Adriana Barsotti | PUC-RJ - Academia.edu (original) (raw)
Papers by Adriana Barsotti
Revista Brasileira de História da Mídia, 2022
Revista Eco-Pós
Em um cenário de desinformação, ataques à ciência e ameaça à vida no planeta, era de se esperar q... more Em um cenário de desinformação, ataques à ciência e ameaça à vida no planeta, era de se esperar que o jornalismo, cujo ethos se baseia na defesa do interesse público, assumisse um papel de protagonismo na sociedade. Este artigo tem por objetivo analisar a cobertura da imprensa acerca das seis mentiras sobre o meio ambiente mais repetidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro durante seu mandato. Foram analisadas 33 notícias de nove sites de jornais sobre as declarações falsas do ex-presidente sobre esses temas. Dos 33 títulos analisados, 21 foram declaratórios, representando 64% dos casos. Os títulos de teor crítico foram 11, o equivalente a 33%. Apenas um apontou que Bolsonaro estava mentindo — o correspondente a 3% da amostragem. A mesma tendência foi verificada nos subtítulos, o que leva à conclusão de que o jornalismo contribuiu para ampliar a desinformação sobre o meio ambiente.
Comunicação & Educação
O #HoraDeVotar é um projeto multidisciplinar de ensino e produção de jornalismo digital desenvolv... more O #HoraDeVotar é um projeto multidisciplinar de ensino e produção de jornalismo digital desenvolvido na UFF de forma remota durante a pandemia de Covid-19. A iniciativa, de media literacy, uniu 27 discentes, dois bolsistas, três docentes e um professor em estágio docência. A oportunidade surgiu diante da proximidade das eleições municipais de 2020, em que havia grandes chances de a disseminação da desinformação crescer, o que já vinha acontecendo desde o início da pandemia. O resultado foi a criação de um site com reportagens contemplando temas de letramento midiático, uma série de podcasts, imagens e infográficos para ilustrar as reportagens e cards e vídeos para a divulgação do projeto nas redes sociais. Além de oferecer um serviço à sociedade, o projeto contribuiu para que os alunos adquirissem habilidade, capacidade, responsabilidade e comprometimento moral para se relacionarem com as mídias.
Este artigo tem como objetivo discutir a motivação e os impactos nas práticas profissionais do us... more Este artigo tem como objetivo discutir a motivação e os impactos nas práticas profissionais do uso de jornalistas como fontes nos podcasts Café da Manhã e Ao Ponto, dos jornais Folha de S. Paulo e O Globo, os dois maiores do Brasil. Para o atingir, foram realizadas uma análise quantitativa dos entrevistados dos dois podcasts durante um ano e entrevistas em profundidade com dois editores, um de cada podcast. Os resultados indicaram que profissionais do jornalismo foram entrevistados em 65,47 % dos episódios do Café da Manhã e em 68,12% dos programas do Ao Ponto. Estes percentuais elevados apontam que ambos os podcasts buscam suas pautas e a credibilidade das fontes em suas próprias redações, dentro da lógica de produção continuum multimídia nas redações. Ao mesmo tempo, este processo transforma o jornalista simultaneamente em produtor de conteúdo e em fonte-especialista, ficando responsável por garantir a credibilidade da notícia que produz.
Trama: indústria criativa em revista ISSN 2447-7516, Dec 17, 2019
Brazilian journalism research, Dec 26, 2023
E por links compartilhados nas redes sociais e mecanismos de busca que a maioria da populacao se ... more E por links compartilhados nas redes sociais e mecanismos de busca que a maioria da populacao se informa. Habitos de leitura contemporâneos impoem mudancas nas rotinas produtivas dos jornalistas. O proposito do artigo e investigar as transformacoes em duas redacoes: O Globo e O Estado de S.Paulo. Por meio da observacao participante e de entrevistas em profundidade, o objetivo foi notar rupturas e descontinuidades nas praticas jornalisticas. Entre as rupturas, nota-se o fluxo continuo de producao, cada vez mais orientado para as redes sociais, a flexibilizacao da atualidade e a criacao do valor-noticia propagabilidade.
Revista Mídia e Cotidiano, 2022
A pandemia de Covid-19 provocou rupturas em amplos aspectos de nossa experiência cotidiana: nos m... more A pandemia de Covid-19 provocou rupturas em amplos aspectos de nossa experiência cotidiana: nos modos de produzir e consumir informação, de trabalhar, de aprender e de nos entretermos. De repente, vimos praticamente toda existência ser mediada por telas e as tecnologias ganhando um papel central em nossas vivências, marcando interações sociais e criando novos regimes de sociabilidade. A prevalência do digital e a interferência das telas no cotidiano conformam o digital como um terceiro entorno social, que se integra aos entornos natural e urbano, como proposto por Boczkowski e Michelstein (2021). Nesse contexto, o processo de plataformização foi notadamente acelerado durante o período. O número de usuários de redes sociais no mundo aumentou 13% e,
Front pages of printed newspapers inspired home pages, their digital equivalents in network journ... more Front pages of printed newspapers inspired home pages, their digital equivalents in network journalism (HEINRICH, 2011). In the 1990s, during the early days of the commercial Internet, Mc Adams (1995) noted that news media transposed to their websites the same concept adopted by printed newspapers. The main page, or home page, should present the most important news pieces highlights. Headlines and subheads on those pages are still written according to the same principles as those of printed newspapers; that is, in accordance with the newsworthiness criteria established in the professional culture of journalists. However, despite such continuity, there are also discontinuities (FOUCAULT, 2015). Among them is the ephemerality of home pages. Since the publication flow is continuous, several front pages or recombinations of them are edited non-stop. Home pages refresh interval reveal a rupture from the 24-hour cycle of the printed newspaper. As an example, in 2011, O Globo’s online fron...
ALCEU, 2020
O jornalismo sempre contribuiu para a formação da memória social compartilhada. Primeiras páginas... more O jornalismo sempre contribuiu para a formação da memória social compartilhada. Primeiras páginas de jornais cumpriram uma importante função comunicacional, ajudando a construir nosso imaginário sobre acontecimentos que sequer testemunhamos. Nos primórdios da internet, elas foram transpostas para os sites como home pages. Na contemporaneidade, entretanto, assistimos a uma queda na penetração dos jornais impressos e o surgimento de novas formas de navegação, por links, que podem afetar o modo pelo qual recordamos as notícias. O objetivo deste artigo é analisar a articulação entre memória e esquecimento que são acionados a partir da leitura de primeiras páginas em seus suportes impresso e digital e as consequências da desmaterialização para o jornalismo. Para atingir os objetivos, foram realizadas entrevistas em profundidade com 10 jornalistas que já editaram ou editam primeiras páginas e home pages em jornais de referência.
E-Compós, 2014
O modelo de comunicação horizontal da internet deu voz a todos, pondo em xeque o papel do jornali... more O modelo de comunicação horizontal da internet deu voz a todos, pondo em xeque o papel do jornalista e reconfigurando suas funções. Este artigo analisou as rotinas produtivas nos sites dos jornais O Globo e Extra para verificar como a web adicionou papéis a estes profissionais. O ponto de partida foi rever o estudo pioneiro de David White sobre o jornalista como gatekeeper na seleção de notícias. O conceito gatewatcher, que define o jornalista on-line como um observador à procura de conteúdos para seu público, também foi aplicado. Assim como a internet traz uma nova camada de informações ao jornalismo on-line, ela também superpõe camadas funcionais aos jornalistas. A crescente participação do público propõe novas funções aos profissionais na redação. A aposta teórica desta pesquisa é que o jornalista on-line está firmando sua identidade em um novo alicerce: o de mobilizador da audiência, atuando para engajar seu público em torno de diversas causas.
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre as mudancas nas rotinas produtivas do j... more Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre as mudancas nas rotinas produtivas do jornalismo que estao sendo acarretadas pela perda de audiencia das home pages e analisa o que essa invisibilidade das manchetes pode ocasionar na producao de sentido operada pelo jornalismo e na cultura profissional dos jornalistas. As sucessivas quedas em suas audiencias significam que a maioria dos internautas nao acessa mais as home pages , pois buscam o conteudo jornalistico atraves de links publicados em portais e nas midias sociais ou por mecanismos de busca. A primeira pagina ja funcionou como estrategia comunicacional nao apenas para atrair o interesse dos leitores para o produto jornalistico, mas tambem para demonstrar credibilidade do campo jornalistico para agendar os temas relevantes para o debate publico. Hoje, conforme aponta a conclusao do trabalho, um esvaziamento do poder simbolico do jornalismo se expressa no silencio que ronda as home pages .
Revista Brasileira de História da Mídia, 2020
O objetivo deste artigo é analisar as rotinas produtivas envolvidas no processo de edição dos jor... more O objetivo deste artigo é analisar as rotinas produtivas envolvidas no processo de edição dos jornais impressos, à luz das teorias do jornalismo. Para alcançar os objetivos, foram utilizados prefácios de livros que reúnem, segundo suas propostas editoriais, as mais relevantes primeiras páginas de jornais brasileiros. Os textos são assinados por dois jornalistas que já ocuparam cargo de direção e um colunista. A hipótese é que haja um grau de descompasso entre o imaginário que a cultura profissional construiu sobre os valores jornalísticos e as características distintivas da atividade já apontadas pelas teorias do jornalismo. A metodologia utilizada combina a análise de narrativas e revisão bibliográfica.Palavras-chave: Jornais. Teorias do jornalismo. Rotinas produtivas. Imaginário.
Revista_Mídia_e_Cotidiano, 2016
Forma de expressão que emerge no pensamento moderno, o jornalismo informativo também é atravessad... more Forma de expressão que emerge no pensamento moderno, o jornalismo informativo também é atravessado pela denominada crise da modernidade. Historicamente, o campo jornalístico se desenvolveu entre dois polos: a ideologia profissional segundo a qual o jornalismo é um serviço público e a realidade histórica de ser um negócio lucrativo. A proposta deste artigo é compreender como as principais questões teóricas levantadas por autores que analisam os dilemas da Contemporaneidade – o esvaziamento do espaço público; a exacerbação do individualismo; o retorno das comunidades; a intensificação do presente – afetam o polo que relaciona a atividade jornalística ao interesse público. O trabalho conclui que os valores contemporâneos do “eu”, do “aqui” e do “agora” se manifestam no jornalismo pelas estratégias de valorização da primeira pessoa nas narrativas, das seções dedicadas ao noticiário hiperlocal e do culto ao “tempo real”.
Pauta Geral - Estudos em Jornalismo, 2016
Mediadas pelas interfaces de dispositivos móveis como os smartphones e os tablets, novas práticas... more Mediadas pelas interfaces de dispositivos móveis como os smartphones e os tablets, novas práticas de produção de notícias estão emergindo. Com as oscilações na circulação de exemplares, a indústria de revistas e jornais impressos viu neste mercado em ascensão uma oportunidade para ampliar sua audiência. Produtos jornalísticos exclusivamente para tais dispositivos foram lançados em 2012 no Brasil, como OGloboa Mais, objeto de pesquisa apresentado nesse artigo, cuja proposta é estabelecer as semelhanças e diferenças entre o jornalismo online e o jornalismo para tablets, investigando se os dispositivos móveis possibilitam o aparecimento de uma nova linguagem jornalística. A interação do leitor com tais máquinas-por meio do emprego de gestos em telas sensíveis ao toqueexige que os jornalistas lancem mão de uma pedagogia de movimentos para se comunicar com seu público, numa prática profissional que acentua a recepção pela lógica das sensações, aguçando os sentidos e privilegiando o infotenimento. Resulta desta interação um jornalismo sensorial: não basta à notícia ser lida; ela é, sobretudo, experimentada. Palavras-chave: Teorias do jornalismo; Jornalismo para dispositivos móveis; Infotenimento. 1 Professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação e coordenador de graduação do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio. Doutor e Mestre em Comunicação pela UFRJ. Jornalista diplomado pela UFF.
Sur Le Journalisme About Journalism Sobre Jornalismo, Dec 15, 2014
Por sua portabilidade, ubiquidade e tactilidade, as midias moveis alteram os modos de produzir e ... more Por sua portabilidade, ubiquidade e tactilidade, as midias moveis alteram os modos de produzir e consumir noticias. Potencialmente, smartphones e tablets poderiam gerar novas rotinas produtivas e linguagens jornalisticas. Entretanto, esses dispositivos provocaram caminhos distintos nas redacoes de jornais brasileiros. A partir de um estudo de caso nos sites mobile dos jornais O Estado de S.Paulo e O Globo e nos produtos lancados para tablets por ambos – Estadao Noite e O Globo a Mais – constatamos que o smartphone nao foi agente propulsor de mudancas. Ha apenas a redistribuicao automatica de noticias nas telas de celulares a partir do conteudo publicado nos sites dos jornais. A opcao pela robotizacao do processo de edicao dispensa a necessidade de jornalistas e, portanto, mantem inalteradas as rotinas produtivas. A automacao tambem impossibilita o surgimento de uma nova linguagem jornalistica. A tela do celular apenas reproduz caracteristicas ja presentes no jornalismo on-line. Os tablets, ao contrario, introduziram mudancas no processo de producao das redacoes. Tanto O Globo a Mais quanto o Estadao Noite contam com equipes proprias e dedicadas. Tais produtos rompem com o fluxo de producao incessante de conteudo durante 24 horas das redacoes integradas com base no modelo digital first, orientado para abastecer todos os produtos jornalisticos de uma empresa a partir de seu site. Diferentemente do smartphone, o tablet nao e visto como mais um canal de distribuicao de noticias, mas como um meio distinto. A exploracao desta midia tem possibilitado o surgimento de uma nova linguagem jornalistica. Se a tactilidade e apenas funcional nos smartphones, nos tablets ela torna-se um suporte necessario para se desvendar e experimentar conteudo. O jornalismo feito sob medida para esses dispositivos tem apostado na logica das sensacoes, ao apoiar-se na recepcao por meio dos tres sentidos: a visao, a audicao e o tato. Due to their portability, ubiquity and tactility, mobile devices are changing the patterns of news production and consumption. Smartphones and tablets could potentially create new productive routines and new journalistic languages. These two devices have, however, taken distinct paths in the newsrooms of Brazilian newspapers. A case study of the mobile phone sites of the O Estado de Sao Paulo and O Globo newspapers and their respective tablet apps, Estadao Noite and O Globo a Mais, demonstrates that the smartphone has not engendered change because only the automatic redistribution of information from content published on the newspaper websites appears on phone screens. This automation of the editing process excludes journalists and, consequently, does not affect their production routines. Automation also precludes the emergence of a new journalistic language. The smartphone screen merely reproduces the characteristics already present in online journalistic content. The same cannot be said for tablets, which have altered the editorial production process. Both O Globo a Mais and Estadao Noite have specific and exclusive teams. Such products break the constant stream of 24/7 newsroom content production based on the “digital first” model, designed to supply all of a company’s journalistic products from its website. Unlike the smartphone, the tablet is not seen as an additional channel for information distribution; it is perceived as a different means, the use of which gives rise to a swell of a new journalistic language. While tactility is merely a function on smartphones, it is a necessary platform for tablets to unveil and experience content. Journalism, tailor-made for these devices, relies on sensory perception and is founded on its three instruments: vision, hearing and touch. De par leur portabilite, ubiquite et tactilite, les appareils mobiles changent les modes de production et de consommation des informations. Les smartphones et les tablettes pourraient, potentiellement, instaurer de nouvelles routines productives et d’autres langages journalistiques. Pourtant, ces dispositifs ont pris des chemins distincts dans les redactions des journaux bresiliens. Une etude de cas sur les sites mobiles des journaux O Estado de Sao Paulo et O Globo, et sur leurs applications mobiles pour tablettes, Estadao Noite et O Globo a Mais, indique que l’utilisation du smartphone n’a pas entraine de changements. Seule apparait une redistribution automatique d’informations sur les ecrans des portables a partir du contenu publie sur les sites des journaux. Le choix de la robotisation du processus d’edition se passe des journalistes et, par voie de consequence, ne modifie pas les routines productives. L’automatisation empeche egalement l’apparition d’un nouveau langage journalistique. L’ecran du telephone portable se limite a reproduire des caracteristiques deja presentes dans le journalisme en ligne. Il n’en est pas de meme pour les tablettes, qui ont modifie le processus de production des redactions. Qu’il s’agisse de O…
Revista Brasileira de História da Mídia, 2022
Revista Eco-Pós
Em um cenário de desinformação, ataques à ciência e ameaça à vida no planeta, era de se esperar q... more Em um cenário de desinformação, ataques à ciência e ameaça à vida no planeta, era de se esperar que o jornalismo, cujo ethos se baseia na defesa do interesse público, assumisse um papel de protagonismo na sociedade. Este artigo tem por objetivo analisar a cobertura da imprensa acerca das seis mentiras sobre o meio ambiente mais repetidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro durante seu mandato. Foram analisadas 33 notícias de nove sites de jornais sobre as declarações falsas do ex-presidente sobre esses temas. Dos 33 títulos analisados, 21 foram declaratórios, representando 64% dos casos. Os títulos de teor crítico foram 11, o equivalente a 33%. Apenas um apontou que Bolsonaro estava mentindo — o correspondente a 3% da amostragem. A mesma tendência foi verificada nos subtítulos, o que leva à conclusão de que o jornalismo contribuiu para ampliar a desinformação sobre o meio ambiente.
Comunicação & Educação
O #HoraDeVotar é um projeto multidisciplinar de ensino e produção de jornalismo digital desenvolv... more O #HoraDeVotar é um projeto multidisciplinar de ensino e produção de jornalismo digital desenvolvido na UFF de forma remota durante a pandemia de Covid-19. A iniciativa, de media literacy, uniu 27 discentes, dois bolsistas, três docentes e um professor em estágio docência. A oportunidade surgiu diante da proximidade das eleições municipais de 2020, em que havia grandes chances de a disseminação da desinformação crescer, o que já vinha acontecendo desde o início da pandemia. O resultado foi a criação de um site com reportagens contemplando temas de letramento midiático, uma série de podcasts, imagens e infográficos para ilustrar as reportagens e cards e vídeos para a divulgação do projeto nas redes sociais. Além de oferecer um serviço à sociedade, o projeto contribuiu para que os alunos adquirissem habilidade, capacidade, responsabilidade e comprometimento moral para se relacionarem com as mídias.
Este artigo tem como objetivo discutir a motivação e os impactos nas práticas profissionais do us... more Este artigo tem como objetivo discutir a motivação e os impactos nas práticas profissionais do uso de jornalistas como fontes nos podcasts Café da Manhã e Ao Ponto, dos jornais Folha de S. Paulo e O Globo, os dois maiores do Brasil. Para o atingir, foram realizadas uma análise quantitativa dos entrevistados dos dois podcasts durante um ano e entrevistas em profundidade com dois editores, um de cada podcast. Os resultados indicaram que profissionais do jornalismo foram entrevistados em 65,47 % dos episódios do Café da Manhã e em 68,12% dos programas do Ao Ponto. Estes percentuais elevados apontam que ambos os podcasts buscam suas pautas e a credibilidade das fontes em suas próprias redações, dentro da lógica de produção continuum multimídia nas redações. Ao mesmo tempo, este processo transforma o jornalista simultaneamente em produtor de conteúdo e em fonte-especialista, ficando responsável por garantir a credibilidade da notícia que produz.
Trama: indústria criativa em revista ISSN 2447-7516, Dec 17, 2019
Brazilian journalism research, Dec 26, 2023
E por links compartilhados nas redes sociais e mecanismos de busca que a maioria da populacao se ... more E por links compartilhados nas redes sociais e mecanismos de busca que a maioria da populacao se informa. Habitos de leitura contemporâneos impoem mudancas nas rotinas produtivas dos jornalistas. O proposito do artigo e investigar as transformacoes em duas redacoes: O Globo e O Estado de S.Paulo. Por meio da observacao participante e de entrevistas em profundidade, o objetivo foi notar rupturas e descontinuidades nas praticas jornalisticas. Entre as rupturas, nota-se o fluxo continuo de producao, cada vez mais orientado para as redes sociais, a flexibilizacao da atualidade e a criacao do valor-noticia propagabilidade.
Revista Mídia e Cotidiano, 2022
A pandemia de Covid-19 provocou rupturas em amplos aspectos de nossa experiência cotidiana: nos m... more A pandemia de Covid-19 provocou rupturas em amplos aspectos de nossa experiência cotidiana: nos modos de produzir e consumir informação, de trabalhar, de aprender e de nos entretermos. De repente, vimos praticamente toda existência ser mediada por telas e as tecnologias ganhando um papel central em nossas vivências, marcando interações sociais e criando novos regimes de sociabilidade. A prevalência do digital e a interferência das telas no cotidiano conformam o digital como um terceiro entorno social, que se integra aos entornos natural e urbano, como proposto por Boczkowski e Michelstein (2021). Nesse contexto, o processo de plataformização foi notadamente acelerado durante o período. O número de usuários de redes sociais no mundo aumentou 13% e,
Front pages of printed newspapers inspired home pages, their digital equivalents in network journ... more Front pages of printed newspapers inspired home pages, their digital equivalents in network journalism (HEINRICH, 2011). In the 1990s, during the early days of the commercial Internet, Mc Adams (1995) noted that news media transposed to their websites the same concept adopted by printed newspapers. The main page, or home page, should present the most important news pieces highlights. Headlines and subheads on those pages are still written according to the same principles as those of printed newspapers; that is, in accordance with the newsworthiness criteria established in the professional culture of journalists. However, despite such continuity, there are also discontinuities (FOUCAULT, 2015). Among them is the ephemerality of home pages. Since the publication flow is continuous, several front pages or recombinations of them are edited non-stop. Home pages refresh interval reveal a rupture from the 24-hour cycle of the printed newspaper. As an example, in 2011, O Globo’s online fron...
ALCEU, 2020
O jornalismo sempre contribuiu para a formação da memória social compartilhada. Primeiras páginas... more O jornalismo sempre contribuiu para a formação da memória social compartilhada. Primeiras páginas de jornais cumpriram uma importante função comunicacional, ajudando a construir nosso imaginário sobre acontecimentos que sequer testemunhamos. Nos primórdios da internet, elas foram transpostas para os sites como home pages. Na contemporaneidade, entretanto, assistimos a uma queda na penetração dos jornais impressos e o surgimento de novas formas de navegação, por links, que podem afetar o modo pelo qual recordamos as notícias. O objetivo deste artigo é analisar a articulação entre memória e esquecimento que são acionados a partir da leitura de primeiras páginas em seus suportes impresso e digital e as consequências da desmaterialização para o jornalismo. Para atingir os objetivos, foram realizadas entrevistas em profundidade com 10 jornalistas que já editaram ou editam primeiras páginas e home pages em jornais de referência.
E-Compós, 2014
O modelo de comunicação horizontal da internet deu voz a todos, pondo em xeque o papel do jornali... more O modelo de comunicação horizontal da internet deu voz a todos, pondo em xeque o papel do jornalista e reconfigurando suas funções. Este artigo analisou as rotinas produtivas nos sites dos jornais O Globo e Extra para verificar como a web adicionou papéis a estes profissionais. O ponto de partida foi rever o estudo pioneiro de David White sobre o jornalista como gatekeeper na seleção de notícias. O conceito gatewatcher, que define o jornalista on-line como um observador à procura de conteúdos para seu público, também foi aplicado. Assim como a internet traz uma nova camada de informações ao jornalismo on-line, ela também superpõe camadas funcionais aos jornalistas. A crescente participação do público propõe novas funções aos profissionais na redação. A aposta teórica desta pesquisa é que o jornalista on-line está firmando sua identidade em um novo alicerce: o de mobilizador da audiência, atuando para engajar seu público em torno de diversas causas.
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre as mudancas nas rotinas produtivas do j... more Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre as mudancas nas rotinas produtivas do jornalismo que estao sendo acarretadas pela perda de audiencia das home pages e analisa o que essa invisibilidade das manchetes pode ocasionar na producao de sentido operada pelo jornalismo e na cultura profissional dos jornalistas. As sucessivas quedas em suas audiencias significam que a maioria dos internautas nao acessa mais as home pages , pois buscam o conteudo jornalistico atraves de links publicados em portais e nas midias sociais ou por mecanismos de busca. A primeira pagina ja funcionou como estrategia comunicacional nao apenas para atrair o interesse dos leitores para o produto jornalistico, mas tambem para demonstrar credibilidade do campo jornalistico para agendar os temas relevantes para o debate publico. Hoje, conforme aponta a conclusao do trabalho, um esvaziamento do poder simbolico do jornalismo se expressa no silencio que ronda as home pages .
Revista Brasileira de História da Mídia, 2020
O objetivo deste artigo é analisar as rotinas produtivas envolvidas no processo de edição dos jor... more O objetivo deste artigo é analisar as rotinas produtivas envolvidas no processo de edição dos jornais impressos, à luz das teorias do jornalismo. Para alcançar os objetivos, foram utilizados prefácios de livros que reúnem, segundo suas propostas editoriais, as mais relevantes primeiras páginas de jornais brasileiros. Os textos são assinados por dois jornalistas que já ocuparam cargo de direção e um colunista. A hipótese é que haja um grau de descompasso entre o imaginário que a cultura profissional construiu sobre os valores jornalísticos e as características distintivas da atividade já apontadas pelas teorias do jornalismo. A metodologia utilizada combina a análise de narrativas e revisão bibliográfica.Palavras-chave: Jornais. Teorias do jornalismo. Rotinas produtivas. Imaginário.
Revista_Mídia_e_Cotidiano, 2016
Forma de expressão que emerge no pensamento moderno, o jornalismo informativo também é atravessad... more Forma de expressão que emerge no pensamento moderno, o jornalismo informativo também é atravessado pela denominada crise da modernidade. Historicamente, o campo jornalístico se desenvolveu entre dois polos: a ideologia profissional segundo a qual o jornalismo é um serviço público e a realidade histórica de ser um negócio lucrativo. A proposta deste artigo é compreender como as principais questões teóricas levantadas por autores que analisam os dilemas da Contemporaneidade – o esvaziamento do espaço público; a exacerbação do individualismo; o retorno das comunidades; a intensificação do presente – afetam o polo que relaciona a atividade jornalística ao interesse público. O trabalho conclui que os valores contemporâneos do “eu”, do “aqui” e do “agora” se manifestam no jornalismo pelas estratégias de valorização da primeira pessoa nas narrativas, das seções dedicadas ao noticiário hiperlocal e do culto ao “tempo real”.
Pauta Geral - Estudos em Jornalismo, 2016
Mediadas pelas interfaces de dispositivos móveis como os smartphones e os tablets, novas práticas... more Mediadas pelas interfaces de dispositivos móveis como os smartphones e os tablets, novas práticas de produção de notícias estão emergindo. Com as oscilações na circulação de exemplares, a indústria de revistas e jornais impressos viu neste mercado em ascensão uma oportunidade para ampliar sua audiência. Produtos jornalísticos exclusivamente para tais dispositivos foram lançados em 2012 no Brasil, como OGloboa Mais, objeto de pesquisa apresentado nesse artigo, cuja proposta é estabelecer as semelhanças e diferenças entre o jornalismo online e o jornalismo para tablets, investigando se os dispositivos móveis possibilitam o aparecimento de uma nova linguagem jornalística. A interação do leitor com tais máquinas-por meio do emprego de gestos em telas sensíveis ao toqueexige que os jornalistas lancem mão de uma pedagogia de movimentos para se comunicar com seu público, numa prática profissional que acentua a recepção pela lógica das sensações, aguçando os sentidos e privilegiando o infotenimento. Resulta desta interação um jornalismo sensorial: não basta à notícia ser lida; ela é, sobretudo, experimentada. Palavras-chave: Teorias do jornalismo; Jornalismo para dispositivos móveis; Infotenimento. 1 Professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação e coordenador de graduação do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio. Doutor e Mestre em Comunicação pela UFRJ. Jornalista diplomado pela UFF.
Sur Le Journalisme About Journalism Sobre Jornalismo, Dec 15, 2014
Por sua portabilidade, ubiquidade e tactilidade, as midias moveis alteram os modos de produzir e ... more Por sua portabilidade, ubiquidade e tactilidade, as midias moveis alteram os modos de produzir e consumir noticias. Potencialmente, smartphones e tablets poderiam gerar novas rotinas produtivas e linguagens jornalisticas. Entretanto, esses dispositivos provocaram caminhos distintos nas redacoes de jornais brasileiros. A partir de um estudo de caso nos sites mobile dos jornais O Estado de S.Paulo e O Globo e nos produtos lancados para tablets por ambos – Estadao Noite e O Globo a Mais – constatamos que o smartphone nao foi agente propulsor de mudancas. Ha apenas a redistribuicao automatica de noticias nas telas de celulares a partir do conteudo publicado nos sites dos jornais. A opcao pela robotizacao do processo de edicao dispensa a necessidade de jornalistas e, portanto, mantem inalteradas as rotinas produtivas. A automacao tambem impossibilita o surgimento de uma nova linguagem jornalistica. A tela do celular apenas reproduz caracteristicas ja presentes no jornalismo on-line. Os tablets, ao contrario, introduziram mudancas no processo de producao das redacoes. Tanto O Globo a Mais quanto o Estadao Noite contam com equipes proprias e dedicadas. Tais produtos rompem com o fluxo de producao incessante de conteudo durante 24 horas das redacoes integradas com base no modelo digital first, orientado para abastecer todos os produtos jornalisticos de uma empresa a partir de seu site. Diferentemente do smartphone, o tablet nao e visto como mais um canal de distribuicao de noticias, mas como um meio distinto. A exploracao desta midia tem possibilitado o surgimento de uma nova linguagem jornalistica. Se a tactilidade e apenas funcional nos smartphones, nos tablets ela torna-se um suporte necessario para se desvendar e experimentar conteudo. O jornalismo feito sob medida para esses dispositivos tem apostado na logica das sensacoes, ao apoiar-se na recepcao por meio dos tres sentidos: a visao, a audicao e o tato. Due to their portability, ubiquity and tactility, mobile devices are changing the patterns of news production and consumption. Smartphones and tablets could potentially create new productive routines and new journalistic languages. These two devices have, however, taken distinct paths in the newsrooms of Brazilian newspapers. A case study of the mobile phone sites of the O Estado de Sao Paulo and O Globo newspapers and their respective tablet apps, Estadao Noite and O Globo a Mais, demonstrates that the smartphone has not engendered change because only the automatic redistribution of information from content published on the newspaper websites appears on phone screens. This automation of the editing process excludes journalists and, consequently, does not affect their production routines. Automation also precludes the emergence of a new journalistic language. The smartphone screen merely reproduces the characteristics already present in online journalistic content. The same cannot be said for tablets, which have altered the editorial production process. Both O Globo a Mais and Estadao Noite have specific and exclusive teams. Such products break the constant stream of 24/7 newsroom content production based on the “digital first” model, designed to supply all of a company’s journalistic products from its website. Unlike the smartphone, the tablet is not seen as an additional channel for information distribution; it is perceived as a different means, the use of which gives rise to a swell of a new journalistic language. While tactility is merely a function on smartphones, it is a necessary platform for tablets to unveil and experience content. Journalism, tailor-made for these devices, relies on sensory perception and is founded on its three instruments: vision, hearing and touch. De par leur portabilite, ubiquite et tactilite, les appareils mobiles changent les modes de production et de consommation des informations. Les smartphones et les tablettes pourraient, potentiellement, instaurer de nouvelles routines productives et d’autres langages journalistiques. Pourtant, ces dispositifs ont pris des chemins distincts dans les redactions des journaux bresiliens. Une etude de cas sur les sites mobiles des journaux O Estado de Sao Paulo et O Globo, et sur leurs applications mobiles pour tablettes, Estadao Noite et O Globo a Mais, indique que l’utilisation du smartphone n’a pas entraine de changements. Seule apparait une redistribution automatique d’informations sur les ecrans des portables a partir du contenu publie sur les sites des journaux. Le choix de la robotisation du processus d’edition se passe des journalistes et, par voie de consequence, ne modifie pas les routines productives. L’automatisation empeche egalement l’apparition d’un nouveau langage journalistique. L’ecran du telephone portable se limite a reproduire des caracteristiques deja presentes dans le journalisme en ligne. Il n’en est pas de meme pour les tablettes, qui ont modifie le processus de production des redactions. Qu’il s’agisse de O…