Cecilia Campello do A. Mello (original) (raw)
Papers by Cecilia Campello do A. Mello
Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 2007
Financiers, philantropes: vocations éthiques et réproduction du capital à Wall Street depuis 1970... more Financiers, philantropes: vocations éthiques et réproduction du capital à Wall Street depuis 1970Nicolas Guilhot,Raisons d’Agir éditions, Paris, 2004.
Cadernos de Campo (São Paulo - 1991)
A obra de Jeanne Favret-Saada é consagrada ao estudo dos efeitos sociais da anunciação de três te... more A obra de Jeanne Favret-Saada é consagrada ao estudo dos efeitos sociais da anunciação de três termos particulares, em campos muito díspares: feiticeiro, judeu e blasfemo. Elas funcionam dentro de dispositivo acusatório pré-existente à sua enunciação, cuja elucidação é o objeto desta antropologia: a atualização de suas convicções implícitas permite identificar as condições de felicidade dos enunciados, o que permite o sucesso ou fracasso de uma acusação.
Cadernos de Campo (São Paulo - 1991)
Jeanne Favret-Saada constrói um plano metodológico inteiramente novo na antropologia que reconhe... more Jeanne Favret-Saada constrói um plano metodológico inteiramente novo na antropologia que reconhecemos nas dobras de seus textos várias linhas de criação e diferentes ideias-ferramentas que podem ser experimentadas por outros/as praticantes da pesquisa na antropologia. Como uma caixa de ferramentas, seus textos oferecem, mais do que pontos de apoio, linhas de derivação e flutuação que apontam caminhos para criação etnográfica. A ideia de traduzir esses três artigos de Jeanne Favret-Saada surgiu da nossa compreensão comum sobre a importância de seu modo de fazer e de conceber a antropologia que a autora propagou na disciplina e que fertilizou nossos respectivos trabalhos. A nossa proposta de trazer esses três textos para os/as leitores/as da Cadernos de Campo nasce de um desejo de que sua obra –profundamente original e provocadora– seja mais conhecida do público brasileiro. Os artigos são elaborações mais recentes em que a autora retoma três momentos de sua obra: pesquisa etnográfic...
Anuário Antropológico, 2020
Aquém da possessão: a noção de irradiação nos estudos das religiões de matriz africana Below poss... more Aquém da possessão: a noção de irradiação nos estudos das religiões de matriz africana Below possession: the notion of irradiation in the studies of African diaspora religions
Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 2015
Num momento histórico em que as forças do capital se expandem e agenciam-se sobre espaços e domín... more Num momento histórico em que as forças do capital se expandem e agenciam-se sobre espaços e domínios que se caracterizam por seu uso público ou comum, como seria possível a constituição de movimentos de resistência em defesa desses mesmos espaços? Este artigo analisa um processo de luta específico que logrou conter a expansão de um mecanismo de produção de desigualdade numa pequena cidade do extremo sul baiano, situada em uma nova fronteira de expansão do capital. Em disputa, os manguezais dos municípios de Caravelas e Nova Viçosa (BA), áreas livres de uso comum, ocupadas por uma população de pescadores e marisqueiros, em aliança com outros agentes, em outras escalas, foram capazes de impedir a instalação de um grande projeto de carcinicultura. Entender os múltiplos sentidos da política implícitos nesse movimento nascido em uma pequena cidade insurgente é a tarefa a que nos propomos.
Les Annales de la recherche urbaine, 2004
Fuites d'huile, explosions sur les plateformes maritimes, les accidents se multiplient depuis... more Fuites d'huile, explosions sur les plateformes maritimes, les accidents se multiplient depuis quelques annees sur les sites de Petrobras. Entre accident du travail et catastrophe environnementale, les debats publics et conflits locaux engendres par ces evenements mettent en cause les carences de la securite organisee. Ils confirment aussi l'hegemonie de l'entreprise sur le territoire.
Cadernos de Campo (São Paulo - 1991)
Jeanne Favret-Saada constrói um plano metodológico inteiramente novo na antropologia que reconhe... more Jeanne Favret-Saada constrói um plano metodológico inteiramente novo na antropologia que reconhecemos nas dobras de seus textos várias linhas de criação e diferentes ideias-ferramentas que podem ser experimentadas por outros/as praticantes da pesquisa na antropologia. Como uma caixa de ferramentas, seus textos oferecem, mais do que pontos de apoio, linhas de derivação e flutuação que apontam caminhos para criação etnográfica. A ideia de traduzir esses três artigos de Jeanne Favret-Saada surgiu da nossa compreensão comum sobre a importância de seu modo de fazer e de conceber a antropologia que a autora propagou na disciplina e que fertilizou nossos respectivos trabalhos. A nossa proposta de trazer esses três textos para os/as leitores/as da Cadernos de Campo nasce de um desejo de que sua obra –profundamente original e provocadora– seja mais conhecida do público brasileiro. Os artigos são elaborações mais recentes em que a autora retoma três momentos de sua obra: pesquisa etnográfic...
Revista de Antropologia, 2016
O presente artigo propõe-se a apresentar algumas inflexões teórico-metodológicas nascidas da etno... more O presente artigo propõe-se a apresentar algumas inflexões teórico-metodológicas nascidas da etnografia de um processo de conflito ambiental em uma área de manguezal ocupada por grupos extrativistas no Nordeste brasileiro. Pretende-se apresentar como os diferentes actantes em disputa – quais sejam, os empresários, os pesquisadores associados às ongs ambientalistas, os marisqueiros e as crianças de um movimento cultural afroindígena – nomeiam, definem e se apropriam daquilo que designam, cada um a seu modo, fazenda de camarão, ecossistema manguezal ou, simplesmente, mangue. A partir de uma pesquisa de campo de longa duração, este artigo propõe o exercício analítico de se aproximar dos percursos e deslocamentos nativos nas situações em que acontecem, tornando possível o vislumbre de múltiplos modos de ser extrativista e indicando, em consequência, a necessidade de uma complexificação da noção de grupo ou população extrativista.
Cadernos De Campo (São Paulo - 1991) v.31 n.2, 2022
Jeanne Favret-Saada constrói um plano metodológico inteiramente novo na antropologia que reconhe... more Jeanne Favret-Saada constrói um plano metodológico inteiramente novo na antropologia que reconhecemos nas dobras de seus textos várias linhas de criação e diferentes ideias-ferramentas que podem ser experimentadas por outros/as praticantes da pesquisa na antropologia. Como uma caixa de ferramentas, seus textos oferecem, mais do que pontos de apoio, linhas de derivação e flutuação que apontam caminhos para criação etnográfica.
A ideia de traduzir esses três artigos de Jeanne Favret-Saada surgiu da nossa compreensão comum sobre a importância de seu modo de fazer e de conceber a antropologia que a autora propagou na disciplina e que fertilizou nossos respectivos trabalhos. A nossa proposta de trazer esses três textos para os/as leitores/as da Cadernos de Campo nasce de um desejo de que sua obra –profundamente original e provocadora– seja mais conhecida do público brasileiro.
Os artigos são elaborações mais recentes em que a autora retoma três momentos de sua obra: pesquisa etnográfica sobre feitiçaria, pesquisa com material de imprensa sobre polêmicas públicas religiosas e pesquisa em arquivos da Igreja Católica. Nas transições das questões intelectuais de cada artigo, podemos ver as ferramentas criadas por Jeanne Favret-Saada.
Revista de Antropologia da UFSCar, 2017
A partir da etnografia sobre um movimento cultural afroindígena do extremo sul da Bahia, indagam... more A partir da etnografia sobre um movimento cultural afroindígena do extremo sul da Bahia, indagamos: como recriar textualmente um mundo de modo a não reduzir ou compartimentalizar a diversidade da experiência cotidiana e sua potência criativa em segmentos monolíticos como política, religião, meio ambiente, subjetividade? Propõe-se uma leitura que visa experimentar a ideia de que a produção artística, a práxis política e a ecologia do movimento cultural estudado compõem um certo modo específico de lidar com um mundo povoado por seres viventes e não viventes e pelas múltiplas potências que deles irradiam.
Cadernos de Campo (São Paulo, 1991), 2014
Artista 2 arte isso arte manha artista façanha de teia de aranha assanha cromossomicamente as gar... more Artista 2 arte isso arte manha artista façanha de teia de aranha assanha cromossomicamente as garras do amor da fome, da guerra luta que brinca artista é isto arte de aranha manha de isca belisca, petisca a arte engole o artista autora Cecília Campello do
Novos Cadernos NAEA, 2013
R@u - Revista de Antropologia da UFSCar, 2017
A partir da etnografia sobre um movimento cultural afroindígena do extremo sul da Bahia, indagamo... more A partir da etnografia sobre um movimento cultural afroindígena do extremo sul da Bahia, indagamos: como recriar textualmente um mundo de modo a não reduzir ou compartimentalizar a diversidade da experiência cotidiana e sua potência criativa em segmentos monolíticos como política, religião, meio ambiente, subjetividade? Propõe-se uma leitura que visa experimentar a ideia de que a produção artística, a práxis política e a ecologia do movimento cultural estudado compõem um certo modo específico de lidar com um mundo povoado por seres viventes e não viventes e pelas múltiplas potências que deles irradiam.
Anuário Antropológico , 2020
O tema do transe de possessão atravessa a história dos estudos das religiões de matriz africana, ... more O tema do transe de possessão atravessa a história dos estudos das religiões de matriz africana, ao longo da qual foi objeto de enfoques diversos, que vão desde abordagens médico-naturalistas, até aquelas que procuram experimentar as consequências do encontro entre conceitos e práticas nativas e antropológicas. A partir de uma pesquisa de campo extensa em uma pequena cidade do extremo sul da Bahia, Brasil, com um grupo que se define como afro-indígena, observamos o uso da noção de irradiação para designar uma força que atravessa os corpos e os transforma ou, antes, os modula, tornando-os, em alguma medida, outros, estado no qual ocorreria a transmissão do axé. A partir da análise da produção bibliográfica do campo das religiões de matriz africana, este trabalho visa, num primeiro momento, cartografar os usos e sentidos da noção de irradiação em outros contextos etnográficos, nos quais muitas vezes é interpretada como uma espécie de “semitranse”. Num segundo momento, este trabalho visa tirar as consequências da perspectiva nativa a respeito dessa força, entendida não como um estágio prévio, mas como um outro modo, próximo, porém, distinto do transe de possessão.
Palavras-chave: Religiões de matriz africana. Candomblé. Umbanda. Possessão. Irradiação. Afro-indígena. Bahia.
Abstract: The theme of trance of possession has been the object of diverse approaches throughout the history of African diaspora religions, ranging from medical-naturalist approaches to those seeking to experiment with the encounter between native concepts and practices and anthropological thought and practices. Based on an extensive fieldwork in a small city in the extreme south of Bahia, Brazil, with a group that defines itself as afroindigenous, we observe the use of the notion of irradiation to designate a force that crosses bodies and transforms and modulates them, turning them, to some extent, into others, and through which the transmission of the axé would occur. From the analysis of the bibliographical production of African diaspora religions, this work aims, at first, to map the uses and meanings of the notion of irradiation in other ethnographic contexts, in which it is often interpreted as a kind of "semitrance". Secondly, this work seeks to draw the consequences of the native perspective on this force, understood not as a previous stage, but as another mode, close but distinct from trance of possession.
Keywords: African diasporic religions. Candomblé. Umbanda. Possession. Irradiation. Afroindigenous. Bahia.
Insurgências, Ecologias Dissidentes e Antropologia Modal, 2020
O presente artigo propõe-se a apresentar algumas inflexões teórico-metodológicas nascidas da etno... more O presente artigo propõe-se a apresentar algumas inflexões teórico-metodológicas nascidas da etnografia de um processo de conflito ambiental em uma área de manguezal ocupada por grupos extrativistas no Nordeste brasileiro. Pretende-se apresentar como os diferentes actantes em disputa – quais sejam, os empresários, os pesquisadores associados às ONGs ambientalistas, os(as) marisqueiros(as) e as crianças de um movimento cultural afroindígena – nomeiam, definem e se apropriam daquilo que designam, cada um a seu modo, fazenda de camarão, ecossistema manguezal ou, simplesmente, mangue. A partir de uma pesquisa de campo de longa duração, este artigo pro-põe o exercício analítico de se aproximar dos percursos e deslocamentos nativos nas situações em que acontecem, tornando possível o vislumbre de múltiplos modos de ser extrativista e indicando, em consequência, a necessidade de uma complexificação da noção de grupo ou população extrativismo.This article intends to present some theoretical and methodological inflections based on an ethnographic study of a mangrove area occupied by extractive groups in Northeast Brazil. It intends to present how the different actants in dispute - namely, entrepreneurs, researchers associated with environmental NGOs, the shellfish and crab collectors and the children of a cultural movement - define and use what they designate, each in its own way, shrimp farm, mangrove ecosystem or simply mangrove. From a long-term field research, this paper proposes the analytical exercise of approaching native routes and displacements, making it possible to apprehend the multiple ways of being extractive and indicating, as a result, the need for a complexification of the concept of group or extractive population.
A partir de pesquisa na região de Altamira (PA), este artigo analisa a perspectiva dos grupos soc... more A partir de pesquisa na região de Altamira (PA), este artigo analisa a perspectiva dos grupos sociais mais atingidos pelo projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte – as comunidades indígenas e ribeirinhas da região – buscando entender os sentidos que estes grupos atribuem aos impactos potenciais da obra e do funcionamento da Usina em seu modo de vida. Através de entrevistas com representantes dos grupos indígenas e ribeirinhos da região de Altamira (Juruna e Xipaya) e das redações de crianças da zona ribeirinha, a presente investigação, realizada em agosto e novembro de 2009, buscou atentar para os critérios, lógicas e racionalidades próprias a esses grupos sociais em seu exercício de produção de uma contra-expertise nativa, em oposição ao saber técnico associado ao chamado “empreendedor”, produzido por consultores contratados e pelo Estado.
Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 2007
Financiers, philantropes: vocations éthiques et réproduction du capital à Wall Street depuis 1970... more Financiers, philantropes: vocations éthiques et réproduction du capital à Wall Street depuis 1970Nicolas Guilhot,Raisons d’Agir éditions, Paris, 2004.
Cadernos de Campo (São Paulo - 1991)
A obra de Jeanne Favret-Saada é consagrada ao estudo dos efeitos sociais da anunciação de três te... more A obra de Jeanne Favret-Saada é consagrada ao estudo dos efeitos sociais da anunciação de três termos particulares, em campos muito díspares: feiticeiro, judeu e blasfemo. Elas funcionam dentro de dispositivo acusatório pré-existente à sua enunciação, cuja elucidação é o objeto desta antropologia: a atualização de suas convicções implícitas permite identificar as condições de felicidade dos enunciados, o que permite o sucesso ou fracasso de uma acusação.
Cadernos de Campo (São Paulo - 1991)
Jeanne Favret-Saada constrói um plano metodológico inteiramente novo na antropologia que reconhe... more Jeanne Favret-Saada constrói um plano metodológico inteiramente novo na antropologia que reconhecemos nas dobras de seus textos várias linhas de criação e diferentes ideias-ferramentas que podem ser experimentadas por outros/as praticantes da pesquisa na antropologia. Como uma caixa de ferramentas, seus textos oferecem, mais do que pontos de apoio, linhas de derivação e flutuação que apontam caminhos para criação etnográfica. A ideia de traduzir esses três artigos de Jeanne Favret-Saada surgiu da nossa compreensão comum sobre a importância de seu modo de fazer e de conceber a antropologia que a autora propagou na disciplina e que fertilizou nossos respectivos trabalhos. A nossa proposta de trazer esses três textos para os/as leitores/as da Cadernos de Campo nasce de um desejo de que sua obra –profundamente original e provocadora– seja mais conhecida do público brasileiro. Os artigos são elaborações mais recentes em que a autora retoma três momentos de sua obra: pesquisa etnográfic...
Anuário Antropológico, 2020
Aquém da possessão: a noção de irradiação nos estudos das religiões de matriz africana Below poss... more Aquém da possessão: a noção de irradiação nos estudos das religiões de matriz africana Below possession: the notion of irradiation in the studies of African diaspora religions
Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 2015
Num momento histórico em que as forças do capital se expandem e agenciam-se sobre espaços e domín... more Num momento histórico em que as forças do capital se expandem e agenciam-se sobre espaços e domínios que se caracterizam por seu uso público ou comum, como seria possível a constituição de movimentos de resistência em defesa desses mesmos espaços? Este artigo analisa um processo de luta específico que logrou conter a expansão de um mecanismo de produção de desigualdade numa pequena cidade do extremo sul baiano, situada em uma nova fronteira de expansão do capital. Em disputa, os manguezais dos municípios de Caravelas e Nova Viçosa (BA), áreas livres de uso comum, ocupadas por uma população de pescadores e marisqueiros, em aliança com outros agentes, em outras escalas, foram capazes de impedir a instalação de um grande projeto de carcinicultura. Entender os múltiplos sentidos da política implícitos nesse movimento nascido em uma pequena cidade insurgente é a tarefa a que nos propomos.
Les Annales de la recherche urbaine, 2004
Fuites d'huile, explosions sur les plateformes maritimes, les accidents se multiplient depuis... more Fuites d'huile, explosions sur les plateformes maritimes, les accidents se multiplient depuis quelques annees sur les sites de Petrobras. Entre accident du travail et catastrophe environnementale, les debats publics et conflits locaux engendres par ces evenements mettent en cause les carences de la securite organisee. Ils confirment aussi l'hegemonie de l'entreprise sur le territoire.
Cadernos de Campo (São Paulo - 1991)
Jeanne Favret-Saada constrói um plano metodológico inteiramente novo na antropologia que reconhe... more Jeanne Favret-Saada constrói um plano metodológico inteiramente novo na antropologia que reconhecemos nas dobras de seus textos várias linhas de criação e diferentes ideias-ferramentas que podem ser experimentadas por outros/as praticantes da pesquisa na antropologia. Como uma caixa de ferramentas, seus textos oferecem, mais do que pontos de apoio, linhas de derivação e flutuação que apontam caminhos para criação etnográfica. A ideia de traduzir esses três artigos de Jeanne Favret-Saada surgiu da nossa compreensão comum sobre a importância de seu modo de fazer e de conceber a antropologia que a autora propagou na disciplina e que fertilizou nossos respectivos trabalhos. A nossa proposta de trazer esses três textos para os/as leitores/as da Cadernos de Campo nasce de um desejo de que sua obra –profundamente original e provocadora– seja mais conhecida do público brasileiro. Os artigos são elaborações mais recentes em que a autora retoma três momentos de sua obra: pesquisa etnográfic...
Revista de Antropologia, 2016
O presente artigo propõe-se a apresentar algumas inflexões teórico-metodológicas nascidas da etno... more O presente artigo propõe-se a apresentar algumas inflexões teórico-metodológicas nascidas da etnografia de um processo de conflito ambiental em uma área de manguezal ocupada por grupos extrativistas no Nordeste brasileiro. Pretende-se apresentar como os diferentes actantes em disputa – quais sejam, os empresários, os pesquisadores associados às ongs ambientalistas, os marisqueiros e as crianças de um movimento cultural afroindígena – nomeiam, definem e se apropriam daquilo que designam, cada um a seu modo, fazenda de camarão, ecossistema manguezal ou, simplesmente, mangue. A partir de uma pesquisa de campo de longa duração, este artigo propõe o exercício analítico de se aproximar dos percursos e deslocamentos nativos nas situações em que acontecem, tornando possível o vislumbre de múltiplos modos de ser extrativista e indicando, em consequência, a necessidade de uma complexificação da noção de grupo ou população extrativista.
Cadernos De Campo (São Paulo - 1991) v.31 n.2, 2022
Jeanne Favret-Saada constrói um plano metodológico inteiramente novo na antropologia que reconhe... more Jeanne Favret-Saada constrói um plano metodológico inteiramente novo na antropologia que reconhecemos nas dobras de seus textos várias linhas de criação e diferentes ideias-ferramentas que podem ser experimentadas por outros/as praticantes da pesquisa na antropologia. Como uma caixa de ferramentas, seus textos oferecem, mais do que pontos de apoio, linhas de derivação e flutuação que apontam caminhos para criação etnográfica.
A ideia de traduzir esses três artigos de Jeanne Favret-Saada surgiu da nossa compreensão comum sobre a importância de seu modo de fazer e de conceber a antropologia que a autora propagou na disciplina e que fertilizou nossos respectivos trabalhos. A nossa proposta de trazer esses três textos para os/as leitores/as da Cadernos de Campo nasce de um desejo de que sua obra –profundamente original e provocadora– seja mais conhecida do público brasileiro.
Os artigos são elaborações mais recentes em que a autora retoma três momentos de sua obra: pesquisa etnográfica sobre feitiçaria, pesquisa com material de imprensa sobre polêmicas públicas religiosas e pesquisa em arquivos da Igreja Católica. Nas transições das questões intelectuais de cada artigo, podemos ver as ferramentas criadas por Jeanne Favret-Saada.
Revista de Antropologia da UFSCar, 2017
A partir da etnografia sobre um movimento cultural afroindígena do extremo sul da Bahia, indagam... more A partir da etnografia sobre um movimento cultural afroindígena do extremo sul da Bahia, indagamos: como recriar textualmente um mundo de modo a não reduzir ou compartimentalizar a diversidade da experiência cotidiana e sua potência criativa em segmentos monolíticos como política, religião, meio ambiente, subjetividade? Propõe-se uma leitura que visa experimentar a ideia de que a produção artística, a práxis política e a ecologia do movimento cultural estudado compõem um certo modo específico de lidar com um mundo povoado por seres viventes e não viventes e pelas múltiplas potências que deles irradiam.
Cadernos de Campo (São Paulo, 1991), 2014
Artista 2 arte isso arte manha artista façanha de teia de aranha assanha cromossomicamente as gar... more Artista 2 arte isso arte manha artista façanha de teia de aranha assanha cromossomicamente as garras do amor da fome, da guerra luta que brinca artista é isto arte de aranha manha de isca belisca, petisca a arte engole o artista autora Cecília Campello do
Novos Cadernos NAEA, 2013
R@u - Revista de Antropologia da UFSCar, 2017
A partir da etnografia sobre um movimento cultural afroindígena do extremo sul da Bahia, indagamo... more A partir da etnografia sobre um movimento cultural afroindígena do extremo sul da Bahia, indagamos: como recriar textualmente um mundo de modo a não reduzir ou compartimentalizar a diversidade da experiência cotidiana e sua potência criativa em segmentos monolíticos como política, religião, meio ambiente, subjetividade? Propõe-se uma leitura que visa experimentar a ideia de que a produção artística, a práxis política e a ecologia do movimento cultural estudado compõem um certo modo específico de lidar com um mundo povoado por seres viventes e não viventes e pelas múltiplas potências que deles irradiam.
Anuário Antropológico , 2020
O tema do transe de possessão atravessa a história dos estudos das religiões de matriz africana, ... more O tema do transe de possessão atravessa a história dos estudos das religiões de matriz africana, ao longo da qual foi objeto de enfoques diversos, que vão desde abordagens médico-naturalistas, até aquelas que procuram experimentar as consequências do encontro entre conceitos e práticas nativas e antropológicas. A partir de uma pesquisa de campo extensa em uma pequena cidade do extremo sul da Bahia, Brasil, com um grupo que se define como afro-indígena, observamos o uso da noção de irradiação para designar uma força que atravessa os corpos e os transforma ou, antes, os modula, tornando-os, em alguma medida, outros, estado no qual ocorreria a transmissão do axé. A partir da análise da produção bibliográfica do campo das religiões de matriz africana, este trabalho visa, num primeiro momento, cartografar os usos e sentidos da noção de irradiação em outros contextos etnográficos, nos quais muitas vezes é interpretada como uma espécie de “semitranse”. Num segundo momento, este trabalho visa tirar as consequências da perspectiva nativa a respeito dessa força, entendida não como um estágio prévio, mas como um outro modo, próximo, porém, distinto do transe de possessão.
Palavras-chave: Religiões de matriz africana. Candomblé. Umbanda. Possessão. Irradiação. Afro-indígena. Bahia.
Abstract: The theme of trance of possession has been the object of diverse approaches throughout the history of African diaspora religions, ranging from medical-naturalist approaches to those seeking to experiment with the encounter between native concepts and practices and anthropological thought and practices. Based on an extensive fieldwork in a small city in the extreme south of Bahia, Brazil, with a group that defines itself as afroindigenous, we observe the use of the notion of irradiation to designate a force that crosses bodies and transforms and modulates them, turning them, to some extent, into others, and through which the transmission of the axé would occur. From the analysis of the bibliographical production of African diaspora religions, this work aims, at first, to map the uses and meanings of the notion of irradiation in other ethnographic contexts, in which it is often interpreted as a kind of "semitrance". Secondly, this work seeks to draw the consequences of the native perspective on this force, understood not as a previous stage, but as another mode, close but distinct from trance of possession.
Keywords: African diasporic religions. Candomblé. Umbanda. Possession. Irradiation. Afroindigenous. Bahia.
Insurgências, Ecologias Dissidentes e Antropologia Modal, 2020
O presente artigo propõe-se a apresentar algumas inflexões teórico-metodológicas nascidas da etno... more O presente artigo propõe-se a apresentar algumas inflexões teórico-metodológicas nascidas da etnografia de um processo de conflito ambiental em uma área de manguezal ocupada por grupos extrativistas no Nordeste brasileiro. Pretende-se apresentar como os diferentes actantes em disputa – quais sejam, os empresários, os pesquisadores associados às ONGs ambientalistas, os(as) marisqueiros(as) e as crianças de um movimento cultural afroindígena – nomeiam, definem e se apropriam daquilo que designam, cada um a seu modo, fazenda de camarão, ecossistema manguezal ou, simplesmente, mangue. A partir de uma pesquisa de campo de longa duração, este artigo pro-põe o exercício analítico de se aproximar dos percursos e deslocamentos nativos nas situações em que acontecem, tornando possível o vislumbre de múltiplos modos de ser extrativista e indicando, em consequência, a necessidade de uma complexificação da noção de grupo ou população extrativismo.This article intends to present some theoretical and methodological inflections based on an ethnographic study of a mangrove area occupied by extractive groups in Northeast Brazil. It intends to present how the different actants in dispute - namely, entrepreneurs, researchers associated with environmental NGOs, the shellfish and crab collectors and the children of a cultural movement - define and use what they designate, each in its own way, shrimp farm, mangrove ecosystem or simply mangrove. From a long-term field research, this paper proposes the analytical exercise of approaching native routes and displacements, making it possible to apprehend the multiple ways of being extractive and indicating, as a result, the need for a complexification of the concept of group or extractive population.
A partir de pesquisa na região de Altamira (PA), este artigo analisa a perspectiva dos grupos soc... more A partir de pesquisa na região de Altamira (PA), este artigo analisa a perspectiva dos grupos sociais mais atingidos pelo projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte – as comunidades indígenas e ribeirinhas da região – buscando entender os sentidos que estes grupos atribuem aos impactos potenciais da obra e do funcionamento da Usina em seu modo de vida. Através de entrevistas com representantes dos grupos indígenas e ribeirinhos da região de Altamira (Juruna e Xipaya) e das redações de crianças da zona ribeirinha, a presente investigação, realizada em agosto e novembro de 2009, buscou atentar para os critérios, lógicas e racionalidades próprias a esses grupos sociais em seu exercício de produção de uma contra-expertise nativa, em oposição ao saber técnico associado ao chamado “empreendedor”, produzido por consultores contratados e pelo Estado.