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Papers by Dayane Mussulini
Non Plus, 2015
É de comum conhecimento que a produção de Machado de Assis possa ser caracterizada também a parti... more É de comum conhecimento que a produção de Machado de Assis possa ser caracterizada também a partir de sua marca intertextual, na medida em que dialoga com outras obras, seja no âmbito da literatura brasileira ou na estrangeira, revelando ser um artifício imprescindível na criação de seus textos, bem como na compreensão deles. Nesse sentido, o presente artigo pretende contribuir com a discussão acerca do elemento francês existente na ficção machadiana por meio da análise de “Ernesto de tal” em comparação com Le barbier de Séville (1775), de Beaumarchais. A intertextualidade, neste caso, precisa ser entendida assim como a define Tiphaine Samoyault (2008), como memória da literatura, isto é, o texto traz consigo a biblioteca do escritor, que deve ser compreendida pelo leitor e compartilhada com ele. Ademais, é possível pensar nesse procedimento intertextual da narrativa machadiana como maneira de colaborar para o seu projeto literário, ilustrado em Histórias da meia-noite (1873). A com...
À minha querida orientadora, Profª Drª Daniela Mantarro Callipo, sem a qual a existência deste tr... more À minha querida orientadora, Profª Drª Daniela Mantarro Callipo, sem a qual a existência deste trabalho não seria possível. Agradeço também à Dani, pela confiança, pela compreensão, pelas leituras e sugestões tão cuidadosas e, principalmente, pelo carinho e sorriso com que me recebia a cada encontro. Ao Luiz, por me fazer acreditar em mim mesma quando tentei desistir, por me olhar com tanto amor e admiração, pela paciência de reler quantas vezes fossem necessárias cada linha que escrevia, por toda a compreensão, respeito e apoio de sempre. Aos meus pais amados, Celma e Waldemir, e à minha querida irmã, Tatiane, por serem os meus primeiros exemplos e mestres, sempre compreensivos, pacientes e zelosos comigo. À minha segunda família, Andreia, Karl, Carla e Ricardo, por terem tão bem me recebido em Paris, enchendo os meus dias de amor, gratidão e alegria. Ao professor Doutor Carlos Eduardo Mendes de Moraes, por ser tão generoso e competente, ensinando-me, gentilmente, os primeiros passos da caminhada acadêmica. Ao Cadu, pela paciência e carinho nas orientações de Iniciação Científica. Ao CNPq que me confiou o auxílio financeiro nos meses iniciais da pesquisa e à FAPESP que deu continuidade ao financiamento da mesma, possibilitando-me realizar mais um de meus sonhos: conhecer a França, onde pude aprofundar meus conhecimentos em literatura francesa. Ao professor Doutor Jean-Claude Yon, pelos preciosos conselhos de leitura e pela disponibilidade em dirigir meus estudos na França.
RESUMO: Historias da meia-noite (1873) e o segundo livro de contos de Machado de Assis, os quais ... more RESUMO: Historias da meia-noite (1873) e o segundo livro de contos de Machado de Assis, os quais foram originalmente publicados no Jornal das Familias (1863-1878), entre 1870 e 1873. Como sao narrativas que se preocupam em seguir as regras do periodico a que eram destinadas e fazem parte da producao inicial do escritor fluminense, sao consideradas, por grande parte da critica, de menor qualidade estetico-literaria, ao contrario do que acontece com a ficcao machadiana posterior a 1880, que soma um numero infindavel de estudiosos. Pensando que os primeiros textos merecem um olhar mais atento que respeite o seu processo de criacao, pretende-se um levantamento dos primeiros resenhistas contemporâneos a Machado de Assis, ao lado de alguns criticos seus ja consagrados, para realizar um contraponto com alguns trabalhos mais recentes, que buscam trazer a luz uma visao menos reducionista e apressada da sua obra inicial, tomando como foco Historias da meia-noite. Palavras-chave: Historias da ...
Letras Escreve, 2018
Os avanços científicos e tecnológicos vivenciados no século XIX intensificaram a busca pela civil... more Os avanços científicos e tecnológicos vivenciados no século XIX intensificaram a busca pela civilização ao se distanciar, cada vez mais, da considerada barbárie. O dualismo fez com que os esforços para compreender o mundo encontrassem nos ideais cientificistas e positivistas uma forma de entendimento dos eventos naturais e sociais, a partir de regras de classificação e hierarquização. Desse modo, vimos se desenvolver, em diversas áreas do conhecimento, o compartilhamento do que chamamos de espírito de época. Se na zoologia tornava-se possível uma nova classificação dos animais, na literatura assistimos a vários escritores que se ocuparam de ordenar os tipos sociais então presentes. Este trabalho, portanto, pretende uma análise de “Um grande homem da província em Paris” (1839), segunda parte do romance Ilusões perdidas (1837-1843), de Balzac, e de “Aquarelas” (1859), série de artigos críticos de Machado de Assis, publicados na revista O Espelho (1859-1860). A comparação tem o intuito...
Miscelânea: Revista de Literatura e Vida Social, 2018
Uma das temáticas recorrentes na obra de Machado de Assis é a presença da figura feminina, o que ... more Uma das temáticas recorrentes na obra de Machado de Assis é a presença da figura feminina, o que fornece matéria para inúmeros estudos que tentam compreender o pensamento machadiano acerca da mulher. Como sabemos, a ironia e o humor eram características marcantes de sua escrita, fazendo com que nem sempre seu posicionamento sobre determinado assunto seja percebido de maneira clara. Era o que acontecia, por exemplo, a respeito de suas posições políticas. É comum associarmos a juventude machadiana aos ideais liberais, ao passo que sua idade madura é reconhecida pela sua guinada conservadora. No entanto, em artigo publicado na sua coluna de 1866, “Semana Literária”, estampada nas páginas do Diário do Rio de Janeiro, o autor se mostra, aparentemente, a favor da manifestação feminina na literatura, indo na contramão de muitos dos nossos ilustres escritores, que, em suas próprias palavras, acreditavam que deviam “excluir as mulheres dos exercícios literários”. Pretendemos, portanto, a par...
Jangada: crítica | literatura | artes, 2021
A existência de uma poética do jornal oitocentista pode ser pensada não só a partir da elaboração... more A existência de uma poética do jornal oitocentista pode ser pensada não só a partir da elaboração de uma retórica semelhante entre os escritores do século XIX, que emprestavam estratégias ficcionais aos periódicos em que colaboravam e vice-versa, como também, segundo demonstra Lúcia Granja (2018), por meio de intertextualidades (citações, alusões, pastiches, paródias e demais referências) comuns entre autores e obras. Além disso, tais reincidências apontavam para leituras compartilhadas e trocadas entre os diferentes continentes, bem como contribuíam para a formação de certo gosto cultural, de acordo com as escolhas dos jornalistas. Percurso semelhante é reconhecível entre Eugène Pelletan, escritor e jornalista francês, e Machado de Assis. Ambos defenderam o jornal enquanto espaço democrático e liberal para a transmissão de ideias. A partir dessa aproximação, procederemos ao cotejo entre os dois autores, a fim de verificar como o assunto e as estratégias retóricas assemelham-se, con...
Non Plus, 2015
É de comum conhecimento que a produção de Machado de Assis possa ser caracterizada também a parti... more É de comum conhecimento que a produção de Machado de Assis possa ser caracterizada também a partir de sua marca intertextual, na medida em que dialoga com outras obras, seja no âmbito da literatura brasileira ou na estrangeira, revelando ser um artifício imprescindível na criação de seus textos, bem como na compreensão deles. Nesse sentido, o presente artigo pretende contribuir com a discussão acerca do elemento francês existente na ficção machadiana por meio da análise de “Ernesto de tal” em comparação com Le barbier de Séville (1775), de Beaumarchais. A intertextualidade, neste caso, precisa ser entendida assim como a define Tiphaine Samoyault (2008), como memória da literatura, isto é, o texto traz consigo a biblioteca do escritor, que deve ser compreendida pelo leitor e compartilhada com ele. Ademais, é possível pensar nesse procedimento intertextual da narrativa machadiana como maneira de colaborar para o seu projeto literário, ilustrado em Histórias da meia-noite (1873). A com...
À minha querida orientadora, Profª Drª Daniela Mantarro Callipo, sem a qual a existência deste tr... more À minha querida orientadora, Profª Drª Daniela Mantarro Callipo, sem a qual a existência deste trabalho não seria possível. Agradeço também à Dani, pela confiança, pela compreensão, pelas leituras e sugestões tão cuidadosas e, principalmente, pelo carinho e sorriso com que me recebia a cada encontro. Ao Luiz, por me fazer acreditar em mim mesma quando tentei desistir, por me olhar com tanto amor e admiração, pela paciência de reler quantas vezes fossem necessárias cada linha que escrevia, por toda a compreensão, respeito e apoio de sempre. Aos meus pais amados, Celma e Waldemir, e à minha querida irmã, Tatiane, por serem os meus primeiros exemplos e mestres, sempre compreensivos, pacientes e zelosos comigo. À minha segunda família, Andreia, Karl, Carla e Ricardo, por terem tão bem me recebido em Paris, enchendo os meus dias de amor, gratidão e alegria. Ao professor Doutor Carlos Eduardo Mendes de Moraes, por ser tão generoso e competente, ensinando-me, gentilmente, os primeiros passos da caminhada acadêmica. Ao Cadu, pela paciência e carinho nas orientações de Iniciação Científica. Ao CNPq que me confiou o auxílio financeiro nos meses iniciais da pesquisa e à FAPESP que deu continuidade ao financiamento da mesma, possibilitando-me realizar mais um de meus sonhos: conhecer a França, onde pude aprofundar meus conhecimentos em literatura francesa. Ao professor Doutor Jean-Claude Yon, pelos preciosos conselhos de leitura e pela disponibilidade em dirigir meus estudos na França.
RESUMO: Historias da meia-noite (1873) e o segundo livro de contos de Machado de Assis, os quais ... more RESUMO: Historias da meia-noite (1873) e o segundo livro de contos de Machado de Assis, os quais foram originalmente publicados no Jornal das Familias (1863-1878), entre 1870 e 1873. Como sao narrativas que se preocupam em seguir as regras do periodico a que eram destinadas e fazem parte da producao inicial do escritor fluminense, sao consideradas, por grande parte da critica, de menor qualidade estetico-literaria, ao contrario do que acontece com a ficcao machadiana posterior a 1880, que soma um numero infindavel de estudiosos. Pensando que os primeiros textos merecem um olhar mais atento que respeite o seu processo de criacao, pretende-se um levantamento dos primeiros resenhistas contemporâneos a Machado de Assis, ao lado de alguns criticos seus ja consagrados, para realizar um contraponto com alguns trabalhos mais recentes, que buscam trazer a luz uma visao menos reducionista e apressada da sua obra inicial, tomando como foco Historias da meia-noite. Palavras-chave: Historias da ...
Letras Escreve, 2018
Os avanços científicos e tecnológicos vivenciados no século XIX intensificaram a busca pela civil... more Os avanços científicos e tecnológicos vivenciados no século XIX intensificaram a busca pela civilização ao se distanciar, cada vez mais, da considerada barbárie. O dualismo fez com que os esforços para compreender o mundo encontrassem nos ideais cientificistas e positivistas uma forma de entendimento dos eventos naturais e sociais, a partir de regras de classificação e hierarquização. Desse modo, vimos se desenvolver, em diversas áreas do conhecimento, o compartilhamento do que chamamos de espírito de época. Se na zoologia tornava-se possível uma nova classificação dos animais, na literatura assistimos a vários escritores que se ocuparam de ordenar os tipos sociais então presentes. Este trabalho, portanto, pretende uma análise de “Um grande homem da província em Paris” (1839), segunda parte do romance Ilusões perdidas (1837-1843), de Balzac, e de “Aquarelas” (1859), série de artigos críticos de Machado de Assis, publicados na revista O Espelho (1859-1860). A comparação tem o intuito...
Miscelânea: Revista de Literatura e Vida Social, 2018
Uma das temáticas recorrentes na obra de Machado de Assis é a presença da figura feminina, o que ... more Uma das temáticas recorrentes na obra de Machado de Assis é a presença da figura feminina, o que fornece matéria para inúmeros estudos que tentam compreender o pensamento machadiano acerca da mulher. Como sabemos, a ironia e o humor eram características marcantes de sua escrita, fazendo com que nem sempre seu posicionamento sobre determinado assunto seja percebido de maneira clara. Era o que acontecia, por exemplo, a respeito de suas posições políticas. É comum associarmos a juventude machadiana aos ideais liberais, ao passo que sua idade madura é reconhecida pela sua guinada conservadora. No entanto, em artigo publicado na sua coluna de 1866, “Semana Literária”, estampada nas páginas do Diário do Rio de Janeiro, o autor se mostra, aparentemente, a favor da manifestação feminina na literatura, indo na contramão de muitos dos nossos ilustres escritores, que, em suas próprias palavras, acreditavam que deviam “excluir as mulheres dos exercícios literários”. Pretendemos, portanto, a par...
Jangada: crítica | literatura | artes, 2021
A existência de uma poética do jornal oitocentista pode ser pensada não só a partir da elaboração... more A existência de uma poética do jornal oitocentista pode ser pensada não só a partir da elaboração de uma retórica semelhante entre os escritores do século XIX, que emprestavam estratégias ficcionais aos periódicos em que colaboravam e vice-versa, como também, segundo demonstra Lúcia Granja (2018), por meio de intertextualidades (citações, alusões, pastiches, paródias e demais referências) comuns entre autores e obras. Além disso, tais reincidências apontavam para leituras compartilhadas e trocadas entre os diferentes continentes, bem como contribuíam para a formação de certo gosto cultural, de acordo com as escolhas dos jornalistas. Percurso semelhante é reconhecível entre Eugène Pelletan, escritor e jornalista francês, e Machado de Assis. Ambos defenderam o jornal enquanto espaço democrático e liberal para a transmissão de ideias. A partir dessa aproximação, procederemos ao cotejo entre os dois autores, a fim de verificar como o assunto e as estratégias retóricas assemelham-se, con...