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Papers by marisa cesar
Victor Arruda (Cuiabá, 1947) tem uma trajetória artística que se inicia antes da década de setent... more Victor Arruda (Cuiabá, 1947) tem uma trajetória artística que se inicia antes da década de setenta. Absolutamente singular, difícil de categorizar dentro da história da arte brasileira, sua pintura bruta, seus jogos de linguagem são carregados de lucidez crítica e corrosiva sobre a moral hipócrita de nossa sociedade, e as relações de poder e violência que as atravessam. São como anotações à margem de um mundo que lhe parece tão bizarro quanto insano, tão ridículo quanto melancólico. São anotações risíveis, corajosas e demolidoras sobre a rotina e o senso-comum, os clichês e os hábitos, as brutalidades perpetuadas no cotidiano, sobre o poder do dinheiro e a normatização dos comportamentos e das vidas consideradas desviantes e indesejáveis. A sexualidade e as questões de gênero, o racismo e a homofobia, o assédio e nossa crueldade dissimulada em discursos e pactos cordiais são amplamente abordados por uma obra que absorve referências mais diversas: de Picasso a Carlos Zéfiro, das pichações a Matisse, dos quadrinhos à ironia dadá e aos jogos verbo-visuais de Magritte, dos paradoxos visuais de Ben Vautier às inserções em mídias como o jornal, da arte conceitual a Nelson Rodrigues e à psicanálise. A entrevista da Concinnitas com Victor Arruda ocorreu no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 16 de junho de 2018, em meio à ampla retrospectiva de 50 anos da trajetória artística, e que reuniu 105 obras do artista. Sob curadoria de Adolfo Montejo Navas, a obra foi abordada sob dois grandes eixos: palavras e textos, a escrita presente em vários suportes, e a dimensão artística e cultural de sua obra, repleta de diálogos heterodoxos tanto com artistas de diversas épocas, quanto por suas influências exteriores como Carlos Zéfiro.
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), Aug 1, 2009
O editor convidado propõe, ao longo dos ensaios apresentados, uma reflexão sobre a imagem-sua tra... more O editor convidado propõe, ao longo dos ensaios apresentados, uma reflexão sobre a imagem-sua trajetória na cultura ocidental, sua presença no mundo contemporâneo e na arte-em suas conjunções com a palavra e o pensamento. Imagem; palavra; arte "Como anjos exterminadores, dois aviões abatem as torres da dominação. Um crime real, com vítimas de carne e sangue. (...) Por um minuto, tratado em termos visuais, misturou-se a grande desordem do visível e o invisível, a realidade e a ficção, o real e a invencibilidade dos emblemas. O inimigo nos havia dado o primeiro espetáculo histórico da morte da imagem na imagem da morte" 1. Marie-José Mondzain Nova York, 11 de setembro de 2001. Algo atingia o império do visível. Um império, segundo Marie-José Mondzain, instituído durante séculos pelo cristianismo, por uma doutrina monoteísta e universalista que convenceria a todos de que aquele que se apodera das visibilidades conquista reinos e domina olhares, palavras, pensamentos. O agressor iconoclasta oferecia assim à idolatria do inimigo ocidental um espetáculo por meio de seus próprios e vulneráveis símbolos. Mostrava "em grande estilo o seu perfeito conhecimento e a sua total conformidade ao mundo que destruía" 2. Um grande paradoxo se configurava: em um mundo onde o domínio se caracteriza pelo monopólio icônico, mesmo as culturas anicônicas [aniconiques] não se furtariam a empreender suas guerras também pelas imagens, ou se preferirmos, a travar guerras entre imaginários. Cada gesto iconoclasta se institui em um dúbio movimento: destrói a imagem se difundindo como imagem e se oferecendo como ícone redentor de seus próprios messianismos. Assim
Arte & Ensaios, Feb 5, 2022
Revista Concinnitas, 2021
O editor convidado propoe, ao longo dos ensaios apresentados, uma reflexao sobre a imagem – sua t... more O editor convidado propoe, ao longo dos ensaios apresentados, uma reflexao sobre a imagem – sua trajetoria na cultura ocidental, sua presenca no mundo contemporâneo e na arte – em suas conjuncoes com a palavra e o pensamento
POIÉSIS, 2018
Os anos sessenta e setenta testemunharam a ascensão de um personagemno sistema das artes, e a red... more Os anos sessenta e setenta testemunharam a ascensão de um personagemno sistema das artes, e a redefinição de sua função, lugar e poder: ocurador. Sua ascensão é simultânea à expansão do campo de atuação e reflexão da arte, ao declínio da figura paradigmática do crítico de arte, e ao aumento considerável no número e na diversidade de exposições das últimas décadas. O texto trata das relações entre crítica e curadoria, dos deslocamentos, indefinições e contaminações que se operaram desde então, dos atuais impasses e possibilidades.
Revista Concinnitas, 2021
O artigo reflete sobre a morte anônima e a máscara, a partir de imagens, palavras e obras de arte... more O artigo reflete sobre a morte anônima e a máscara, a partir de imagens, palavras e obras de arte que circularam pelas mídias e redes digitais ao longo da pandemia de covid-19.
Artecubano Revista De Artes Visuales, 2009
Victor Arruda (Cuiabá, 1947) tem uma trajetória artística que se inicia antes da década de setent... more Victor Arruda (Cuiabá, 1947) tem uma trajetória artística que se inicia antes da década de setenta. Absolutamente singular, difícil de categorizar dentro da história da arte brasileira, sua pintura bruta, seus jogos de linguagem são carregados de lucidez crítica e corrosiva sobre a moral hipócrita de nossa sociedade, e as relações de poder e violência que as atravessam. São como anotações à margem de um mundo que lhe parece tão bizarro quanto insano, tão ridículo quanto melancólico. São anotações risíveis, corajosas e demolidoras sobre a rotina e o senso-comum, os clichês e os hábitos, as brutalidades perpetuadas no cotidiano, sobre o poder do dinheiro e a normatização dos comportamentos e das vidas consideradas desviantes e indesejáveis. A sexualidade e as questões de gênero, o racismo e a homofobia, o assédio e nossa crueldade dissimulada em discursos e pactos cordiais são amplamente abordados por uma obra que absorve referências mais diversas: de Picasso a Carlos Zéfiro, das pichações a Matisse, dos quadrinhos à ironia dadá e aos jogos verbo-visuais de Magritte, dos paradoxos visuais de Ben Vautier às inserções em mídias como o jornal, da arte conceitual a Nelson Rodrigues e à psicanálise. A entrevista da Concinnitas com Victor Arruda ocorreu no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 16 de junho de 2018, em meio à ampla retrospectiva de 50 anos da trajetória artística, e que reuniu 105 obras do artista. Sob curadoria de Adolfo Montejo Navas, a obra foi abordada sob dois grandes eixos: palavras e textos, a escrita presente em vários suportes, e a dimensão artística e cultural de sua obra, repleta de diálogos heterodoxos tanto com artistas de diversas épocas, quanto por suas influências exteriores como Carlos Zéfiro.
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), Aug 1, 2009
O editor convidado propõe, ao longo dos ensaios apresentados, uma reflexão sobre a imagem-sua tra... more O editor convidado propõe, ao longo dos ensaios apresentados, uma reflexão sobre a imagem-sua trajetória na cultura ocidental, sua presença no mundo contemporâneo e na arte-em suas conjunções com a palavra e o pensamento. Imagem; palavra; arte "Como anjos exterminadores, dois aviões abatem as torres da dominação. Um crime real, com vítimas de carne e sangue. (...) Por um minuto, tratado em termos visuais, misturou-se a grande desordem do visível e o invisível, a realidade e a ficção, o real e a invencibilidade dos emblemas. O inimigo nos havia dado o primeiro espetáculo histórico da morte da imagem na imagem da morte" 1. Marie-José Mondzain Nova York, 11 de setembro de 2001. Algo atingia o império do visível. Um império, segundo Marie-José Mondzain, instituído durante séculos pelo cristianismo, por uma doutrina monoteísta e universalista que convenceria a todos de que aquele que se apodera das visibilidades conquista reinos e domina olhares, palavras, pensamentos. O agressor iconoclasta oferecia assim à idolatria do inimigo ocidental um espetáculo por meio de seus próprios e vulneráveis símbolos. Mostrava "em grande estilo o seu perfeito conhecimento e a sua total conformidade ao mundo que destruía" 2. Um grande paradoxo se configurava: em um mundo onde o domínio se caracteriza pelo monopólio icônico, mesmo as culturas anicônicas [aniconiques] não se furtariam a empreender suas guerras também pelas imagens, ou se preferirmos, a travar guerras entre imaginários. Cada gesto iconoclasta se institui em um dúbio movimento: destrói a imagem se difundindo como imagem e se oferecendo como ícone redentor de seus próprios messianismos. Assim
Arte & Ensaios, Feb 5, 2022
Revista Concinnitas, 2021
O editor convidado propoe, ao longo dos ensaios apresentados, uma reflexao sobre a imagem – sua t... more O editor convidado propoe, ao longo dos ensaios apresentados, uma reflexao sobre a imagem – sua trajetoria na cultura ocidental, sua presenca no mundo contemporâneo e na arte – em suas conjuncoes com a palavra e o pensamento
POIÉSIS, 2018
Os anos sessenta e setenta testemunharam a ascensão de um personagemno sistema das artes, e a red... more Os anos sessenta e setenta testemunharam a ascensão de um personagemno sistema das artes, e a redefinição de sua função, lugar e poder: ocurador. Sua ascensão é simultânea à expansão do campo de atuação e reflexão da arte, ao declínio da figura paradigmática do crítico de arte, e ao aumento considerável no número e na diversidade de exposições das últimas décadas. O texto trata das relações entre crítica e curadoria, dos deslocamentos, indefinições e contaminações que se operaram desde então, dos atuais impasses e possibilidades.
Revista Concinnitas, 2021
O artigo reflete sobre a morte anônima e a máscara, a partir de imagens, palavras e obras de arte... more O artigo reflete sobre a morte anônima e a máscara, a partir de imagens, palavras e obras de arte que circularam pelas mídias e redes digitais ao longo da pandemia de covid-19.
Artecubano Revista De Artes Visuales, 2009