Douglas Santos da Silva | ISCTE - University Institute of Lisbon (ISCTE-IUL) (original) (raw)

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Papers by Douglas Santos da Silva

Research paper thumbnail of Peregrinação e Autoetnografia

Teoria e Cultura, Dec 23, 2022

A proposta deste artigo é apresentar a autoetnografi a como método de pesquisa qualitativo no pro... more A proposta deste artigo é apresentar a autoetnografi a como método de pesquisa qualitativo no processo etnográfi co, buscando, ao mesmo tempo, entender as confl uências entre religião, arte, gênero e sexualidade numa sociedade no Alto Minho, em Portugal. Um auto popular com narrativa católica que leva ao palco as construções sociais locais, e que acaba por criar um ritual iniciático masculino para a manutenção dos "bons cidadãos". O meu corpo queer e as minhas experiências que foram marcadas em mim por eu não caber na masculinidade hegemônica são revisitados, buscando compreender as dinâmicas das mais diferentes masculinidades. Para a composição deste artigo, no que tange à masculinidade hegemônica e às demais masculinidades, trago a perspectiva da teoria queer para a refl exão, argumentando que também há exclusão na hierarquia das masculinidades, quando indícios de virilidade estão ausentes.

Research paper thumbnail of Sob o véu de Floripes, sobre o tecido social: A construção do self através do ritual de iniciação

À minha amada mãe, Elizabeth Santos da Silva, por ser fonte inesgotável de inspiração, força e ca... more À minha amada mãe, Elizabeth Santos da Silva, por ser fonte inesgotável de inspiração, força e carinho diário. Que mesmo à distância, sempre se faz presente desde o momento em que acordo até ao descansar da minha mente. À minha irmã Karen e à minha sobrinha Laynara por serem as minhas motivações para ir mais longe. Aos queridos amigos que a academia me proporcionou: André Soares, Bruna Mergulhão, Guilherme Figueiredo, Liliana Afonso e Sara Melim. Tudo teria sido mais difícil sem eles. Ao meu orientador, Professor Paulo Raposo, que me muito me estimulou e fez-me acreditar que há sempre uma saída. Aos professores Rosa Maria Perez e Brian O'Neill, que, como grandes antropólogos, mostraram-me que é possível criar um caminho de criatividade e inovação. Ao Núcleo Promotor 5 de Agosto -Auto da Floripes, na figura do Pedro Rego, pelo convite e a todos os interlocutores durante o meu trabalho de campo. A experiência de compartilhar este trajeto convosco foi uma enorme aprendizagem. O Lugar das Neves tornou-se um canto de acalento para as minhas lembranças. Aos meus amigos do outro lado do Atlântico: Luiza Dieguez, Taís Morais, Ricardo Barros, Rodrigo Claro e Marcelo Delfim, os abraços que eternizam e constroem os meus pilares de conhecimento e superação. À antropóloga Caroline Brettel por ouvir o meu pedido de apoio e pelo suporte com o livro que me apresentou ao Alto Minho. E, agradeço todos os dias, ao meu companheiro e namorado João Carlos Mendonça, pela obra de arte que me faz aprender diariamente, por abrir uma gama de possibilidades de mundos para que o meu conhecimento nunca cesse. v Resumo Esta dissertação é fruto de um trabalho etnográfico sobre o Auto da Floripes, teatro popular e ex-libris da cultura do Alto Minho, o qual narra a batalha entre turcos e cristãos. A performance popular acontece anualmente a 5 de agosto, e integra o conjunto de atrações da festividade devotada à Nossa Senhora das Neves. Com este trabalho, pretendo revisitar o terreno no qual Paulo Raposo, meu orientador, trabalhou na sua tese de doutoramento (1998), e fazer o percurso traçado para a performance sob viés ritualístico, onde proponho analisar a performance e suas implicações para a sociedade minhota. O conflito religioso entre cristãos e turcos, o reconhecimento que diferencia o nós e os "outros", parece trespassar a quarta parede do palco onde a performance acontece e interage com as sociabilidades dos integrantes das três freguesias que confluem no do Lugar das Neves. Questões de territorialidade, identidades e comportamentos sociais, ou moral religiosa, podem ser entendidas como vias de reciprocidade entre arte e vida. E nesse compasso, demarcado para que não fuja do que foi ensaiado, é onde se revela um possível ritual de iniciação para jovens homens, o que ajudaria na construção do self do neófito ao mesmo tempo que lhe ensina o ethos do que é pertencer ao Lugar das Neves. A construção imagética de quem é o "outro" interpela as vivências até mesmo dos quem somos nós.

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Teoria e Cultura, Dec 23, 2022

A proposta deste artigo é apresentar a autoetnografi a como método de pesquisa qualitativo no pro... more A proposta deste artigo é apresentar a autoetnografi a como método de pesquisa qualitativo no processo etnográfi co, buscando, ao mesmo tempo, entender as confl uências entre religião, arte, gênero e sexualidade numa sociedade no Alto Minho, em Portugal. Um auto popular com narrativa católica que leva ao palco as construções sociais locais, e que acaba por criar um ritual iniciático masculino para a manutenção dos "bons cidadãos". O meu corpo queer e as minhas experiências que foram marcadas em mim por eu não caber na masculinidade hegemônica são revisitados, buscando compreender as dinâmicas das mais diferentes masculinidades. Para a composição deste artigo, no que tange à masculinidade hegemônica e às demais masculinidades, trago a perspectiva da teoria queer para a refl exão, argumentando que também há exclusão na hierarquia das masculinidades, quando indícios de virilidade estão ausentes.

Research paper thumbnail of Sob o véu de Floripes, sobre o tecido social: A construção do self através do ritual de iniciação

À minha amada mãe, Elizabeth Santos da Silva, por ser fonte inesgotável de inspiração, força e ca... more À minha amada mãe, Elizabeth Santos da Silva, por ser fonte inesgotável de inspiração, força e carinho diário. Que mesmo à distância, sempre se faz presente desde o momento em que acordo até ao descansar da minha mente. À minha irmã Karen e à minha sobrinha Laynara por serem as minhas motivações para ir mais longe. Aos queridos amigos que a academia me proporcionou: André Soares, Bruna Mergulhão, Guilherme Figueiredo, Liliana Afonso e Sara Melim. Tudo teria sido mais difícil sem eles. Ao meu orientador, Professor Paulo Raposo, que me muito me estimulou e fez-me acreditar que há sempre uma saída. Aos professores Rosa Maria Perez e Brian O'Neill, que, como grandes antropólogos, mostraram-me que é possível criar um caminho de criatividade e inovação. Ao Núcleo Promotor 5 de Agosto -Auto da Floripes, na figura do Pedro Rego, pelo convite e a todos os interlocutores durante o meu trabalho de campo. A experiência de compartilhar este trajeto convosco foi uma enorme aprendizagem. O Lugar das Neves tornou-se um canto de acalento para as minhas lembranças. Aos meus amigos do outro lado do Atlântico: Luiza Dieguez, Taís Morais, Ricardo Barros, Rodrigo Claro e Marcelo Delfim, os abraços que eternizam e constroem os meus pilares de conhecimento e superação. À antropóloga Caroline Brettel por ouvir o meu pedido de apoio e pelo suporte com o livro que me apresentou ao Alto Minho. E, agradeço todos os dias, ao meu companheiro e namorado João Carlos Mendonça, pela obra de arte que me faz aprender diariamente, por abrir uma gama de possibilidades de mundos para que o meu conhecimento nunca cesse. v Resumo Esta dissertação é fruto de um trabalho etnográfico sobre o Auto da Floripes, teatro popular e ex-libris da cultura do Alto Minho, o qual narra a batalha entre turcos e cristãos. A performance popular acontece anualmente a 5 de agosto, e integra o conjunto de atrações da festividade devotada à Nossa Senhora das Neves. Com este trabalho, pretendo revisitar o terreno no qual Paulo Raposo, meu orientador, trabalhou na sua tese de doutoramento (1998), e fazer o percurso traçado para a performance sob viés ritualístico, onde proponho analisar a performance e suas implicações para a sociedade minhota. O conflito religioso entre cristãos e turcos, o reconhecimento que diferencia o nós e os "outros", parece trespassar a quarta parede do palco onde a performance acontece e interage com as sociabilidades dos integrantes das três freguesias que confluem no do Lugar das Neves. Questões de territorialidade, identidades e comportamentos sociais, ou moral religiosa, podem ser entendidas como vias de reciprocidade entre arte e vida. E nesse compasso, demarcado para que não fuja do que foi ensaiado, é onde se revela um possível ritual de iniciação para jovens homens, o que ajudaria na construção do self do neófito ao mesmo tempo que lhe ensina o ethos do que é pertencer ao Lugar das Neves. A construção imagética de quem é o "outro" interpela as vivências até mesmo dos quem somos nós.