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Papers by Ariel Garcias

Research paper thumbnail of A IDENTIDADE QUILOMBOLA E O PROCESSO DE RECONHECIMENTO DE TERRAS

Resumo Sapê do Norte é uma região localizada ao longo dos vales dos rios Itaúnas e Cricaré, situa... more Resumo Sapê do Norte é uma região localizada ao longo dos vales dos rios Itaúnas e Cricaré, situada nos municípios de São Mateus e Conceição da Barra, norte do estado do Espírito Santo. Esta é uma área que abriga cerca de 39 comunidades remanescentes de quilombos que, até os dias de hoje, mantêm certos hábitos que remontam o modo de viver, sua reprodução material, simbólica e afetiva dos tempos da escravatura. No entanto, até a presente data, não houve a titulação das terras quilombolas, como prevê os artigos 215 e 216 da Constituição Federal Brasileira de 1988. O poder público, portanto, negligencia séculos de história construídos pelas comunidades rurais negras para manter os benefícios e os interesses do capital das grandes empresas privadas. Palavras-chave: Sapê do Norte. Identidade quilombola. Políticas públicas. Territorialidade quilombola. Introdução A partir dos séculos XV e XVI as potências européias voltaram as suas atenções para a colonização de territórios recém " descobertos " e/ou tidos como atrasados diante da cultura européia. Seu principal objetivo era estabelecer novas relações de poder diante de um novo padrão econômico; o capitalismo. Essas relações instituíam uma classificação cultural global, onde a racialização identificaria a posição subalterna dos povos colonizados diante dos colonizadores ii. Ferreira (2009) traduz essa condição inventada no trecho em que se segue: O novo padrão mundial de poder capitalista determinava as novas identidades sociais e geoculturais dos povos através desta classificação social, que passou a associar a relação de dominação colonial eurocêntrica a uma hierarquia racial. A racialização das relações de poder passaria a identificar no corpo dos povos colonizados a marca de sua inferioridade, grafada e legitimada pelas características fenotípicas. Desta maneira, a situação de dominado e " inferior " atribuída aos povos não-europeus, não-brancos, não-cristãos, não-civilizados e não-des-envolvidos ficava grafada no corpo não-branco, e desta maneira se perpetuaria para além do colonialismo (p. 30-31). Entende-se, aqui, que todas as formas de colonização são perversas visto que um de seus objetivos é anular ou enfraquecer a cultura local em detrimento de uma cultura homogeneizadora retratada através da figura do colonizador e de seus costumes. Contudo, o caso do continente africano nos causa estupor por sua estupidez e truculência.

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Resumo Sapê do Norte é uma região localizada ao longo dos vales dos rios Itaúnas e Cricaré, situa... more Resumo Sapê do Norte é uma região localizada ao longo dos vales dos rios Itaúnas e Cricaré, situada nos municípios de São Mateus e Conceição da Barra, norte do estado do Espírito Santo. Esta é uma área que abriga cerca de 39 comunidades remanescentes de quilombos que, até os dias de hoje, mantêm certos hábitos que remontam o modo de viver, sua reprodução material, simbólica e afetiva dos tempos da escravatura. No entanto, até a presente data, não houve a titulação das terras quilombolas, como prevê os artigos 215 e 216 da Constituição Federal Brasileira de 1988. O poder público, portanto, negligencia séculos de história construídos pelas comunidades rurais negras para manter os benefícios e os interesses do capital das grandes empresas privadas. Palavras-chave: Sapê do Norte. Identidade quilombola. Políticas públicas. Territorialidade quilombola. Introdução A partir dos séculos XV e XVI as potências européias voltaram as suas atenções para a colonização de territórios recém " descobertos " e/ou tidos como atrasados diante da cultura européia. Seu principal objetivo era estabelecer novas relações de poder diante de um novo padrão econômico; o capitalismo. Essas relações instituíam uma classificação cultural global, onde a racialização identificaria a posição subalterna dos povos colonizados diante dos colonizadores ii. Ferreira (2009) traduz essa condição inventada no trecho em que se segue: O novo padrão mundial de poder capitalista determinava as novas identidades sociais e geoculturais dos povos através desta classificação social, que passou a associar a relação de dominação colonial eurocêntrica a uma hierarquia racial. A racialização das relações de poder passaria a identificar no corpo dos povos colonizados a marca de sua inferioridade, grafada e legitimada pelas características fenotípicas. Desta maneira, a situação de dominado e " inferior " atribuída aos povos não-europeus, não-brancos, não-cristãos, não-civilizados e não-des-envolvidos ficava grafada no corpo não-branco, e desta maneira se perpetuaria para além do colonialismo (p. 30-31). Entende-se, aqui, que todas as formas de colonização são perversas visto que um de seus objetivos é anular ou enfraquecer a cultura local em detrimento de uma cultura homogeneizadora retratada através da figura do colonizador e de seus costumes. Contudo, o caso do continente africano nos causa estupor por sua estupidez e truculência.