Carina Infante do Carmo | Universidade do Algarve (original) (raw)
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Papers by Carina Infante do Carmo
Desde inícios do século XX, o fomento da escolarização, a valorização de espaços e de uma cultura... more Desde inícios do século XX, o fomento da escolarização, a valorização de espaços e de uma cultura material para a infância ou o crescimento da indústria e de um mercado específicos são indicadores do reconhecimento consolidado da criança enquanto sujeito social.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Passagem do Cabo (1994) rewrites several chronicles which Maria Ondina Braga had collected almost... more Passagem do Cabo (1994) rewrites several chronicles which Maria Ondina Braga had collected almost thity years earlier in the volume "Eu Vim para Ver a Terra" (1965), edited by the Agência-Geral do Ultramar. It also incorporates some excerpts and a chronicale published in the volume intitled "A Revolta das Palavras" (1975).info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Língua-lugar : Literatura, História, Estudos Culturais
Em “O Lavra”, de Irene Lisboa, o movimento pendular de um ascensor de transporte público, metafo... more Em “O Lavra”, de Irene Lisboa, o movimento pendular de um ascensor de transporte público, metaforiza o devir colectivo, nos seus ritmos, tensões e bloqueios. Aí a cronista não apenas se pensa no fazer do texto e experi- menta uma forma de escrita ajustada ao ponto de mira modernista sobre o espectáculo urbano. Com ela representa a evanescência do movimento humano, no plano inclinado da cidade, mas também o transe histórico, marcado por gritantes assimetrias de classe e género, pela consolidação do fascismo e por sinais da guerra ao longe. Por meio da exemplaridade e do gesto alegórico com que se lêem cenas e !iguras, a crónica indaga o signi!icado de estruturas político-ideológicas subjacentes a tipos e classes sociais, na conjuntura de maior força do salazarismo: o limiar dos anos 1940. É essa a pista de leitura que tenciono explorar na referida crónica de Esta cidade! (1942).
Ainda entre os primeiros contos-crónica de O Irreal Quotidiano (1971), sobressaem dois textos int... more Ainda entre os primeiros contos-crónica de O Irreal Quotidiano (1971), sobressaem dois textos interligados e deles resulta uma verdadeira poética do olhar sobre a cidade em José Gomes Ferreira
É certamente indesmentível que a velho arte de contar histórias constitui uma necessidade humana,... more É certamente indesmentível que a velho arte de contar histórias constitui uma necessidade humana, um estímulo à fantasia e ao sonho
Metamorfoses - Revista de Estudos Literários Luso-Afro-Brasileiros, 2020
Fernando Namora foi pioneiro na narração da história do neo-realismo, de que foi protagonista des... more Fernando Namora foi pioneiro na narração da história do neo-realismo, de que foi protagonista desde a primeira hora. Desde 1956, o escritor empenhou-se em valorizar a evolução e o lugar daquele movimento literário na literatura portuguesa de novecentos. Por meio da escrita ensaística, Namora responde ao ocaso neo-realista mas também à hostilidade crescente do campo literário português àquele movimento, pondo em causa muitos lugares comuns da crítica e um conceito linear e monológico de tempo histórico em literatura.
Em 1959 Óscar Lopes colocava uma questão desafiadora sobre a ficção portuguesa e, meados do sécul... more Em 1959 Óscar Lopes colocava uma questão desafiadora sobre a ficção portuguesa e, meados do século XX.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
A inaugurar a nossa era dos extremos, o conflito mundial de 1914-1918 trouxe-nos a realidade da g... more A inaugurar a nossa era dos extremos, o conflito mundial de 1914-1918 trouxe-nos a realidade da guerra total, mobilizando os povos europeus, desde os bancos da escola e em nome da pátria, para um pesado sacrifício bélico
O ensaísmo de referência sobre o Neo-Realismo tem insistido na heterogeneidade congénita do movim... more O ensaísmo de referência sobre o Neo-Realismo tem insistido na heterogeneidade congénita do movimento, respeitando aliás o pensamento de Mário Dionísio. Quando protagonizou a reconstituição do campo intelectual e artístico português, desde meados dos anos 1930, aquela frente cultural antifascista incorporou entendimentos conflituantes do marxismo e do papel social da arte que culminaram na chamada Polémica Interna, particularmente aguda entre 1952 e 1954. E, todavia, foram a amizade e a camaradagem (nos sentidos estrito e amplo do termo) um elo agregador do Neo-Realismo em sucessivos projectos artísticos e editoriais, bem como o respaldo necessário para a criação e a resistência contra a repressão salazarista e o isolamento de intelectuais e artistas, numa sociedade com altos índices de analfabetismo e estruturas culturais fragilíssimas.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Há livros que mudam o curso de uma vida: o primeiro livro sem ilustrações que conseguimos ler até... more Há livros que mudam o curso de uma vida: o primeiro livro sem ilustrações que conseguimos ler até ao fim, romances devorados às escondidas, versos declamados por um professor.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Diálogo em Setembro (1966) é uma charneira na obra de Fernando Namora. Não apenas põe em causa a ... more Diálogo em Setembro (1966) é uma charneira na obra de Fernando Namora. Não apenas põe em causa a forma romanesca como mescla na prosa narrativa os traços ensaístico, autobiográfico e ficcional.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Longe de entronizar melancolicamente o objecto livro, na alegada ameaça da sua extinção por tecno... more Longe de entronizar melancolicamente o objecto livro, na alegada ameaça da sua extinção por tecnologias e linguagens mais velozes e eficazes, o álbum O Leitor Escreve para que Seja Possível é uma alegoria da leitur
"Que sei eu do povo?" é a interrogação escolhida por José Gomes Ferreira para abrir uma... more "Que sei eu do povo?" é a interrogação escolhida por José Gomes Ferreira para abrir uma das crónicas de O Irreal Quotidiano (1971
Figurações do tempo histórico em Imitação dos Dias. Diário Inventado (1966), de José Gomes Ferreir
Contra Todas as Evidencias. Poemas Reunidos II (2014) insere-se no projecto de republicacao em cu... more Contra Todas as Evidencias. Poemas Reunidos II (2014) insere-se no projecto de republicacao em curso da obra de Manuel Gusmao, reunindo desta feita Teatros do Tempo (2001), Os Dias Levantados (2002) e Migracoes do Fogo (2004). Nele se redefinem uma assinatura autoral e uma ideia de obra poetica, desde logo nos elementos paratextuais do livro. Assim se potenciam um dialogo interno entre os textos e novos sentidos de leitura, numa circunstância diferente de recepcao. Este artigo pretende sublinhar alguns elementos essenciais deste triptico: uma poesia que pensa e se pensa no mundo dos homens e da Historia, com uma inventiva incansavel de figuras de linguagem e formas do mundo; uma escrita herdeira da modernidade poetica que assume uma dimensao etica e cognitiva e resiste pelo trabalho de linguagem e de memoria.
Vivre et écrire sous le salazarisme est un leitmotiv de l'oeuvre autobiographique de José Gomes F... more Vivre et écrire sous le salazarisme est un leitmotiv de l'oeuvre autobiographique de José Gomes Ferreira. Non seulement il a pu suivre et commenter la vie intellectuelle et artistique portugaise, bâillonnée par une très longue répression, comme il a essayé de réfléchir aux impacts plus profonds de la dictature sur la culture et la société portugaises. En dernière instance, il s'est engagé dans un combat pour la mémoire antifasciste et révolutionnaire du XXe siècle.
Manuel da Fonseca, a escrita do fogo e das cinzas do humano
Desde inícios do século XX, o fomento da escolarização, a valorização de espaços e de uma cultura... more Desde inícios do século XX, o fomento da escolarização, a valorização de espaços e de uma cultura material para a infância ou o crescimento da indústria e de um mercado específicos são indicadores do reconhecimento consolidado da criança enquanto sujeito social.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Passagem do Cabo (1994) rewrites several chronicles which Maria Ondina Braga had collected almost... more Passagem do Cabo (1994) rewrites several chronicles which Maria Ondina Braga had collected almost thity years earlier in the volume "Eu Vim para Ver a Terra" (1965), edited by the Agência-Geral do Ultramar. It also incorporates some excerpts and a chronicale published in the volume intitled "A Revolta das Palavras" (1975).info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Língua-lugar : Literatura, História, Estudos Culturais
Em “O Lavra”, de Irene Lisboa, o movimento pendular de um ascensor de transporte público, metafo... more Em “O Lavra”, de Irene Lisboa, o movimento pendular de um ascensor de transporte público, metaforiza o devir colectivo, nos seus ritmos, tensões e bloqueios. Aí a cronista não apenas se pensa no fazer do texto e experi- menta uma forma de escrita ajustada ao ponto de mira modernista sobre o espectáculo urbano. Com ela representa a evanescência do movimento humano, no plano inclinado da cidade, mas também o transe histórico, marcado por gritantes assimetrias de classe e género, pela consolidação do fascismo e por sinais da guerra ao longe. Por meio da exemplaridade e do gesto alegórico com que se lêem cenas e !iguras, a crónica indaga o signi!icado de estruturas político-ideológicas subjacentes a tipos e classes sociais, na conjuntura de maior força do salazarismo: o limiar dos anos 1940. É essa a pista de leitura que tenciono explorar na referida crónica de Esta cidade! (1942).
Ainda entre os primeiros contos-crónica de O Irreal Quotidiano (1971), sobressaem dois textos int... more Ainda entre os primeiros contos-crónica de O Irreal Quotidiano (1971), sobressaem dois textos interligados e deles resulta uma verdadeira poética do olhar sobre a cidade em José Gomes Ferreira
É certamente indesmentível que a velho arte de contar histórias constitui uma necessidade humana,... more É certamente indesmentível que a velho arte de contar histórias constitui uma necessidade humana, um estímulo à fantasia e ao sonho
Metamorfoses - Revista de Estudos Literários Luso-Afro-Brasileiros, 2020
Fernando Namora foi pioneiro na narração da história do neo-realismo, de que foi protagonista des... more Fernando Namora foi pioneiro na narração da história do neo-realismo, de que foi protagonista desde a primeira hora. Desde 1956, o escritor empenhou-se em valorizar a evolução e o lugar daquele movimento literário na literatura portuguesa de novecentos. Por meio da escrita ensaística, Namora responde ao ocaso neo-realista mas também à hostilidade crescente do campo literário português àquele movimento, pondo em causa muitos lugares comuns da crítica e um conceito linear e monológico de tempo histórico em literatura.
Em 1959 Óscar Lopes colocava uma questão desafiadora sobre a ficção portuguesa e, meados do sécul... more Em 1959 Óscar Lopes colocava uma questão desafiadora sobre a ficção portuguesa e, meados do século XX.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
A inaugurar a nossa era dos extremos, o conflito mundial de 1914-1918 trouxe-nos a realidade da g... more A inaugurar a nossa era dos extremos, o conflito mundial de 1914-1918 trouxe-nos a realidade da guerra total, mobilizando os povos europeus, desde os bancos da escola e em nome da pátria, para um pesado sacrifício bélico
O ensaísmo de referência sobre o Neo-Realismo tem insistido na heterogeneidade congénita do movim... more O ensaísmo de referência sobre o Neo-Realismo tem insistido na heterogeneidade congénita do movimento, respeitando aliás o pensamento de Mário Dionísio. Quando protagonizou a reconstituição do campo intelectual e artístico português, desde meados dos anos 1930, aquela frente cultural antifascista incorporou entendimentos conflituantes do marxismo e do papel social da arte que culminaram na chamada Polémica Interna, particularmente aguda entre 1952 e 1954. E, todavia, foram a amizade e a camaradagem (nos sentidos estrito e amplo do termo) um elo agregador do Neo-Realismo em sucessivos projectos artísticos e editoriais, bem como o respaldo necessário para a criação e a resistência contra a repressão salazarista e o isolamento de intelectuais e artistas, numa sociedade com altos índices de analfabetismo e estruturas culturais fragilíssimas.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Há livros que mudam o curso de uma vida: o primeiro livro sem ilustrações que conseguimos ler até... more Há livros que mudam o curso de uma vida: o primeiro livro sem ilustrações que conseguimos ler até ao fim, romances devorados às escondidas, versos declamados por um professor.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Diálogo em Setembro (1966) é uma charneira na obra de Fernando Namora. Não apenas põe em causa a ... more Diálogo em Setembro (1966) é uma charneira na obra de Fernando Namora. Não apenas põe em causa a forma romanesca como mescla na prosa narrativa os traços ensaístico, autobiográfico e ficcional.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Longe de entronizar melancolicamente o objecto livro, na alegada ameaça da sua extinção por tecno... more Longe de entronizar melancolicamente o objecto livro, na alegada ameaça da sua extinção por tecnologias e linguagens mais velozes e eficazes, o álbum O Leitor Escreve para que Seja Possível é uma alegoria da leitur
"Que sei eu do povo?" é a interrogação escolhida por José Gomes Ferreira para abrir uma... more "Que sei eu do povo?" é a interrogação escolhida por José Gomes Ferreira para abrir uma das crónicas de O Irreal Quotidiano (1971
Figurações do tempo histórico em Imitação dos Dias. Diário Inventado (1966), de José Gomes Ferreir
Contra Todas as Evidencias. Poemas Reunidos II (2014) insere-se no projecto de republicacao em cu... more Contra Todas as Evidencias. Poemas Reunidos II (2014) insere-se no projecto de republicacao em curso da obra de Manuel Gusmao, reunindo desta feita Teatros do Tempo (2001), Os Dias Levantados (2002) e Migracoes do Fogo (2004). Nele se redefinem uma assinatura autoral e uma ideia de obra poetica, desde logo nos elementos paratextuais do livro. Assim se potenciam um dialogo interno entre os textos e novos sentidos de leitura, numa circunstância diferente de recepcao. Este artigo pretende sublinhar alguns elementos essenciais deste triptico: uma poesia que pensa e se pensa no mundo dos homens e da Historia, com uma inventiva incansavel de figuras de linguagem e formas do mundo; uma escrita herdeira da modernidade poetica que assume uma dimensao etica e cognitiva e resiste pelo trabalho de linguagem e de memoria.
Vivre et écrire sous le salazarisme est un leitmotiv de l'oeuvre autobiographique de José Gomes F... more Vivre et écrire sous le salazarisme est un leitmotiv de l'oeuvre autobiographique de José Gomes Ferreira. Non seulement il a pu suivre et commenter la vie intellectuelle et artistique portugaise, bâillonnée par une très longue répression, comme il a essayé de réfléchir aux impacts plus profonds de la dictature sur la culture et la société portugaises. En dernière instance, il s'est engagé dans un combat pour la mémoire antifasciste et révolutionnaire du XXe siècle.
Manuel da Fonseca, a escrita do fogo e das cinzas do humano