Luís Mendes | Universidade da Beira Interior (original) (raw)

Papers by Luís Mendes

Research paper thumbnail of Em busca da felicidade: uma narrativa

Estudos em Comunicação, 2018

Em primeiro lugar, o nosso propósito, neste artigo, é mostrar que a ideia de que a felicidade con... more Em primeiro lugar, o nosso propósito, neste artigo, é mostrar que a ideia de que a felicidade constitui o fim último da vida humana corresponde a uma narrativa, isto é, a uma compreensão possível que admite alternativas. Em segundo lugar, pretendemos confrontar a narrativa da felicidade com uma alternativa ao seu núcleo duro. Assim, colocamos a hipótese de que a pior coisa que pode acontecer a um sujeito é viver feliz toda a vida. Para analisar esta hipótese estudaremos o episódio dos lotófagos, na Odisseia, de Homero, e o Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley.

Research paper thumbnail of A liberdade como milagre privado: sobre a indiferença da vontade

DoisPontos, 2014

resumo O autor estuda a noção de liberdade como milagre privado, segundo Leibniz. O homem é capaz... more resumo O autor estuda a noção de liberdade como milagre privado, segundo Leibniz. O homem é capaz de milagres, i.e., ser-se humano é ser-se capaz de liberdade. A vontade livre está sempre inclinada, mas é capaz de ser excepcional e de se soltar das amarras que a escravizam às coisas exteriores. A mente humana é capaz de produzir o imprevisível (excepto para Deus). O humano é, por princípio, capaz de se assenhorear de si e de se determinar ao que de melhor lhe é possível, ainda que na maioria das vezes se deixe afundar no mar das paixões. palavras-chave Indiferença; Liberdade; Milagre Privado; Não-indiferença; Necessidade; Possibilidade Introdução Neste texto tentar-se-á determinar a noção de liberdade como milagre privado, expressão utilizada por Leibniz num pequeno texto sem título original escrito na última metade da década de 1680 1 . O texto aparece na edição da Academia 2 com o título De Natura Veritatis, Contingentiae et Indifferentiae atque de Libertate et Praedeterminatione (Sobre a Natureza da Verdade, da Contingência e da Indiferença, e sobre a Liberdade e Predeterminação).

Research paper thumbnail of Em busca da felicidade: uma narrativa

Revista Estudos em Comunicação, 2018

Resumo Em primeiro lugar, o nosso propósito, neste artigo, é mostrar que a ideia de que a felicid... more Resumo Em primeiro lugar, o nosso propósito, neste artigo, é mostrar que a ideia de que a felicidade constitui o fim último da vida humana corresponde a uma narra-tiva, isto é, a uma compreensão possível que admite alternativas. Em segundo lugar, pretendemos con-frontar a narrativa da felicidade com uma alternativa ao seu núcleo duro. Assim, colocamos a hipótese de que a pior coisa que pode acontecer a um sujeito é viver feliz toda a vida. Para analisar esta hipótese estudaremos o episódio dos lotófagos, na Odisseia, de Homero, e o Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Abstract Firstly, our purpose in this article is to show that the idea that happiness constitutes the ultimate end of human life corresponds to a narrative, that is, to a possible understanding which admits alternatives. Secondly, we will confront the narrative of happiness with an alternative to its hard core. Thus, we hypothesize that the worst thing that can happen to a human is to live happily all his life. With this hypothesis in mind, we will study the episode of the lotus-eaters, in Homer's Odyssey, and the Aldous Huxley's Brave New World.

Research paper thumbnail of Para que serve a ética em tempos de crise

The author begins by showing that times of crisis are dangerous because they are characterized by... more The author begins by showing that times of crisis are dangerous because they are characterized by a mindset of necessity, which spreads a feeling of helplessness. This extreme situation's mindset seems to accept behaviors and policies which would not be accepted in normal situations. In technologically advanced societies, crisis become very dangerous because there are means to implement inhumane solutions effectively and responsibility is diluted into long bureaucratic chains. However, according to the author of the article, sacrificing dignity and preserving our own life is a choice – a possibility which we may also refuse. In this sense, ethics is used to preserve Humanity from periods in which even normal people behave like monsters. That is, in times of crisis, ethics serves to preserve the dignity of men against the pressure of the interests of the moment.

Talks by Luís Mendes

Research paper thumbnail of Quais os Requisitos Formais da Noção Kierkegaardiana de Querer Uma Só Coisa

Em Kierkegaard encontramos, por um lado, a noção de que a verdade consiste em viver por uma ideia... more Em Kierkegaard encontramos, por um lado, a noção de que a verdade consiste em viver por uma ideia. Ou seja, que o critério (para a condução da nossa vida) consiste no compromisso exclusivo (um amor, um fim último, um princípio de acção, etc.). Deste modo, parece sugerir que é indiferente saber se a ideia é esta ou aquela. Tanto faz que se viva em função do prazer, do conhecimento, do dever ou de Deus. Importa, sim, viver por aquilo que se ama ou acredita, seja o que for. Por outro lado, encontramos também a noção de que as diferentes possibilidades não são igualmente válidas. Contudo, estas duas posições parecem excluir-se mutuamente. Ora, sugiro que é possível, sem contradição, manter que o critério é viver por uma ideia e, simultaneamente, que as ideias não são igualmente válidas. Não são igualmente válidas, precisamente, porque querer viver por uma só ideia já inclui um conjunto de requisitos formais. Ou seja, as ideias não são igualmente válidas porque não cumprem, com igual conveniência, os requisitos formais que querer viver por uma ideia implica. Se quero, efectivamente, viver por uma só ideia, então nem todas servem.

Conference Presentations by Luís Mendes

Research paper thumbnail of Melancholy as a fundamental mood, according to Kierkegaard

Throughout the centuries, melancholy has always resisted attempts to reduce it to a definition. W... more Throughout the centuries, melancholy has always resisted attempts to reduce it to a definition. We easily realize that melancholy takes different forms, which means that the same phenomenon can receive very different treatments. Apparently, melancholy cannot be described as an invariable phenomenon. In fact, melancholy takes so many forms that the term seems to mean nothing. But this does not mean that they are different phenomena with no relation to each other, or that the relation is only nominal. In fact, Kierkegaard’s analysis suggests that there is an identical structure, an invariable form, with certain features.
So, in the first instance, I will determine precisely what structure this is, what are its fundamental determinations. In a second moment, I will show the central place that the treatment of the phenomenon receives in the work of Kierkegaard. For Kierkegaard, melancholy never appears as a simple abasement, but as a fundamental mood (Stemning) that profoundly affects human existence revealing aspects that are essential to it.

Research paper thumbnail of Natureza, hábito e conveniência: a virtude para São Tomás de Aquino

Para São Tomás, a virtude é um hábito pensado como segunda natureza, dado o seu carácter adquirid... more Para São Tomás, a virtude é um hábito pensado como segunda natureza, dado o seu carácter adquirido. A virtude corresponde a algo que terá de ser adquirido em forma de hábito. Trata-se, portanto, de um acrescento à natureza, de algo não totalmente determinado por esta. Neste sentido, a virtude é considerada uma possibilidade, visto que pode não ser adquirida. Mas não decorre daí que tenha um carácter arbitrário, ou puramente opcional. Isto porque corresponde a um hábito que a própria natureza pede por lhe ser conveniente (S. Th., Ia-IIae, q. 54, a. 3). Assim, a noção de conveniência é decisiva, pois é por ela que a virtude não é arbitrária, nem opcional. A determinação de um hábito como virtude depende da conveniência a uma determinada natureza. É esta relação complexa entre a necessidade da natureza e a possibilidade do hábito que lhe é conveniente que exploramos nesta comunicação.

Research paper thumbnail of Em busca da felicidade: uma narrativa

Estudos em Comunicação, 2018

Em primeiro lugar, o nosso propósito, neste artigo, é mostrar que a ideia de que a felicidade con... more Em primeiro lugar, o nosso propósito, neste artigo, é mostrar que a ideia de que a felicidade constitui o fim último da vida humana corresponde a uma narrativa, isto é, a uma compreensão possível que admite alternativas. Em segundo lugar, pretendemos confrontar a narrativa da felicidade com uma alternativa ao seu núcleo duro. Assim, colocamos a hipótese de que a pior coisa que pode acontecer a um sujeito é viver feliz toda a vida. Para analisar esta hipótese estudaremos o episódio dos lotófagos, na Odisseia, de Homero, e o Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley.

Research paper thumbnail of A liberdade como milagre privado: sobre a indiferença da vontade

DoisPontos, 2014

resumo O autor estuda a noção de liberdade como milagre privado, segundo Leibniz. O homem é capaz... more resumo O autor estuda a noção de liberdade como milagre privado, segundo Leibniz. O homem é capaz de milagres, i.e., ser-se humano é ser-se capaz de liberdade. A vontade livre está sempre inclinada, mas é capaz de ser excepcional e de se soltar das amarras que a escravizam às coisas exteriores. A mente humana é capaz de produzir o imprevisível (excepto para Deus). O humano é, por princípio, capaz de se assenhorear de si e de se determinar ao que de melhor lhe é possível, ainda que na maioria das vezes se deixe afundar no mar das paixões. palavras-chave Indiferença; Liberdade; Milagre Privado; Não-indiferença; Necessidade; Possibilidade Introdução Neste texto tentar-se-á determinar a noção de liberdade como milagre privado, expressão utilizada por Leibniz num pequeno texto sem título original escrito na última metade da década de 1680 1 . O texto aparece na edição da Academia 2 com o título De Natura Veritatis, Contingentiae et Indifferentiae atque de Libertate et Praedeterminatione (Sobre a Natureza da Verdade, da Contingência e da Indiferença, e sobre a Liberdade e Predeterminação).

Research paper thumbnail of Em busca da felicidade: uma narrativa

Revista Estudos em Comunicação, 2018

Resumo Em primeiro lugar, o nosso propósito, neste artigo, é mostrar que a ideia de que a felicid... more Resumo Em primeiro lugar, o nosso propósito, neste artigo, é mostrar que a ideia de que a felicidade constitui o fim último da vida humana corresponde a uma narra-tiva, isto é, a uma compreensão possível que admite alternativas. Em segundo lugar, pretendemos con-frontar a narrativa da felicidade com uma alternativa ao seu núcleo duro. Assim, colocamos a hipótese de que a pior coisa que pode acontecer a um sujeito é viver feliz toda a vida. Para analisar esta hipótese estudaremos o episódio dos lotófagos, na Odisseia, de Homero, e o Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Abstract Firstly, our purpose in this article is to show that the idea that happiness constitutes the ultimate end of human life corresponds to a narrative, that is, to a possible understanding which admits alternatives. Secondly, we will confront the narrative of happiness with an alternative to its hard core. Thus, we hypothesize that the worst thing that can happen to a human is to live happily all his life. With this hypothesis in mind, we will study the episode of the lotus-eaters, in Homer's Odyssey, and the Aldous Huxley's Brave New World.

Research paper thumbnail of Para que serve a ética em tempos de crise

The author begins by showing that times of crisis are dangerous because they are characterized by... more The author begins by showing that times of crisis are dangerous because they are characterized by a mindset of necessity, which spreads a feeling of helplessness. This extreme situation's mindset seems to accept behaviors and policies which would not be accepted in normal situations. In technologically advanced societies, crisis become very dangerous because there are means to implement inhumane solutions effectively and responsibility is diluted into long bureaucratic chains. However, according to the author of the article, sacrificing dignity and preserving our own life is a choice – a possibility which we may also refuse. In this sense, ethics is used to preserve Humanity from periods in which even normal people behave like monsters. That is, in times of crisis, ethics serves to preserve the dignity of men against the pressure of the interests of the moment.

Research paper thumbnail of Quais os Requisitos Formais da Noção Kierkegaardiana de Querer Uma Só Coisa

Em Kierkegaard encontramos, por um lado, a noção de que a verdade consiste em viver por uma ideia... more Em Kierkegaard encontramos, por um lado, a noção de que a verdade consiste em viver por uma ideia. Ou seja, que o critério (para a condução da nossa vida) consiste no compromisso exclusivo (um amor, um fim último, um princípio de acção, etc.). Deste modo, parece sugerir que é indiferente saber se a ideia é esta ou aquela. Tanto faz que se viva em função do prazer, do conhecimento, do dever ou de Deus. Importa, sim, viver por aquilo que se ama ou acredita, seja o que for. Por outro lado, encontramos também a noção de que as diferentes possibilidades não são igualmente válidas. Contudo, estas duas posições parecem excluir-se mutuamente. Ora, sugiro que é possível, sem contradição, manter que o critério é viver por uma ideia e, simultaneamente, que as ideias não são igualmente válidas. Não são igualmente válidas, precisamente, porque querer viver por uma só ideia já inclui um conjunto de requisitos formais. Ou seja, as ideias não são igualmente válidas porque não cumprem, com igual conveniência, os requisitos formais que querer viver por uma ideia implica. Se quero, efectivamente, viver por uma só ideia, então nem todas servem.

Research paper thumbnail of Melancholy as a fundamental mood, according to Kierkegaard

Throughout the centuries, melancholy has always resisted attempts to reduce it to a definition. W... more Throughout the centuries, melancholy has always resisted attempts to reduce it to a definition. We easily realize that melancholy takes different forms, which means that the same phenomenon can receive very different treatments. Apparently, melancholy cannot be described as an invariable phenomenon. In fact, melancholy takes so many forms that the term seems to mean nothing. But this does not mean that they are different phenomena with no relation to each other, or that the relation is only nominal. In fact, Kierkegaard’s analysis suggests that there is an identical structure, an invariable form, with certain features.
So, in the first instance, I will determine precisely what structure this is, what are its fundamental determinations. In a second moment, I will show the central place that the treatment of the phenomenon receives in the work of Kierkegaard. For Kierkegaard, melancholy never appears as a simple abasement, but as a fundamental mood (Stemning) that profoundly affects human existence revealing aspects that are essential to it.

Research paper thumbnail of Natureza, hábito e conveniência: a virtude para São Tomás de Aquino

Para São Tomás, a virtude é um hábito pensado como segunda natureza, dado o seu carácter adquirid... more Para São Tomás, a virtude é um hábito pensado como segunda natureza, dado o seu carácter adquirido. A virtude corresponde a algo que terá de ser adquirido em forma de hábito. Trata-se, portanto, de um acrescento à natureza, de algo não totalmente determinado por esta. Neste sentido, a virtude é considerada uma possibilidade, visto que pode não ser adquirida. Mas não decorre daí que tenha um carácter arbitrário, ou puramente opcional. Isto porque corresponde a um hábito que a própria natureza pede por lhe ser conveniente (S. Th., Ia-IIae, q. 54, a. 3). Assim, a noção de conveniência é decisiva, pois é por ela que a virtude não é arbitrária, nem opcional. A determinação de um hábito como virtude depende da conveniência a uma determinada natureza. É esta relação complexa entre a necessidade da natureza e a possibilidade do hábito que lhe é conveniente que exploramos nesta comunicação.