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Artigos by Bernardo Rocha Carvalho

Revista Fim do Mundo, 2021

Na medida em que avançamos no século XXI, têm ficado cada vez mais claros os contor... more Na medida em que avançamos no século XXI, têm ficado cada vez mais claros os contornos geopolíticos de um conflito em escala global –ao antagonizar a China, os Estados Unidos levaram alguns analistas a falar em uma segunda Guerra Fria. Neste artigo procuro demonstrar que, de fato, o deslocamento do eixo estratégico norte-americano em direção ao oceano Pacífico apresenta consideráveis paralelos com a estratégia de Contenção [Containment] empregada contra o bloco soviético. Procurei, contudo, expor as dificuldades de reedição desta estratégia por parte dos Estados Unidos diante de um adversário cuja política externa tem se mostrado cada vez mais inovadora.

Cadernos da Escola do Legislativo, 2021

A historiografia do golpe de 1964, ainda que continuamente em expansão, dedicou pouca atenção ao ... more A historiografia do golpe de 1964, ainda que continuamente em expansão, dedicou pouca atenção ao papel dos partidos políticos nos processos de desestabilização política, agravamento da crise e instauração da ditadura. Para suprir essa lacuna, procuramos contribuir com um estudo sobre o comportamento da seção mineira do Partido Social Democrático (PSD) na Assembleia de Minas, onde alguns de seus principais quadros se envolveram diretamente nas conspirações contra o presidente João Goulart, mas cujo principal objetivo era viabilizar o retorno, por via eleitoral, do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Apesar de terem cumprido o papel deles esperado pelos militares na ocasião do golpe, em 1964, os políticos do PSD mineiro viram-se derrotados em 1965, quando o partido foi extinto pela ditadura no âmbito do Ato Institucional nº 2.

Dissertação de Mestrado by Bernardo Rocha Carvalho

Dissertação de Mestrado, 2018

Estudo que objetiva investigar a atuação de parlamentares da Assembleia de Minas nas ocasiões do ... more Estudo que objetiva investigar a atuação de parlamentares da Assembleia de Minas nas ocasiões do golpe de Estado de 1964 e da extinção dos partidos políticos que teve efeito com o segundo Ato Institucional em 1965. Parte-se da constatação da escassez de estudos que abordem as consequências do golpe sobre os parlamentos estaduais e os partidos políticos em nível regional. A pesquisa situa-se no campo da histórica política e trata, especificamente, da 5ª Legislatura (1963-1967) da Assembleia de Minas, cuja cronologia compreende os acontecimentos mais críticos para a consolidação do regime no que tange ao seu domínio sobre a vida política nacional, ou seja, além do golpe, a promulgação do primeiro Ato Institucional, a eleição, pelo Congresso, do então general Castelo Branco para a presidência, a cassação do mandato de senador e dos direitos políticos do ex-presidente Juscelino Kubitscheck e a promulgação do Ato Institucional n° 2, que extinguiu os partidos existentes e encerrou o sistema político-partidário que vigorou durante a 4ª República (1945-1964). Pretendeu-se realizar um estudo em profundidade particularmente das atuações das bancadas dos três maiores partidos (PTB, UDN e PSD) em resposta a eventos chave daquela crise política, enfatizando-se o momento do golpe (abril de 1964 – Capítulos 1 e 2) e o da extinção dos partidos (outubro de 1965 – Capítulo 3).

Books by Bernardo Rocha Carvalho

Ilegais e Imorais autoritarismo, interferência política e corrupção dos militares na história do Brasil, 2024

Trabalhos apresentados by Bernardo Rocha Carvalho

Anais do 20º Encontro de História da Anpuh-Rio, 2022

Neste trabalho exploratório, pretendemos analisar as possíveis influências exercidas pelas figura... more Neste trabalho exploratório, pretendemos analisar as possíveis influências exercidas pelas figuras do presidente Lázaro Cárdenas, do México, e Getúlio Vargas, do Brasil, sobre a política da Boa Vizinhança do presidente Franklin D. Roosevelt, dos Estados Unidos, para a América Latina. Partimos da premissa de que a partir da segunda metade da década de 1930, em função do recrudescimento dos conflitos entre as grandes potências, alguns países latino-americanos encontraram uma "janela de oportunidades" para levar a cabo transformações estruturais em sua política econômica, levando-os a exercer maior assertividade em suas relações com os Estados Unidos. Estas transformações estruturais se alicerçavam na ideia geral de superação da dependência de exportação de matérias primas enquanto eixo principal de suas economias nacionais. Levá-las a cabo significava, ainda, reexaminar criticamente o papel exercido nestes países pelo capital externo e seu grau de liberdade de fluxo. No caso do México de Cárdenas, o nacionalismo econômico levou o governo à expropriação das empresas estrangeiras de petróleo em 1938, enquanto no caso do Brasil de Vargas, diferentemente, foi firmada uma parceria direta com Roosevelt para o financiamento de uma usina siderúrgica de grande porte, que seria a base da industrialização do país, com recursos do governo norte-americano. Embora fossem igualmente desenvolvimentistas, os governos de Cárdenas e de Vargas, portanto, se diferenciaram sensivelmente em sua estratégia de política externa, e nos resultados que pretendiam alcançar por meio da diplomacia com a grande potência hemisférica americana. Roosevelt já conduzia sua política da Boa Vizinhança em relação à América Latina como um todo, procurando consolidar a posição do continente na esfera de influência geopolítica estadunidense por meio da melhora nos termos destas relações, resultando em facilidades de investimento, trocas culturais e aproximação militar, mas, decerto, a recíproca de cada país variou consideravelmente. Com este trabalho, pretendemos alargar o escopo de análise da diplomacia rooseveltiana para além das relações bilaterais, e considerá-la a partir das influências que sofreu dos governos Cárdenas e Vargas - dois personagens prioritários na agenda do presidente norte-americano. Nossa premissa teórica resume-se na seguinte proposição de Schulze e Fischer (2018, p. 11, tradução nossa), no artigo "História do Brasil como História Global": "Os atores históricos pensavam sobre a condição global, e abriam novos espaços para a ação ao redefinir suas posições no mundo. Com frequência isso implicava em refletir sobre sua própria agência e sobre a inserção do Brasil nas relações de poder internacionais".

Anais do IV Encontro de Pós-Graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO), 2022

Estudo acerca da atuação de João Pandiá Calógeras como ministro da Guerra, entre 1919 e 1922, par... more Estudo acerca da atuação de João Pandiá Calógeras como ministro da Guerra, entre 1919 e 1922, para o qual recorremos prioritariamente aos escritos do próprio autor sobre os problemas enfrentados pelo Exército à época. No comando da pasta, Calógeras lançou amplos esforços de profissionalização da corporação; era crítico dos critérios clientelísticos de promoção na hierarquia militar, e procurou incutir eficiência na gestão dos arsenais e das indústrias de armamento e munições pertencentes ao Exército. Enfatizou também a questão da formação dos oficiais, e seu maior legado no campo da reforma da doutrina militar foi a contratação da conhecida Missão Militar Francesa. Seu programa reformista, contudo, o antagonizou com mais de uma geração de oficiais do Exército, entre veteranos e jovens que se lançavam à vida política e apregoavam noções de reformismo social, além dos adeptos da intervenção militar direta no governo. Ao idealizar a emergência do Brasil como potência mundial, Calógeras pretendia transformar o Exército em uma força equiparada à dos países vitoriosos na Primeira Guerra Mundial, mas era também de importância crítica, para ele, que a corporação não fosse fator de instabilidade política, e que, portanto, jamais permitisse qualquer tipo de engajamento na vida pública nacional por parte de seus integrantes. O fato de ser civil, de longa carreira política, e de procurar coibir o envolvimento militar no domínio das decisões políticas ao longo de sua chefia no Ministério da Guerra o transformou, na prática, em um antagonista da própria corporação que comandava, apesar de seus significativos esforços de modernização e alavancagem das capacidades do Exército.

Anais do XII Seminário de Estudos Mineiros, 2020

A dinâmica da economia em Minas Gerais permaneceu subordinada à de estados vizinhos, nomeadamente... more A dinâmica da economia em Minas Gerais permaneceu subordinada à de estados vizinhos, nomeadamente Rio de Janeiro e São Paulo, durante a maior parte do século XX. Para reverter o quadro em direção ao protagonismo nacional e impulsionar o desenvolvimento do estado, diferentes agentes, de diferentes setores da sociedade mineira, propuseram uma série razoavelmente coerente de formulações de cunho político remetendo a um "fundo" cultural comum, que os aproximava apesar das diferenças endógenas. Para analisar estas formulações, propomos neste ensaio aproximativo, cujo argumento surgiu no âmbito de nossa pesquisa de mestrado, a análise de argumentos para a industrialização mineira, com ênfase nas atividades de mineração e siderurgia, apresentados em momentos-chave nas décadas de 1960 e 1970, período que precedeu o impulso econômico mais significativo na história de Minas no século passado.

Anais do VI EPHIS - Encontro de Pesquisa em História da UFMG, 2018

A proposta do texto é realizar uma análise do imaginário da mineiridade cotejada com a ideia da m... more A proposta do texto é realizar uma análise do imaginário da mineiridade cotejada com a ideia da modernização conservadora, uma das principais chaves de interpretação da história do Brasil. Para tanto, lançou-se mão de alguns conceitos de Pierre Bourdieu sobre a dimensão simbólica das relações sociais e de Eric J. Hobsbawm sobre a invenção de tradições nas sociedades modernas. De tal modo, pretendeu-se contribuir com um estudo sobre a medida da importância das "estruturas cognitivas" (Bourdieu, 2014) para o estabelecimento de um pacto liberal-conservador entre elites econômicas e políticas, que orientou a entrada do Brasil no mundo industrial moderno.

Anais do XXIX Simpósio Nacional de História, 2017

A atuação de muitos dos integrantes da União Democrática Nacional – a UDN – foi marcada pela defe... more A atuação de muitos dos integrantes da União Democrática Nacional – a UDN – foi marcada pela defesa do chamado “municipalismo”, ou seja, maior autonomia administrativa e controle de recursos por parte dos municípios, em oposição ao que denunciavam como sendo um excessivo controle e centralização da estrutura política do país por parte do poder executivo nacional. A partir desta observação, realizada com base na leitura de pronunciamentos de parlamentares mineiros integrantes da UDN, proponho como objeto de pesquisa o percurso realizado por estes parlamentares, em seus discursos, a partir do apoio enfático de seu partido ao golpe militar de 1964 e ao regime implantado em seguida. Trata-se, portanto, de um estudo sobre o comportamento político dos udenistas diante do desdobramento daquela crise conjuntural, num momento em que seus discursos oscilam entre a apologia ao ideal liberal/federalista – contra a chamada “república sindicalista”, em alcunha que remete à Era Vargas – e o apoio à intensa centralização do poder político realizada pelos militares, que procuraram controlar, em sua totalidade, a máquina administrativa estatal.