Rosalvo Ivarra Ortiz - Academia.edu (original) (raw)
Papers by Rosalvo Ivarra Ortiz
Iniciamos esta discussão com os dizeres do linguista brasileiro Aryon Dall'Igna Rodrigues (2005, ... more Iniciamos esta discussão com os dizeres do linguista brasileiro Aryon Dall'Igna Rodrigues (2005, p. 36): “A redução de 1200 para 180 línguas indígenas nos últimos 500 anos foi o efeito de um processo colonizador extremamente violento e continuado, o qual ainda perdura, não tendo sido interrompido nem com a independência política do país no início do século XIX, nem com a instauração do regime republicano no final desse mesmo século, nem ainda com a promulgação da ‘Constituição Cidadã’ de 1988”. Dito isso, Adair Pimentel Palácio foi a primeira pesquisadora brasileira da área da Linguística Indígena a defender uma tese de doutoramento, o pioneirismo ocorreu no ano de 1984 na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), justamente sob a orientação do professor Aryon. Dito isso, nosso objetivo neste artigo a priori é analisar a tese da autora: “Guató, a língua dos índios canoeiros do rio Paraguai”, assim sendo, sua investigação centralizou-se sobre a cultura canoeira Guató de Corumbá, localizado no Estado de Mato Grosso do Sul (região Centro-Oeste do país) — conhecida do ponto de vista da história, arqueologia e antropologia como verdadeiros “argonautas do Pantanal” (cultura indígena com sério risco de extinção). Mediante isso, a ideia original da autora ainda nos anos de 1970, era debruçar-se sobre uma língua étnica até então não estudada (à época existiam por volta de 40 línguas nesse sentido). Dado o exposto, a linguística etnográfica impulsionada por Palácio focou, sobretudo, na gramática, morfologia, fonologia e sintaxe da referida cultura ameríndia. Portanto, o resultado comprovou que a língua Guató é extremamente complexa, performática e desuniforme a operar de forma transitiva e intransitiva (transfigura em forma tônica baixa e alta). Portanto, corroborar-se-á que essa pesquisa não teve a pretensão de analisar e exaurir os conceitos de natureza linguístico-antropológica descrita pela autora, mas, sim, registrar as suas angústias, inquietações e reflexões histórico-etnográficas acerca da cultura fluvial Guató no bosque pantaneiro.
Revista Ñanduty, Dec 22, 2017
Por várias vezes em lugares e momentos diferentes, grupos indígenas declararam ter "pacificado os... more Por várias vezes em lugares e momentos diferentes, grupos indígenas declararam ter "pacificado os brancos", arrogando para si a posição de sujeitos e não de vítimas. "Pacificar os brancos" significa várias coisas: situá-los, aos brancos e aos seus objetos, numa visão de mundo, esvaziá-los de sua agressividade, de sua malignidade, de sua letalidade, domesticá-los, em suma; mas também entrar em novas relações com eles e reproduzir-se como sociedade, desta vez não contra, e sim através deles, recrutá-los em suma para sua própria continuidade (CUNHA, 2002, APUD ALBERT & RAMOS, 2002:7) Resumo: Neste artigo traçaremos parcialmente o caminho teórico-metodológico interdisciplinar percorrido na produção resultante dos estudos sobre religiosidades Terena desenvolvidos nos últimos anos. Para isso, faremos algumas considerações sobre conceitos e categorias utilizadas ao longo do texto para alicerçar nossas argumentações em torno da hipótese centralos Terena, principalmente as lideranças religiosas, apropriaram-se e terenizaram o cristianismo nas terras indígenas no Mato Grosso do Sul, a partir da Terra Indígena de Taunay-Ipegue. Dentre os vários enfoques destacados selecionamos como diretriz central a parte da epígrafe acima destacada, que retrata o protagonismo desses sujeitos históricos Terena em reproduzir-se como sociedade através dos religiosos não indígenas e de suas instituições cristãs, recrutando os brancos para sua própria continuidade. Nossa trajetória, portanto, será marcada pelos diálogos entre a Antropologia e a História.
O presente artigo de cunho introdutório foi escrito com a finalidade de apontar alguns instrument... more O presente artigo de cunho introdutório foi escrito com a finalidade de apontar alguns instrumentos teórico-conceituais acerca da Arqueologia, Patrimônio Cultural Material/Imaterial e Direito Constitucional no Brasil. Em virtude disto, foi necessário analisar e interpretar todas as constituições brasileiras elaboradas ao longo da história a começar pela primeira em 1824 e a última em 1988, trouxe também de maneira sucinta elementos históricos e contemporâneos para discutir e refletir sobre a epistemologia arqueológica desenvolvida, produzida e expandida no país. Em vista disso, o objetivo geral foi lançar luz sobre tais abordagens na intenção de abrir novos horizontes, fendas e perspectivas para os estudiosos das áreas sem jamais esgotar a discussão. Nesse sentido, a Desembargadora Federal no Tribunal Regional Federal da 3º. Região, Inês Virgínia Prado Soares corrobora que[2] “ O arcabouço principiológico ambiental é extremamente importante e influente na tutela dos bens arqueológicos, mas a aplicação desses princípios não abarca todas as situações de dano ou ameaça de dano ao patrimônio arqueológico, nem garante uma ampla possibilidade de se atingir sua efetiva proteção, em decorrência das especificidades que a disciplina e os bens arqueológicos possuem”.
Em tempos de retrocessos históricos do ponto vista de direitos como estamos a presenciar na conju... more Em tempos de retrocessos históricos do ponto vista de direitos como estamos a presenciar na conjuntura atual, torna-se imprescindível falar em Educação e Direitos Humanos, mais ainda sobre Direitos Humanos e Populações Indígenas do Brasil-ou seja, promover à igualdade levando em consideração às múltiplas diferenças socioculturais que encontram-se em voga na contemporaneidade. Seguindo nesta perspectiva, torna-se essencial corroborar que os direitos humanos ainda possuem limites, apesar de seu enorme alcance e potencialidade que o torna o direito mais importante de um sujeito ou uma coletividade na atualidade, apesar de muitas pessoas ainda a desconhecer por diversas razões. Desta forma, a educação é o caminho mais importante, digno e viável para o conhecimento e entendimento dos cidadãos sobre seus direitos fundamentais, portanto, isso poderá transformar o mundo em sua volta. Nosso objetivo principal nesta exposição é defender uma liberdade sociocultural num mundo multi-plural, onde a equiparação deve ser a força motriz-igualdade nas múltiplas diferenças e sem exceções. Levando-se em consideração tais pressupostos, pesquisadores como Jame Pinsky e Carla Pinsky [1]-postulam que instrumentos vinculados aos Direitos Humanos não é recente, assim sendo, remete-se a Antiguidade Clássica. Em síntese, a formulação desses direitos está relacionada a dinâmica transformativa da moderna sociedade, sobretudo, por buscar os direitos primordiais alicerçados nas práticas civis, políticos e mais recentemente as pautas dos direitos sociais. Esta perspectiva ganhou força e notoriedade, sobretudo, posterior ao Holocausto Nazista (campo de extermínio promovida por Adolf Hitler e sua política antissemita, em miúdo uma raça superior e posterior eliminação dos outros) e muitos outros regimes totalitários e antidemocráticos como o Fascismo na Itália e o Franquismo na Espanha e sem falar dos bombardeamentos atômicos das cidades de Hiroshima e Nagasaki no Japão, portanto, tais práticas promoveram verdadeiro genocídio em grande escala. Em decorrência disso, em 1948 foi promulgada a Declaração Universal de Direitos Humanos-referência para as maiorias das constituições que foram elaborados posteriormente, inclusive para a Carta Magna brasileira aprovado em 05 de outubro de 1988. Dado os fatos, em contexto do Estado Brasileiro, a Educação em Direitos Humanos no decorrer dos anos 1960 e 1970 transcorreu-se de maneira informal-movimentos sociais amplamente organizado, sobretudo, a fim de coibir a política de recessão imposta pelo Regime Militar (1964-1985) e restaurar a democracia, já que naquela ocasião não poderia discordar do Estado, no qual, milhares de pessoas foram mortas, muitos ainda até hoje não se sabe onde os corpos foram parar. A posteriori, já adentrando-se nos anos de 1980, aos poucos o país foi cedendo espaço para reabertura sociopolítica, as maiorias das ações ocorriam em âmbito institucional, marcadamente nos seguintes Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Neste sentido, começou a ganhar força a elaboração de uma nova Constituição, que revigoraram a discussão e lutas pelos Direitos Humanos em intrínseca relação com a Educação Pública de modo geral [2]. Partindo desta lógica interpretativa, nos últimos 30 anos teve uma melhoria neste campo, mas posterior inserção da Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves-houve um retrocesso nos que tangem aos direitos de populações tradicionais (Indígenas, Quilombolas, Seringueiros, Castanheiros, Quebradeiras de coco-de-babaçu, Comunidades de Fundo de Pasto, Catadoras de mangaba, Faxinalenses, Pescadores Artesanais, Marisqueiras, Ribeirinhos, Varjeiros, Caiçaras, Povos de terreiro, Praieiros etc.), pois, a Ministra que é pastora evangélica neopentecostal possui como princípio ideológico, a uniformidade cultural pautado apenas por único criador, à vista disto, exclui os outros saberes. Ainda nesta perspectiva, o atual Ministro da Educação Abraham Weintraub-em recente vídeo divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou que é favor da existência de uma cultura única (a cultura homogênea brasileira) e que tem aversão aos direitos indígenas-isso é uma grave ameaça aos direitos tradicionais estruturadas por Rosalvo Ivarra Ortiz
Esta abordagem inicia-se com os seguintes dizeres: “o território para os povos originários é fund... more Esta abordagem inicia-se com os seguintes dizeres: “o território para os povos originários é fundamental para a produção de saúde e reelaboração cultural de seus modos de ser por meio da relação entre natureza, cultura e relações de poder/resistência. É importante ressaltar que as concepções e as modalidades de territórios e territorialidades entre os povos indígenas são muito variadas e distintas a depender dos grupos étnicos nas diversas regiões brasileiras” [1]. Partindo dessa perspectiva, a atual conjuntura do Brasil está a perpassar por uma situação extremamente caótica, emblemática e até certo ponto incerta como nunca em sua história republicana e recente democrática, sobretudo, envolvendo a saúde de sua população mediante a expansão da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) que têm ceifados às vidas de milhares de pessoas em diferentes horizontes. À vista disto, nosso objetivo central neste artigo é promover uma análise e posterior reflexão acerca dos direitos a saúde das populações indígenas Guarani e Kaiowá de Mato Grosso do Sul, onde estão a correr sério risco de um etnocídio, haja vista a letalidade do referido vírus e a vulnerabilidade que as comunidades se encontram diante da inércia poder público.
REVISTA BONIJURIS I ANO 32 I EDIÇÃO 665 I AGO/SET 2020 A realização das audiências de conciliação... more REVISTA BONIJURIS I ANO 32 I EDIÇÃO 665 I AGO/SET 2020 A realização das audiências de conciliação por meio do uso de recursos tecnológicos disponíveis de transmissão de sons e imagens em tempo real, em especial por videoconferência, não traz prejuízos ao patrimônio público
aphael Lemkin nasceu no dia 24 de junho de 1900 no povoado de Bezwodne na Polônia (a época era Rú... more aphael Lemkin nasceu no dia 24 de junho de 1900 no povoado de Bezwodne na Polônia (a época era Rússia Imperial, atualmente Bielorrússia) — foi um advogado, jurista e defensor em plenitude dos direitos humanos essenciais de ascendência judaica, que em decorrência da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e consequente perseguição aos judeus, precisou emigrar para os Estados Unidos em 1941. Ainda durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), manifestou interesse profundo pelo genocídio armênio (1915-1923) e participou ativamente das Ligas das Nações (1919-1946) — organização internacional que tinha como finalidade principal discutir e promover a paz mundial entre as nações. Portanto, Lemkin ansiava eliminar definitivamente o massacre contra determinada população (a “barbárie”) e a aniquilação de cultura (o “vandalismo”).
O Parecer 001/17, que será julgado pelos Ministros da Suprema Corte — o Supremo Tribunal Federal ... more O Parecer 001/17, que será julgado pelos Ministros da Suprema Corte — o Supremo Tribunal Federal (STF), via Plenário Virtual, pela primeira em sua história a envolver procedimento desta natureza a relacionar-se com à cultura indígenas do Brasil — liminar esta que já tinha sido suspendido pelo Ministro Edson Fachin no âmbito do Recurso Extraordinário (RE 1.017.365) por colocar em riscos os direitos fundamentais dos povos originários [1]. Em nossa análise, o tal processo mostra-se extremamente inconsistente, ineficaz e sobretudo, inconstitucional, pois, se aprovada for, irá abrir precedência e praticamente legalizar e a posteriori legitimar através de Jurisprudência as práticas ilícitas tais como: invasões das comunidades até mesmo os não contactados (isolados), grilagens, exploração de minérios, retiradas de madeiras e proporcionar uma “crise latente”[2] nas comunidades.
Nas últimas décadas, sobretudo, posterior ao século XXI, inúmeros novos dados foram acrescentados... more Nas últimas décadas, sobretudo, posterior ao século XXI, inúmeros novos dados foram acrescentados a já conhecida embate arqueológica acerca da primeira ocupação da espécie humana nas Américas "Selvagens". À vista disto, novos sítios arqueológicos foram catalogados, outros sítios estão sendo revisitados, reestruturados e ressignificados concomitantemente com novas perspectivas, assim sendo, a Arqueologia Brasileira está cada vez mais a ganhar espaço no cenário internacional, sobretudo, por propor novas datações para a primeira inserção do homo no continente. Desta forma, neste artigo pretendemos realizar uma revisão histórica e atual sobre esta problemática, isto é, mediante estudos e investigações de diversos autores/as, perpassando pela Região Amazônica, Santa Elina (MT), Serra da Capivara (PI) e Lagoa Santa (MG). Portanto, o nosso objetivo principal é facilitar a linguagem sobre este assunto, ainda bastante emblemática no pensamento arqueológico brasileiro, latino-americano e global. É por fim, cabe enfatizar que neste texto iremos trazer à tona diferentes imagens afim de situar o/a leitor/a, tais como: fragmentos cerâmicos, artes rupestres, escavações e instrumentos esqueléticos dos primeiros habitantes, homens e mulheres nativas que verdadeiramente descobriram esta terra e não os intrusos europeus, como muitos ainda os defendem na atualidade contemporânea. Palavras-chave: Arqueologia, principais sítios, revisão, interpretação, Brasil.
O presente artigo busca clarificar os vínculos, limites e potencialidades teóricas que há entre a... more O presente artigo busca clarificar os vínculos, limites e potencialidades teóricas que há entre antropologia e história ao longo do tempo. Dessa maneira, desenvolve-se uma abordagem que sugere as relações existentes entre antropologia e história, suas tensões complementares, as contribuições metodológicas de uma disciplina para outra e as diferentes combinações que podem resultar de um exercício tão sugestivo. Ao mesmo tempo, é feita uma (re)visão das formas intrínsecas entre uma disciplina e outra-a maneira como as duas estão interligadas/conectadas, bem como os argumentos que levam à separação e divórcio de cada uma. Para isso, é feito uma viagem que mostra como a especialização disciplinar de cada ciência (epistemologia) é necessária, por um lado, ao tentar interpretar os fenômenos que se propõe investigar em profundidade; mas, por outro lado, mostra seus efeitos colaterais negativos, pois pode levar as visões, descobertas ou pontos de vista que enriquecem cada disciplina. Portanto, estamos cientes que muitas coisas foram feitas ao longo da história a envolver essas duas disciplinas-assim, nosso objetivo é jamais esgotar a discussão, apenas trazer uma (re)tomada das conexões que há entre antropologia e história ou história e antropologia-pretendemos com isso abrir novos horizontes de possibilidades para o alvorecer de novas pesquisas.
Iniciamos esta discussão a dizer que a população indígena é fito de dessemelhança, objeção e inju... more Iniciamos esta discussão a dizer que a população indígena é fito de dessemelhança, objeção e injustiça desde o desembarque dos europeus nas "Américas Selvagens". A passar séculos deste episódio emblemático, o Estado brasileiro tem mantido suas normas jurídicas ancoradas nas desigualdades sociais, culturais, políticas, econômicas, ideológicas, simbólicas, etc. Nesse viés paradigmático, o pluralismo jurídico representa uma negação, como podemos perceber na tese dos pesquisadores Luciano Roberto Gulart Cabral Júnior e Francisco Quintanilha Véras Neto (2018, p. 125) [1], na qual "a perspectiva é descentralizadora, antidogmática, pretendendo a supremacia dos fundamentos ético-político-sociológicos sobre critérios tecno-formais positivistas". Apesar de toda esta adversidade histórica e contemporânea, a sociedade indígena tem resistido ao cerco do imperialismo aniquilador, que busca sistematicamente uma necropolítica [2] ou ainda um de estado de exceção [3] para, assim sendo, a posteriori proporcionar um verdadeiro etnocídio.
RESUMO: Afim de tecer esta discussão é imprescindível corroborar que a arte tem sido um conceito,... more RESUMO: Afim de tecer esta discussão é imprescindível corroborar que a arte tem sido um conceito, uma noção ou ainda uma categoria controversa para a teoria antropológica desde a sua formulação, (re)formulação e posterior engajamento epistemológico. Mediante isto, a antropologia ficou muitas vezes entre o reconhecimento da singularidade cultural de objetos e práticas que não poderia qualificar como arte sem cair no etnocentrismo, reducionismo e esforço para compor tão amplas que incluem uma variedade de práticas humanas e não-humanas sobre os quadros comparativos da experiência estética cosmológica. Para sair do espaço-tempo definido por estes dois discursos, Alfred Gell o principal propulsor da antropologia da arte moderna, sugeriu que a experiência da arte tem a ver com uma forma especial de atribuição de agência as objetos e imagens. Assim, podemos considerar que este fenômeno pode ser o ponto de partida para desenvolver uma verdadeira teoria antropológica da arte, construída sobre a especificidade e particularidade da disciplina e suas ferramentas conceituais. Por assim dizer, a abordagem levanta questões sobre a definição dos elementos de agência, personalidade e materialidade que comprometem outras versões de interpretação crítica cultural. Portanto, o presente artigo buscar realizar uma investigação histórica do desenvolvimento da disciplina antropologia da arte, perpassando por diferentes teorias, tradições e perspectivas tendo como eixo propulsor a cultura material, arte e cosmologia Guarani de Mato Grosso do Sul. Palavras-chave: Epistemologia da Arte; História disciplinar; Cultura material; Perspectivas teóricas; Guarani de Mato Grosso do Sul. ABSTRACT: In order to weave this discussion it is essential to corroborate that art has been a concept, a notion or even a controversial category for anthropological theory since its formulation and (re) formulation and subsequent epistemological engagement. Through this, anthropology has often been among the recognition of the cultural uniqueness of objects and practices that it could not qualify as art without falling into ethnocentrism, reductionism, and the effort to compose so broadly that they include a variety of human and nonhuman practices in painting comparatives of aesthetic experience. To leave the space defined by these two discourses, Alfred Gell, the main proponent of Modern Art Anthropology, suggested that the experience of art has to do with a special form of agency attribution to objects and images. Thus, we can consider that this phenomenon may be the starting point for developing a true anthropological theory of art, built on the specificity and particularity of the discipline and its conceptual tools. So to speak, the approach raises questions about the definition of the concepts of agency, personality, and materiality that undermine other versions of cultural critical analysis. Therefore, this article seeks to conduct a historical investigation of the development of the discipline Anthropology of Art, going through different theories, traditions and perspectives, having as its driving force the Guarani material culture, art and cosmology of Mato Grosso do Sul.
Este artigo aborda o direito Guarani (Kaiowá, Nhandeva e Mbyá), povos indígenas de Dourados, Mato... more Este artigo aborda o direito Guarani (Kaiowá, Nhandeva e Mbyá), povos indígenas de Dourados, Mato Grosso do Sul, Centro-Oeste do Brasil, a partir de sua principiologia, nuances no trato e subsunção das questões comunitárias. Como dirime os conflitos nos mais diversos campos do direito. Assim aborda a importância que a cosmovisão tem para esse direito nativo, do qual advém o juízo holístico. Discorre sobre os princípios gerais do direito Guarani: a solidariedade, reciprocidade e prevalência do interesse coletivo sobre o individual. Apesar de tratar de direito indígena, o enfoque se detém no direito de propriedade Guarani. Vale-se do aporte teórico sobre o pluralismo jurídico, para sustentá-lo como um sistema jurídico, embora pensado e legislado de forma díspares do Direito nacional. Ao final, adentra-se nos iníquos resultados da intervenção externa, sem os devidos cuidados antropológicos necessários a tais ações, que parte nesse caso de quem tem a incumbência jurisdicional de defender o direito e interesse indígena. Palavras chave: direito guarani, pluralismo, intervenção, propriedade.
Resumo O presente artigo traz indagações acerca da Aldeia Jaguapirú e Aldeia Bororó-ambas localiz... more Resumo O presente artigo traz indagações acerca da Aldeia Jaguapirú e Aldeia Bororó-ambas localizadas no município de Dourados, Estado de Mato Grosso do Sul (Centro-Oeste do Brasil). A investigação foi desenvolvida no Mestrado em Antropologia da Universidade Federal da Grande Dourados entre os anos de 2017, 2018 e 2019. Dessa forma, perpassamos por questões que envolvem arqueologia, história, organização social, política, econômica até adentrar nas produções de artes, artefatos e objetos sagrados e ritualísticos Guarani Nhandeva. Portanto, o nosso objetivo é realizar uma análise, descrição e posterior interpretação das múltiplas nuances, conceitos ou categorias que envolvem esse coletivo acerca da relação que há entre cultura material e sua cosmovisão, que na atualidade contemporânea encontram-se numa situação extremamente emblemática, sobretudo a envolver o Yvy (terra). Palavras-Chave: História, Etnografia, Cosmologia, Cultura material, Guarani. Resumen Este artículo presenta preguntas sobre la aldea de Jaguapirú y Aldeia Bororó, ambas ubicadas en el municipio de Dourados, en el estado de Mato Grosso do Sul (Medio Oeste de Brasil). La investigación se desarrolló en el Máster en Antropología de la Universidad Federal de Grande Dourados entre los años de 2017, 2018 y 2019. De esta manera, pasamos por cuestiones que involucran arqueología, historia, organización social, política y económica hasta que ingresan a las producciones de arte, artefactos. y objetos sagrados y rituales del Guaraní Nhandeva. Por lo tanto, nuestro objetivo es realizar un análisis, descripción e interpretación posterior de los múltiples matices, conceptos o categorías que involucran a este colectivo sobre la relación entre la cultura material y su visión del mundo, que en los tiempos contemporáneos se encuentran en una situación extremadamente emblemática, sobre todo Para involucrar al Yvy (tierra). Abstract This article brings inquiries about the Jaguapirú Village and Aldeia Bororó-both located in the municipality of Dourados, in the State of Mato Grosso do Sul (Midwest of Brazil). The research was developed in the Masters in Anthropology of the Federal University of Grande Dourados between the years of 2017, 2018 and 2019. In this way, we pass through questions that involve archeology, history, social, political, economic organization until entering the productions of arts, artifacts and sacred and ritual objects Guarani Nhandeva. Therefore, our objective is to perform an analysis, description and subsequent interpretation of the multiple nuances, concepts 1 A priemira parte deste artigo foi inicialmente publicada por Ivarra Ortiz e Machado (2019). Alguns conceitos desenvolvidos ao longo deste artigo, inicialmente foi publicado por Ivarra Ortiz (2019).
Rosalvo Ivarra Ortiz a O presente artigo traz informações sobre os Guarani Nhandeva das Aldeia Ja... more Rosalvo Ivarra Ortiz a O presente artigo traz informações sobre os Guarani Nhandeva das Aldeia Jaguapirú e Aldeia Bororó, localizadas no município de Dourados, Estado de Mato Grosso do Sul. Este texto busca dar uma visão geral sobre as questões que envolvem arqueologia, his-tória, organização social, política, econômica, com a finalidade de problematizar as produções de artes, artefatos e objetos sagrados e ritualísticos dos Guarani Nhandeva. Portanto, pretende-se dar elementos para uma análise, descrição e interpretação das múlti-plas nuances, conceitos ou categorias que envolvem esse coletivo acerca da relação que há entre cultura material e cosmovisão, que na atualidade contemporânea encontram-se numa situação extre-mamente emblemática, sobretudo a envolver o Yvy (terra). História, Etnografia, Cosmologia, Cultura material, Guarani Nhandeva. Guarani: gênese arqueológica e histórica. A origem do povo Guarani é bastante emblemática em todos os sentidos, não há uma unanimidade ou um consenso absoluto a res-peito da origem, mas as maiorias das investigações arqueológicas e históricas apontam que a etnia ainda como Tupiguarani emergiu nas florestas tropicais dos afluentes do Alto Paraná, Alto Uruguai e nas margens do planalto meridional (Schmitz 1982:57). Assim, no enten-a Mestrando em Geografia Humana (PPGH/FFLCH/USP).
Resumo: O objetivo do artigo é mostrar o processo de institucionalização do cristianismo no sul d... more Resumo: O objetivo do artigo é mostrar o processo de institucionalização do cristianismo no sul de Mato Grosso e como deu-se a conversão dos Terena, que resistiram por muito tempo ao cerco da sociedade nacional e regional. Na segunda metade do século XIX, antes da Guerra contra o Paraguai muitos dessa etnia foram aldeados pelos missionários católicos e no início do século XX muitos outros converteram-se ao protestantismo. Contudo, como o processo de institucionalização do catolicismo e do protestantismo foi lentamente processado no sul de Mato Grosso os indígenas foram negociando espaços para as novas crenças e ao mesmo tempo seguiram cultivando o xamanismo e suas práticas cosmológicas. Palavras-chave: Povo Terena; Conversão cristã; Xamanismo. Abstract: The objective of the article is to show the process of institutionalization of Christianity in the south of Mato Grosso and how the Terena conversion took place, which long resisted the siege of national and regional society. In the second half of the nineteenth century, before the war against Paraguay, many of these ethnic groups were marched by Catholic missionaries, and in the early 20th century many others converted to Protestantism. However, as the process of institutionalization of Catholicism and Protestantism was slowly processed in southern Mato Grosso, Indians were negotiating spaces for new beliefs and at the same time continued to cultivate shamanism and cosmological practices.
Cone sul de Mato Grosso do Sul, Estado marcado por complexos confl itos fundiários. As afi rmaçõe... more Cone sul de Mato Grosso do Sul, Estado marcado por complexos confl itos fundiários. As afi rmações, considerações e inferências dão-se a parti r de parti cipação como pesquisadora do Observatório de Educação Escolar Indígena, cujo projeto foi desenvolvido numa parceria interinsti tucional entre as universidades (UCDB, UFGD, UFMS e UEMS), como Coordenadora do Programa Insti tucional de bolsas de Iniciação à Docência -Diversidade (UFGD/ CAPES/SECADI) e como professora coordenadora do curso de Licenciatura Intercultural -Teko Arandu (UFGD). Inicialmente será feita considerações a datar da situação histórica brasileira de tentati va de inversão de paradigma políti co/ideológico com relação à diversidade étnica no Brasil e em seguida será levantado algumas informações desti nada à formação de professores Guarani e Kaiowá no MS a parti r da UFGD e da Secretaria Estadual de Educação. Palavras-chave: Formação de professores. Kaiowá e Guarani. Metodologia. Currículo.
Iniciamos esta discussão com os dizeres do linguista brasileiro Aryon Dall'Igna Rodrigues (2005, ... more Iniciamos esta discussão com os dizeres do linguista brasileiro Aryon Dall'Igna Rodrigues (2005, p. 36): “A redução de 1200 para 180 línguas indígenas nos últimos 500 anos foi o efeito de um processo colonizador extremamente violento e continuado, o qual ainda perdura, não tendo sido interrompido nem com a independência política do país no início do século XIX, nem com a instauração do regime republicano no final desse mesmo século, nem ainda com a promulgação da ‘Constituição Cidadã’ de 1988”. Dito isso, Adair Pimentel Palácio foi a primeira pesquisadora brasileira da área da Linguística Indígena a defender uma tese de doutoramento, o pioneirismo ocorreu no ano de 1984 na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), justamente sob a orientação do professor Aryon. Dito isso, nosso objetivo neste artigo a priori é analisar a tese da autora: “Guató, a língua dos índios canoeiros do rio Paraguai”, assim sendo, sua investigação centralizou-se sobre a cultura canoeira Guató de Corumbá, localizado no Estado de Mato Grosso do Sul (região Centro-Oeste do país) — conhecida do ponto de vista da história, arqueologia e antropologia como verdadeiros “argonautas do Pantanal” (cultura indígena com sério risco de extinção). Mediante isso, a ideia original da autora ainda nos anos de 1970, era debruçar-se sobre uma língua étnica até então não estudada (à época existiam por volta de 40 línguas nesse sentido). Dado o exposto, a linguística etnográfica impulsionada por Palácio focou, sobretudo, na gramática, morfologia, fonologia e sintaxe da referida cultura ameríndia. Portanto, o resultado comprovou que a língua Guató é extremamente complexa, performática e desuniforme a operar de forma transitiva e intransitiva (transfigura em forma tônica baixa e alta). Portanto, corroborar-se-á que essa pesquisa não teve a pretensão de analisar e exaurir os conceitos de natureza linguístico-antropológica descrita pela autora, mas, sim, registrar as suas angústias, inquietações e reflexões histórico-etnográficas acerca da cultura fluvial Guató no bosque pantaneiro.
Revista Ñanduty, Dec 22, 2017
Por várias vezes em lugares e momentos diferentes, grupos indígenas declararam ter "pacificado os... more Por várias vezes em lugares e momentos diferentes, grupos indígenas declararam ter "pacificado os brancos", arrogando para si a posição de sujeitos e não de vítimas. "Pacificar os brancos" significa várias coisas: situá-los, aos brancos e aos seus objetos, numa visão de mundo, esvaziá-los de sua agressividade, de sua malignidade, de sua letalidade, domesticá-los, em suma; mas também entrar em novas relações com eles e reproduzir-se como sociedade, desta vez não contra, e sim através deles, recrutá-los em suma para sua própria continuidade (CUNHA, 2002, APUD ALBERT & RAMOS, 2002:7) Resumo: Neste artigo traçaremos parcialmente o caminho teórico-metodológico interdisciplinar percorrido na produção resultante dos estudos sobre religiosidades Terena desenvolvidos nos últimos anos. Para isso, faremos algumas considerações sobre conceitos e categorias utilizadas ao longo do texto para alicerçar nossas argumentações em torno da hipótese centralos Terena, principalmente as lideranças religiosas, apropriaram-se e terenizaram o cristianismo nas terras indígenas no Mato Grosso do Sul, a partir da Terra Indígena de Taunay-Ipegue. Dentre os vários enfoques destacados selecionamos como diretriz central a parte da epígrafe acima destacada, que retrata o protagonismo desses sujeitos históricos Terena em reproduzir-se como sociedade através dos religiosos não indígenas e de suas instituições cristãs, recrutando os brancos para sua própria continuidade. Nossa trajetória, portanto, será marcada pelos diálogos entre a Antropologia e a História.
O presente artigo de cunho introdutório foi escrito com a finalidade de apontar alguns instrument... more O presente artigo de cunho introdutório foi escrito com a finalidade de apontar alguns instrumentos teórico-conceituais acerca da Arqueologia, Patrimônio Cultural Material/Imaterial e Direito Constitucional no Brasil. Em virtude disto, foi necessário analisar e interpretar todas as constituições brasileiras elaboradas ao longo da história a começar pela primeira em 1824 e a última em 1988, trouxe também de maneira sucinta elementos históricos e contemporâneos para discutir e refletir sobre a epistemologia arqueológica desenvolvida, produzida e expandida no país. Em vista disso, o objetivo geral foi lançar luz sobre tais abordagens na intenção de abrir novos horizontes, fendas e perspectivas para os estudiosos das áreas sem jamais esgotar a discussão. Nesse sentido, a Desembargadora Federal no Tribunal Regional Federal da 3º. Região, Inês Virgínia Prado Soares corrobora que[2] “ O arcabouço principiológico ambiental é extremamente importante e influente na tutela dos bens arqueológicos, mas a aplicação desses princípios não abarca todas as situações de dano ou ameaça de dano ao patrimônio arqueológico, nem garante uma ampla possibilidade de se atingir sua efetiva proteção, em decorrência das especificidades que a disciplina e os bens arqueológicos possuem”.
Em tempos de retrocessos históricos do ponto vista de direitos como estamos a presenciar na conju... more Em tempos de retrocessos históricos do ponto vista de direitos como estamos a presenciar na conjuntura atual, torna-se imprescindível falar em Educação e Direitos Humanos, mais ainda sobre Direitos Humanos e Populações Indígenas do Brasil-ou seja, promover à igualdade levando em consideração às múltiplas diferenças socioculturais que encontram-se em voga na contemporaneidade. Seguindo nesta perspectiva, torna-se essencial corroborar que os direitos humanos ainda possuem limites, apesar de seu enorme alcance e potencialidade que o torna o direito mais importante de um sujeito ou uma coletividade na atualidade, apesar de muitas pessoas ainda a desconhecer por diversas razões. Desta forma, a educação é o caminho mais importante, digno e viável para o conhecimento e entendimento dos cidadãos sobre seus direitos fundamentais, portanto, isso poderá transformar o mundo em sua volta. Nosso objetivo principal nesta exposição é defender uma liberdade sociocultural num mundo multi-plural, onde a equiparação deve ser a força motriz-igualdade nas múltiplas diferenças e sem exceções. Levando-se em consideração tais pressupostos, pesquisadores como Jame Pinsky e Carla Pinsky [1]-postulam que instrumentos vinculados aos Direitos Humanos não é recente, assim sendo, remete-se a Antiguidade Clássica. Em síntese, a formulação desses direitos está relacionada a dinâmica transformativa da moderna sociedade, sobretudo, por buscar os direitos primordiais alicerçados nas práticas civis, políticos e mais recentemente as pautas dos direitos sociais. Esta perspectiva ganhou força e notoriedade, sobretudo, posterior ao Holocausto Nazista (campo de extermínio promovida por Adolf Hitler e sua política antissemita, em miúdo uma raça superior e posterior eliminação dos outros) e muitos outros regimes totalitários e antidemocráticos como o Fascismo na Itália e o Franquismo na Espanha e sem falar dos bombardeamentos atômicos das cidades de Hiroshima e Nagasaki no Japão, portanto, tais práticas promoveram verdadeiro genocídio em grande escala. Em decorrência disso, em 1948 foi promulgada a Declaração Universal de Direitos Humanos-referência para as maiorias das constituições que foram elaborados posteriormente, inclusive para a Carta Magna brasileira aprovado em 05 de outubro de 1988. Dado os fatos, em contexto do Estado Brasileiro, a Educação em Direitos Humanos no decorrer dos anos 1960 e 1970 transcorreu-se de maneira informal-movimentos sociais amplamente organizado, sobretudo, a fim de coibir a política de recessão imposta pelo Regime Militar (1964-1985) e restaurar a democracia, já que naquela ocasião não poderia discordar do Estado, no qual, milhares de pessoas foram mortas, muitos ainda até hoje não se sabe onde os corpos foram parar. A posteriori, já adentrando-se nos anos de 1980, aos poucos o país foi cedendo espaço para reabertura sociopolítica, as maiorias das ações ocorriam em âmbito institucional, marcadamente nos seguintes Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Neste sentido, começou a ganhar força a elaboração de uma nova Constituição, que revigoraram a discussão e lutas pelos Direitos Humanos em intrínseca relação com a Educação Pública de modo geral [2]. Partindo desta lógica interpretativa, nos últimos 30 anos teve uma melhoria neste campo, mas posterior inserção da Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves-houve um retrocesso nos que tangem aos direitos de populações tradicionais (Indígenas, Quilombolas, Seringueiros, Castanheiros, Quebradeiras de coco-de-babaçu, Comunidades de Fundo de Pasto, Catadoras de mangaba, Faxinalenses, Pescadores Artesanais, Marisqueiras, Ribeirinhos, Varjeiros, Caiçaras, Povos de terreiro, Praieiros etc.), pois, a Ministra que é pastora evangélica neopentecostal possui como princípio ideológico, a uniformidade cultural pautado apenas por único criador, à vista disto, exclui os outros saberes. Ainda nesta perspectiva, o atual Ministro da Educação Abraham Weintraub-em recente vídeo divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou que é favor da existência de uma cultura única (a cultura homogênea brasileira) e que tem aversão aos direitos indígenas-isso é uma grave ameaça aos direitos tradicionais estruturadas por Rosalvo Ivarra Ortiz
Esta abordagem inicia-se com os seguintes dizeres: “o território para os povos originários é fund... more Esta abordagem inicia-se com os seguintes dizeres: “o território para os povos originários é fundamental para a produção de saúde e reelaboração cultural de seus modos de ser por meio da relação entre natureza, cultura e relações de poder/resistência. É importante ressaltar que as concepções e as modalidades de territórios e territorialidades entre os povos indígenas são muito variadas e distintas a depender dos grupos étnicos nas diversas regiões brasileiras” [1]. Partindo dessa perspectiva, a atual conjuntura do Brasil está a perpassar por uma situação extremamente caótica, emblemática e até certo ponto incerta como nunca em sua história republicana e recente democrática, sobretudo, envolvendo a saúde de sua população mediante a expansão da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) que têm ceifados às vidas de milhares de pessoas em diferentes horizontes. À vista disto, nosso objetivo central neste artigo é promover uma análise e posterior reflexão acerca dos direitos a saúde das populações indígenas Guarani e Kaiowá de Mato Grosso do Sul, onde estão a correr sério risco de um etnocídio, haja vista a letalidade do referido vírus e a vulnerabilidade que as comunidades se encontram diante da inércia poder público.
REVISTA BONIJURIS I ANO 32 I EDIÇÃO 665 I AGO/SET 2020 A realização das audiências de conciliação... more REVISTA BONIJURIS I ANO 32 I EDIÇÃO 665 I AGO/SET 2020 A realização das audiências de conciliação por meio do uso de recursos tecnológicos disponíveis de transmissão de sons e imagens em tempo real, em especial por videoconferência, não traz prejuízos ao patrimônio público
aphael Lemkin nasceu no dia 24 de junho de 1900 no povoado de Bezwodne na Polônia (a época era Rú... more aphael Lemkin nasceu no dia 24 de junho de 1900 no povoado de Bezwodne na Polônia (a época era Rússia Imperial, atualmente Bielorrússia) — foi um advogado, jurista e defensor em plenitude dos direitos humanos essenciais de ascendência judaica, que em decorrência da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e consequente perseguição aos judeus, precisou emigrar para os Estados Unidos em 1941. Ainda durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), manifestou interesse profundo pelo genocídio armênio (1915-1923) e participou ativamente das Ligas das Nações (1919-1946) — organização internacional que tinha como finalidade principal discutir e promover a paz mundial entre as nações. Portanto, Lemkin ansiava eliminar definitivamente o massacre contra determinada população (a “barbárie”) e a aniquilação de cultura (o “vandalismo”).
O Parecer 001/17, que será julgado pelos Ministros da Suprema Corte — o Supremo Tribunal Federal ... more O Parecer 001/17, que será julgado pelos Ministros da Suprema Corte — o Supremo Tribunal Federal (STF), via Plenário Virtual, pela primeira em sua história a envolver procedimento desta natureza a relacionar-se com à cultura indígenas do Brasil — liminar esta que já tinha sido suspendido pelo Ministro Edson Fachin no âmbito do Recurso Extraordinário (RE 1.017.365) por colocar em riscos os direitos fundamentais dos povos originários [1]. Em nossa análise, o tal processo mostra-se extremamente inconsistente, ineficaz e sobretudo, inconstitucional, pois, se aprovada for, irá abrir precedência e praticamente legalizar e a posteriori legitimar através de Jurisprudência as práticas ilícitas tais como: invasões das comunidades até mesmo os não contactados (isolados), grilagens, exploração de minérios, retiradas de madeiras e proporcionar uma “crise latente”[2] nas comunidades.
Nas últimas décadas, sobretudo, posterior ao século XXI, inúmeros novos dados foram acrescentados... more Nas últimas décadas, sobretudo, posterior ao século XXI, inúmeros novos dados foram acrescentados a já conhecida embate arqueológica acerca da primeira ocupação da espécie humana nas Américas "Selvagens". À vista disto, novos sítios arqueológicos foram catalogados, outros sítios estão sendo revisitados, reestruturados e ressignificados concomitantemente com novas perspectivas, assim sendo, a Arqueologia Brasileira está cada vez mais a ganhar espaço no cenário internacional, sobretudo, por propor novas datações para a primeira inserção do homo no continente. Desta forma, neste artigo pretendemos realizar uma revisão histórica e atual sobre esta problemática, isto é, mediante estudos e investigações de diversos autores/as, perpassando pela Região Amazônica, Santa Elina (MT), Serra da Capivara (PI) e Lagoa Santa (MG). Portanto, o nosso objetivo principal é facilitar a linguagem sobre este assunto, ainda bastante emblemática no pensamento arqueológico brasileiro, latino-americano e global. É por fim, cabe enfatizar que neste texto iremos trazer à tona diferentes imagens afim de situar o/a leitor/a, tais como: fragmentos cerâmicos, artes rupestres, escavações e instrumentos esqueléticos dos primeiros habitantes, homens e mulheres nativas que verdadeiramente descobriram esta terra e não os intrusos europeus, como muitos ainda os defendem na atualidade contemporânea. Palavras-chave: Arqueologia, principais sítios, revisão, interpretação, Brasil.
O presente artigo busca clarificar os vínculos, limites e potencialidades teóricas que há entre a... more O presente artigo busca clarificar os vínculos, limites e potencialidades teóricas que há entre antropologia e história ao longo do tempo. Dessa maneira, desenvolve-se uma abordagem que sugere as relações existentes entre antropologia e história, suas tensões complementares, as contribuições metodológicas de uma disciplina para outra e as diferentes combinações que podem resultar de um exercício tão sugestivo. Ao mesmo tempo, é feita uma (re)visão das formas intrínsecas entre uma disciplina e outra-a maneira como as duas estão interligadas/conectadas, bem como os argumentos que levam à separação e divórcio de cada uma. Para isso, é feito uma viagem que mostra como a especialização disciplinar de cada ciência (epistemologia) é necessária, por um lado, ao tentar interpretar os fenômenos que se propõe investigar em profundidade; mas, por outro lado, mostra seus efeitos colaterais negativos, pois pode levar as visões, descobertas ou pontos de vista que enriquecem cada disciplina. Portanto, estamos cientes que muitas coisas foram feitas ao longo da história a envolver essas duas disciplinas-assim, nosso objetivo é jamais esgotar a discussão, apenas trazer uma (re)tomada das conexões que há entre antropologia e história ou história e antropologia-pretendemos com isso abrir novos horizontes de possibilidades para o alvorecer de novas pesquisas.
Iniciamos esta discussão a dizer que a população indígena é fito de dessemelhança, objeção e inju... more Iniciamos esta discussão a dizer que a população indígena é fito de dessemelhança, objeção e injustiça desde o desembarque dos europeus nas "Américas Selvagens". A passar séculos deste episódio emblemático, o Estado brasileiro tem mantido suas normas jurídicas ancoradas nas desigualdades sociais, culturais, políticas, econômicas, ideológicas, simbólicas, etc. Nesse viés paradigmático, o pluralismo jurídico representa uma negação, como podemos perceber na tese dos pesquisadores Luciano Roberto Gulart Cabral Júnior e Francisco Quintanilha Véras Neto (2018, p. 125) [1], na qual "a perspectiva é descentralizadora, antidogmática, pretendendo a supremacia dos fundamentos ético-político-sociológicos sobre critérios tecno-formais positivistas". Apesar de toda esta adversidade histórica e contemporânea, a sociedade indígena tem resistido ao cerco do imperialismo aniquilador, que busca sistematicamente uma necropolítica [2] ou ainda um de estado de exceção [3] para, assim sendo, a posteriori proporcionar um verdadeiro etnocídio.
RESUMO: Afim de tecer esta discussão é imprescindível corroborar que a arte tem sido um conceito,... more RESUMO: Afim de tecer esta discussão é imprescindível corroborar que a arte tem sido um conceito, uma noção ou ainda uma categoria controversa para a teoria antropológica desde a sua formulação, (re)formulação e posterior engajamento epistemológico. Mediante isto, a antropologia ficou muitas vezes entre o reconhecimento da singularidade cultural de objetos e práticas que não poderia qualificar como arte sem cair no etnocentrismo, reducionismo e esforço para compor tão amplas que incluem uma variedade de práticas humanas e não-humanas sobre os quadros comparativos da experiência estética cosmológica. Para sair do espaço-tempo definido por estes dois discursos, Alfred Gell o principal propulsor da antropologia da arte moderna, sugeriu que a experiência da arte tem a ver com uma forma especial de atribuição de agência as objetos e imagens. Assim, podemos considerar que este fenômeno pode ser o ponto de partida para desenvolver uma verdadeira teoria antropológica da arte, construída sobre a especificidade e particularidade da disciplina e suas ferramentas conceituais. Por assim dizer, a abordagem levanta questões sobre a definição dos elementos de agência, personalidade e materialidade que comprometem outras versões de interpretação crítica cultural. Portanto, o presente artigo buscar realizar uma investigação histórica do desenvolvimento da disciplina antropologia da arte, perpassando por diferentes teorias, tradições e perspectivas tendo como eixo propulsor a cultura material, arte e cosmologia Guarani de Mato Grosso do Sul. Palavras-chave: Epistemologia da Arte; História disciplinar; Cultura material; Perspectivas teóricas; Guarani de Mato Grosso do Sul. ABSTRACT: In order to weave this discussion it is essential to corroborate that art has been a concept, a notion or even a controversial category for anthropological theory since its formulation and (re) formulation and subsequent epistemological engagement. Through this, anthropology has often been among the recognition of the cultural uniqueness of objects and practices that it could not qualify as art without falling into ethnocentrism, reductionism, and the effort to compose so broadly that they include a variety of human and nonhuman practices in painting comparatives of aesthetic experience. To leave the space defined by these two discourses, Alfred Gell, the main proponent of Modern Art Anthropology, suggested that the experience of art has to do with a special form of agency attribution to objects and images. Thus, we can consider that this phenomenon may be the starting point for developing a true anthropological theory of art, built on the specificity and particularity of the discipline and its conceptual tools. So to speak, the approach raises questions about the definition of the concepts of agency, personality, and materiality that undermine other versions of cultural critical analysis. Therefore, this article seeks to conduct a historical investigation of the development of the discipline Anthropology of Art, going through different theories, traditions and perspectives, having as its driving force the Guarani material culture, art and cosmology of Mato Grosso do Sul.
Este artigo aborda o direito Guarani (Kaiowá, Nhandeva e Mbyá), povos indígenas de Dourados, Mato... more Este artigo aborda o direito Guarani (Kaiowá, Nhandeva e Mbyá), povos indígenas de Dourados, Mato Grosso do Sul, Centro-Oeste do Brasil, a partir de sua principiologia, nuances no trato e subsunção das questões comunitárias. Como dirime os conflitos nos mais diversos campos do direito. Assim aborda a importância que a cosmovisão tem para esse direito nativo, do qual advém o juízo holístico. Discorre sobre os princípios gerais do direito Guarani: a solidariedade, reciprocidade e prevalência do interesse coletivo sobre o individual. Apesar de tratar de direito indígena, o enfoque se detém no direito de propriedade Guarani. Vale-se do aporte teórico sobre o pluralismo jurídico, para sustentá-lo como um sistema jurídico, embora pensado e legislado de forma díspares do Direito nacional. Ao final, adentra-se nos iníquos resultados da intervenção externa, sem os devidos cuidados antropológicos necessários a tais ações, que parte nesse caso de quem tem a incumbência jurisdicional de defender o direito e interesse indígena. Palavras chave: direito guarani, pluralismo, intervenção, propriedade.
Resumo O presente artigo traz indagações acerca da Aldeia Jaguapirú e Aldeia Bororó-ambas localiz... more Resumo O presente artigo traz indagações acerca da Aldeia Jaguapirú e Aldeia Bororó-ambas localizadas no município de Dourados, Estado de Mato Grosso do Sul (Centro-Oeste do Brasil). A investigação foi desenvolvida no Mestrado em Antropologia da Universidade Federal da Grande Dourados entre os anos de 2017, 2018 e 2019. Dessa forma, perpassamos por questões que envolvem arqueologia, história, organização social, política, econômica até adentrar nas produções de artes, artefatos e objetos sagrados e ritualísticos Guarani Nhandeva. Portanto, o nosso objetivo é realizar uma análise, descrição e posterior interpretação das múltiplas nuances, conceitos ou categorias que envolvem esse coletivo acerca da relação que há entre cultura material e sua cosmovisão, que na atualidade contemporânea encontram-se numa situação extremamente emblemática, sobretudo a envolver o Yvy (terra). Palavras-Chave: História, Etnografia, Cosmologia, Cultura material, Guarani. Resumen Este artículo presenta preguntas sobre la aldea de Jaguapirú y Aldeia Bororó, ambas ubicadas en el municipio de Dourados, en el estado de Mato Grosso do Sul (Medio Oeste de Brasil). La investigación se desarrolló en el Máster en Antropología de la Universidad Federal de Grande Dourados entre los años de 2017, 2018 y 2019. De esta manera, pasamos por cuestiones que involucran arqueología, historia, organización social, política y económica hasta que ingresan a las producciones de arte, artefactos. y objetos sagrados y rituales del Guaraní Nhandeva. Por lo tanto, nuestro objetivo es realizar un análisis, descripción e interpretación posterior de los múltiples matices, conceptos o categorías que involucran a este colectivo sobre la relación entre la cultura material y su visión del mundo, que en los tiempos contemporáneos se encuentran en una situación extremadamente emblemática, sobre todo Para involucrar al Yvy (tierra). Abstract This article brings inquiries about the Jaguapirú Village and Aldeia Bororó-both located in the municipality of Dourados, in the State of Mato Grosso do Sul (Midwest of Brazil). The research was developed in the Masters in Anthropology of the Federal University of Grande Dourados between the years of 2017, 2018 and 2019. In this way, we pass through questions that involve archeology, history, social, political, economic organization until entering the productions of arts, artifacts and sacred and ritual objects Guarani Nhandeva. Therefore, our objective is to perform an analysis, description and subsequent interpretation of the multiple nuances, concepts 1 A priemira parte deste artigo foi inicialmente publicada por Ivarra Ortiz e Machado (2019). Alguns conceitos desenvolvidos ao longo deste artigo, inicialmente foi publicado por Ivarra Ortiz (2019).
Rosalvo Ivarra Ortiz a O presente artigo traz informações sobre os Guarani Nhandeva das Aldeia Ja... more Rosalvo Ivarra Ortiz a O presente artigo traz informações sobre os Guarani Nhandeva das Aldeia Jaguapirú e Aldeia Bororó, localizadas no município de Dourados, Estado de Mato Grosso do Sul. Este texto busca dar uma visão geral sobre as questões que envolvem arqueologia, his-tória, organização social, política, econômica, com a finalidade de problematizar as produções de artes, artefatos e objetos sagrados e ritualísticos dos Guarani Nhandeva. Portanto, pretende-se dar elementos para uma análise, descrição e interpretação das múlti-plas nuances, conceitos ou categorias que envolvem esse coletivo acerca da relação que há entre cultura material e cosmovisão, que na atualidade contemporânea encontram-se numa situação extre-mamente emblemática, sobretudo a envolver o Yvy (terra). História, Etnografia, Cosmologia, Cultura material, Guarani Nhandeva. Guarani: gênese arqueológica e histórica. A origem do povo Guarani é bastante emblemática em todos os sentidos, não há uma unanimidade ou um consenso absoluto a res-peito da origem, mas as maiorias das investigações arqueológicas e históricas apontam que a etnia ainda como Tupiguarani emergiu nas florestas tropicais dos afluentes do Alto Paraná, Alto Uruguai e nas margens do planalto meridional (Schmitz 1982:57). Assim, no enten-a Mestrando em Geografia Humana (PPGH/FFLCH/USP).
Resumo: O objetivo do artigo é mostrar o processo de institucionalização do cristianismo no sul d... more Resumo: O objetivo do artigo é mostrar o processo de institucionalização do cristianismo no sul de Mato Grosso e como deu-se a conversão dos Terena, que resistiram por muito tempo ao cerco da sociedade nacional e regional. Na segunda metade do século XIX, antes da Guerra contra o Paraguai muitos dessa etnia foram aldeados pelos missionários católicos e no início do século XX muitos outros converteram-se ao protestantismo. Contudo, como o processo de institucionalização do catolicismo e do protestantismo foi lentamente processado no sul de Mato Grosso os indígenas foram negociando espaços para as novas crenças e ao mesmo tempo seguiram cultivando o xamanismo e suas práticas cosmológicas. Palavras-chave: Povo Terena; Conversão cristã; Xamanismo. Abstract: The objective of the article is to show the process of institutionalization of Christianity in the south of Mato Grosso and how the Terena conversion took place, which long resisted the siege of national and regional society. In the second half of the nineteenth century, before the war against Paraguay, many of these ethnic groups were marched by Catholic missionaries, and in the early 20th century many others converted to Protestantism. However, as the process of institutionalization of Catholicism and Protestantism was slowly processed in southern Mato Grosso, Indians were negotiating spaces for new beliefs and at the same time continued to cultivate shamanism and cosmological practices.
Cone sul de Mato Grosso do Sul, Estado marcado por complexos confl itos fundiários. As afi rmaçõe... more Cone sul de Mato Grosso do Sul, Estado marcado por complexos confl itos fundiários. As afi rmações, considerações e inferências dão-se a parti r de parti cipação como pesquisadora do Observatório de Educação Escolar Indígena, cujo projeto foi desenvolvido numa parceria interinsti tucional entre as universidades (UCDB, UFGD, UFMS e UEMS), como Coordenadora do Programa Insti tucional de bolsas de Iniciação à Docência -Diversidade (UFGD/ CAPES/SECADI) e como professora coordenadora do curso de Licenciatura Intercultural -Teko Arandu (UFGD). Inicialmente será feita considerações a datar da situação histórica brasileira de tentati va de inversão de paradigma políti co/ideológico com relação à diversidade étnica no Brasil e em seguida será levantado algumas informações desti nada à formação de professores Guarani e Kaiowá no MS a parti r da UFGD e da Secretaria Estadual de Educação. Palavras-chave: Formação de professores. Kaiowá e Guarani. Metodologia. Currículo.
RESUMO: Afim de tecer esta discussão é imprescindível corroborar que a arte tem sido um conceito,... more RESUMO: Afim de tecer esta discussão é imprescindível corroborar que a arte tem sido um conceito, uma noção ou ainda uma categoria controversa para a teoria antropológica desde a sua formulação e (re)formulação e posterior engajamento epistemológico. Mediante isto, a Antropologia ficou muitas vezes entre o reconhecimento da singularidade cultural de objetos e práticas que não poderia qualificar como arte sem cair no etnocentrismo, reducionismo e esforço para compor tão amplas que incluem uma variedade de práticas humanas e não-humanas sobre os quadros comparativos da experiência estética. Para sair do espaço definido por estes dois discursos, Alfred Gell o principal propulsor da Antropologia da Arte moderna, sugeriu que a experiência da arte tem a ver com uma forma especial de atribuição de agência a objetos e imagens. Assim, podemos considerar que este fenômeno pode ser o ponto de partida para desenvolver uma verdadeira teoria antropológica da arte, construída sobre a especificidade e particularidade da disciplina e suas ferramentas conceituais. Por assim dizer, a abordagem levanta questões sobre a definição dos conceitos de agência, personalidade e materialidade que comprometem outras versões de análise crítica cultural. Portanto, o presente capítulo buscar realizar uma investigação histórica do desenvolvimento da disciplina Antropologia da Arte, perpassando por diferentes teorias, tradições e perspectivas tendo como eixo propulsor a cultura material, arte e cosmologia Guarani de Mato Grosso do Sul.