliário entalhado no seu traço singular. É disso exemplo o banco-escabelo, decorado em estilo neogótico no subido espaldar, que mostra múltiplas expressões e representações devocionais marítimas locais. Foi concebido na década de 30 de 1900, juntamente com restante mobiliário para o quarto do artista, e exposto no Museu de Aveiro em 1964 e no Museu Marítimo em 1991. Nele estão representadas as armas da família em escudo central (Pereira, Oliveira e Vidal) ladeadas de baixos-relevos, a Virgem, rodeada de pescadores e mulheres orantes, e pesca milagrosa no característico barco-do-mar da xávega, com pescadores ‘apóstolos’ puxando as redes, encimados de pomba do Espírito Santo. A predela da arca mostra a transição da água entre a ria e o mar, que possibilita o sustento à vida dos pescadores de Ílhavo, com barco moliceiro na ria, a Capela da Costa Nova e a pesca da Xávega. As ilhargas são decoradas com pelicano, simbologia heráldica dos Gomes. (Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Argos - Revista do Museu Marítimo de Ílhavo 11, 2023
A bênção dos bacalhoeiros foi uma celebração religiosa portuguesa anual com o propósito de abenço... more A bênção dos bacalhoeiros foi uma celebração religiosa portuguesa anual com o propósito de abençoar as embarcações e respetivas tripulações, no momento da sua partida para a pesca na Terra Nova e Gronelândia.
Localizado junto à Estação Fluvial de Belém, perto do Mosteiro dos Jerónimos de Lisboa, o Terreiro das Missas na Praça do Império foi, no decorrer do século XX, utilizado como local onde ocorria a cerimónia de bênção dos bacalhoeiros para os pescadores, que dali partiam para o Atlântico Noroeste.
Palavras-chave: Pesca do bacalhau; Religiosidade marítima; Estado Novo; Igreja
O regime de Salazar fez da indústria da pesca um dos seus pilares de desenvolvimento económico, dando enquadramento legal, organizativo e normativo à vida dos trabalhadores do mar.
Atendendo à matriz religiosa do povo português, em especial à devoção dos homens do mar, a ideia de criar uma cerimónia nacional, com dimensão, movimento, cor e alegria, foi pensada no ano de 1935, programando-se uma largada simultânea da frota bacalhoeira para o Atlântico Noroeste na capital portuguesa no ano seguinte.
Deu-se, desta forma, o primeiro passo para que a pesca do bacalhau, porque longínqua, fosse complementada com a assistência espiritual necessária que ajudasse a minimizar a distância, a solidão e as saudades da família.
Com a firme e antecipada convicção dum retundo sucesso, estariam também reunidos neste evento, de grande manifestação patriótica e religiosa, os principais líderes do Estado Novo e da Igreja, em abençoada comunhão.
A previsível apoteose de entusiasmo e de fé, replicada da cerimónia que acontecia todos os anos para a frota bacalhoeira em Saint-Malo na Bretanha, e noutros portos da Normandia em França , animaria os pescadores, que a partir desse ano podiam contar com a indispensável proteção divina.
Embora fosse costume haver pequenas cerimónias religiosas nas igrejas das paróquias de cada um dos portos bacalhoeiros portugueses (Setúbal, Lisboa, Figueira da Foz, Ílhavo, Porto, Vila do Conde e Viana do Castelo), que pontualmente abençoavam os barcos e marinheiros antes da sua partida para a grande pesca, o Estado Português, no intuito de unificar e regulamentar a pesca e o comércio do bacalhau, na campanha de pesca de 1935, reuniu em Lisboa, no rio Tejo, as diversas frotas em frente da Junqueira, engalanadas com mareato na mastreação, noticiando que no ano seguinte se prepararia uma largada com esplendor cénico, convidando-se o Cardeal-Patriarca para abençoar a frota nacional, no momento em que as famílias se aglomeravam nos barcos ou junto ao cais antes de se separarem por longos meses.
O pensamento da localização do local da cerimónia, o Mosteiro dos Jerónimos, foi antecedido pela concorrida cerimónia da bênção das águas do Tejo feita pelo Cardeal-Patriarca, ocorrida 10 anos antes, em 27 de janeiro de 1925, quando da comemoração do 4º centenário de Vasco da Gama. (...)
Tal como aconteceu em França no porto de Saint-Malo, entre 1926 e 1992, a grande festa da largada da frota de navios para a pesca do bacalhau nos mares gelados da costa canadiana e groenlandesa, entre 1936 e 1974, fez do rio Tejo palco festivo multicolor, traduzindo-se na mais icónica manifestação náutica da capital portuguesa, amplamente noticiada em reportagens fotográficas e cinematográficas.
Serve o presente trabalho de recolha de informação para um melhor entendimento sobre a linha cron... more Serve o presente trabalho de recolha de informação para um melhor entendimento sobre a linha cronológica do Convento dominicano masculino de Aveiro, a primeira ordem monástica a instalar-se na cidade, cuja igreja subsistente foi elevada a catedral da Diocese de Aveiro.
2022, Argos - Revista do Museu Marítimo de Ílhavo 10, 2022
Este artigo surge na comemoração do centenário do Apostolado do Mar, instituição de caridade cató... more Este artigo surge na comemoração do centenário do Apostolado do Mar, instituição de caridade católica que apoia os marítimos em todo o mundo, fundado a 4 de outubro de 1920 em Glasgow, na Escócia, e autorizado pela Santa Sé em 22 de abril de 1922. Nessa época, a Grã-Bretanha tinha uma das maiores frotas mercantes do mundo, empregando milhares de marinheiros britânicos.
A Obra do Apostolado do Mar ‘OAM’ tem por fim promover a formação humana e espiritual e ainda o bem estar social do marítimo.
Hoje, ativo em cerca de 116 países e em diversos portos pelo mundo, este organismo presta apoio prático e acompanhamento pastoral a marítimos e trabalhadores do mar, independentemente da nacionalidade, crença ou raça, com capelães portuários e visitantes voluntários que oferecem serviços neste sentido.
O Apostolado do Mar administra albergues de marinheiros em todas as principais cidades portuárias, onde os marinheiros podem ficar alojados enquanto os seus navios aportam, muitas vezes por semanas a fio. Centenas de voluntários das paróquias locais, desde a sua fundação, estiveram envolvidos no acolhimento e animação dos marítimos nestes albergues e espaços de assistência, convívio e lazer.
Obra do Apostolado do Mar em Ílhavo – O Clube Stella Maris da Gafanha da Nazaré (1968-2010)
O ‘Apostolado do Mar’ (Stella Maris) existe em Portugal desde 1935 , estando hoje presente em Viana do Castelo, nas Caxinas (Arquidiocese de Braga), Nazaré e Peniche (Patriarcado de Lisboa), em Sesimbra, Paróquias da Anunciada e de São Sebastião, Moita (Diocese de Setúbal), Fuzeta (Diocese do Algarve), e existindo albergues de marítimos em Leça da Palmeira (Porto) e Buarcos (Figueira da Foz).
Em Lisboa, o Centro da ‘OAM’ é fundado em 1941, com o auxílio do comandante Henrique Tenreiro, delegado do governo das Atividades da Pesca e Álvaro Valente de Araújo, diretor da Escola profissional de Pesca, apoiando bolsas de estudo a filhos de marítimos desfavorecidos e ministrando educação cristã para preparação de sacramentos dos pescadores (batismo, comunhão e crisma). Inaugura a sua sede em dezembro de 1949. No Porto a ‘OAM’ é ereta canonicamente em 11 de Abril de 1961.
À Diocese de Aveiro o Apostolado do Mar chega em outubro de 1968 , implementando-se em Ílhavo no porto da Gafanha da Nazaré , em frente às instalações da Empresa de pesca “João Marta Vilarinho Sucessores Lda”, apresentando-se na altura projeto e maquete para futura edificação, da autoria do arquiteto João Maria Braula. Em 21 de fevereiro de 1969 promoveu-se no Grémio do Comércio de Aveiro uma reunião da direção nacional da ‘OAM’, presidida pelo diretor padre Antunes Santana, com o bispo de Aveiro e Governador civil, expondo-se os objetivos da comissão organizadora local, composta pelos: padre Manuel António Fernandes, arcipreste de Aveiro e capelão do porto de Aveiro, padre Domingos Rebelo dos Santos, pároco da Gafanha da Nazaré, António dos Santos, pároco de Ílhavo, Fernando Lagarto, capitão Juvenal Fernandes e Joaquim António Gaspar de Melo Albino, secretariado que havia sido montado em setembro de 1968 e que provisoriamente funcionou no Centro paroquial de Ílhavo.
Os primeiros estatutos da Obra do Apostolado do Mar em Aveiro foram aprovados pelo Bispo de Aveiro a 26 de janeiro de 1979.
Aqui se refere que a extensão da ‘OAM’ não pode medir-se apenas pelo sentido restrito dado à designação de ‘marítimo’, mas pelo amplo sentido pastoral: ‘todos os que se dedicam à navegação e pesca e ainda os que estão ao serviço dos portos, os que estudam nas escolas de navegação e pesca.’
Na tarefa de renovação em que toda a igreja se encontra comprometida, uma atenção particular deverá ser dada ao mundo marítimo. São aliás palavras do próprio Concílio: “Atenda-se com especial solicitude àqueles fiéis que, pelas suas condições de vida, não podem beneficiar suficientemente do ministério pastoral ordinário dos párocos, ou se veem dele completamente privados, como é o caso de muitíssimos emigrantes, exilados e refugiados, marinheiros e aviadores, nómadas, etc. Promovam-se métodos convenientes de assistência espiritual àqueles que se deslocam temporariamente a outros lugares.” (Christus Dominus,18, Papa Paulo VI, Vaticano, 28 de Outubro de 1965.)
Neste sentido o capitão ilhavense Manuel Marques Machado, como secretário da Obra do Apostolado do Mar, promove uma peregrinação nacional ao Santuário de Fátima nos dias 12 e 13 de Março de 1968, que envolveu os párocos de gente do mar e dirigida a todos os que vivem do mar.
No período inicial de organização do Clube ‘Stella Maris’ na Gafanha foi preponderante a ação do padre Messias da Rocha Hipólito e do padre Miguel Lencastre, o primeiro dando início à construção em 1971 de um edifício pré-fabricado e, o segundo, promovendo a sua abertura e dinamização, após o 25 de Abril de 1974, iniciando a procissão da Virgem dos Navegantes na ria de Aveiro.
Substituindo o antigo pré-fabricado, no dia 18 de Setembro de 1983 é benzida a primeira pedra do Club ‘Stella Maris’ da Gafanha da Nazaré pelo bispo de Aveiro D. Manuel de Almeida Trindade estando presente o secretário de estado das pescas o comandante Carlos Alberto Faria dos Santos, os presidentes das Câmaras Municipais de Aveiro, Ílhavo e Murtosa. A primeira fase do edifício do Clube ‘Stella Maris’ para acolhimento dos marítimos, com projeto do arquiteto Rogério Barroca, ficaria concluída e inaugurada em 8 de Novembro de 1985 . Este ampliado edifício, ficou composto por alojamento de camarata com 22 quartos com wc privativo, restaurante, cozinha e apoio, sala de jogos, capela, escritório, receção e parque de estacionamento.
Depois, a dispersão natural da área portuária, o desmantelamento da frota bacalhoeira na década de 90 de 1900, a transformação radical da indústria de processamento do pescado, bem como a melhor qualidade de vida a bordo dos navios que demandavam o Porto de Aveiro, juntamente com dificuldades sem conta na implementação de uma pastoral de e para o homem do mar, o Clube ‘Stella Maris’ termina formalmente a sua atividade em 2010 . O edifício serviu, desde 2014, de local de ensaio para a Banda Filarmónica Gafanhense, acolheu temporariamente desde 2015 jovens dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e foi utilizado para formação profissional de cursos de gestão portuária e segurança marítima promovidos pelo Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração de Aveiro (ISCIA) . O edifício do Clube ‘Stella Maris’ ficou devoluto em 2019 sendo vendido pela Diocese de Aveiro em 2022.
Rememora-se assim o Clube Stella Maris de Aveiro, no porto da Gafanha da Nazaré, hoje extinto, mas que teve um importante papel como espaço lúdico de encontro de marítimos da antiga frota de pesca de bacalhau (organizando passeios, almoços, convívios, bailes e competições de snooker, jogo da malha e sueca, corridas de bicicleta), como espaço de assistência social e como espaço de devoção e fé, perpetuado, ainda hoje, na ativa procissão dedicada a Nossa Senhora dos Navegantes do forte da Barra pela ria de Aveiro.
The Inventories of the Churches and Chapels of the Parishes of the Diocese of Aveiro in documents... more The Inventories of the Churches and Chapels of the Parishes of the Diocese of Aveiro in documents from the Current Archive of the Ministry of Finance
Celebra-se o centenário da implantação da República e, com esta, a publicação da Lei de Separação das Igrejas do Estado, datado de 20 de Abril de 1911. Com a aplicação da Lei da Separação foram criadas as Comissões Concelhias de Inventário cuja função era, justamente, em cada concelho, proceder ao arrolamento de todas as catedrais, igrejas e capelas, bens imobiliários e mobiliários que têm sido ou se destinavam a ser aplicados ao culto público da religião católica e à sustentação dos ministros dessa religião e de outros funcionários empregados e serventuários dela, incluindo as respectivas benfeitorias e até os edifícios novos que substituíram os antigos. 2 De referir que neste arquivo também se encontram todos os processos de electrificação e abastecimento de águas das freguesias, construção de escolas, de mercados, empréstimos a Câmaras Municipais, relações de propriedades, foros e baldios, comissões concelhias e juntas de freguesia.
D. Júlio Tavares Rebimbas amava estranhamente Ílhavo. Sensibilizava-o profundamente tudo o que er... more D. Júlio Tavares Rebimbas amava estranhamente Ílhavo. Sensibilizava-o profundamente tudo o que era vida da gente do mar. Como gostava de referir “passou toda a vida a fazer pontes”, encurtando realidades diversas. Explicava que era algo genético, propenso de quem nasce nesta região onde abunda o “ser anfíbio”, que partilha a água e a terra, e onde forçosamente se aprende a pontificar
Nasce no Bunheiro (Murtosa), em 21 de Janeiro de 1922, filho único de uma família modesta, à beira da Ria de Aveiro. Após ser vítima de doença responsável pela morte da irmã e de três irmãos, encontrou o seu caminho entrando no Seminário com desejo de ser sacerdote.
Cumprem-se agora cem anos do seu nascimento.
Enquanto Prior de Ílhavo, de 1949 a 1965, aproximou margens e, na verticalidade do seu caráter, conversador e próximo dos corações sofridos por causa do mar, conduziu o povo na reconstrução da sua Igreja e Capelas. Foi igualmente agente essencial na renovação da comunicação da liturgia e fundação de valências de apoio social.
Enquanto Bispo, o seu longo percurso de 31 anos sempre foi marcado pelas pontes que estabeleceu, pela coragem e alegria, em todas as Dioceses marítimas que assumiu.
Faleceu com 88 anos, em 6 de Dezembro de 2010, de uma vida inteira dedicada à Igreja de Norte a Sul de Portugal.
Em gratidão, doou a Ílhavo a sua cruz peitoral, que integra esta exposição, oferecida na sua ordenação a Bispo do Algarve, a 26 de Dezembro 1966.
Reconhecendo os seus valores e a sua memória, viva na saudade expressa pelos seus paroquianos, o centro de Religiosidade Marítima marca a efeméride do centenário do se nascimento, destacando as suas qualidades de padre exemplar, nos dezasseis anos empenhados que passou como Prior em Ílhavo (1949), e de um Bispo e Arcebispo de grande notabilidade nas Dioceses do Algarve (1965), Lisboa (1972), Viana do Castelo (1977) e Porto (1982).
D. Júlio Tavares Rebimbas est né à Bunheiro, le 21 janvier 1922, fils d'une famille modeste, au bord de la Ria de Aveiro, ayant trouvé sa voie au séminaire, où il est devenu prêtre. Cent ans après sa naissance, le Centre de religiosité maritime, pôle muséologique du Musée maritime d'Ílhavo, marque cet anniversaire par une exposition de photos biographiques qui met en évidence les qualités d'un prêtre exemplaire pendant les 16 années où il fut prieur à Ílhavo, et d'un évêque et archevêque aux dons de choix dans les diocèses de l'Algarve (1965), de Lisbonne (1972), de Viana do Castelo (1977) et de Porto (1982).
Il aimait Ílhavo. Il était profondément touché par tout ce qui faisait la vie des gens de la mer. Comme il aimait à le dire, "il a passé toute sa vie à construire des ponts", dans le sens de pontifier. Il a expliqué que c'était quelque chose de génétique, incliné par ceux qui sont nés dans cette région, où l'"être amphibie" abonde, partageant l'eau et la terre, et où l'on apprend nécessairement à être un "pont".
À Ílhavo, il a rapproché les rivages et, dans la verticalité de son caractère, bavard et proche du cœur des insulaires souffrant à cause de la mer, il a conduit les gens à la reconstruction de leur église, au renouvellement de la communication liturgique et à la fondation de services d'aide sociale.
Il est décédé à l'âge de 88 ans, le 6 décembre 2010, après une vie entière consacrée à l'Eglise du nord au sud du Portugal. En remerciement, il a fait don à Ílhavo de sa croix pectorale offerte lors de son ordination en tant qu'évêque de l'Algarve, le 26 décembre 1966, actuellement exposée au Centre de la religiosité maritime.
Olhar por dentro: percursos da Arquitetura de Ílhavo, 2021
Livro que descreve, ilustra e mapeia os caminhos percorridos no âmbito do projeto “Olhar por Dent... more Livro que descreve, ilustra e mapeia os caminhos percorridos no âmbito do projeto “Olhar por Dentro”, o ciclo de visitas orientadas ao território ilhavense organizado pelo 23 Milhas em parceria com a Talkie-Walkie. “Olhar por Dentro: Percursos da Arquitetura de Ílhavo” lista 20 percursos e apresenta-os acompanhados por fotografias, mapas e uma série de “textos que enriquecem este olhar sobre a paisagem humanizada e a encaram como um ativo cultural. Na visita efetuada por Hugo Calão, explora-se a cartografia do património religioso de Ílhavo, as suas devoções, os seus estilos e modelos arquitetónicos com um dos historiadores mais conhecedores da sua conservação, valorização e divulgação.
“Arquitetura da paisagem”, “Construção e formas arquitetónicas”, “Diferentes usos e ocupações” são os três motes para percorrermos Ílhavo e percebermos os diferentes sub-temas que vão da construção naval às azenhas, ou da arquitetura de autor à casa vernacular. Cada visita, um convidado especialista diferente, orientando o público pelos diversos temas e lugares ilhavenses que têm vindo a investigar.
ARADE - Revista do Arquivo Municipal de Lagoa, 2024
Este artigo pretende dar a conhecer uma das principais devoções marítimas do barlavento algarvio... more Este artigo pretende dar a conhecer uma das principais devoções marítimas do barlavento algarvio, apresentando uma análise contextualizada dos objetos votivos da Igreja de Ferragudo oferecidos como ex-voto às imagens da Virgem da Conceição e a São Pedro Gonçalves Telmo, exemplos menos conhecidos da religiosidade marítima local ligada à pesca do bacalhau. Ferragudo é uma vila e freguesia portuguesa do município de Lagoa (Algarve). É uma terra de pescadores que desde sempre esteve intimamente ligada ao rio e ao mar. Hoje,
embora mantenha a ligação ao mar, a sua atividade económica está ligada à atividade turística.
This paper aims to make known to one of the main maritime devotions of the western Algarve, presenting a contextualized analysis of the votive objects in the Church of Ferragudo offered as ex-voto to the images of the Virgin of the Conception and to São Pedro Gonçalves Telmo. This are lesser-known examples of local maritime religiosity linked to the cod fishing. Ferragudo is a village and civil parish in the municipality of Lagoa (Algarve). It is a land of fishermen that has always been closely linked to the river and the sea. Today, although it maintains the connection to the sea, its economic activity is linked to the tourist activity.
CADERNOS CULTURA: HISTÓRIA & PATRIMÓNIO DE AVEIRO, 2024
O presente trabalho de investigação nasceu da vontade de um envolvimento por parte da Comunidade ... more O presente trabalho de investigação nasceu da vontade de um envolvimento por parte da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) em acolher o inaugural Caminho Marítimo para Santiago de Compostela , recriando, na costa portuguesa, a viagem da ‘Barca de Pedra’ numa homenagem à lenda do santo. Deste modo, intentaremos fazer uma breve viagem pelas representações iconográficas de São Tiago presentes nas igrejas paroquiais, capelas interiores, ermidas, lugares de culto e lugares de memória da diocese aveirense, numa tentativa de mapear as rotas de peregrinação para Santiago de Compostela nos dez municípios que compõem as 101 paróquias da Diocese de Aveiro.
The present investigation was born from the desire for an involvement by the Intermunicipal Community of the Aveiro Region (CIRA) in welcoming the inaugural Maritime Way to Santiago de Compostela, recreating, on the Portuguese coast, the journey of the ‘stone tumb’ in a tribute to the legend of the saint. In this way, we will attempt to make a brief journey through the iconographic representations of St. James present in the parish churches, interior chapels, hermitages, places of worship and places of memory of the Diocese of Aveiro, attempting to map the pilgrimage routes to Santiago de Compostela in the ten municipalities that make up the 101 parishes of the Diocese of Aveiro.
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
O lugre “Gafanhoto” saíra do Porto carregado de cimento com destino à barra de Aveiro. Ao aproxim... more O lugre “Gafanhoto” saíra do Porto carregado de cimento com destino à barra de Aveiro. Ao aproximar-se de Aveiro foi colhido pelo mau tempo e, fazendo-se ao largo, nunca mais foi visto. Sem mantimentos, sem meios de segurança, a sua sorte começou a preocupar toda a gente. Confiava-se na valentia do capitão, mas, perante os elementos desencadeados, a esperança de salvamento desvanecia. Passado uns dias atracou em Leixões com grave avaria. Renasceu a alegria em muitos corações e secaram-se em muitos olhos as lágrimas. No momento agudo do perigo os tripulantes ajoelharam no convés do barco e prometeram mandar celebrar missa e sermão ao Senhor Jesus dos Navegantes de Ílhavo,
promessa que cumpriram no dia 29 de janeiro de 1933. O Gafanhoto
foi construído em 1919 por Joaquim Dias Ministro, em Pardilhó, e teve como primeiro armador Bagão & Ribaus, Lda. Após este episódio foi reparado e rebatizado de San Jacinto e motorizado para a campanha de pesca ao bacalhau de 1934. Navegou até 1952.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
São Brás nasceu na Arménia no final do séc. III. Não há muitos registos sobre sua vida, porém, na... more São Brás nasceu na Arménia no final do séc. III. Não há muitos registos sobre sua vida, porém, na vida adulta, sabemos que Brás foi médico. Grande evangelizador, tratou doenças físicas e da alma, ficando conhecido por retirar um espinho da garganta de uma criança. Por esse
motivo, é padroeiro das doenças da garganta. A sua festa litúrgica celebra-se anualmente na Igreja paroquial de Ílhavo no dia 3 de
fevereiro, ou fim de semana próximo, sendo tradição oferecer aos fiéis rebuçados de São Braz e pagando os devotos as suas promessas
em esmola ou ex-votos de cera em forma de garganta.
Encontrando-se Ílhavo numa zona caracterizada por uma grande produção de imagens em pedra calcária (desde a transição do Românico para o Gótico até ao Renascimento), o São Brás da Igreja de Ílhavo é uma imagem tardo-renascentista de início do século XVII e acompanha uma imagem de Santa Luzia de igual autoria, hoje expostas no Centro de Religiosidade Marítima. A atual imagem ao culto de São Brás, em madeira, foi adquirida em 1955 por D. Júlio Tavares Rebimbas na Oficina Casa Fânzeres de Braga. Os mareantes de Ílhavo, por devoção, batizaram sob a sua proteção o Hiate São Bráz, ativo em meados do século XIX (c.1856), comandada pelo mestre J. D. Magano.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
A custódia da Igreja de Ílhavo é uma soberba peça de ourivesaria sacra renascentista, de transiçã... more A custódia da Igreja de Ílhavo é uma soberba peça de ourivesaria sacra renascentista, de transição entre o tipo de custódia com hostiário em forma de templete para hostiário circular. Esta peça, com 450 anos, é uma das mais referenciadas custódias a nível nacional, presente nas mais importantes exposições de ourivesaria.
Sobressai pela sua dimensão, quase um metro de altura. Embora sem marcas de ourives, surge como possível encomenda do prior de Ílhavo D. Pedro de Castilho em 1572, figurando as suas Armas-de-fé na base. Tem semelhanças com a custódia-cálice de Belém (na haste), e igual morfologia nas custódias de menor dimensão de ourives de Aveiro, existentes no Museu Machado de Castro, Misericórdia de Aveiro e Paróquia de Vagos. D. Pedro de Castilho nasce em meados de 1500, filho do arquiteto do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra Diogo de Castilho. Foi um dos homens mais importantes de Portugal, sendo nomeado bispo de Angra em 1578, bispo de Leiria em 1583, inquisidor-geral do reino em 1604 e por duas vezes Vice-Rei de Portugal, entre 1605-1608 e 1612.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
Esta gravura aguarelada, exposta no núcleo mar e devoção do Centro de Religiosidade Marítima reme... more Esta gravura aguarelada, exposta no núcleo mar e devoção do Centro de Religiosidade Marítima rememora a devoção dos marítimos a Cristo e à Virgem nos portos europeus. A Capela de Nossa Senhora da Graça (Stella Maris) está localizada na cidade de Ecquemanville perto de Honfleur, com vista para o mar. É venerada em toda a Normandia. Muitos peregrinos levam as suas ofertas e imploram a poderosa proteção da Mãe de Deus. Os marinheiros que passavam diante do Calvário, que também fica na costa, e que se avista de longe, no mar, colocam-se sob a proteção de Maria. Tal como em Ílhavo, a capela está repleta de pinturas votivas representando navios à beira de naufrágio, milagrosamente salvos de tempestades.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
A Princesa Santa Joana é considerada, oficialmente desde 1965, padroeira da cidade e Diocese de A... more A Princesa Santa Joana é considerada, oficialmente desde 1965, padroeira da cidade e Diocese de Aveiro. Filha de D. Afonso V e de D. Isabel, a Infanta D. Joana nasce em Lisboa a 6 de fevereiro de 1452, vindo a falecer no Mosteiro de Jesus de Aveiro a 12 de maio de 1490. No seu mês, damos destaque à sua imagem exposta no Centro de Religiosidade Marítima do escultor Jorge Barradas, uma das seis imagens (São Nuno Álvares Pereira, São Miguel, Virgem de Fátima, São João de Deus e São João de Brito), de bordo das Capelas dos paquetes Vera Cruz e Santa Maria.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
A Associação de Oficiais da Marinha Mercante, em Ílhavo foi fundada a 1 de Janeiro de 1921, com s... more A Associação de Oficiais da Marinha Mercante, em Ílhavo foi fundada a 1 de Janeiro de 1921, com sede provisória no salão do «Club dos Novos».
Ligada à Liga de Oficiais da Marinha Mercante de Lisboa, mas independente, foi criada para responder aos interesses da Classe Marítima, batendo-se na necessidade de um navio hospital que acompanhasse a frota bacalhoeira, propondo a criação da Escola Náutica e provendo ao cumprimento da lei para as matrículas dos
pescadores e marinheiros. Fazia-se acompanhar da sua bandeira na procissão do Senhor Jesus dos Navegantes de Ílhavo, bordada em 1926 na casa Joaquim da Silveira Melo & Cª do Porto e estreada em 17 de Abril de 1927. Substituída atualmente por réplica, esta bandeira acompanhou à última morada muitos dos marítimos ilhavenses. O campo de cetim azul representa uma galera com bandeira nacional, cercada de cordão a ouro de onde pedem uma boia de salvação, uma ampulheta, uma rosa dos ventos, os símbolos da Fé, Esperança e Caridade, uma roda de leme, um sextante e uma âncora.
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
No seu traço singular João Carlos Celestino Gomes, médico-pintor ilhavense, sintetiza a religiosi... more No seu traço singular João Carlos Celestino Gomes, médico-pintor ilhavense, sintetiza a religiosidade marítima ilhavense na devoção ao Senhor Jesus dos Navegantes, autorretratando-se com a mulher e o filho junto da imagem. Neste desenho de grande dimensão a nanquim de 1928, vemos representado do lado esquerdo D. José António Pereira Bilhano, eclesiástico ilhavense, com as armas-de-fé de Arcebispo e vista da Catedral de Évora, contraposta por anjo e vista da Igreja paroquial de Ílhavo. No plano de fundo, ajoelham-se pescadores junto ao mar, oferecendo preces e navio ex-voto à proteção do Senhor Jesus dos Navegantes. João Carlos, na genialidade do seu desenho e escrita ajudou a consubstanciar o genius loci marítimo ilhavense, adotando para seu símbolo pessoal, como se vê na boia de salvação aos pés da imagem, Ora bamos lá cum Deus!
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
Esta jarra de adorno de altar, de produção local em porcelana da fábrica da Vista Alegre, traduz ... more Esta jarra de adorno de altar, de produção local em porcelana da fábrica da Vista Alegre, traduz a gratidão da tripulação da barca Glama pela intercessão do Senhor Jesus dos Navegantes de Ílhavo no seu salvamento. A barca Glama foi construída em setembro de 1868. Em 1897 ao avistar a barra de Lisboa foi repentina e inesperadamente colhida por um forte ciclone. Ao choque bruto das ondas, a Glama, bateu no abismo e, no meio da tempestade, despedaçou-se a mezena e o traquete, perdendo-se entre as colinas da espuma marinha. À deriva, quase sem governo, conseguiu arribar ao porto de Leixões. Membros da tripulação, que nessa noite trágica haviam sido varridos pelo mar, quando faziam o seu quarto de leme, foram milagrosamente salvos pelo vapor Cristin que seguia o rumo de Gibraltar. Chegando a Ílhavo, o capitão José da Costa Carola e tripulação, cumpriram a sua promessa, celebrando na festa do Senhor Jesus dos Navegantes a entrega das suas ofertas.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
O “Navegante” é um modelo miniatura de um lugre com três mastros e velas latinas, construído pelo... more O “Navegante” é um modelo miniatura de um lugre com três mastros e velas latinas, construído pelo marinheiro ilhavense José Domingues Pena, nascido em 1902. Quando começou a miniatura, o seu autor teria 16 anos, levando peças para bordo que ia entalhando durante a viagem, em dias de mau tempo. Quando naufragou, na faina do bacalhau, prometeu ao Senhor Jesus dos Navegantes que se fosse salvo a acabava e lhe a ofereceria, e assim o fez em 1919. Tem figurado desde essa data na procissão dos marítimos, incorporada no andor do Senhor Jesus dos Navegantes, do lado direito da imagem num mar de lona pintada, substituindo uma primitiva embarcação ex-voto oferecida em 1905. O lugre o “Navegante” que serviu de base ao modelo, segundo o Jornal de Ílhavo de 1904, foi lançado à água em Fão, e era propriedade do Sr. Bernardo dos Santos Camarão, de Ílhavo, e José Gouveia, do Porto. Na sua primeira viagem saiu para Setúbal a carregar sal para o Porto.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
Úrsula de Colónia celebra a sua festa a 21 de outubro. Princesa inglesa, foi martirizada no ano 3... more Úrsula de Colónia celebra a sua festa a 21 de outubro. Princesa inglesa, foi martirizada no ano 383 pelos hunos, episódio retratado nesta pintura, juntamente com 11 virgens que a acompanhavam. A pintura sobre tela, de início do século XVIII, pertenceu ao Convento de Sá de Aveiro, passando para extinto Asilo de Nossa Senhora do Pranto de Ílhavo. Mostra um porto de mar com caravelas, e explica que os percursos religiosos aconteciam mais por mar do que por terra, evitando conflitos armados e perigos. Santa Úrsula estava para casar com o futuro rei de Inglaterra mas um chamamento à religião cristã fê-la peregrinar a Roma. Em Roma conheceu o Papa Dâmaso I que a terá acompanhado até Colónia, onde foi martirizada. Dâmaso I foi o primeiro Papa a usar o anel do pescador e é padroeiro dos arqueólogos. Ainda que não seja considerado o primeiro Papa português, estando a Lusitânia sob o domínio romano, nasceu em Idanha-a-Velha (Egitânia), diocese da Guarda. Começou o culto das relíquias e pediu a São Jerónimo a tradução da Bíblia em latim.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
Com 3,10m de altura, a escultura monumental em gesso do ‘Homem do Gabão’ é a ‘anfitriã’ do Centro... more Com 3,10m de altura, a escultura monumental em gesso do ‘Homem do Gabão’ é a ‘anfitriã’ do Centro de Religiosidade Marítima. Este é um exemplo-modelo do pescador ilhavense, destemido, de olhos postos no horizonte do mar, na ânsia de buscar o que há para lá das ondas. Segura uma fateixa ao ombro e veste o tradicional gabão, casaco de burel castanho, que o protege dos elementos da chuva e da tempestade, com os pés na areia, pronto para a faina. É da autoria de Euclides Vaz (1916-1991), escultor ilhavense, professor de escultura, medalhística e gravura na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, e referência do segundo modernismo em Portugal, trabalhando maioritariamente para espaços públicos. São da sua autoria as esculturas monumentais em bronze do navegador João Afonso e de D. João Evangelista de Lima Vidal, 1º bispo de Aveiro. Foi também autor de várias esculturas de cariz religioso e escultura integrada em tribunais nacionais, projetando o desenho das moedas de 20 e 50 escudos, em 1986, de rebordo hexagonal com rosa-dos-ventos.
(Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Boletim: Agenda do Município de Ílhavo, 2022
João Carlos Celestino Gomes, médico-artista ilhavense, além de exímio pintor e ilustrador executo... more João Carlos Celestino Gomes, médico-artista ilhavense, além de exímio pintor e ilustrador executou também mobiliário entalhado no seu traço singular. É disso exemplo o banco-escabelo, decorado em estilo neogótico no subido espaldar, que mostra múltiplas expressões e representações devocionais marítimas locais. Foi concebido na década de 30 de 1900, juntamente com restante mobiliário para o quarto do artista, e exposto no Museu de Aveiro em 1964 e no Museu Marítimo em 1991. Nele estão representadas as armas da família em escudo central (Pereira, Oliveira e Vidal) ladeadas de baixos-relevos, a Virgem, rodeada de pescadores e mulheres orantes, e pesca milagrosa no característico barco-do-mar da xávega, com pescadores ‘apóstolos’ puxando as redes, encimados de pomba do Espírito Santo. A predela da arca mostra a transição da água entre a ria e o mar, que possibilita o sustento à vida dos pescadores de Ílhavo, com barco moliceiro na ria, a Capela da Costa Nova e a pesca da Xávega. As ilhargas são decoradas com pelicano, simbologia heráldica dos Gomes. (Museu Marítimo de Ílhavo - Centro de Religiosidade Marítima)
Argos - Revista do Museu Marítimo de Ílhavo 11, 2023
A bênção dos bacalhoeiros foi uma celebração religiosa portuguesa anual com o propósito de abenço... more A bênção dos bacalhoeiros foi uma celebração religiosa portuguesa anual com o propósito de abençoar as embarcações e respetivas tripulações, no momento da sua partida para a pesca na Terra Nova e Gronelândia.
Localizado junto à Estação Fluvial de Belém, perto do Mosteiro dos Jerónimos de Lisboa, o Terreiro das Missas na Praça do Império foi, no decorrer do século XX, utilizado como local onde ocorria a cerimónia de bênção dos bacalhoeiros para os pescadores, que dali partiam para o Atlântico Noroeste.
Palavras-chave: Pesca do bacalhau; Religiosidade marítima; Estado Novo; Igreja
O regime de Salazar fez da indústria da pesca um dos seus pilares de desenvolvimento económico, dando enquadramento legal, organizativo e normativo à vida dos trabalhadores do mar.
Atendendo à matriz religiosa do povo português, em especial à devoção dos homens do mar, a ideia de criar uma cerimónia nacional, com dimensão, movimento, cor e alegria, foi pensada no ano de 1935, programando-se uma largada simultânea da frota bacalhoeira para o Atlântico Noroeste na capital portuguesa no ano seguinte.
Deu-se, desta forma, o primeiro passo para que a pesca do bacalhau, porque longínqua, fosse complementada com a assistência espiritual necessária que ajudasse a minimizar a distância, a solidão e as saudades da família.
Com a firme e antecipada convicção dum retundo sucesso, estariam também reunidos neste evento, de grande manifestação patriótica e religiosa, os principais líderes do Estado Novo e da Igreja, em abençoada comunhão.
A previsível apoteose de entusiasmo e de fé, replicada da cerimónia que acontecia todos os anos para a frota bacalhoeira em Saint-Malo na Bretanha, e noutros portos da Normandia em França , animaria os pescadores, que a partir desse ano podiam contar com a indispensável proteção divina.
Embora fosse costume haver pequenas cerimónias religiosas nas igrejas das paróquias de cada um dos portos bacalhoeiros portugueses (Setúbal, Lisboa, Figueira da Foz, Ílhavo, Porto, Vila do Conde e Viana do Castelo), que pontualmente abençoavam os barcos e marinheiros antes da sua partida para a grande pesca, o Estado Português, no intuito de unificar e regulamentar a pesca e o comércio do bacalhau, na campanha de pesca de 1935, reuniu em Lisboa, no rio Tejo, as diversas frotas em frente da Junqueira, engalanadas com mareato na mastreação, noticiando que no ano seguinte se prepararia uma largada com esplendor cénico, convidando-se o Cardeal-Patriarca para abençoar a frota nacional, no momento em que as famílias se aglomeravam nos barcos ou junto ao cais antes de se separarem por longos meses.
O pensamento da localização do local da cerimónia, o Mosteiro dos Jerónimos, foi antecedido pela concorrida cerimónia da bênção das águas do Tejo feita pelo Cardeal-Patriarca, ocorrida 10 anos antes, em 27 de janeiro de 1925, quando da comemoração do 4º centenário de Vasco da Gama. (...)
Tal como aconteceu em França no porto de Saint-Malo, entre 1926 e 1992, a grande festa da largada da frota de navios para a pesca do bacalhau nos mares gelados da costa canadiana e groenlandesa, entre 1936 e 1974, fez do rio Tejo palco festivo multicolor, traduzindo-se na mais icónica manifestação náutica da capital portuguesa, amplamente noticiada em reportagens fotográficas e cinematográficas.
Serve o presente trabalho de recolha de informação para um melhor entendimento sobre a linha cron... more Serve o presente trabalho de recolha de informação para um melhor entendimento sobre a linha cronológica do Convento dominicano masculino de Aveiro, a primeira ordem monástica a instalar-se na cidade, cuja igreja subsistente foi elevada a catedral da Diocese de Aveiro.
2022, Argos - Revista do Museu Marítimo de Ílhavo 10, 2022
Este artigo surge na comemoração do centenário do Apostolado do Mar, instituição de caridade cató... more Este artigo surge na comemoração do centenário do Apostolado do Mar, instituição de caridade católica que apoia os marítimos em todo o mundo, fundado a 4 de outubro de 1920 em Glasgow, na Escócia, e autorizado pela Santa Sé em 22 de abril de 1922. Nessa época, a Grã-Bretanha tinha uma das maiores frotas mercantes do mundo, empregando milhares de marinheiros britânicos.
A Obra do Apostolado do Mar ‘OAM’ tem por fim promover a formação humana e espiritual e ainda o bem estar social do marítimo.
Hoje, ativo em cerca de 116 países e em diversos portos pelo mundo, este organismo presta apoio prático e acompanhamento pastoral a marítimos e trabalhadores do mar, independentemente da nacionalidade, crença ou raça, com capelães portuários e visitantes voluntários que oferecem serviços neste sentido.
O Apostolado do Mar administra albergues de marinheiros em todas as principais cidades portuárias, onde os marinheiros podem ficar alojados enquanto os seus navios aportam, muitas vezes por semanas a fio. Centenas de voluntários das paróquias locais, desde a sua fundação, estiveram envolvidos no acolhimento e animação dos marítimos nestes albergues e espaços de assistência, convívio e lazer.
Obra do Apostolado do Mar em Ílhavo – O Clube Stella Maris da Gafanha da Nazaré (1968-2010)
O ‘Apostolado do Mar’ (Stella Maris) existe em Portugal desde 1935 , estando hoje presente em Viana do Castelo, nas Caxinas (Arquidiocese de Braga), Nazaré e Peniche (Patriarcado de Lisboa), em Sesimbra, Paróquias da Anunciada e de São Sebastião, Moita (Diocese de Setúbal), Fuzeta (Diocese do Algarve), e existindo albergues de marítimos em Leça da Palmeira (Porto) e Buarcos (Figueira da Foz).
Em Lisboa, o Centro da ‘OAM’ é fundado em 1941, com o auxílio do comandante Henrique Tenreiro, delegado do governo das Atividades da Pesca e Álvaro Valente de Araújo, diretor da Escola profissional de Pesca, apoiando bolsas de estudo a filhos de marítimos desfavorecidos e ministrando educação cristã para preparação de sacramentos dos pescadores (batismo, comunhão e crisma). Inaugura a sua sede em dezembro de 1949. No Porto a ‘OAM’ é ereta canonicamente em 11 de Abril de 1961.
À Diocese de Aveiro o Apostolado do Mar chega em outubro de 1968 , implementando-se em Ílhavo no porto da Gafanha da Nazaré , em frente às instalações da Empresa de pesca “João Marta Vilarinho Sucessores Lda”, apresentando-se na altura projeto e maquete para futura edificação, da autoria do arquiteto João Maria Braula. Em 21 de fevereiro de 1969 promoveu-se no Grémio do Comércio de Aveiro uma reunião da direção nacional da ‘OAM’, presidida pelo diretor padre Antunes Santana, com o bispo de Aveiro e Governador civil, expondo-se os objetivos da comissão organizadora local, composta pelos: padre Manuel António Fernandes, arcipreste de Aveiro e capelão do porto de Aveiro, padre Domingos Rebelo dos Santos, pároco da Gafanha da Nazaré, António dos Santos, pároco de Ílhavo, Fernando Lagarto, capitão Juvenal Fernandes e Joaquim António Gaspar de Melo Albino, secretariado que havia sido montado em setembro de 1968 e que provisoriamente funcionou no Centro paroquial de Ílhavo.
Os primeiros estatutos da Obra do Apostolado do Mar em Aveiro foram aprovados pelo Bispo de Aveiro a 26 de janeiro de 1979.
Aqui se refere que a extensão da ‘OAM’ não pode medir-se apenas pelo sentido restrito dado à designação de ‘marítimo’, mas pelo amplo sentido pastoral: ‘todos os que se dedicam à navegação e pesca e ainda os que estão ao serviço dos portos, os que estudam nas escolas de navegação e pesca.’
Na tarefa de renovação em que toda a igreja se encontra comprometida, uma atenção particular deverá ser dada ao mundo marítimo. São aliás palavras do próprio Concílio: “Atenda-se com especial solicitude àqueles fiéis que, pelas suas condições de vida, não podem beneficiar suficientemente do ministério pastoral ordinário dos párocos, ou se veem dele completamente privados, como é o caso de muitíssimos emigrantes, exilados e refugiados, marinheiros e aviadores, nómadas, etc. Promovam-se métodos convenientes de assistência espiritual àqueles que se deslocam temporariamente a outros lugares.” (Christus Dominus,18, Papa Paulo VI, Vaticano, 28 de Outubro de 1965.)
Neste sentido o capitão ilhavense Manuel Marques Machado, como secretário da Obra do Apostolado do Mar, promove uma peregrinação nacional ao Santuário de Fátima nos dias 12 e 13 de Março de 1968, que envolveu os párocos de gente do mar e dirigida a todos os que vivem do mar.
No período inicial de organização do Clube ‘Stella Maris’ na Gafanha foi preponderante a ação do padre Messias da Rocha Hipólito e do padre Miguel Lencastre, o primeiro dando início à construção em 1971 de um edifício pré-fabricado e, o segundo, promovendo a sua abertura e dinamização, após o 25 de Abril de 1974, iniciando a procissão da Virgem dos Navegantes na ria de Aveiro.
Substituindo o antigo pré-fabricado, no dia 18 de Setembro de 1983 é benzida a primeira pedra do Club ‘Stella Maris’ da Gafanha da Nazaré pelo bispo de Aveiro D. Manuel de Almeida Trindade estando presente o secretário de estado das pescas o comandante Carlos Alberto Faria dos Santos, os presidentes das Câmaras Municipais de Aveiro, Ílhavo e Murtosa. A primeira fase do edifício do Clube ‘Stella Maris’ para acolhimento dos marítimos, com projeto do arquiteto Rogério Barroca, ficaria concluída e inaugurada em 8 de Novembro de 1985 . Este ampliado edifício, ficou composto por alojamento de camarata com 22 quartos com wc privativo, restaurante, cozinha e apoio, sala de jogos, capela, escritório, receção e parque de estacionamento.
Depois, a dispersão natural da área portuária, o desmantelamento da frota bacalhoeira na década de 90 de 1900, a transformação radical da indústria de processamento do pescado, bem como a melhor qualidade de vida a bordo dos navios que demandavam o Porto de Aveiro, juntamente com dificuldades sem conta na implementação de uma pastoral de e para o homem do mar, o Clube ‘Stella Maris’ termina formalmente a sua atividade em 2010 . O edifício serviu, desde 2014, de local de ensaio para a Banda Filarmónica Gafanhense, acolheu temporariamente desde 2015 jovens dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e foi utilizado para formação profissional de cursos de gestão portuária e segurança marítima promovidos pelo Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração de Aveiro (ISCIA) . O edifício do Clube ‘Stella Maris’ ficou devoluto em 2019 sendo vendido pela Diocese de Aveiro em 2022.
Rememora-se assim o Clube Stella Maris de Aveiro, no porto da Gafanha da Nazaré, hoje extinto, mas que teve um importante papel como espaço lúdico de encontro de marítimos da antiga frota de pesca de bacalhau (organizando passeios, almoços, convívios, bailes e competições de snooker, jogo da malha e sueca, corridas de bicicleta), como espaço de assistência social e como espaço de devoção e fé, perpetuado, ainda hoje, na ativa procissão dedicada a Nossa Senhora dos Navegantes do forte da Barra pela ria de Aveiro.
The Inventories of the Churches and Chapels of the Parishes of the Diocese of Aveiro in documents... more The Inventories of the Churches and Chapels of the Parishes of the Diocese of Aveiro in documents from the Current Archive of the Ministry of Finance
Celebra-se o centenário da implantação da República e, com esta, a publicação da Lei de Separação das Igrejas do Estado, datado de 20 de Abril de 1911. Com a aplicação da Lei da Separação foram criadas as Comissões Concelhias de Inventário cuja função era, justamente, em cada concelho, proceder ao arrolamento de todas as catedrais, igrejas e capelas, bens imobiliários e mobiliários que têm sido ou se destinavam a ser aplicados ao culto público da religião católica e à sustentação dos ministros dessa religião e de outros funcionários empregados e serventuários dela, incluindo as respectivas benfeitorias e até os edifícios novos que substituíram os antigos. 2 De referir que neste arquivo também se encontram todos os processos de electrificação e abastecimento de águas das freguesias, construção de escolas, de mercados, empréstimos a Câmaras Municipais, relações de propriedades, foros e baldios, comissões concelhias e juntas de freguesia.
D. Júlio Tavares Rebimbas amava estranhamente Ílhavo. Sensibilizava-o profundamente tudo o que er... more D. Júlio Tavares Rebimbas amava estranhamente Ílhavo. Sensibilizava-o profundamente tudo o que era vida da gente do mar. Como gostava de referir “passou toda a vida a fazer pontes”, encurtando realidades diversas. Explicava que era algo genético, propenso de quem nasce nesta região onde abunda o “ser anfíbio”, que partilha a água e a terra, e onde forçosamente se aprende a pontificar
Nasce no Bunheiro (Murtosa), em 21 de Janeiro de 1922, filho único de uma família modesta, à beira da Ria de Aveiro. Após ser vítima de doença responsável pela morte da irmã e de três irmãos, encontrou o seu caminho entrando no Seminário com desejo de ser sacerdote.
Cumprem-se agora cem anos do seu nascimento.
Enquanto Prior de Ílhavo, de 1949 a 1965, aproximou margens e, na verticalidade do seu caráter, conversador e próximo dos corações sofridos por causa do mar, conduziu o povo na reconstrução da sua Igreja e Capelas. Foi igualmente agente essencial na renovação da comunicação da liturgia e fundação de valências de apoio social.
Enquanto Bispo, o seu longo percurso de 31 anos sempre foi marcado pelas pontes que estabeleceu, pela coragem e alegria, em todas as Dioceses marítimas que assumiu.
Faleceu com 88 anos, em 6 de Dezembro de 2010, de uma vida inteira dedicada à Igreja de Norte a Sul de Portugal.
Em gratidão, doou a Ílhavo a sua cruz peitoral, que integra esta exposição, oferecida na sua ordenação a Bispo do Algarve, a 26 de Dezembro 1966.
Reconhecendo os seus valores e a sua memória, viva na saudade expressa pelos seus paroquianos, o centro de Religiosidade Marítima marca a efeméride do centenário do se nascimento, destacando as suas qualidades de padre exemplar, nos dezasseis anos empenhados que passou como Prior em Ílhavo (1949), e de um Bispo e Arcebispo de grande notabilidade nas Dioceses do Algarve (1965), Lisboa (1972), Viana do Castelo (1977) e Porto (1982).
D. Júlio Tavares Rebimbas est né à Bunheiro, le 21 janvier 1922, fils d'une famille modeste, au bord de la Ria de Aveiro, ayant trouvé sa voie au séminaire, où il est devenu prêtre. Cent ans après sa naissance, le Centre de religiosité maritime, pôle muséologique du Musée maritime d'Ílhavo, marque cet anniversaire par une exposition de photos biographiques qui met en évidence les qualités d'un prêtre exemplaire pendant les 16 années où il fut prieur à Ílhavo, et d'un évêque et archevêque aux dons de choix dans les diocèses de l'Algarve (1965), de Lisbonne (1972), de Viana do Castelo (1977) et de Porto (1982).
Il aimait Ílhavo. Il était profondément touché par tout ce qui faisait la vie des gens de la mer. Comme il aimait à le dire, "il a passé toute sa vie à construire des ponts", dans le sens de pontifier. Il a expliqué que c'était quelque chose de génétique, incliné par ceux qui sont nés dans cette région, où l'"être amphibie" abonde, partageant l'eau et la terre, et où l'on apprend nécessairement à être un "pont".
À Ílhavo, il a rapproché les rivages et, dans la verticalité de son caractère, bavard et proche du cœur des insulaires souffrant à cause de la mer, il a conduit les gens à la reconstruction de leur église, au renouvellement de la communication liturgique et à la fondation de services d'aide sociale.
Il est décédé à l'âge de 88 ans, le 6 décembre 2010, après une vie entière consacrée à l'Eglise du nord au sud du Portugal. En remerciement, il a fait don à Ílhavo de sa croix pectorale offerte lors de son ordination en tant qu'évêque de l'Algarve, le 26 décembre 1966, actuellement exposée au Centre de la religiosité maritime.
Olhar por dentro: percursos da Arquitetura de Ílhavo, 2021
Livro que descreve, ilustra e mapeia os caminhos percorridos no âmbito do projeto “Olhar por Dent... more Livro que descreve, ilustra e mapeia os caminhos percorridos no âmbito do projeto “Olhar por Dentro”, o ciclo de visitas orientadas ao território ilhavense organizado pelo 23 Milhas em parceria com a Talkie-Walkie. “Olhar por Dentro: Percursos da Arquitetura de Ílhavo” lista 20 percursos e apresenta-os acompanhados por fotografias, mapas e uma série de “textos que enriquecem este olhar sobre a paisagem humanizada e a encaram como um ativo cultural. Na visita efetuada por Hugo Calão, explora-se a cartografia do património religioso de Ílhavo, as suas devoções, os seus estilos e modelos arquitetónicos com um dos historiadores mais conhecedores da sua conservação, valorização e divulgação.
“Arquitetura da paisagem”, “Construção e formas arquitetónicas”, “Diferentes usos e ocupações” são os três motes para percorrermos Ílhavo e percebermos os diferentes sub-temas que vão da construção naval às azenhas, ou da arquitetura de autor à casa vernacular. Cada visita, um convidado especialista diferente, orientando o público pelos diversos temas e lugares ilhavenses que têm vindo a investigar.
Prat, espanhol da Catalunha. Com dez anos de idade veio do Brasil para Portugal com seus pais e s... more Prat, espanhol da Catalunha. Com dez anos de idade veio do Brasil para Portugal com seus pais e seu único irmão José da Fonseca Prat, e estabeleceram residência em Aveiro. Aqui fez Artur Prat exame de instrução primária, continuando em seguida em Lisboa os preparatórios para a matrícula na Escola Politécnica, que frequentou durante um ano. Matriculou-se, depois, na Academia das Belas Artes de Lisboa,
Os livros de visitas registam a “inspeção” feita às igrejas (nomeadamente às alfaias, livros, obr... more Os livros de visitas registam a “inspeção” feita às igrejas (nomeadamente às alfaias, livros, obras de arte e relíquias de circunscrição paroquial), às capelas e aos oratórios. Tratam ainda da observância da liturgia, do direito católico, da punição dos reincidentes, da promoção do clero, do número de pessoas e fogos das paróquias, da profissão das testemunhas e culpados, dos costumes locais, dos direitos dos visitadores (em géneros e dinheiro), da construção e destruição de igrejas, da sua reparação e restauro e da colocação dos objetos de culto. Este artigo trata a informação contida no livro de visitas efetuadas à Igreja paroquial de Santa Eulália de Águeda (Diocese de Aveiro).
Jeremias Ferreira Bandarra nasceu em Aveiro em 30 de Janeiro de 1936. Tirou o curso Geral do Comé... more Jeremias Ferreira Bandarra nasceu em Aveiro em 30 de Janeiro de 1936. Tirou o curso Geral do Comércio. Iniciou a sua atividade artística fazendo ilustração em jornais, livros, revistas e cartazes. Foi discípulo dos pintores Júlio Sobreiro e Porfírio de Abreu. No Conservatório Regional de Aveiro frequentou cursos de atelier-livre de pintura e cerâmica e um curso de Arte Contemporânea ministrado pelo professor doutor Fernando Pernes. Como artista destingiu-se pelas diversas maquetes para painéis cerâmicos executados na oficina do artista Zé Augusto, assim como maquetes para vitrais, particularmente para igrejas e maioritariamente da Diocese de Aveiro, em colaboração com os vidraceiros artísticos: Luís Cunha e Mónica Favério. Executou com regularidade, e maioritariamente para os periódicos regionais como o Litoral ou Correio do Vouga, trabalhos destinados às artes gráficas e ilustração colaborando com as Paróquias da Glória de Aveiro e Vera Cruz (Diocese de Aveiro) em inúmeros contextos para ilustração de atividades litúrgicas e obras gráficas para livros e edições da Diocese de Aveiro. Participou nas primeiras comissões organizadoras das Bienais Internacionais de Cerâmica Artística organizadas pela Câmara Municipal de Aveiro. Colaborou, durante alguns anos, na Comissão Consultiva de Cultura da Câmara Municipal de Aveiro e no programa Hemisfério Norte, da Rádio F. M. de Aveiro. Bandarra foi também um dos fundadores do movimento artístico AVEIRO-ARTE (e seu secretário durante 12 anos), um dos sóciosfundadores da Associação "Círculo Experimental de Artistas Plásticos" e do CETA-Círculo Experimental de Teatro de Aveiro incorporando ações de teatro não profissional, particularmente na representação, encenação e cenografia. Realizou 20 exposições individuais e mais de uma centena de mostras coletivas. Foi-lhe concedido o prémio "Artista plástico / 2006" da Rádio de Aveiro-FM e a medalha de Mérito Cultural da Câmara Municipal de Aveiro. Foram-lhe atribuídos prémios nas áreas da pintura, cerâmica, fotografia e tem trabalhos espalhados no país e no estrangeiro estando representado em diversas coleções nacionais e estrangeiras. Faleceu a 7 de Março de 2022.
Plano Director para o Futuro Centro Valorização e Interpretação da Religiosidade ligada ao Mar, 2017
"Planos nada são; planificar é tudo." (PRESIDENTE EISENHOWER) O "Plano Director" é de vital impor... more "Planos nada são; planificar é tudo." (PRESIDENTE EISENHOWER) O "Plano Director" é de vital importância para a boa administração e a segurança de qualquer espaço ou museu. É um processo que pode guiar os museus ao longo do tempo resultando em melhores serviços e maior eficiência. É um documento útil, exigindo na actualidade muitos órgãos financiadores provas de que um museu tenha passado por um processo de preparação. "Deverá estabelecer uma visão clara...estabelecer onde se dirige o museu e…como chegar até lá! " Imagem 1-Virtualização da recuperação do antigo quartel dos Bombeiros de Ílhavo, 2006. Estrutura e funcionamento O Plano director de funcionamento para o espaço da Igreja de Ílhavo é um instrumento de planificação e gestão que tem por objectivo último viabilizar a missão deste espaço.
SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ÍLHAVO - Memória de um século, 2019
No dia 10 de abril de 1919, há precisamente 100 anos, data da reunião que oficializou os seus est... more No dia 10 de abril de 1919, há precisamente 100 anos, data da reunião que oficializou os seus estatutos, é criada a Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo.
Em 5 de maio de 1919 é iniciada a construção do Hospital de Ílhavo, obra que verá concluída a sua edificação em abril de 1920, com a colocação no cimo da fachada da icónica estátua representando a Caridade, oferecida por D. Maria da Luz Sarrico Teles e executada por António de Freitas, hábil canteiro de Aveiro.
Num Ílhavo onde todos se conheciam, este constante empreendimento foi labor da necessidade de dar resposta às faltas de cuidados de saúde e bem-estar, quase inexistentes até então, cumprindo a visão caritativa de dois principais pioneiros fundadores: Viriato Teles e Samuel Maia.
A atuação da Santa Casa de Ílhavo é um percurso atribulado, onde a dificuldade económica e financeira sempre colocou em risco a capacidade para tratar corretamente os doentes e desfavorecidos, situação agravada principalmente na década de 40 do século XX, pelos efeitos nefastos da II Grande Guerra Mundial, e que seria minimizada com as esmolas e dádivas recolhidas pelos ilhavenses (residentes e no estrangeiro: Brasil, Canadá, Newark, Nova Jersey, Califórnia) nas anuais festas de beneficência, bailes e cortejos de oferendas (1946-1966), memórias que perduram na lembrança dos mais antigos.
Os médicos, enfermeiros, os cuidadores do passado e do presente, assim como as muitas faces que assumiram o pulso das decisões das várias provedorias, - prestando homenagem e recordando por ordem: Dr. Samuel Tavares Maia (1919), Viriato Teles (1920-27), Prof. João Marques Ramalheira (1927-30), Dr. Eduardo Vaz Craveiro (1930-41), Dr. Vítor Manuel Machado Gomes (1941-44 e 1953-57), Pe. Alberto Tavares de Sousa (1945-46), Cap. Francisco António de Abreu (1946-52), Dr. António Joaquim da Silva Lopes (1957-65), Dr. José Cândido Vaz (1965-66), João Fernandes Vieira (1966-71), Arlindo dos Santos Ribeiro e Silva (1981-99), Prof. Fernando Maria da Paz Duarte (1999-2010), Eng. João Manuel Pereira da Bela (2011-12), Álvaro Manuel da Rocha Ramos (2014-17) e Prof. Margarida São Marcos (2017-19) - , por entre os muitos obstáculos, souberam sempre melhorar qualidade dos serviços prestados (de saúde, de assistência às crianças e aos doentes terminais) e fazer da Santa Casa de Ílhavo ”lugar” de entre ajuda e de solidariedade a todos, indiscriminadamente, como diria o médico Louis Pasteur – “Não se pergunta a um infeliz: De que religião és tu? Diz-se-lhe: Tu sofres e isso é suficiente. Tu pertences-me e eu te aliviarei!”
Sabemos que são muito parcos os recursos de uma instituição que atualmente emprega 143 funcionários, que quer fazer mais, e que sobrevive de protocolos de colaboração.
Através da História observa-se que a caridade exercida pelas Misericórdias é uma necessidade social. E sendo uma necessidade social é um alicerce da vida caritativa nacional.
A palavra Misericórdia tem este duplo sentido de ajudar, de dar proteção e o de perdoar e compreender. É esta a base e rumo de orientação desta instituição que, localmente, em cada concelho, atua para suprir as necessidades e carências sociais.
As Santas Casas, pelo testemunho das suas obras, pela sua exemplaridade, pela coragem, pela persistência, pela coesão institucional, contra a indiferença, a apatia e o inconformismo, e com o imperativo do rigor, continuarão a ser instituições fundamentais da sociedade portuguesa.
Diocese de Aveiro, Tempo Novo Editora, 2015. Depósito Legal: 402188/15; 401p., 2015
O projeto “DOMVS. ECCLESIAE. AVEIRENSE.” – Arquivos religiosos da cidade de Aveiro: Tratamento, o... more O projeto “DOMVS. ECCLESIAE. AVEIRENSE.” – Arquivos religiosos da cidade de Aveiro: Tratamento, organização e difusão, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian no âmbito do “Concurso de Recuperação, Tratamento e Organização de acervos documentais”, iniciou a 15 de Setembro de 2014 e ficou concluído a 15 de Setembro de 2015.
Demos o nome de “Casa de Deus em Aveiro” – DOMVS. ECCLESIAE. AVEIRENSE., pois vemos todo o conjunto documental à guarda da Diocese de Aveiro e respetivas 101 paróquias como o repositório de memória do que somos enquanto Igreja e comunidade, pelo que acreditamos que o Arquivo Diocesano seja o espaço agregador de ações que preservem e cuidem dessa memória.
Este projeto compreendeu apenas os fundos documentais existentes nos Arquivos das duas paróquias urbanas de Aveiro, paróquia de Nossa Senhora da Glória e Paróquia da Vera Cruz, acrescidos do Arquivo da Ordem Terceira de São Francisco de Aveiro, os que denominamos de Arquivos religiosos da cidade de Aveiro.
As três instituições são detentoras de um importante e insubstituível conjunto de fundos documentais, arquivos hoje custodiados pelo Arquivo Diocesano de Aveiro. São os principais arquivos religiosos da cidade.
Com esta candidatura obteve a Diocese de Aveiro o financiamento necessário para desenvolver o projeto, que teve como principais objetivos a catalogação e a disponibilização ao público deste acervo, sem que fosse posta em causa a sua integridade física. Pretendeu-se assim, evitar o manuseamento continuado dos manuscritos, procedendo à respectiva digitalização e colocação numa base de dados online. Neste sentido, e para garantir a disponibilização da informação, toda a documentação foi devidamente catalogada, com a respetiva descrição arquivística e identificação dos seus conteúdos, foi conservada e, finalmente, na sequência destas fases do trabalho, procedeu-se à digitalização dos documentos.
Através de um acordo com o Arquivo Distrital de Aveiro o resultado final deste projeto incluiu a colocação do espólio documental na base de dados e a organização do presente catálogo online, com as imagens digitais dos exemplares, o que permite, ainda, o acesso mais imediato ao seu estudo para investigação e para preparação de futuras exposições, mostras bibliográficas e produção de material pedagógico, atendendo também a uma sensibilização na preservação deste património documental e histórico de carácter nacional.
Estes três Arquivos encontram-se acondicionados numa zona de Reservados do Arquivo Diocesano de Aveiro, em estantes, caixas e outro equipamento adequado, por razões de conservação do acervo.
O seu acesso à consulta, para investigadores, universitários e outros, pode fazer-se mediante pedido formal prévio à Chancelaria da Cúria Diocesana de Aveiro responsável pelo Arquivo Diocesano, mormente a documentação que pela avaliação se encontre em bom estado de conservação, ou a que não oferecer riscos de conservação no seu manuseamento.
Para obviar a estas restrições de acessibilidade à consulta desta coleção de manuscritos, compreende-se que, no contexto deste projeto de candidatura à Fundação Calouste Gulbenkian, a mesma tenha sido disponibilizada ao público online, na base de dados DIGITARQ, no site do Arquivo Distrital de Aveiro (http://digitarq.adavr.arquivos.pt/), sob o marcador de pesquisa: DIO/, onde se poderá encontrar 9858 resultados relativos a estes.
Aqui, encontra-se informação completa sobre cada documento, maço ou livro, que contempla mais do que no catálogo, designadamente aspetos materiais e formais de cada um, e, ainda, o respetivo estado de conservação e o desdobramento de algumas das unidades de informação consideradas mais importantes para estudos de genealogia ou história local (alguns exemplos: livros de rol de confessados, pastorais e circulares da Diocese de Aveiro, legados pios, boletins de nascimento, atas, etc.)
Ressalvamos que alguns dos registos não poderão ser consultados em imagem digital pelo exposto no artigo 66.º do CCP para efeitos de restrição ou de limitação do acesso aos mesmos para salvaguarda de direitos do interessado.
Embora se conhece-se a existência da documentação tratada pelas descrições apontadas no estudos realizados em 1906 pelo aveirógrafo José Reinaldo Rangel de Quadros Oudinot, com recurso à consulta destes Arquivos, estudos editados em 2009 pela Câmara Municipal de Aveiro, o objetivo do presente catálogo online é o de disponibilizar de forma inédita os conteúdos de todo o espólio documental ao público de uma forma consistente, ora organizada de acordo com o seu atual inventário e com a respetiva imagem digital. Os três Arquivos foram organizados, na recente inventariação, segundo os diferentes fundos de entidade produtora da informação, com atribuição de cotas, que permitiram agrupá-los no catálogo presente em 38 fundos documentais.
No catálogo presente, cada fundo é apresentado com a descrição das datas de produção, da sua história administrativa, biográfica e familiar, custodial e arquivística e respetiva dimensão e suporte; para cada documento, maço ou livro manuscrito avulso é apresentado organizado por nível de descrição e respetivo código de referência seguida de uma descrição sumária e de bibliografia, quando existente, sendo acompanhada, na maioria dos exemplares, da respetiva imagem.
Na ficha técnica foram considerados os seguintes itens: Código de referência; Denominação/Título; Datas de produção; Dimensão e suporte; Entidade produtora; Âmbito e conteúdo; Sistema de organização; Condições de acesso; Idioma e escrita; Características físicas e requisitos técnicos; Existência e localização de cópias; Cotas; Notas; e Bibliografia (quando exista).
Espera-se que este projeto, financiado na íntegra pela Fundação Calouste Gulbenkian, seja um primeiro passo, potenciador e agregador de ações vindouras, nas impreteríveis operações de salvaguarda, conservação e divulgação do património documental à guarda da Igreja na região de Aveiro, que permanece ainda obscuro e inacessível e, por conseguinte, muito pouco estudado.
Os investigadores e eventuais interessados passam a ter um instrumento de pesquisa que lhes permite explorar o valioso manancial de informação, contida nos documentos que registam a ação e vivência destas instituições ao longo dos seus 625 anos de existência documental.
Beneméritos e património da Santa Casa da Misericórdia de Águeda, 2014
Esta publicação procura evidenciar o trabalho teórico e prático de identificação dos bens patrimo... more Esta publicação procura evidenciar o trabalho teórico e prático de identificação dos bens patrimoniais da Santa Casa da Misericórdia de Águeda. A acção de pesquisa aqui apresentada tem como principais objectivos a partilha do trabalho de identificação do pecúlio artístico da Misericórdia de Águeda definindo uma estratégia para a sua divulgação.
PREFÁCIO.
APRESENTAÇÃO pp.15 - 17
CAPÍTULO 1 - PATRIMÓNIO DAS MISERICÓRDIAS: PROBLEMÁTICA DE TRÊS MUNDOS: Do património religioso, do património civil,do património hospitalar. pp.19 - 24
CAPÍTULO 2 –O CONTEXTO PRODUTIVO DE UM ESPÓLIO ARTÍSTICO. pp. 25 - 26
2.Benemerências pp.27
2.1. Fundação – A Albergaria de Águeda pp.28 - 38
2.2. O Hospital de Águeda pp.39 - 67
2.3. A Santa Casa da Misericórdia de Águeda pp.68 - 75
2.4. Galeria Beneméritos
CAPÍTULO 3 – A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PESQUISA pp. 77 - 79
3.1.O espólio documental: constituição do Arquivo Histórico pp. 80 - 143
3.2. O inventário – estudos dos legados
Descrição e abordagem sobre os objectos identificados pp. 144 - 145
3.3. Percurso museológico: a Sala de legados pp.147
CONCLUSÕES pp.149 - 186
ANEXO A - Inventário do Arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Águeda pp. 187 - 205
ANEXO B – Inventário do Património da Santa Casa da Misericórdia de Águeda pp. 207 - 208
FONTES E BIBLIOGRAFIA pp. 209
AGRADECIMENTOS
Senhor Jesus dos Navegantes: Mar e Devoção, 2007
Livro sobre a devoção ao Senhor Jesus dos Navegantes em Ílhavo. Identificação de património relig... more Livro sobre a devoção ao Senhor Jesus dos Navegantes em Ílhavo. Identificação de património religioso identificativo desta devoção. Mediação patrimonial, edição da Paróquia de São Salvador de Ílhavo (nº depósito legal 262970/07.)
II Colóquio Stella Maris “A esperança de um Povo Crente" - Moita do Ribatejo, 1 Dezembro 2022, 2022
O Mar e a Religião em Portugal Portugal tem no mar, há séculos, o apelo, a oportunidade, o modo d... more O Mar e a Religião em Portugal
Portugal tem no mar, há séculos, o apelo, a oportunidade, o modo de vida, que lhe deu a dimensão de um império e uma riqueza singular. Até hoje, muitos continuam ali o seu modo de vida. É do mar que recolhem o sustento, mas também o sacrifício e o medo de quem ousa entrar num elemento poderoso, onde o homem está sempre em desvantagem. Por isso os homens do mar são pessoas de fé, e ela perpassa os seus hábitos e cultura.
Conceito de espaço:
O espaço corresponde a uma construção das sociedades humanas (e não
só) trata se de lugares identificados por formas de gestão (de ordenamento), de diferentes pontos de vista (industrial,
marítimo/litoral, religiosos, rural e urbano, etc).
Conceito de património:
O património não existe a priori , é o fruto de uma designação que conjuga uma autenticação e uma apropriação aliada a uma valorização da qual a classificação, a conservação, a restauração e a mediação formam elementos essenciais.
Terra incógnita
As representações do mar, elaboradas ao longo dos tempos, falam nos de uma abordagem temerosa, à medida que o homem se esforçou por o conhecer e dominar, elencando bem a evolução entre
uma percepção do mar na Antiguidade. A viagem de Alexandre Magno no ano de 326 a.C é vista no século XIV como a pré história das histórias de viagens no Oriente e aventura e descoberta do mar
E hoje?
Mesmo com as descobertas científicas dos nossos dias, as sociedades não ultrapassaram nunca o medo perante a cólera do mar, a tempestade e, sobretudo a morte, misto de terror e fascínio. Medo…Perigo…Fé.
Mar e Devoção
A Capela de Nossa Senhora da Graça (Stella Maris ) localizada na cidade de Ecquemanville perto de Honfleur , com vista para o mar, rememora a
devoção dos marítimos a Cristo e à Virgem existente na maioria dos portos europeus. É venerada em toda a Normandia. Muitos peregrinos
levam as suas ofertas e imploram a poderosa proteção da Mãe de Deus. Os marinheiros que passavam diante do Calvário, que também fica na
costa, e que se avista de longe, no mar, colocam se sob a proteção de Maria. Tal como em Ílhavo, e muitas das devoções portuguesas marítimas, a capela está repleta de pinturas ex-voto marítimas representando navios à beira de naufrágio, milagrosamente salvos de tempestades.
As confrarias de pescadores e mareantes
Nas várias vertentes do trabalho no mar, as confrarias e irmandades de mareantes, presentes desde a Idade Média, desempenharam um papel
central na organização sócio económica. Estas organizações assistenciais, proviam o reforço da vivência do catolicismo e de integração dos leigos, de fomento da caridade e da solidariedade,
de gestão coletiva de interesses comuns e de redução dos riscos inerentes à atividade marítima.
Os seus estatutos regulavam áreas de interesse profissional, tais como procedimentos de carga e descarga, segurança na navegação e organização das fainas pesqueiras.
Confrarias de pescadores e mareantes em Portugal (séculos XV-XVIII)
As Casa dos Pescadores no século XX e seus emblemas
A Virgem em Portugal
Quem é Maria?
A veneração a Maria, Virgem, Mãe de Deus (Jesus Cristo) assumiu diversas formas ao longo dos tempos, simbolizando as diversas etapas da sua vida. O Proto Evangelho de Tiago .
Lusitanidade da Virgem?
D. Afonso Henriques consagrou o novo país (Portugal) à Virgem Maria: na Catedral de Lamego, no dia 28 de abril de 1142, Afonso I declarou a nova
nação como “Terra de Santa Maria”.
D. João IV consagrou novamente Portugal à Virgem Maria a 25 de março de 1646.
Devoções Marianas Marítimas em Portugal
Devoções Marítimas em Aveiro
Obra do Apostolado do Mar em Ílhavo: O Clube Stella Maris da Gafanha da Nazaré (1968 2010)
Centro de Religiosidade Marítima de Ílhavo
Colóquio do Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja - Diocese de Aveiro Igreja Senhor das Barrocas | 23 de Outubro de 2016, 2016
Assinalando-se, desde 2011, o Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja a 18 de Outubro, dia de S... more Assinalando-se, desde 2011, o Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja a 18 de Outubro, dia de S. Lucas, padroeiro dos artistas, esta iniciativa teve em vista promover a reflexão e partilha do trabalho desenvolvido no contexto das dioceses portuguesas, mas também debater novas propostas de actuação, avaliar dificuldades e identificar os principais desafios a enfrentar.
Marcadas, em cada ano, pela colaboração mais directa de uma diocese, as comemorações deste dia pretendem alcançar um âmbito nacional, de modo a potenciar as oportunidades de partilha de experiências entre os diferentes serviços com actuação nesta área, bem como permitir uma maior visibilidade e sensibilização junto de um mais vasto leque de pessoas, dentro e fora do contexto eclesial.
Nesse sentido, em 2016 teve o tema «(Re)Ver a Arte Cristã». Instrumento permanente de formação e recurso inesgotável de apreciação cultural, visa um novo olhar sobre a arte cristã, enquanto expressão do culto e radicada na própria essência da experiência religiosa.
Deste modo, são várias as instituições que se associaram ao evento, através da programação de actividades centradas na valorização, salvaguarda e conhecimento do património da Igreja, descodificando a mensagem intrínseca em cada obra, como factor valorativo e enriquecedor do conhecimento da obra de arte religiosa.
As acções foram desenvolvidas entre os dias 17 e 23 de Outubro de 2016, conferências, exposições, lançamentos editoriais, apresentação de intervenções de reabilitação, visitas guiadas, concertos, ou outros eventos, envolvendo arte religiosa, bibliotecas eclesiais, arquivos ou património imaterial.
Organização de atividades e Programa do dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja - Diocese de Aveiro de 17 a 23 de OUTUBRO de 2016:
17 de Outubro de 2016 | 2ª feira | - Re(VER) a Arte Cristã no Património de Águeda
Visita à Igreja do Hospital da Misericórdia de Águeda,
Visita guiada à Igreja Matriz de Fermentelos e espaço museu
(participação do grupo coral da Santa Casa da Misericórdia de Águeda)
18 de Outubro de 2016 | 3ª feira | Dia de São Lucas | DNBCI - Re(VER) a Arte Cristã com São Lucas
‘Arquivos religiosos da cidade de Aveiro e as genealogias’ –Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Aveiro, 17.30h –
Missa de São Lucas na Sé de Aveiro, 19.00h
19 de Outubro de 2016 | 4ª feira | - Re(VER) a Arte Cristã no Património de Ílhavo
Visita guiada à exposição de Património do Concelho de Ílhavo no Centro Cultural de Ílhavo e visita à Igreja Matriz de
Ílhavo
19, 20 e 21 de Outubro de 2016 | 5ª feira | - Re(VER) a Arte Cristã na Sé de Aveiro
A Sé Catedral e a Capela da Visitação; e os Painéis de Azulejos; e o Cruzeiro de S. Domingos 18.00h
22 de Outubro de 2016 | Sábado | - Re(VER) a Catequese na Arte Cristã
Catequese na Igreja da Vera Cruz de Aveiro, 10.00h
23 de Outubro de 2016 | Domingo | Re(VER) a Misericórdia e a Santidade na Arte Cristã
Colóquio e Concerto e encerramento da semana (Re)Ver Arte Cristã Igreja do Senhor Jesus das Barrocas, 16.00h
(Re)Ver Arte Cristã - 'Tesouros descodificados'. Participação e intervenções: Capella Antiqua; Relíquias têxteis de Santa Joana Princesa, por Maria João Mota e Mons. João Gaspar; Cruz-Relicário do Beato Francisco Marto (Centenário de Fátima), por Hugo Cálão e Irmã Cidália (ASM); Bandeira da Misericórdia de Aveiro (Ano da Misericórdia), por Liliana Cascais e Pe. Gustavo Fernandes.
Participação de: Capella Antiqua
ANAFRE - II Encontro Freguesias Aveiro - Castelo de Paiva, 2019
Traçar um caminho que auxilie a salvaguardar, tratar e organizar os espólios documentais existent... more Traçar um caminho que auxilie a salvaguardar, tratar e organizar os espólios documentais existentes que constituem os Arquivos das 147 Juntas de Freguesia do Distrito de Aveiro, visando colocar ao serviço da comunidade científica e cultural, atual e vindoura, as fontes históricas que, de outro modo, ficariam desconhecidas ou possivelmente perdidas definitivamente !!
Painéis:
- O Arquivo da Junta de freguesia é um sistema de informação, organizado ou operatório.
- O Padroado em Portugal as freguesias/paróquias nacionais (1143-1834)
- Padroados das Paróquias / Freguesias de Aveiro: Localização dos fundos de arquivo
- As Juntas de Paróquia em Portugal
- As Juntas de Freguesias civis em Portugal
- Os Arquivos das Juntas de Freguesia e planos de Classificação para a Administração Local
- Os Arquivos de Junta de Freguesia no Distrito de Aveiro (147 freguesias)
- O Arquivo da Junta de Freguesia de Ílhavo (caso de estudo)
- A atuação e função do Arquivo Distrital de Aveiro na preservação e mediação dos Arquivos de Junta de Freguesia
- O futuro: CLAV – nova plataforma para a classificação e avaliação da informação arquivística
- Conclusão
6º Workshop de Arquivística «Arquivos Paroquiais: projetos de organização e difusão», organizada pela Universidade Católica: Centro de Estudos de História Religiosa – UCP, Mar 9, 2013
Os arquivos paroquiais na diocese de Aveiro: fontes informativas no estudo do património religios... more Os arquivos paroquiais na diocese de Aveiro: fontes informativas no estudo do património religioso e sua salvaguarda "Os nossos arquivos estão cheios da providência de Deus" Papa João Paulo II Comunicação: Servirá esta nossa comunicação para chamar a atenção na salvaguarda, conservação e divulgação de um dos mais importantes acervos documentais da região de Aveiro, os Arquivos Paroquiais da Diocese de Aveiro, património, infelizmente, tão pouco estudado. O nosso objectivo principal será atendermos à melhor salvaguarda do património cultural da Igreja na sua dimensão arquivística, o qual se constitui por bens informativos e culturais valiosos, tantas vezes insuspeitados, inacessíveis, dispersos e até em risco de conservação. Neste contexto, e em vista a um projecto mais alargado e centralizado da Diocese de Aveiro, pensar-se-á no seu adequado tratamento e controlo auferindo a respectiva divulgação, acesso e fruição. Como se sabe, a Igreja na sua actividade pastoral tem, através dos séculos, devido à sua acção nas dioceses e paróquias, acumulado um grande património documental importante para a memória dos povos e culturas aos quais tem levado mensagem de doutrina e salvação. Alguns documentos da Igreja têm demonstrado a preocupação da mesma com a preservação deste precioso acervo, que muitas vezes diz respeito não só à história eclesiástica, mas informa, também, sobre a memória das freguesias, cidades e países.
Museu da Vista Alegre, Dia internacional dos Monumentos e sítios 2018: Cliclo-Modos de ver, Apr 21, 2018
Comunicação apresentada no Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, comunicação dedicada à devo... more Comunicação apresentada no Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, comunicação dedicada à devoção de Nossa Senhora da Penha de França, por Hugo Calão, mestre em História e Património pela Universidade do Porto e sobre o escultor francês Claude Laprade por Sílvia Ferreira doutorada em Historia pela Universidade de Lisboa. 21-04-2018
Quem foi D. Manuel de Moura Manuel (1632-1699)?
Como surgiu a devoção e culto de Nossa Senhora da Penha de França?
O Património da Igreja da Vista Alegre, monumento nacional.
Dia do Património das Misericórdias - 3 novembro 2017
Junta de Freguesia de São Salvador de Ílhavo, 2020
Entre maio de 2019 e fevereiro de 2020, a Junta de Freguesia iniciou o projeto de recuperação, co... more Entre maio de 2019 e fevereiro de 2020, a Junta de Freguesia iniciou o projeto de recuperação, conservação e organização do arquivo e outra documentação, assim como digitalização e disponibilização das unidades de instalação mais antigas.
Este projeto de organização arquivística teve como propósito inventariar, recuperar e salvaguardar o espólio documental, para colocar ao serviço da comunidade científica e cultural as fontes históricas da atuação na Freguesia que, de outro modo, permaneciam desconhecidas ou perdidas definitivamente.
O Arquivo da Junta de Freguesia de Ílhavo é depositário de inúmera documentação proveniente das atividades dos Ilhavenses ao longo dos tempos. É constituído por várias séries documentais provenientes da secretaria e da tesouraria, para além de ser completado e enriquecido por alguns livros antigos de atas que permitem conhecer um pouco a história da Freguesia e correspondência vária com o município, instituições e com diversas associações culturais e desportivas concelhias.
Relatório Final de Estágio – Mestrado em História e Património – Ramo de especialização em Mediação Patrimonial, 2009
O relatório de conclusão de Mestrado em História e Património aqui apresentado tem como principai... more O relatório de conclusão de Mestrado em História e Património aqui apresentado tem como principais objectivos a identificação dos bens patrimoniais do demolido, Convento da Madre de Deus de Sá de Aveiro e a definição de estratégias para a sua divulgação.
Concentrando-se grande parte do espólio do demolido Convento de Sá no actual Museu de Aveiro, aprofundámos, durante dezasseis semanas de estágio curricular nesta instituição, a investigação iniciada no decurso do primeiro ano curricular de mestrado.
Nesta perspectiva, o nosso trabalho procurou, ainda que de forma limitada pelas dificuldades inerentes ao propósito e à nossa modesta experiência, reunir um corpus de inventário do espólio do convento e levantar informações sobre a complexa rede de
produção, veneração, circulação, consumo, e posterior institucionalização dos objectos de culto e das imagens sacras do convento que hoje compõem as colecções do Museu de
Aveiro e as colecções afectas ao culto em Paróquias da Diocese de Aveiro.
Durante o período de estágio foi-nos possível entrar em contacto directo com a realidade de um Museu Nacional. Enquanto estagiário tive a oportunidade de acompanhar práticas e assimilar atitudes de museologia e conservação.
Apresentado no Seminário de Estruturas Socioeconómicas, Universidade do Porto, FLUP, 2008
in jornal Voz das Misericórdias, 2017
As obras na capela da Misericórdia de Águeda estão prestes a terminar. Em breve o espaço de culto... more As obras na capela da Misericórdia de Águeda estão prestes a terminar. Em breve o espaço de culto estará aberto ao público, e já no próximo mês, dia 18 de Abril, será possível visitar a renovada capela da Santa Casa da Misericórdia de Águeda. Situada no centro do edifício do Hospital Distrital (Hospital-Asylo Conde de Sucena de Águeda), este espaço de culto foi construído em 1906 a expensas do Conde de Sucena, José Rodrigues Sucena, mecenas da Misericórdia de Águeda desde a sua fundação. Após um século de utilização, e de muita trepidação no edificio motivado pela antiga estrada nacional, os materiais (estuque e tabique) que haviam sido cobertos pela magnífica pintura de Luigi Manini, encontra-se em risco de queda e perda, ameaçando à segurança de todos aqueles que visitavam o espaço. A Misericórdia de Águeda, ciente que se arrastasse esta situação a sua perda seria inevitável, desde 2015 pôs "mãos-à-obra", centrando-se a primeira intervenção no telhado, cujas infiltrações se vinham manifestando e degradando o interior do espaço. Em Setembro de 2016, teve início a segunda fase, devolvendo à capela o esplendor à pintura sobre estuque do teto e parietais. António José Mota Rodrigues, provedor da Misericórdia de Águeda, fala deste investimento no património como uma obrigação. "É nosso dever e obrigação cívica e moral preservar o legado que os nossos antepassados, com muito carinho, amor e sacrifício, nos deixaram". A obra foi realizada pela empresa Arte&Talha-conservação e restauro que coordenou a operação. Por entre ferros e traves, andaimes e ferramentas, subia-se ao centro das operações, e a cerca de dezoito metros de altura, sobre as nossas cabeças estendia-se um teto em abóbada muito fissurado da autoria de Luigi Manini e cuja figura central é o anjo da guarda. Um teto de caridade como, carinhosamente, é apelidado. Ilustra, na figura do Anjo, a guarda e proteção a todos que a Misericórdia de Águeda tem prestado nestes seus quase 160 anos de bem-fazer. Com perícia e minucioso cuidado desenvolveram-se as ações de limpeza, conservação da pintura em trompe d'oeil do teto, das figuras, dos medalhões de símbolos eucarísticos e instrumentos musicais e molduras decorativas. Em paralelo, foram também desenvolvidos trabalhos de restauro e estabilização do tardoz da abóbada e expurgo de toda a madeira, dado que já eram notórias as fissuras no estuque que poderiam colocar em risco todo o espaço.