José Reis - Academia.edu (original) (raw)

Papers by José Reis

Research paper thumbnail of Uma epistemologia do território

Resumo: O território precisa de ser interpretado – e não apenas considerado como uma variável de ... more Resumo: O território precisa de ser interpretado – e não apenas considerado como uma variável de descrição das diferenças na repartição económica. A interrogação mais forte acerca do território é a que procura compreender a genealogia dos processos socioeconómicos: por que ...

Research paper thumbnail of Território e políticas do território. A interpretação e a ação

Finisterra, 2015

territÓrio e políticas do territÓrio. a interpretaÇÃo e a aÇÃo 1 José reis 2 i. intrODUÇÃO neste ... more territÓrio e políticas do territÓrio. a interpretaÇÃo e a aÇÃo 1 José reis 2 i. intrODUÇÃO neste texto revisito dois mundos: o da interpretação e do conhecimento do território e o das formas de lidar com ele através das políticas públicas. não podem ser, como é evidente, coisas desligadas. Pelo contrário, uma informa a outra e deviam moldar-se reciprocamente. Mas bem se sabe que não é assim que acontece na maior parte das vezes. Porventura, as políticas desligaram-se do território, privilegiando outras delibe rações e outros propósitos, enquanto o território carecerá, cada vez mais, de um regresso interpretativo que lhe revalorize os fundamentos e a pertinência. É esta opção que tomo, supondo que há razões para isso. Discuto o que nos levou a formular interrogações sobre o território e procuro responder à pergunta "o que é o território?". recuso que seja apenas uma questão de escala e acho que há uma epistemologia do território a construir, para podermos chegar a uma compreensão adequada do que dá valor à territorialidade. assumo que as sociedades são estruturalmente polimórficas e nisso se manifestam as relações de poder que as constituem. as duas coisas devem ser centrais numa agenda territorialista. Justamente porque é de poder que se trata, discuto por que razão há-de haver necessidade de formularmos políticas do território se as sociedades são, por natureza, espaciais. Por isso me parece que a "política-política" é que devia ser, ela própria, a sede da recebido: Março 2015. aceite: Julho 2015. 1 este texto é dedicado ao antónio Gama Mendes, com quem tanto aprendi. não foi apenas o sentido da suavidade da vida, nas suas alegrias e amarguras, que aprendi com o antónio ao longo de 40 anos. foi a vontade permanente de uma compreensão fina das coisas, uma compreensão sempre provisória, inquieta, à procura da mais sólida imaginação. sei que um texto como este não resiste às suas perguntas, às suas dúvidas, à sua crítica virtuosa. sei que, com ele, a percepção do território, uma percepção vivida, vista de muitos lados, é sempre mais exigente. Mas esta é a minha pequeníssima homenagem, do modo que eu sei, a um querido amigo, a um geógrafo ímpar, estimadíssimo por gerações e gerações de alunos, a um universitário que se deu todo o tempo para o ser plena e integralmente, a um homem culto sem fronteiras nem disciplinas. (Coimbra, 31 de dezembro de 2014). 2 José reis é Professor catedrático da faculdade de economia da Universidade de Coimbra (feUC) e investigador do Centro de estudos sociais. foi Presidente da Comissão de Coordenação da região Centro, secretário de estado do ensino superior e Director da feUC. tem estudado o território e as instituições da economia.

Research paper thumbnail of Mudanças Econômicas e Modelos De Governação: Democratização e Desenvolvimento

E-Legis - Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação da Câmara dos Deputados, 2014

Analisa-se que os mercados não existiriam sem instituições, que as economias se organizaram segun... more Analisa-se que os mercados não existiriam sem instituições, que as economias se organizaram segundo várias modalidades de governação, originando contextos institucionais relevantes para a interpretação dos contextos econômicos das nações. A partir dessa premissa, desenvolve-se a suposição de que há três domínios principais que formam a base organizacional em que assentam as dinâmicas positivas do capitalismo – as relações industriais, os processos de inclusão pelo trabalho e pela aprendizagem e as instituições. Por fim, pode-se concluir que as instituições da esfera legislativa, especialmente as vinculadas ao desenvolvimento e à democracia, constituem elementos essenciais para a organização qualificada da economia, influenciando as capacidades gerais de uma sociedade.

Research paper thumbnail of A Economia Impura: O mundo onde é necessário haver instituições e governação1

1. Introdução Desde há muito que nos habituámos a lidar com temas como o dos limites ou das falha... more 1. Introdução Desde há muito que nos habituámos a lidar com temas como o dos limites ou das falhas do mercado. Do mesmo modo, é corrente discutir o Estado e o seu papel na economia, cuidando de saber se ele há-de ser maior ou menor, que atribuições lhe devem estar reservadas e quais as que ganham em ser vedadas à acção estatal. É fácil admitir que estes assuntos resultam da ideia de que o funcionamento da economia carece de articulações e de compatibilizações - isto é, de uma visão sobre a natureza plural dos mecanismos em que os sistemas económicos assentam e dos modos como são governados. Além disso, uma noção "humilde" sobre o funcionamento material concreto da vida obriga-nos a aplicar ao uso dos instrumentos conceptuais de que dispomos um "princípio da precaução" semelhante àquele que as incertezas ambientais tornaram necessário - o "processo da vida", de que falava Veblen2, é um processo "secular", cheio de diferenciações, imperfeições, ...

Research paper thumbnail of Uma epistemologia do território

Resumo: O território precisa de ser interpretado – e não apenas considerado como uma variável de ... more Resumo: O território precisa de ser interpretado – e não apenas considerado como uma variável de descrição das diferenças na repartição económica. A interrogação mais forte acerca do território é a que procura compreender a genealogia dos processos socioeconómicos: por que ...

Research paper thumbnail of Território e políticas do território. A interpretação e a ação

Finisterra, 2015

territÓrio e políticas do territÓrio. a interpretaÇÃo e a aÇÃo 1 José reis 2 i. intrODUÇÃO neste ... more territÓrio e políticas do territÓrio. a interpretaÇÃo e a aÇÃo 1 José reis 2 i. intrODUÇÃO neste texto revisito dois mundos: o da interpretação e do conhecimento do território e o das formas de lidar com ele através das políticas públicas. não podem ser, como é evidente, coisas desligadas. Pelo contrário, uma informa a outra e deviam moldar-se reciprocamente. Mas bem se sabe que não é assim que acontece na maior parte das vezes. Porventura, as políticas desligaram-se do território, privilegiando outras delibe rações e outros propósitos, enquanto o território carecerá, cada vez mais, de um regresso interpretativo que lhe revalorize os fundamentos e a pertinência. É esta opção que tomo, supondo que há razões para isso. Discuto o que nos levou a formular interrogações sobre o território e procuro responder à pergunta "o que é o território?". recuso que seja apenas uma questão de escala e acho que há uma epistemologia do território a construir, para podermos chegar a uma compreensão adequada do que dá valor à territorialidade. assumo que as sociedades são estruturalmente polimórficas e nisso se manifestam as relações de poder que as constituem. as duas coisas devem ser centrais numa agenda territorialista. Justamente porque é de poder que se trata, discuto por que razão há-de haver necessidade de formularmos políticas do território se as sociedades são, por natureza, espaciais. Por isso me parece que a "política-política" é que devia ser, ela própria, a sede da recebido: Março 2015. aceite: Julho 2015. 1 este texto é dedicado ao antónio Gama Mendes, com quem tanto aprendi. não foi apenas o sentido da suavidade da vida, nas suas alegrias e amarguras, que aprendi com o antónio ao longo de 40 anos. foi a vontade permanente de uma compreensão fina das coisas, uma compreensão sempre provisória, inquieta, à procura da mais sólida imaginação. sei que um texto como este não resiste às suas perguntas, às suas dúvidas, à sua crítica virtuosa. sei que, com ele, a percepção do território, uma percepção vivida, vista de muitos lados, é sempre mais exigente. Mas esta é a minha pequeníssima homenagem, do modo que eu sei, a um querido amigo, a um geógrafo ímpar, estimadíssimo por gerações e gerações de alunos, a um universitário que se deu todo o tempo para o ser plena e integralmente, a um homem culto sem fronteiras nem disciplinas. (Coimbra, 31 de dezembro de 2014). 2 José reis é Professor catedrático da faculdade de economia da Universidade de Coimbra (feUC) e investigador do Centro de estudos sociais. foi Presidente da Comissão de Coordenação da região Centro, secretário de estado do ensino superior e Director da feUC. tem estudado o território e as instituições da economia.

Research paper thumbnail of Mudanças Econômicas e Modelos De Governação: Democratização e Desenvolvimento

E-Legis - Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação da Câmara dos Deputados, 2014

Analisa-se que os mercados não existiriam sem instituições, que as economias se organizaram segun... more Analisa-se que os mercados não existiriam sem instituições, que as economias se organizaram segundo várias modalidades de governação, originando contextos institucionais relevantes para a interpretação dos contextos econômicos das nações. A partir dessa premissa, desenvolve-se a suposição de que há três domínios principais que formam a base organizacional em que assentam as dinâmicas positivas do capitalismo – as relações industriais, os processos de inclusão pelo trabalho e pela aprendizagem e as instituições. Por fim, pode-se concluir que as instituições da esfera legislativa, especialmente as vinculadas ao desenvolvimento e à democracia, constituem elementos essenciais para a organização qualificada da economia, influenciando as capacidades gerais de uma sociedade.

Research paper thumbnail of A Economia Impura: O mundo onde é necessário haver instituições e governação1

1. Introdução Desde há muito que nos habituámos a lidar com temas como o dos limites ou das falha... more 1. Introdução Desde há muito que nos habituámos a lidar com temas como o dos limites ou das falhas do mercado. Do mesmo modo, é corrente discutir o Estado e o seu papel na economia, cuidando de saber se ele há-de ser maior ou menor, que atribuições lhe devem estar reservadas e quais as que ganham em ser vedadas à acção estatal. É fácil admitir que estes assuntos resultam da ideia de que o funcionamento da economia carece de articulações e de compatibilizações - isto é, de uma visão sobre a natureza plural dos mecanismos em que os sistemas económicos assentam e dos modos como são governados. Além disso, uma noção "humilde" sobre o funcionamento material concreto da vida obriga-nos a aplicar ao uso dos instrumentos conceptuais de que dispomos um "princípio da precaução" semelhante àquele que as incertezas ambientais tornaram necessário - o "processo da vida", de que falava Veblen2, é um processo "secular", cheio de diferenciações, imperfeições, ...