Rafael Marques | Universidade de Lisboa (original) (raw)
Papers by Rafael Marques
Neste paper argumentaremos que as sociedades avançadas são sociedades onde os conflitos radicais ... more Neste paper argumentaremos que as sociedades avançadas são sociedades onde os conflitos radicais tendem a ceder o lugar a conflitos de pequena escala e de raiz identitária e onde a dinâmica de conversão das formas interpessoais de confiança em confianças institucionais implica mecanismos sociais de apaziguamento social. A proliferação de conflitos de elevada extensão e baixa intensidade estabiliza essas sociedades, da mesma forma que as novas indústrias que nelas emergem contribuem para a manutenção do status quo. Os novos mercados das sociedades avançadas não se orientam prioritariamente para a produção, mas sim para a mediação, para a regulação e para a corretagem social. A litigação, o aconselhamento e a terapêutica constituem as três principais indústrias das sociedades avançadas, sendo responsáveis pela criação de empregos e pela ultrapassagem das crises económicas e sociais. Estas indústrias proliferam no interior de sociedades que se definem como estando em crise ou ameaçadas...
... Stoleroff, Alan (1992b), Sobre a sociologia do trabalho em Portugal: evolução e perspectiva... more ... Stoleroff, Alan (1992b), Sobre a sociologia do trabalho em Portugal: evolução e perspectiva, Sociologia, Problemas e ... João Peixoto e Rafael Marques. Sociólogos, investigadores no Centrode Investigação em Sociologia Económica e das Organizações (Socius), docentes no ...
As ciências sociais identificaram, há muito, um problema basilar que constituía importante entrav... more As ciências sociais identificaram, há muito, um problema basilar que constituía importante entrave ao desenvolvimento de um conhecimento verdadeiro e objectivo das sociedades – o etnocentrismo. Neste texto, consideramos que, não menos importante, e talvez mais insidioso, é o problema do cronocentrismo. O cronocentrismo corresponde a uma forma de desconsideração pelas sociedades passadas, impondo sobre elas bitolas de avaliação, juízos e condenações que não respeitam nem a sua lógica nem a sua integridade e são baseados em construções morais presentistas. Trata-se de um enviesamento comum, e escassamente reconhecido, que resulta de fraquezas metodológicas e conceptuais e de um parco e errado uso de formas comparativas de análise. A inexistência de deflatores sociais e um fetichismo pela inovação e pela mudança, a par de uma neofilia generalizada têm adensado o problema. Baseados na análise de múltiplos contributos teóricos sobre o conceito de cronocentrismo, apresentados ao longo das...
SSRN Electronic Journal, 2018
O presente estudo aborda os temas do compromisso organizacional (CO), as intenções de turnover (I... more O presente estudo aborda os temas do compromisso organizacional (CO), as intenções de turnover (IT) e os comportamentos de cidadania organizacional (CCO) para o caso específico, e pouco estudado, dos trabalhadores em outsourcing.Analisando os trabalhadores de uma empresa de tecnologia e consultoria a operar em Portugal, primeiramente, testa-se a relação entre os vários tipos de CO (afetivo, normativo e instrumental) e dois outros importantes indicadores para a gestão dos recursos humanos, nomeadamente, os CCO e as IT. Finalmente, testa-se a relação entre o tempo de permanência na organização dos clientes, para prestação de serviços em outsourcing, e o CO, os CCO e as IT.Com base neste estudo é possível identificar suporte empírico para a proposta de relação negativa entre o CO afetivo e normativo e as IT e a proposta de que o CO normativo se relaciona positivamente, e o CO instrumental negativamente, com os CCO. Igualmente, identifica-se ainda que quanto mais tempo for passado no cl...
Paul Veyne has suggested in 1971 that Sociology lacked a study object. Three quarters of a centur... more Paul Veyne has suggested in 1971 that Sociology lacked a study object. Three quarters of a century after Durkheim’s Rules, it had yet to discover social types and orders of preponderant facts. At any rate, Veyne claimed, since Sociology or at least sociologists exist, we must conclude that, under that label, they do something else. Briefly, besides studying the logical conditions of Sociology, we should also sociologically consider it, as well as other neighbour and potentially rival disciplines. In this paper it is argued that, contrary to other scientific fields, Sociology lives in an environment of permanently renewed crisis. Different authors and traditions have indeed asserted exactly that, while based on entirely diverse assumptions. In order to justify the characteristic traits of today’s crisis, we try to list some of the little demons that have contributed to the current situation: 1) The hagiographic syndrome; 2) The
Sociologia: Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2017
Os mecanismos sociais associados ao capital social e a confianca tem merecido uma atencao crescen... more Os mecanismos sociais associados ao capital social e a confianca tem merecido uma atencao crescente no campo da Sociologia Economica. O blat russo e aqui analisado como uma relacao pessoal que envolve troca de favores e de bens que se instala em economias de escassa ou nula monetarizacao. O blat e uma forma impura de transaccao que se situa entre o dom e a troca; entre a alienabilidade total e a inalienabilidade absoluta; entre a reciprocidade memorial e o mercado e entre a reproducao social e a reproducao das coisas. O acesso privilegiado a bens e a servicos e o recurso fundamental da cadeia de blat, operando a custa das instituicoes estatais e nao dos individuos. O blat nao envolve apenas diades relacionais, antes tendendo a constituir redes sociais e cadeias circulares de troca incrustadas numa economia de escassez e de racionamento
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
In this text we propose an allegoric reading of Georg Simmel’s text “The Poor”, concentrating our... more In this text we propose an allegoric reading of Georg Simmel’s text “The Poor”, concentrating our analysis in the interactional, dialogical and reciprocal dimensions that constitute the poor as a social category and impose certain character traits and social roles to them. Signaling the continuities between alms giving and the modern Welfare State, we propose a cynical look at the social processes that defined the poor as a non-existence or as a pretext for a moral enrichment of the givers and helpers. We mark a long process that started with the definition of poverty as pathology and culminated in the buildup of an identity of the poor according to statistical categories and rational classificatory systems. The poor is characterized as a combinatorial type, receiving its meaning from the association with other concepts and as an absence of a value in itself.
Journal of Economic Psychology
Journal of Economic Sociology, 2002
economic sociology_the european …
In Portugal, like in the rest of the Southern European countries that were part of the so-called ... more In Portugal, like in the rest of the Southern European countries that were part of the so-called third wave of democratization of the 1970s (Greece and Spain), the Euro was seen as a symbol of modernization, economic growth and stability. Its introduction was considered ...
The American Journal of Sociology, 2010
Sociologia Problemas E Praticas, May 1, 2003
... Stoleroff, Alan (1992b), Sobre a sociologia do trabalho em Portugal: evolução e perspectiva... more ... Stoleroff, Alan (1992b), Sobre a sociologia do trabalho em Portugal: evolução e perspectiva, Sociologia, Problemas e ... João Peixoto e Rafael Marques. Sociólogos, investigadores no Centrode Investigação em Sociologia Económica e das Organizações (Socius), docentes no ...
The Journal of Transport History, 2013
ABSTRACT
European Societies, 2011
Twenty years ago, Anthony Giddens proclaimed that modernity was, inherently, deeply and intrinsic... more Twenty years ago, Anthony Giddens proclaimed that modernity was, inherently, deeply and intrinsically sociological in the sense that sociological knowledge tended to be rapidly assimilated by individuals and institutions and therefore incorporated into subsequent processes of change. Thus, it may seem relevant to question just how much sociology is actually being put into practice in economic institutions in general and
Neste paper argumentaremos que as sociedades avançadas são sociedades onde os conflitos radicais ... more Neste paper argumentaremos que as sociedades avançadas são sociedades onde os conflitos radicais tendem a ceder o lugar a conflitos de pequena escala e de raiz identitária e onde a dinâmica de conversão das formas interpessoais de confiança em confianças institucionais implica mecanismos sociais de apaziguamento social. A proliferação de conflitos de elevada extensão e baixa intensidade estabiliza essas sociedades, da mesma forma que as novas indústrias que nelas emergem contribuem para a manutenção do status quo. Os novos mercados das sociedades avançadas não se orientam prioritariamente para a produção, mas sim para a mediação, para a regulação e para a corretagem social. A litigação, o aconselhamento e a terapêutica constituem as três principais indústrias das sociedades avançadas, sendo responsáveis pela criação de empregos e pela ultrapassagem das crises económicas e sociais. Estas indústrias proliferam no interior de sociedades que se definem como estando em crise ou ameaçadas...
... Stoleroff, Alan (1992b), Sobre a sociologia do trabalho em Portugal: evolução e perspectiva... more ... Stoleroff, Alan (1992b), Sobre a sociologia do trabalho em Portugal: evolução e perspectiva, Sociologia, Problemas e ... João Peixoto e Rafael Marques. Sociólogos, investigadores no Centrode Investigação em Sociologia Económica e das Organizações (Socius), docentes no ...
As ciências sociais identificaram, há muito, um problema basilar que constituía importante entrav... more As ciências sociais identificaram, há muito, um problema basilar que constituía importante entrave ao desenvolvimento de um conhecimento verdadeiro e objectivo das sociedades – o etnocentrismo. Neste texto, consideramos que, não menos importante, e talvez mais insidioso, é o problema do cronocentrismo. O cronocentrismo corresponde a uma forma de desconsideração pelas sociedades passadas, impondo sobre elas bitolas de avaliação, juízos e condenações que não respeitam nem a sua lógica nem a sua integridade e são baseados em construções morais presentistas. Trata-se de um enviesamento comum, e escassamente reconhecido, que resulta de fraquezas metodológicas e conceptuais e de um parco e errado uso de formas comparativas de análise. A inexistência de deflatores sociais e um fetichismo pela inovação e pela mudança, a par de uma neofilia generalizada têm adensado o problema. Baseados na análise de múltiplos contributos teóricos sobre o conceito de cronocentrismo, apresentados ao longo das...
SSRN Electronic Journal, 2018
O presente estudo aborda os temas do compromisso organizacional (CO), as intenções de turnover (I... more O presente estudo aborda os temas do compromisso organizacional (CO), as intenções de turnover (IT) e os comportamentos de cidadania organizacional (CCO) para o caso específico, e pouco estudado, dos trabalhadores em outsourcing.Analisando os trabalhadores de uma empresa de tecnologia e consultoria a operar em Portugal, primeiramente, testa-se a relação entre os vários tipos de CO (afetivo, normativo e instrumental) e dois outros importantes indicadores para a gestão dos recursos humanos, nomeadamente, os CCO e as IT. Finalmente, testa-se a relação entre o tempo de permanência na organização dos clientes, para prestação de serviços em outsourcing, e o CO, os CCO e as IT.Com base neste estudo é possível identificar suporte empírico para a proposta de relação negativa entre o CO afetivo e normativo e as IT e a proposta de que o CO normativo se relaciona positivamente, e o CO instrumental negativamente, com os CCO. Igualmente, identifica-se ainda que quanto mais tempo for passado no cl...
Paul Veyne has suggested in 1971 that Sociology lacked a study object. Three quarters of a centur... more Paul Veyne has suggested in 1971 that Sociology lacked a study object. Three quarters of a century after Durkheim’s Rules, it had yet to discover social types and orders of preponderant facts. At any rate, Veyne claimed, since Sociology or at least sociologists exist, we must conclude that, under that label, they do something else. Briefly, besides studying the logical conditions of Sociology, we should also sociologically consider it, as well as other neighbour and potentially rival disciplines. In this paper it is argued that, contrary to other scientific fields, Sociology lives in an environment of permanently renewed crisis. Different authors and traditions have indeed asserted exactly that, while based on entirely diverse assumptions. In order to justify the characteristic traits of today’s crisis, we try to list some of the little demons that have contributed to the current situation: 1) The hagiographic syndrome; 2) The
Sociologia: Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2017
Os mecanismos sociais associados ao capital social e a confianca tem merecido uma atencao crescen... more Os mecanismos sociais associados ao capital social e a confianca tem merecido uma atencao crescente no campo da Sociologia Economica. O blat russo e aqui analisado como uma relacao pessoal que envolve troca de favores e de bens que se instala em economias de escassa ou nula monetarizacao. O blat e uma forma impura de transaccao que se situa entre o dom e a troca; entre a alienabilidade total e a inalienabilidade absoluta; entre a reciprocidade memorial e o mercado e entre a reproducao social e a reproducao das coisas. O acesso privilegiado a bens e a servicos e o recurso fundamental da cadeia de blat, operando a custa das instituicoes estatais e nao dos individuos. O blat nao envolve apenas diades relacionais, antes tendendo a constituir redes sociais e cadeias circulares de troca incrustadas numa economia de escassez e de racionamento
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
In this text we propose an allegoric reading of Georg Simmel’s text “The Poor”, concentrating our... more In this text we propose an allegoric reading of Georg Simmel’s text “The Poor”, concentrating our analysis in the interactional, dialogical and reciprocal dimensions that constitute the poor as a social category and impose certain character traits and social roles to them. Signaling the continuities between alms giving and the modern Welfare State, we propose a cynical look at the social processes that defined the poor as a non-existence or as a pretext for a moral enrichment of the givers and helpers. We mark a long process that started with the definition of poverty as pathology and culminated in the buildup of an identity of the poor according to statistical categories and rational classificatory systems. The poor is characterized as a combinatorial type, receiving its meaning from the association with other concepts and as an absence of a value in itself.
Journal of Economic Psychology
Journal of Economic Sociology, 2002
economic sociology_the european …
In Portugal, like in the rest of the Southern European countries that were part of the so-called ... more In Portugal, like in the rest of the Southern European countries that were part of the so-called third wave of democratization of the 1970s (Greece and Spain), the Euro was seen as a symbol of modernization, economic growth and stability. Its introduction was considered ...
The American Journal of Sociology, 2010
Sociologia Problemas E Praticas, May 1, 2003
... Stoleroff, Alan (1992b), Sobre a sociologia do trabalho em Portugal: evolução e perspectiva... more ... Stoleroff, Alan (1992b), Sobre a sociologia do trabalho em Portugal: evolução e perspectiva, Sociologia, Problemas e ... João Peixoto e Rafael Marques. Sociólogos, investigadores no Centrode Investigação em Sociologia Económica e das Organizações (Socius), docentes no ...
The Journal of Transport History, 2013
ABSTRACT
European Societies, 2011
Twenty years ago, Anthony Giddens proclaimed that modernity was, inherently, deeply and intrinsic... more Twenty years ago, Anthony Giddens proclaimed that modernity was, inherently, deeply and intrinsically sociological in the sense that sociological knowledge tended to be rapidly assimilated by individuals and institutions and therefore incorporated into subsequent processes of change. Thus, it may seem relevant to question just how much sociology is actually being put into practice in economic institutions in general and