Ivo Ibri | Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (original) (raw)
Papers by Ivo Ibri
Veritas, Nov 21, 2023
Artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Semiotica ed epistemologia, 2006
Cognitio: Revista de Filosofia, 2000
Cognitio: Revista de Filosofia. ISSN 2316-5278, 2008
Resumo: Malgrado o conceito de primeiridade tenha sido concebido por C. S. Peirce (1839-1914), su... more Resumo: Malgrado o conceito de primeiridade tenha sido concebido por C. S. Peirce (1839-1914), suas raízes já estavam presentes no passado da história da filosofia. Particularmente, Schelling e Schopenhauer foram pensadores que trabalharam esse conceito, cada um deles dentro do contexto de seus próprios problemas filosóficos. Peirce é, confessadamente, um herdeiro de Schelling-seu conceito de primeiridade, a par de outras heranças shellinguianas encontráveis em seu pensamento, é, de algum modo, inspirada no pensador alemão. Todavia, quando consideramos Schopenhauer, a primeiridade aparece exclusivamente como uma experiência de contemplação, a qual é, para Peirce, apenas uma dimensão da experiência humana interior sob essa categoria. De fato, a concepção de Peirce vai adiante, estendendo-se e espraiando-se para o mundo externo, sob a forma geral do Acaso, enquanto Schopenhauer mantém o determinismo kantiano, concebendo a Natureza sob estrita causalidade e necessidade. O presente trabalho tenta mostrar, então, as similaridades e diferenças entre esses autores quanto ao conceito de primeiridade, o qual, na realidade, tem seu território teórico comum no velho conceito clássico de liberdade, enfatizando-se, não obstante, sua extrema importância para os três sistemas filosóficos.
BRILL eBooks, Sep 20, 2017
How to Make Our Signs Clear focuses on selected aspects of Peirce´s philosophy and semiotic, poss... more How to Make Our Signs Clear focuses on selected aspects of Peirce´s philosophy and semiotic, possible historical connections of his work and contemporary challenges to Peirce’s semiotic theories.
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), Feb 1, 2016
p. 48: «[…] weder das "ich bin" noch das "ich denke" [Descartes] ist das Letzte, worauf die Refle... more p. 48: «[…] weder das "ich bin" noch das "ich denke" [Descartes] ist das Letzte, worauf die Reflexion hinausführt, sondern einzig das "ich handle". Die transzendentale Apperzeption Kants, an die Fichte hier bewusst anknüpft, ist damit nicht erschöpft, dass sie oberstes Prinzip des erkennenden Bewusstseins ist; sie ist auch oberstes Prinzip des praktischen Bewusstseins».
Semiotica, Oct 18, 2021
This essay focuses on the concept of consciousness in C. S. Peirce’s work, revealing how its ways... more This essay focuses on the concept of consciousness in C. S. Peirce’s work, revealing how its ways of being are associated with the three Peircean phenomenological categories. In this article, I intend to reflect on the heuristic power of the mind, namely, its ability to bring about new ideas, which, within Peirce’s logic of inquiry, is called by the well-known term of abduction. The abductive logical step promotes a synthesis of signs that constitutes a logical structure capable of proposing a new mediation or representation of a new phenomenon. I make use of a metaphorical passage from Peirce (CP 7.547, undated) not only to give the title to this essay, but also to highlight the importance of the first category as a sort of synechistic envelopment of an unprecedented logical structure of signs that composes a new synthesis. Two continua intertwine themselves, namely, those of the first and third categories, to account for what appears as a fact of the world in the theater of secondness. The essay also seeks to bring to light the core realism of Peirce’s philosophy, the genetic aspect of this bottomless lake, through its cosmology, where the generalization of forms and the acquisition of habits of reality are the proper ground of his Objective Idealism. One of the heuristic aspect of the lake metaphor is a sort of invitation to extend the concept of synthesis from the realm of logical structures to that one of arts, which in this essay will remain as a suggestion for a further reflection.
Biosemiotics, 2014
Peirce’s metaphysics is a complex system of concepts constitutive of a theory of the world. Among... more Peirce’s metaphysics is a complex system of concepts constitutive of a theory of the world. Among them, there is one of continuity, or Synechism as Peirce called it, and another of Objective Idealism. Both are interconnected doctrines, as the former claims that all reality is somehow continuous, notwithstanding an imperfect or incomplete continuity, and the latter refutes all ontological splitting between matter and mind, affirming that both are manifestations of one and the same substance, namely, ideality.
Neste artigo, partirei de uma exposição acerca de importantes elementos da filosofia madura de Ch... more Neste artigo, partirei de uma exposição acerca de importantes elementos da filosofia madura de Charles Sanders Peirce, necessários para se ter noção da dimensão maior em que se insere a proposta temática aqui perseguida, para, na sequência, tratar de alguns aspectos relevantes que permitem uma compreensão da relação entre cognoscibilidade e realidade, tal qual a pensou o jovem Peirce. Esse movimento permitirá, enfim, uma abordagem adequada da questão do mito da interioridade na filosofia de juventude do autor, onde pretendo mostrar, no ensejo da crítica ao contraditório conceito de real presente no famoso texto de juventude de Peirce "How to Make our Ideas Clear", as razões pelas quais certas formas de solipsismo ou de experiências privadas não participam de um teatro semiótico que constitui o verdadeiro âmbito do que Peirce considera ser realidade.
Rivista Di Storia Della Filosofia, Jun 1, 2017
According to Peirce, when habits are semiotic modes of representation of otherness, the facts rel... more According to Peirce, when habits are semiotic modes of representation of otherness, the facts related to them currently appear redundant, in a temporal way. Habits thus conceived reveal themselves as efficient guides of conduct in the face of their adherence to the future course of facts. Besides this logical function of habits, which could be called their positive face, we may ponder on another face of habits, which I here call negative, as it does not allow to see phenomena that do not matter to it. Many factual elements are excluded from their criterion of relevance that selects the phenomenical signs, among which those that do not call our attention for not feeding the formation of concepts due to their irregularity. They are discontinuous events. However, what would these irregularities mean? What relations do they maintain with the continuum of time? What importance would they have to human conduct? While these questions may have possible answers here, their deepness invites the continuity of the reflection they give rise to?
Transactions of the Charles S. Peirce Society: A Quarterly Journal in American Philosophy, 2009
Is there a poetic ground in Peirce's philosophy? While this question may sound interesting, it is... more Is there a poetic ground in Peirce's philosophy? While this question may sound interesting, it is somehow odd, as Peirce is well-known as a logician, and it is also known by scholars that he was not an expert in poetry, literature, art, or even theories concerning art in general. This paper hypothesizes that there is a starting point in his philosophy that is poetical in its nature. Moreover, Peirce's system is obviously logical in its form, but also keeps the spirit of the original silent feeling of poetry that seems to have fascinated him. Also, I claim there is a Schellingian heritage in Peirce's philosophy that is partially responsible for that poetic starting point. This idea also has, as a support, the supposition that a realistic view of the world provides a hypothesis of symmetry between the human and natural worlds, which provides the basic form for his ontological theories and for the theoretical harmony among Peirce's doctrines. This quality of Peirce's philosophy is a kind of a Greek beauty that is only evident for those who can view his thought not in fragments but as a complex system that has the potency of not only answering classical philosophical questions, but also of giving rise to a new philosophy which needs to be further developed.
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), 2020
A Estética, uma das ciências normativas da filosofia de Peirce, não tem por objeto o Belo, mas o ... more A Estética, uma das ciências normativas da filosofia de Peirce, não tem por objeto o Belo, mas o Admirável, como sabem os estudiosos de sua obra. Contudo, não é imediatamente evidente essa distinção, uma vez que Admirabilidade traz em seu interior o predicado da beleza também. Quais, então, seriam as relações entre ambos esses conceitos? Por que a admirabilidade se credenciaria a ser um fim em si mesma da Estética e se constituir no fim último da Ética? Qual a natureza da experiência estética e como ela pode subsidiar a identificação do que seja o Admirável? Partindo da insistência de que há uma rede de conceitos na filosofia de Peirce, da Fenomenologia à sua Metafísica, que fornece um rico vocabulário para se refletir sobre tais questões, esse ensaio busca mostrar que há na natureza epistemológica do pragmaticismo uma eticidade que embora seja necessária não lhe é suficiente, requerendo-se que a Estética forneça os fins das ações que constituem revelação dos conceitos, à luz das categorias peircianas consideradas estruturantes das relações entre mundos interno e externo, tomados sob uma ótica radicalmente realista.
Cognitio. Revista de filosofia, 2005
Resumo: Um dos mais importantes ensaios publicados por Peirce é, sem dúvida, The Law of Mind, de ... more Resumo: Um dos mais importantes ensaios publicados por Peirce é, sem dúvida, The Law of Mind, de 1892. Nele, o autor teoriza sobre o poder de crescimento e espraiamento das idéias, especulando sobre a interatividade delas e, sem menos importância, retomando a questão clássica sobre como a matéria pode afetar o espírito, tomando-se o dualismo cartesiano como uma aporia de princípio para uma possível resposta, tal como já o considerava, por exemplo, Berkeley. Lança Peirce, nesse ensaio, mais suportes para seu Idealismo Objetivo, em que eidos é o substrato último da realidade, rompendo o dualismo mente-matéria por fazer desta um caso especial daquela. Refletimos neste trabalho sobre a duplicidade semântica da palavra inglesa affect, fulcral naquele ensaio, explorando seus sentidos de afetar e afeiçoar e buscando evidenciar que ambos significam no interior do evolucionismo peirciano. Em The Law of Mind, o evolucionismo já se anuncia requerendo que se teçam suas formas. É o que buscamos na segunda parte deste pequeno ensaio, expondo como tais formas se desenham à luz das categorias de Peirce, destacando-se o Agapismo, doutrina do amor cósmico criativo, cujo poder aglutinador vem enfim realizar a possibilidade semântica do termo affect enquanto expressão de afeição. Como última parte deste trabalho, enfatizamos nosso ponto de vista segundo o qual necessariamente idealismo e realismo se conciliam no interior da filosofia peirciana, para além da clássica oposição que desconsidera o real teor de ambas as doutrinas nesta filosofia, a saber, o caráter objetivo do idealismo e a defesa da realidade dos continua do realismo. Por fim, consideramos a Semiótica uma ciência que se alimenta não apenas de seu chão fenomenológico e daquilo que vale ética e esteticamente, mas, também, que se retroalimenta da ontologia para ajuste de suas formas, de sua estrutura interna, abrindo-se para interagir com as formas do objeto que aparecem para determinação do signo. Não é outro o contexto da Heurística em Peirce: a busca da justificativa da Abdução fora desse contexto anunciado nos parece andar em círculos, hesitando entre duas opções que certamente não têm acolhida no autor, ou seja, um tácito transcendentalismo ou um antropocentrismo psicologizante.
Veritas, Nov 21, 2023
Artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Semiotica ed epistemologia, 2006
Cognitio: Revista de Filosofia, 2000
Cognitio: Revista de Filosofia. ISSN 2316-5278, 2008
Resumo: Malgrado o conceito de primeiridade tenha sido concebido por C. S. Peirce (1839-1914), su... more Resumo: Malgrado o conceito de primeiridade tenha sido concebido por C. S. Peirce (1839-1914), suas raízes já estavam presentes no passado da história da filosofia. Particularmente, Schelling e Schopenhauer foram pensadores que trabalharam esse conceito, cada um deles dentro do contexto de seus próprios problemas filosóficos. Peirce é, confessadamente, um herdeiro de Schelling-seu conceito de primeiridade, a par de outras heranças shellinguianas encontráveis em seu pensamento, é, de algum modo, inspirada no pensador alemão. Todavia, quando consideramos Schopenhauer, a primeiridade aparece exclusivamente como uma experiência de contemplação, a qual é, para Peirce, apenas uma dimensão da experiência humana interior sob essa categoria. De fato, a concepção de Peirce vai adiante, estendendo-se e espraiando-se para o mundo externo, sob a forma geral do Acaso, enquanto Schopenhauer mantém o determinismo kantiano, concebendo a Natureza sob estrita causalidade e necessidade. O presente trabalho tenta mostrar, então, as similaridades e diferenças entre esses autores quanto ao conceito de primeiridade, o qual, na realidade, tem seu território teórico comum no velho conceito clássico de liberdade, enfatizando-se, não obstante, sua extrema importância para os três sistemas filosóficos.
BRILL eBooks, Sep 20, 2017
How to Make Our Signs Clear focuses on selected aspects of Peirce´s philosophy and semiotic, poss... more How to Make Our Signs Clear focuses on selected aspects of Peirce´s philosophy and semiotic, possible historical connections of his work and contemporary challenges to Peirce’s semiotic theories.
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), Feb 1, 2016
p. 48: «[…] weder das "ich bin" noch das "ich denke" [Descartes] ist das Letzte, worauf die Refle... more p. 48: «[…] weder das "ich bin" noch das "ich denke" [Descartes] ist das Letzte, worauf die Reflexion hinausführt, sondern einzig das "ich handle". Die transzendentale Apperzeption Kants, an die Fichte hier bewusst anknüpft, ist damit nicht erschöpft, dass sie oberstes Prinzip des erkennenden Bewusstseins ist; sie ist auch oberstes Prinzip des praktischen Bewusstseins».
Semiotica, Oct 18, 2021
This essay focuses on the concept of consciousness in C. S. Peirce’s work, revealing how its ways... more This essay focuses on the concept of consciousness in C. S. Peirce’s work, revealing how its ways of being are associated with the three Peircean phenomenological categories. In this article, I intend to reflect on the heuristic power of the mind, namely, its ability to bring about new ideas, which, within Peirce’s logic of inquiry, is called by the well-known term of abduction. The abductive logical step promotes a synthesis of signs that constitutes a logical structure capable of proposing a new mediation or representation of a new phenomenon. I make use of a metaphorical passage from Peirce (CP 7.547, undated) not only to give the title to this essay, but also to highlight the importance of the first category as a sort of synechistic envelopment of an unprecedented logical structure of signs that composes a new synthesis. Two continua intertwine themselves, namely, those of the first and third categories, to account for what appears as a fact of the world in the theater of secondness. The essay also seeks to bring to light the core realism of Peirce’s philosophy, the genetic aspect of this bottomless lake, through its cosmology, where the generalization of forms and the acquisition of habits of reality are the proper ground of his Objective Idealism. One of the heuristic aspect of the lake metaphor is a sort of invitation to extend the concept of synthesis from the realm of logical structures to that one of arts, which in this essay will remain as a suggestion for a further reflection.
Biosemiotics, 2014
Peirce’s metaphysics is a complex system of concepts constitutive of a theory of the world. Among... more Peirce’s metaphysics is a complex system of concepts constitutive of a theory of the world. Among them, there is one of continuity, or Synechism as Peirce called it, and another of Objective Idealism. Both are interconnected doctrines, as the former claims that all reality is somehow continuous, notwithstanding an imperfect or incomplete continuity, and the latter refutes all ontological splitting between matter and mind, affirming that both are manifestations of one and the same substance, namely, ideality.
Neste artigo, partirei de uma exposição acerca de importantes elementos da filosofia madura de Ch... more Neste artigo, partirei de uma exposição acerca de importantes elementos da filosofia madura de Charles Sanders Peirce, necessários para se ter noção da dimensão maior em que se insere a proposta temática aqui perseguida, para, na sequência, tratar de alguns aspectos relevantes que permitem uma compreensão da relação entre cognoscibilidade e realidade, tal qual a pensou o jovem Peirce. Esse movimento permitirá, enfim, uma abordagem adequada da questão do mito da interioridade na filosofia de juventude do autor, onde pretendo mostrar, no ensejo da crítica ao contraditório conceito de real presente no famoso texto de juventude de Peirce "How to Make our Ideas Clear", as razões pelas quais certas formas de solipsismo ou de experiências privadas não participam de um teatro semiótico que constitui o verdadeiro âmbito do que Peirce considera ser realidade.
Rivista Di Storia Della Filosofia, Jun 1, 2017
According to Peirce, when habits are semiotic modes of representation of otherness, the facts rel... more According to Peirce, when habits are semiotic modes of representation of otherness, the facts related to them currently appear redundant, in a temporal way. Habits thus conceived reveal themselves as efficient guides of conduct in the face of their adherence to the future course of facts. Besides this logical function of habits, which could be called their positive face, we may ponder on another face of habits, which I here call negative, as it does not allow to see phenomena that do not matter to it. Many factual elements are excluded from their criterion of relevance that selects the phenomenical signs, among which those that do not call our attention for not feeding the formation of concepts due to their irregularity. They are discontinuous events. However, what would these irregularities mean? What relations do they maintain with the continuum of time? What importance would they have to human conduct? While these questions may have possible answers here, their deepness invites the continuity of the reflection they give rise to?
Transactions of the Charles S. Peirce Society: A Quarterly Journal in American Philosophy, 2009
Is there a poetic ground in Peirce's philosophy? While this question may sound interesting, it is... more Is there a poetic ground in Peirce's philosophy? While this question may sound interesting, it is somehow odd, as Peirce is well-known as a logician, and it is also known by scholars that he was not an expert in poetry, literature, art, or even theories concerning art in general. This paper hypothesizes that there is a starting point in his philosophy that is poetical in its nature. Moreover, Peirce's system is obviously logical in its form, but also keeps the spirit of the original silent feeling of poetry that seems to have fascinated him. Also, I claim there is a Schellingian heritage in Peirce's philosophy that is partially responsible for that poetic starting point. This idea also has, as a support, the supposition that a realistic view of the world provides a hypothesis of symmetry between the human and natural worlds, which provides the basic form for his ontological theories and for the theoretical harmony among Peirce's doctrines. This quality of Peirce's philosophy is a kind of a Greek beauty that is only evident for those who can view his thought not in fragments but as a complex system that has the potency of not only answering classical philosophical questions, but also of giving rise to a new philosophy which needs to be further developed.
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), 2020
A Estética, uma das ciências normativas da filosofia de Peirce, não tem por objeto o Belo, mas o ... more A Estética, uma das ciências normativas da filosofia de Peirce, não tem por objeto o Belo, mas o Admirável, como sabem os estudiosos de sua obra. Contudo, não é imediatamente evidente essa distinção, uma vez que Admirabilidade traz em seu interior o predicado da beleza também. Quais, então, seriam as relações entre ambos esses conceitos? Por que a admirabilidade se credenciaria a ser um fim em si mesma da Estética e se constituir no fim último da Ética? Qual a natureza da experiência estética e como ela pode subsidiar a identificação do que seja o Admirável? Partindo da insistência de que há uma rede de conceitos na filosofia de Peirce, da Fenomenologia à sua Metafísica, que fornece um rico vocabulário para se refletir sobre tais questões, esse ensaio busca mostrar que há na natureza epistemológica do pragmaticismo uma eticidade que embora seja necessária não lhe é suficiente, requerendo-se que a Estética forneça os fins das ações que constituem revelação dos conceitos, à luz das categorias peircianas consideradas estruturantes das relações entre mundos interno e externo, tomados sob uma ótica radicalmente realista.
Cognitio. Revista de filosofia, 2005
Resumo: Um dos mais importantes ensaios publicados por Peirce é, sem dúvida, The Law of Mind, de ... more Resumo: Um dos mais importantes ensaios publicados por Peirce é, sem dúvida, The Law of Mind, de 1892. Nele, o autor teoriza sobre o poder de crescimento e espraiamento das idéias, especulando sobre a interatividade delas e, sem menos importância, retomando a questão clássica sobre como a matéria pode afetar o espírito, tomando-se o dualismo cartesiano como uma aporia de princípio para uma possível resposta, tal como já o considerava, por exemplo, Berkeley. Lança Peirce, nesse ensaio, mais suportes para seu Idealismo Objetivo, em que eidos é o substrato último da realidade, rompendo o dualismo mente-matéria por fazer desta um caso especial daquela. Refletimos neste trabalho sobre a duplicidade semântica da palavra inglesa affect, fulcral naquele ensaio, explorando seus sentidos de afetar e afeiçoar e buscando evidenciar que ambos significam no interior do evolucionismo peirciano. Em The Law of Mind, o evolucionismo já se anuncia requerendo que se teçam suas formas. É o que buscamos na segunda parte deste pequeno ensaio, expondo como tais formas se desenham à luz das categorias de Peirce, destacando-se o Agapismo, doutrina do amor cósmico criativo, cujo poder aglutinador vem enfim realizar a possibilidade semântica do termo affect enquanto expressão de afeição. Como última parte deste trabalho, enfatizamos nosso ponto de vista segundo o qual necessariamente idealismo e realismo se conciliam no interior da filosofia peirciana, para além da clássica oposição que desconsidera o real teor de ambas as doutrinas nesta filosofia, a saber, o caráter objetivo do idealismo e a defesa da realidade dos continua do realismo. Por fim, consideramos a Semiótica uma ciência que se alimenta não apenas de seu chão fenomenológico e daquilo que vale ética e esteticamente, mas, também, que se retroalimenta da ontologia para ajuste de suas formas, de sua estrutura interna, abrindo-se para interagir com as formas do objeto que aparecem para determinação do signo. Não é outro o contexto da Heurística em Peirce: a busca da justificativa da Abdução fora desse contexto anunciado nos parece andar em círculos, hesitando entre duas opções que certamente não têm acolhida no autor, ou seja, um tácito transcendentalismo ou um antropocentrismo psicologizante.