Flora Holderbaum | Universidade do Estado de Santa Catarina (original) (raw)
Papers by Flora Holderbaum
Thinking Voices - Vocalizing Logos: the possibilities of emergence of other vocalities
Este trabalho trata da voz enquanto relação entre um corpus de composições e performances para vo... more Este trabalho trata da voz enquanto relação entre um corpus de composições e performances para voz, uma revisão de literatura sobre algumas noções discursivas sobre voz e um diário vocal pessoal que desenvolvi, o qual articula esses campos analíticos e práticos. Problematizo as noções de voz e vocalidade através da análise das formações discursivas dentro dos estudos da voz e analiso a relação destas formações com as vozes e vocalidades propostas em algumas composições e performances, com ênfase em obras de Valéria Bonafé, Lílian Campesato e Inés Terra. Questiono como os silenciamentos históricos da voz, enquanto evidência de corporalidade, foram entronizados no modo como compreendemos a voz e criamos com ela. Além da análise documental/textual e das análises das obras, o método aqui escolhido articula a problematização e a conceituação da voz enquanto uma prática vocal. Isso é feito a partir de um processo duplo que chamei de diário vocal, que consiste da realização e gravação de c...
A voz-música na intermídia som-palavra-performance
Resumo: Neste trabalho, propomos pensar a composição musical enquanto poética que intermedeia a p... more Resumo: Neste trabalho, propomos pensar a composição musical enquanto poética que intermedeia a palavra, o corpo e o som, encontrando no conceito de Voz-Música, um material criativo entre as instâncias que a voz pode articular, as quais podem ser aplicadas, em seus aspectos expressivos, gestuais, fonéticos e paralinguísticos, em procedimentos que envolvem eventos sonoros, vocais e performáticos. Introduzimos a noção de voz poética e dialogamos as transformações artísticas entre som, palavra e performance, em obras que se ambientam na Poesia Sonora, na Música Experimental e na Música Concreta. Conecto este corpus criativo com o conceito de intermídia e este, com o conceito de agenciamento coletivo de enunciação: um catalisador das múltiplas dimensões do enunciado, gerador de um contínuum entre suas variáveis musicais, fonéticas, fáticas, a-fáticas, sígnicas, semânticas, entre outras. Estudamos como o agenciamento de enunciação articularia o material criativo e conceitual produzido ne...
Revista Vortex, 2015
Obra para: Dossie Musicas feitas por mulheres para ressoar em todos os corpos – Org: BONAFE, Vale... more Obra para: Dossie Musicas feitas por mulheres para ressoar em todos os corpos – Org: BONAFE, Valeria.
DAPesquisa, 2018
Este trabalho tem como foco a obra teórico-técnica intitulada "Pequena Arte da Expressão do Violi... more Este trabalho tem como foco a obra teórico-técnica intitulada "Pequena Arte da Expressão do Violino ou Nuanças que fazem a Beleza da Execução", de Adolpho Ferreira de Mello, compositor, intérprete e maestro natural de São José (SC) que atuou naquela cidade e em Desterro* (atual Florianópolis), nos fins do século XIX e início do XX. Traçaremos um breve perfil histórico das duas cidades vizinhas, situando o contexto musical local frente ao cenário nacional da Música de Salão e, através de artigos em revistas e jornais da época, resgataremos informações sobre a atuação musical de Adolpho Mello, a fim de lançar um olhar mais amplo sobre sua figura histórica. A seguir, faremos uma análise de seu manual de violino, analisando os conceitos ali apresentados à luz da literatura pedagógica do violino. Verificaremos assim, a relação entre a obra pesquisada e o referencial teórico-tecnico violinístico encontrado em Galamian e Flesch.
Polem Ca, Feb 28, 2014
Neste trabalho, proponho pensar no conceito de Voz-Música, como um material criativo entre as ins... more Neste trabalho, proponho pensar no conceito de Voz-Música, como um material criativo entre as instâncias que a voz pode articular no campo da experimentação poética vocal, conhecido como Poesia Sonora. Introduzo a noção de voz poética e sua ligação com o conceito de agenciamento coletivo de enunciação: um catalisador das múltiplas dimensões do enunciado, gerador de um contínuum entre suas partes musicais, fonéticas, fáticas, a-fáticas, sígnicas, semânticas. Proponho estudar como o agenciamento de enunciação articularia o material criativo e conceitual produzido na intercessão destas vozes poéticas: a Voz-Música num Cromatismo Generalizado.
Aos meus pais Virson Holderbaum e Sonia Ferreira Holderbaum e meus irmãos, André, Saulo e Daniel.... more Aos meus pais Virson Holderbaum e Sonia Ferreira Holderbaum e meus irmãos, André, Saulo e Daniel. Sei que tenho a força de viver meus próprios desígnios pelo grande amor que temos juntos e que reside em mim. Meu profundo agradecimento pelo apoio incondicional sempre, hora-a-hora, dia-a-dia. Às reuniões acompanhadas pelas comidinhas deliciosas, os perfumes Kimah e cervejas artesanais do Niko, os cafés com a mãe, incensos, violão, praias e bons ares, churrascos com o pai, Saulo e André. Que essa Presença Toda Poderosa e Infinita abençoe-nos. À Natália Francischini, Nahnati, Nahna, parceira de morada e vida compartilhada, que proporcionou espaço e afeto cotidianos com seus amados gatos Batman, Frido e Serena. Agradeço sua paciência aos meus surtos doutorais e afetivos, aos humores, aos estados internos. Como amigas, causamos muitas coisas e com todos os percalços, se evidencia cada vez mais o apoio mútuo, nessa linha de vida experimental. Trajetória nada fácil, sermos mulheres na busca de nossos propósitos. Todo alimento de singularidade pra cada uma, que se propõe sempre outra. A tí, meu sincero agradecimento por me acompanhar nesse importante tempo de tese. Ao meu orientador Fernando Iazzetta, por toda paciência, compreensão, tranquilidade, perspicácia e ousadia. Por usar todas estas qualidades na percepção e orientação daquilo que propus fazer neste trabalho. Uma tese que perfaz uma geografia de afetos só funcionaria com um orientador afetuoso, pois nesse caso, navegação e sensibilidade são 'preciosidades precisas'. Nossa parceria deixou-me sempre com uma sensação de liberdade e responsabilidade equiparadas. Essa condição foi o refresco pros meus dias e tese, nessa cidade fascinante e densa que é São Paulo. Às três mulheres amigas, cujos trabalhos abordei e que participaram nas conversas do diário vocal, sendo suas presenças aqui fundamentais para compor este trabalho à 8 mãos ou 4 cabeças: De forma muito especial à Valéria Bonafé, gradessíssima amiga, sem medida... Parceira sempre, guia, mestra, compositora fantástica, mão ativa, pulso firme, agora mãe de Catarina. Viver o doutorado tendo sua lealdade, observando suas atitudes, sua perspicácia mental e dedicação incondicional e afetiva para com as pessoas, seu grande esforço em sempre dar tudo de si nos teus desafios... tudo isso foi um grande exemplo pra mim, desde que te vi a primeira vez no NuSom. Agradeço pelas forças em inúmeros assuntos do doutorado, por sugerir a ideia de gravar áudios para pôr na tese-o que acabou virando o método de voz; por participar do diário vocal e compartilhar comigo seus processos criativos/de vida para compor este trabalho com sua obra; por estimular meu trabalho de compositora. Nosso encontro é sempre produtivo e sinto, contigo, pertencer ao propósito de uma vida livre, potente e amorosa. Á Inés Terra, artista maravilhosa, amiga engraçada e de humor feroz. Obrigada por estar hoje, dia 31/03/2019, nos últimos dias antes da entrega, ainda conversando comigo sobre o processo que percorremos juntas, ao oferecer percepções, ao me contar das leituras que fez do trabalho. Emocionamos mesmo agora, por toda essa caminhada que fizemos pelos corredores da USP, quando ocupamos o espaço dessa ligação extensa entre nossas vozes, nossa pesquisa, nossos amores e dramáticas. Obrigada por estimular o diário vocal da primeira vez que propus, mas ainda estava em dúvida se iria pôr em prática. Obrigada pela disposição em conversar comigo em tantos encontros e por fazer-me entender que esses encontros e essa conversa durarão uma vida de voracidades... conjunta... À Lílian Campesato, parceira que sempre oferece uma perspectiva singular sobre a arte que me deixa mais leve, sobre o que é ter uma vida artística e uma pesquisa artística concomitantes. Por me fazer adorar ler Foucault, durante a disciplina que deu no pós-doutorado e que tive oportunidade de cursar. Por se aproximar sempre com um cuidado aliado à inovação do pensamento sobre a voz. Pelo ar de enfoque que você carrega no NuSom e por isso, abre portas de percepção; por todas as leituras que você traz e pela criação de espaços de voz e ruído que você articula. Pela novidade pulsante que transborda da tua prática criativa e que tentei captar nessas breves considerações... À Marcela Lucatelli, minha áltera(é)g(u)a de muitos heterônimos performativos, encantadores, viscerais, composicionais, curadores. Por ter encontrado contigo, passei a viver a arte de forma totalmente e(s-n)tranhada... A poesia em vozes percorre nossas veias e os sons harmônicos guturais do espaço sideral de dissonâncias amigas, é nossa cama. Deito-me sempre nela para respirar novas estrelas... Com amor... Ao Rodolfo Valente, amigo compositor que, pelas microresistências, me aproximou de São Paulo antes mesmo do doutorado. À toda vivência que tivemos em 2015 no Fitacrepe, com Marcela e(m) Corpocampo... Ao Silvio Ferraz, pela visão/escuta de mundos possíveis na composição e na performance, pelas inúmeras aulas fantásticas que cursei. Sua perspectiva misturada de filosofia, composição e atração por potências da arte, foram inspiradoras no meu percurso de quatro anos de doutorado. Pela sapiência e paciência em compreender os tempos da minha criação; pela tranquilidade ao me orientar no Estágio PAE no último ano; pela sagacidade enquanto professor de composição, pelo encantamento de afinidade e admiração que sempre senti em sua presença. A Stênio Biazon e as incontáveis conversas Foucaultianas, pelo ouvido atento sobre minha pesquisa. Por acolher-me como amiga e parceira de música nos inícios do doutorado, em 2015, quando estava chegando na cidade. Por apresentar-me Nahnati, agora minha amigona de vida e morada. Pelas suas dicas precisas sobre como ler/depreender Foucault e por me fazer entender que a melhor forma de escrever 'com' Foucault, é perceber como o corpo está implicado na pesquisa. A Acácio Piedade, por ser o amigo amoroso que, mesmo indiretamente, me impulsionou à vir pra São Paulo desatar os nós de minha própria existência e andar sobre meus próprios pés. Com poesia, à ti meu carinho profundo.
In 2016 we had the first edition of SONOLOGIA: International Conference on Sound Studies, a trans... more In 2016 we had the first edition of SONOLOGIA: International Conference on Sound Studies, a transdisciplinary event attended by researchers from seventeen countries and five continents with contributions from fields of study as broad as music, sound art, anthropology, visual arts, theatre, literature, architecture, history, sociology, media studies, gender studies, among others. This second edition of the event proposes the theme I/O. An acronym which, metaphorically mobilized, provides a powerful way of addressing the diverse and problematic relations between the “I” and the “other”, as well as “inside” and “outside”.
This second edition of SONOLOGIA: International Conference on Sound Studies proposes the theme I/O. An acronym which, metaphorically mobilized, provides a powerful way of addressing the diverse and problematic relations between the “I” and the “other”, as well as “inside” and “outside”. By focusing on matters of alterity, subjectivities, limits, boundaries and crossings – either cultural, territorial or disciplinary – we invite papers devoted to particular and contingent relations that take to task hegemonic theories and practices in sound studies. Although the pairing of categories may indicate opposing notions, by retaining the slash [/] we intend to focus on inquiries that disrupt the limits of each category and suggest possible continuities, exchanges and intertwinements between the terms of the relation.
Resumo: Neste artigo, apresento um resumo do primeiro capítulo de minha tese em andamento: Proces... more Resumo: Neste artigo, apresento um resumo do primeiro capítulo de minha tese em andamento: Processos de Composição para Voz: Vocalidades entre Performance, Tecnologia e Experimentalismo Sonoro. Proponho uma problematização das noções de voz e vocalidade a partir da caracterização de algumas formações discursivas nos estudos da voz e em relação a algumas obras para voz. Para este artigo, detenho-me em apresentar um resumo da problematização dos discursos sobre voz e vocalidade. Questiono como os silenciamentos históricos da voz, enquanto evidência de corporalidade, foram entronizados no modo como compreendemos e interagimos performance, corpo, sons e tecnologias, revelando recalques, binarismos e dualismos entre corpo humano e máquina, voz e sentido, presença e ausência física, mediação e imediação da voz. Investigar as positividades discursivas nos estudos da voz e suas repercussões na criação atual é estudar como as noções de voz são consolidadas no logos vocal contemporâneo.
Palavras-chave: Voz. Vocalidade. Estudos da voz. Análise do Discurso. Performance.
Brief Discourse Analysis of the Studies on Voice and Vocalities
Abstract: In this paper I present a summary of the first chapter of my thesis in progress: Processes of Composition for Voice: Vocalities between Performance, Technology and Sonic Experimentalism. I propose a problematization about the notions of voice and vocality from the characterization of some discursive formations in the studies of voice in relation to some vocal works. For this paper I merely present a summary of the problematization of the discourses about voice. I question how the historical silencing of the voice, as evidence of corporeality, were enthroned in the way we understand and interact performance, body, sounds and technologies, revealing repressions, binarisms and dualisms between human body and machine, voice and sense, physical presence and absence, mediation and immediacy of the voice. To investigate the discursive positivities in the studies of voice and its repercussions in the present creation is to study how the notions of voice are consolidated in the contemporary vocal logos.
Qual operação intermídia necessária para operar a voz-música? Como pensar em uma partícula micro... more Qual operação intermídia necessária para operar a voz-música? Como pensar em uma partícula microvocal, como um grão sonoro que carrega um traço de vocalidade?
Voz, poesia, som, polifonia, escritura, corporalidade, enunciados, vocalidade. Como se constituem os corpos da palavra sonora, da voz-música, da poesia sonora? Corpos da palavra sem órgãos, Corpo da palavra. Palavra corpo, incorpórea palavra sonora eletrônica. Operar microvocalidades na voz através de operações performáticas, bem como de um devir da voz atualizado em máquina, voz-sem órgãos, dado pela gravação, fixação, manipulação e utilização desse material sonoro junto à performance.
Resumo: Neste trabalho, propomos pensar a composição musical enquanto poética que intermedeia a p... more Resumo:
Neste trabalho, propomos pensar a composição musical enquanto poética que intermedeia a palavra, o corpo e o som, encontrando no conceito de Voz-Música, um material criativo entre as instâncias que a voz pode articular, as quais podem ser aplicadas, em seus aspectos expressivos, gestuais, fonéticos e paralinguísticos, em procedimentos que envolvem eventos sonoros, vocais e performáticos. Introduzimos a noção de voz poética e dialogamos as transformações artísticas entre som, palavra e performance, em obras que se ambientam na Poesia Sonora, na Música Experimental e na Música Concreta. Conecto este corpus criativo com o conceito de intermídia e este, com o conceito de agenciamento coletivo de enunciação: um catalisador das múltiplas dimensões do enunciado, gerador de um contínuum entre suas variáveis musicais, fonéticas, fáticas, a-fáticas, sígnicas, semânticas, entre outras. Estudamos como o agenciamento de enunciação articularia o material criativo e conceitual produzido neste cruzamento: a Voz-Música num Cromatismo Generalizado. Relacionamos estes procedimentos à proposta composicional de Trevor Wishart (1996), sobre a exploração da voz humana dentro do universo multidimensional da enunciação, cujos aspectos de pronúncia, fonética, paralinguismo, entre outros, serviriam como módulos de dinâmica complexa para a composição sonora. Finalizo sugerindo a ocorrência de uma Voz-Música em obras de
Demetrio Stratos, Dieter Schnebel e Carmelo Bene, bem como em trabalhos que compus para este percurso: Poema Verbo-instrumental (2013), Ao passo que...O corpo do Espaço (2013), e Poço Barthesiano ou Onda de Estilo Ga(l)go (2014).
Abstract:
In this study, we propose thinking the musical composition as a poetic that intermediates word, body and sound, finding in the Voice-Music concept a creative material between the dimentions that voice can articulate, which may be applied in its expressive, kinetic, phonetic and paralinguistic aspects, within artistic procedures that involve sonic, vocal and performatic events. Here, I introduce the notion of poetic voice and discuss the artistic transformations among sound, word and performance, in works belonging to Sound Poetry, in Experimental Music and Concrete Music. I connect this creative corpus with the Intermedia concept, and the latter with the concept of collective assemblage of enunciation: a catalyst of the multiple dimentions of a continuum between its musical, phonetic, fatics, semiotic, and semantic variables. I propose studying how the assemblage of enunciation would articulate the creative and conceptual material produced in this intersection: the Voice-Music in a Generalized Chromaticism. Weintermingle these procedures to the compositional proposition of Trevor Wishart (1996), about exploring the human voice within the multidimentional universe of utterance, which aspects of pronounciation, phonetics, paralinguism, among others, would act as modules of complex dynamics to sonic-compositions. We conclude by suggesting a occurrence of a Voice-Music in some works of Demetrio Stratos, Dieter Schnebel and Carmelo Bene, as well as with the original compositions created for this study: Poema Verbo-Instrumental (2013) (Verbal-Instrumental Poem), Ao passo que… o Corpo do EsPaco (2014) (Whereas… the sPace Body), e Poco Barthesiano ou Onda de Estilo Ga(l)go (2013) (Barthesian Well or Ga(l)g-style Wave). Keywords:
"Esse dossiê é um emaranhado de sete corpos, de sete singularidades. São sete corpos de mulheres;... more "Esse dossiê é um emaranhado de sete corpos, de sete singularidades. São sete corpos de mulheres; mulheres que compõem, criam, inventam, imaginam músicas. Elas são: Cristina Dignart, Fernanda Aoki Navarro, Flora Holderbaum, Julia Teles, Lílian Campesato, Michele Agnes e Thais Montanari. (...)
Esse dossiê tem algumas questões de fundo. A primeira delas: como falar sobre a música que fazemos? Essa não é uma questão apenas para mulheres. Acho sempre tão difícil (e muitas vezes até agressivo) ter que me portar como teórica da minha própria música. Ter que forjar um outro corpo e falar da minha música como se de fato eu não a tivesse imaginado em meu próprio corpo. Qual é esse corpo abstrato ao qual devo me submeter? E essa sim talvez seja uma questão mais perversa para mulheres. Esse corpo abstrato, supostamente neutro e universal, não é o corpo de uma mulher. Então aqui imaginei uma proposta diferente: não forjar um outro corpo. Convidar as mulheres a
falar da sua música como quem de fato as fez, em seus corpos. A proposta foi a de subverter, na medida do possível, o tradicional formato de artigos acadêmicos, tornando o dossiê um espaço de maior acolhida ao artístico, ao não-dizível, e também a corpos que enfrentam muita resistência em nosso meio musical. (Valéria Bonafé, Coordenadora convidada no Editorial)
Polêm!ca Revista Eletrônica v. 13, n. 1 (2014), Jan 2014
Neste trabalho, proponho pensar no conceito de Voz-Música, como um material criativo entre as ins... more Neste trabalho, proponho pensar no conceito de Voz-Música, como um material criativo entre as instâncias que a voz pode articular no campo da experimentação poética vocal, conhecido como Poesia Sonora. Introduzo a noção de voz poética e sua ligação com o conceito de agenciamento coletivo de enunciação: um catalisador das múltiplas dimensões do enunciado, gerador de um contínuum entre suas partes musicais, fonéticas, fáticas, a-fáticas, sígnicas, semânticas. Proponho estudar como o agenciamento de enunciação articularia o material criativo e conceitual produzido na intercessão destas vozes poéticas: a Voz-Música num Cromatismo Generalizado.
Anais do XXIII Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música - Natal - 2013, Aug 2013
Este artigo pretende explorar as estratégias de composição para a voz como objeto sonoro dentro d... more Este artigo pretende explorar as estratégias de composição para a voz como objeto sonoro dentro do âmbito da Poesia Sonora. Iniciaremos com a concepção de voz que queremos abordar, logo faremos uma contextualização da Poesia Sonora no séc. XX-XXI e exporemos as tipologias de estratégias composicionais levantadas para a voz. Traçamos dessa forma as seguintes seções: 1. A Voz; 2. A Voz como Ritual; 3. A Voz na Poesia Sonora; 4. A Voz como Elemento Composicional e 5. Estratégias Poético-Musicais de Composição para a Voz.
Revista do Encontro Internacional de Música e Arte Sonora – EIMAS (Vol. 3, n. 1, 2013), May 3, 2013
"A proposta deste artigo é a analise do poema sonoro URSONATE (1921-1932), de Kurt Schwitters. Ut... more "A proposta deste artigo é a analise do poema sonoro URSONATE (1921-1932), de Kurt Schwitters. Utilizando o poema fonético “fmsbw” (1920) de Raoul Hausmann, Schwitters desenvolveu seu conteúdo fonético até chegar em um texto sonoro regido sob uma forma musical estrita: a sonata. Na análise, o foco recairá sobre como o poema sonoro foi construído, através da comparação de motivos-silábicos formadores dos temas e da estruturação do poema sonoro formalmente, dando ênfase no primeiro movimento. O paralelo aqui é feito com algumas idéias de Arnold Schöenberg (1984, 1993) sobre motivo, tema, forma, variação progressiva, formas-motivo, idéia básica (Grundgestalt), forma sonata e rondó-sonata. Estes dois últimos elementos também serão debatidos através de algumas definições de James Hepokoski e Warren Darcy (2006).
This paper analyzes the sound poem URSONATE (1921-1932), by Kurt Schwitters. Using the phonetic poem "fmsbw" (1929) by Raul Hausmann, Schwitters developed its phonetic content until achievement of a sound text that follows a strict formal idea: the sonata form. In this analysis, the focus will be on how the sound poem was constructed, by comparing the syllabic-motifs that generate the themes and the formal structure of the sound poem, with emphasis on the first movement. The parallel traced here is established with a few ideas of Arnold Schöenberg (1984, 1993) such as motive, theme, form, developing variation, motive-forms, the basic idea (Grundgestalt), sonata form and rondo-sonata. The last two elements will also be discussed through some definitions of James Hepokoski and Warren Darcy (2006)."
Revista do Centro de Artes da UDESC Nº 8 [Ago/2010 a Jul/2011], Jul 2011
"Este trabalho tem como foco a obra teórico-técnica intitulada “Pequena Arte da Expressã do Violi... more "Este trabalho tem como foco a obra teórico-técnica intitulada “Pequena Arte da Expressã do Violino ou Nuanças que fazem a Beleza da Execução”, de Adolpho Ferreira de Mello, compositor, intérprete e maestro natural de São José (SC) que atuou naquela cidade e em Desterro* (atual Florianópolis), nos fins do século XIX e início do XX. Traçaremos um breve perfil histórico das duas cidades vizinhas, situando o contexto musical local frente ao cenário nacional da Música de Salão e, através de artigos em revistas e jornais da época, resgataremos informações sobre a atuação musical de Adolpho Mello, a fim de lançar um olhar mais amplo sobre sua figura histórica. A seguir, faremos uma análise de seu manual de violino, analisando os conceitos ali apresentados à luz da literatura pedagógica do violino. Verificaremos assim, a relação entre a obra pesquisada e o referencial teórico–tecnico violinístico encontrado em Galamian e Flesch.
Palavras-chave Adolpho Mello; Violino; Música de Salão; Desterro; São José"
Thinking Voices - Vocalizing Logos: the possibilities of emergence of other vocalities
Este trabalho trata da voz enquanto relação entre um corpus de composições e performances para vo... more Este trabalho trata da voz enquanto relação entre um corpus de composições e performances para voz, uma revisão de literatura sobre algumas noções discursivas sobre voz e um diário vocal pessoal que desenvolvi, o qual articula esses campos analíticos e práticos. Problematizo as noções de voz e vocalidade através da análise das formações discursivas dentro dos estudos da voz e analiso a relação destas formações com as vozes e vocalidades propostas em algumas composições e performances, com ênfase em obras de Valéria Bonafé, Lílian Campesato e Inés Terra. Questiono como os silenciamentos históricos da voz, enquanto evidência de corporalidade, foram entronizados no modo como compreendemos a voz e criamos com ela. Além da análise documental/textual e das análises das obras, o método aqui escolhido articula a problematização e a conceituação da voz enquanto uma prática vocal. Isso é feito a partir de um processo duplo que chamei de diário vocal, que consiste da realização e gravação de c...
A voz-música na intermídia som-palavra-performance
Resumo: Neste trabalho, propomos pensar a composição musical enquanto poética que intermedeia a p... more Resumo: Neste trabalho, propomos pensar a composição musical enquanto poética que intermedeia a palavra, o corpo e o som, encontrando no conceito de Voz-Música, um material criativo entre as instâncias que a voz pode articular, as quais podem ser aplicadas, em seus aspectos expressivos, gestuais, fonéticos e paralinguísticos, em procedimentos que envolvem eventos sonoros, vocais e performáticos. Introduzimos a noção de voz poética e dialogamos as transformações artísticas entre som, palavra e performance, em obras que se ambientam na Poesia Sonora, na Música Experimental e na Música Concreta. Conecto este corpus criativo com o conceito de intermídia e este, com o conceito de agenciamento coletivo de enunciação: um catalisador das múltiplas dimensões do enunciado, gerador de um contínuum entre suas variáveis musicais, fonéticas, fáticas, a-fáticas, sígnicas, semânticas, entre outras. Estudamos como o agenciamento de enunciação articularia o material criativo e conceitual produzido ne...
Revista Vortex, 2015
Obra para: Dossie Musicas feitas por mulheres para ressoar em todos os corpos – Org: BONAFE, Vale... more Obra para: Dossie Musicas feitas por mulheres para ressoar em todos os corpos – Org: BONAFE, Valeria.
DAPesquisa, 2018
Este trabalho tem como foco a obra teórico-técnica intitulada "Pequena Arte da Expressão do Violi... more Este trabalho tem como foco a obra teórico-técnica intitulada "Pequena Arte da Expressão do Violino ou Nuanças que fazem a Beleza da Execução", de Adolpho Ferreira de Mello, compositor, intérprete e maestro natural de São José (SC) que atuou naquela cidade e em Desterro* (atual Florianópolis), nos fins do século XIX e início do XX. Traçaremos um breve perfil histórico das duas cidades vizinhas, situando o contexto musical local frente ao cenário nacional da Música de Salão e, através de artigos em revistas e jornais da época, resgataremos informações sobre a atuação musical de Adolpho Mello, a fim de lançar um olhar mais amplo sobre sua figura histórica. A seguir, faremos uma análise de seu manual de violino, analisando os conceitos ali apresentados à luz da literatura pedagógica do violino. Verificaremos assim, a relação entre a obra pesquisada e o referencial teórico-tecnico violinístico encontrado em Galamian e Flesch.
Polem Ca, Feb 28, 2014
Neste trabalho, proponho pensar no conceito de Voz-Música, como um material criativo entre as ins... more Neste trabalho, proponho pensar no conceito de Voz-Música, como um material criativo entre as instâncias que a voz pode articular no campo da experimentação poética vocal, conhecido como Poesia Sonora. Introduzo a noção de voz poética e sua ligação com o conceito de agenciamento coletivo de enunciação: um catalisador das múltiplas dimensões do enunciado, gerador de um contínuum entre suas partes musicais, fonéticas, fáticas, a-fáticas, sígnicas, semânticas. Proponho estudar como o agenciamento de enunciação articularia o material criativo e conceitual produzido na intercessão destas vozes poéticas: a Voz-Música num Cromatismo Generalizado.
Aos meus pais Virson Holderbaum e Sonia Ferreira Holderbaum e meus irmãos, André, Saulo e Daniel.... more Aos meus pais Virson Holderbaum e Sonia Ferreira Holderbaum e meus irmãos, André, Saulo e Daniel. Sei que tenho a força de viver meus próprios desígnios pelo grande amor que temos juntos e que reside em mim. Meu profundo agradecimento pelo apoio incondicional sempre, hora-a-hora, dia-a-dia. Às reuniões acompanhadas pelas comidinhas deliciosas, os perfumes Kimah e cervejas artesanais do Niko, os cafés com a mãe, incensos, violão, praias e bons ares, churrascos com o pai, Saulo e André. Que essa Presença Toda Poderosa e Infinita abençoe-nos. À Natália Francischini, Nahnati, Nahna, parceira de morada e vida compartilhada, que proporcionou espaço e afeto cotidianos com seus amados gatos Batman, Frido e Serena. Agradeço sua paciência aos meus surtos doutorais e afetivos, aos humores, aos estados internos. Como amigas, causamos muitas coisas e com todos os percalços, se evidencia cada vez mais o apoio mútuo, nessa linha de vida experimental. Trajetória nada fácil, sermos mulheres na busca de nossos propósitos. Todo alimento de singularidade pra cada uma, que se propõe sempre outra. A tí, meu sincero agradecimento por me acompanhar nesse importante tempo de tese. Ao meu orientador Fernando Iazzetta, por toda paciência, compreensão, tranquilidade, perspicácia e ousadia. Por usar todas estas qualidades na percepção e orientação daquilo que propus fazer neste trabalho. Uma tese que perfaz uma geografia de afetos só funcionaria com um orientador afetuoso, pois nesse caso, navegação e sensibilidade são 'preciosidades precisas'. Nossa parceria deixou-me sempre com uma sensação de liberdade e responsabilidade equiparadas. Essa condição foi o refresco pros meus dias e tese, nessa cidade fascinante e densa que é São Paulo. Às três mulheres amigas, cujos trabalhos abordei e que participaram nas conversas do diário vocal, sendo suas presenças aqui fundamentais para compor este trabalho à 8 mãos ou 4 cabeças: De forma muito especial à Valéria Bonafé, gradessíssima amiga, sem medida... Parceira sempre, guia, mestra, compositora fantástica, mão ativa, pulso firme, agora mãe de Catarina. Viver o doutorado tendo sua lealdade, observando suas atitudes, sua perspicácia mental e dedicação incondicional e afetiva para com as pessoas, seu grande esforço em sempre dar tudo de si nos teus desafios... tudo isso foi um grande exemplo pra mim, desde que te vi a primeira vez no NuSom. Agradeço pelas forças em inúmeros assuntos do doutorado, por sugerir a ideia de gravar áudios para pôr na tese-o que acabou virando o método de voz; por participar do diário vocal e compartilhar comigo seus processos criativos/de vida para compor este trabalho com sua obra; por estimular meu trabalho de compositora. Nosso encontro é sempre produtivo e sinto, contigo, pertencer ao propósito de uma vida livre, potente e amorosa. Á Inés Terra, artista maravilhosa, amiga engraçada e de humor feroz. Obrigada por estar hoje, dia 31/03/2019, nos últimos dias antes da entrega, ainda conversando comigo sobre o processo que percorremos juntas, ao oferecer percepções, ao me contar das leituras que fez do trabalho. Emocionamos mesmo agora, por toda essa caminhada que fizemos pelos corredores da USP, quando ocupamos o espaço dessa ligação extensa entre nossas vozes, nossa pesquisa, nossos amores e dramáticas. Obrigada por estimular o diário vocal da primeira vez que propus, mas ainda estava em dúvida se iria pôr em prática. Obrigada pela disposição em conversar comigo em tantos encontros e por fazer-me entender que esses encontros e essa conversa durarão uma vida de voracidades... conjunta... À Lílian Campesato, parceira que sempre oferece uma perspectiva singular sobre a arte que me deixa mais leve, sobre o que é ter uma vida artística e uma pesquisa artística concomitantes. Por me fazer adorar ler Foucault, durante a disciplina que deu no pós-doutorado e que tive oportunidade de cursar. Por se aproximar sempre com um cuidado aliado à inovação do pensamento sobre a voz. Pelo ar de enfoque que você carrega no NuSom e por isso, abre portas de percepção; por todas as leituras que você traz e pela criação de espaços de voz e ruído que você articula. Pela novidade pulsante que transborda da tua prática criativa e que tentei captar nessas breves considerações... À Marcela Lucatelli, minha áltera(é)g(u)a de muitos heterônimos performativos, encantadores, viscerais, composicionais, curadores. Por ter encontrado contigo, passei a viver a arte de forma totalmente e(s-n)tranhada... A poesia em vozes percorre nossas veias e os sons harmônicos guturais do espaço sideral de dissonâncias amigas, é nossa cama. Deito-me sempre nela para respirar novas estrelas... Com amor... Ao Rodolfo Valente, amigo compositor que, pelas microresistências, me aproximou de São Paulo antes mesmo do doutorado. À toda vivência que tivemos em 2015 no Fitacrepe, com Marcela e(m) Corpocampo... Ao Silvio Ferraz, pela visão/escuta de mundos possíveis na composição e na performance, pelas inúmeras aulas fantásticas que cursei. Sua perspectiva misturada de filosofia, composição e atração por potências da arte, foram inspiradoras no meu percurso de quatro anos de doutorado. Pela sapiência e paciência em compreender os tempos da minha criação; pela tranquilidade ao me orientar no Estágio PAE no último ano; pela sagacidade enquanto professor de composição, pelo encantamento de afinidade e admiração que sempre senti em sua presença. A Stênio Biazon e as incontáveis conversas Foucaultianas, pelo ouvido atento sobre minha pesquisa. Por acolher-me como amiga e parceira de música nos inícios do doutorado, em 2015, quando estava chegando na cidade. Por apresentar-me Nahnati, agora minha amigona de vida e morada. Pelas suas dicas precisas sobre como ler/depreender Foucault e por me fazer entender que a melhor forma de escrever 'com' Foucault, é perceber como o corpo está implicado na pesquisa. A Acácio Piedade, por ser o amigo amoroso que, mesmo indiretamente, me impulsionou à vir pra São Paulo desatar os nós de minha própria existência e andar sobre meus próprios pés. Com poesia, à ti meu carinho profundo.
In 2016 we had the first edition of SONOLOGIA: International Conference on Sound Studies, a trans... more In 2016 we had the first edition of SONOLOGIA: International Conference on Sound Studies, a transdisciplinary event attended by researchers from seventeen countries and five continents with contributions from fields of study as broad as music, sound art, anthropology, visual arts, theatre, literature, architecture, history, sociology, media studies, gender studies, among others. This second edition of the event proposes the theme I/O. An acronym which, metaphorically mobilized, provides a powerful way of addressing the diverse and problematic relations between the “I” and the “other”, as well as “inside” and “outside”.
This second edition of SONOLOGIA: International Conference on Sound Studies proposes the theme I/O. An acronym which, metaphorically mobilized, provides a powerful way of addressing the diverse and problematic relations between the “I” and the “other”, as well as “inside” and “outside”. By focusing on matters of alterity, subjectivities, limits, boundaries and crossings – either cultural, territorial or disciplinary – we invite papers devoted to particular and contingent relations that take to task hegemonic theories and practices in sound studies. Although the pairing of categories may indicate opposing notions, by retaining the slash [/] we intend to focus on inquiries that disrupt the limits of each category and suggest possible continuities, exchanges and intertwinements between the terms of the relation.
Resumo: Neste artigo, apresento um resumo do primeiro capítulo de minha tese em andamento: Proces... more Resumo: Neste artigo, apresento um resumo do primeiro capítulo de minha tese em andamento: Processos de Composição para Voz: Vocalidades entre Performance, Tecnologia e Experimentalismo Sonoro. Proponho uma problematização das noções de voz e vocalidade a partir da caracterização de algumas formações discursivas nos estudos da voz e em relação a algumas obras para voz. Para este artigo, detenho-me em apresentar um resumo da problematização dos discursos sobre voz e vocalidade. Questiono como os silenciamentos históricos da voz, enquanto evidência de corporalidade, foram entronizados no modo como compreendemos e interagimos performance, corpo, sons e tecnologias, revelando recalques, binarismos e dualismos entre corpo humano e máquina, voz e sentido, presença e ausência física, mediação e imediação da voz. Investigar as positividades discursivas nos estudos da voz e suas repercussões na criação atual é estudar como as noções de voz são consolidadas no logos vocal contemporâneo.
Palavras-chave: Voz. Vocalidade. Estudos da voz. Análise do Discurso. Performance.
Brief Discourse Analysis of the Studies on Voice and Vocalities
Abstract: In this paper I present a summary of the first chapter of my thesis in progress: Processes of Composition for Voice: Vocalities between Performance, Technology and Sonic Experimentalism. I propose a problematization about the notions of voice and vocality from the characterization of some discursive formations in the studies of voice in relation to some vocal works. For this paper I merely present a summary of the problematization of the discourses about voice. I question how the historical silencing of the voice, as evidence of corporeality, were enthroned in the way we understand and interact performance, body, sounds and technologies, revealing repressions, binarisms and dualisms between human body and machine, voice and sense, physical presence and absence, mediation and immediacy of the voice. To investigate the discursive positivities in the studies of voice and its repercussions in the present creation is to study how the notions of voice are consolidated in the contemporary vocal logos.
Qual operação intermídia necessária para operar a voz-música? Como pensar em uma partícula micro... more Qual operação intermídia necessária para operar a voz-música? Como pensar em uma partícula microvocal, como um grão sonoro que carrega um traço de vocalidade?
Voz, poesia, som, polifonia, escritura, corporalidade, enunciados, vocalidade. Como se constituem os corpos da palavra sonora, da voz-música, da poesia sonora? Corpos da palavra sem órgãos, Corpo da palavra. Palavra corpo, incorpórea palavra sonora eletrônica. Operar microvocalidades na voz através de operações performáticas, bem como de um devir da voz atualizado em máquina, voz-sem órgãos, dado pela gravação, fixação, manipulação e utilização desse material sonoro junto à performance.
Resumo: Neste trabalho, propomos pensar a composição musical enquanto poética que intermedeia a p... more Resumo:
Neste trabalho, propomos pensar a composição musical enquanto poética que intermedeia a palavra, o corpo e o som, encontrando no conceito de Voz-Música, um material criativo entre as instâncias que a voz pode articular, as quais podem ser aplicadas, em seus aspectos expressivos, gestuais, fonéticos e paralinguísticos, em procedimentos que envolvem eventos sonoros, vocais e performáticos. Introduzimos a noção de voz poética e dialogamos as transformações artísticas entre som, palavra e performance, em obras que se ambientam na Poesia Sonora, na Música Experimental e na Música Concreta. Conecto este corpus criativo com o conceito de intermídia e este, com o conceito de agenciamento coletivo de enunciação: um catalisador das múltiplas dimensões do enunciado, gerador de um contínuum entre suas variáveis musicais, fonéticas, fáticas, a-fáticas, sígnicas, semânticas, entre outras. Estudamos como o agenciamento de enunciação articularia o material criativo e conceitual produzido neste cruzamento: a Voz-Música num Cromatismo Generalizado. Relacionamos estes procedimentos à proposta composicional de Trevor Wishart (1996), sobre a exploração da voz humana dentro do universo multidimensional da enunciação, cujos aspectos de pronúncia, fonética, paralinguismo, entre outros, serviriam como módulos de dinâmica complexa para a composição sonora. Finalizo sugerindo a ocorrência de uma Voz-Música em obras de
Demetrio Stratos, Dieter Schnebel e Carmelo Bene, bem como em trabalhos que compus para este percurso: Poema Verbo-instrumental (2013), Ao passo que...O corpo do Espaço (2013), e Poço Barthesiano ou Onda de Estilo Ga(l)go (2014).
Abstract:
In this study, we propose thinking the musical composition as a poetic that intermediates word, body and sound, finding in the Voice-Music concept a creative material between the dimentions that voice can articulate, which may be applied in its expressive, kinetic, phonetic and paralinguistic aspects, within artistic procedures that involve sonic, vocal and performatic events. Here, I introduce the notion of poetic voice and discuss the artistic transformations among sound, word and performance, in works belonging to Sound Poetry, in Experimental Music and Concrete Music. I connect this creative corpus with the Intermedia concept, and the latter with the concept of collective assemblage of enunciation: a catalyst of the multiple dimentions of a continuum between its musical, phonetic, fatics, semiotic, and semantic variables. I propose studying how the assemblage of enunciation would articulate the creative and conceptual material produced in this intersection: the Voice-Music in a Generalized Chromaticism. Weintermingle these procedures to the compositional proposition of Trevor Wishart (1996), about exploring the human voice within the multidimentional universe of utterance, which aspects of pronounciation, phonetics, paralinguism, among others, would act as modules of complex dynamics to sonic-compositions. We conclude by suggesting a occurrence of a Voice-Music in some works of Demetrio Stratos, Dieter Schnebel and Carmelo Bene, as well as with the original compositions created for this study: Poema Verbo-Instrumental (2013) (Verbal-Instrumental Poem), Ao passo que… o Corpo do EsPaco (2014) (Whereas… the sPace Body), e Poco Barthesiano ou Onda de Estilo Ga(l)go (2013) (Barthesian Well or Ga(l)g-style Wave). Keywords:
"Esse dossiê é um emaranhado de sete corpos, de sete singularidades. São sete corpos de mulheres;... more "Esse dossiê é um emaranhado de sete corpos, de sete singularidades. São sete corpos de mulheres; mulheres que compõem, criam, inventam, imaginam músicas. Elas são: Cristina Dignart, Fernanda Aoki Navarro, Flora Holderbaum, Julia Teles, Lílian Campesato, Michele Agnes e Thais Montanari. (...)
Esse dossiê tem algumas questões de fundo. A primeira delas: como falar sobre a música que fazemos? Essa não é uma questão apenas para mulheres. Acho sempre tão difícil (e muitas vezes até agressivo) ter que me portar como teórica da minha própria música. Ter que forjar um outro corpo e falar da minha música como se de fato eu não a tivesse imaginado em meu próprio corpo. Qual é esse corpo abstrato ao qual devo me submeter? E essa sim talvez seja uma questão mais perversa para mulheres. Esse corpo abstrato, supostamente neutro e universal, não é o corpo de uma mulher. Então aqui imaginei uma proposta diferente: não forjar um outro corpo. Convidar as mulheres a
falar da sua música como quem de fato as fez, em seus corpos. A proposta foi a de subverter, na medida do possível, o tradicional formato de artigos acadêmicos, tornando o dossiê um espaço de maior acolhida ao artístico, ao não-dizível, e também a corpos que enfrentam muita resistência em nosso meio musical. (Valéria Bonafé, Coordenadora convidada no Editorial)
Polêm!ca Revista Eletrônica v. 13, n. 1 (2014), Jan 2014
Neste trabalho, proponho pensar no conceito de Voz-Música, como um material criativo entre as ins... more Neste trabalho, proponho pensar no conceito de Voz-Música, como um material criativo entre as instâncias que a voz pode articular no campo da experimentação poética vocal, conhecido como Poesia Sonora. Introduzo a noção de voz poética e sua ligação com o conceito de agenciamento coletivo de enunciação: um catalisador das múltiplas dimensões do enunciado, gerador de um contínuum entre suas partes musicais, fonéticas, fáticas, a-fáticas, sígnicas, semânticas. Proponho estudar como o agenciamento de enunciação articularia o material criativo e conceitual produzido na intercessão destas vozes poéticas: a Voz-Música num Cromatismo Generalizado.
Anais do XXIII Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música - Natal - 2013, Aug 2013
Este artigo pretende explorar as estratégias de composição para a voz como objeto sonoro dentro d... more Este artigo pretende explorar as estratégias de composição para a voz como objeto sonoro dentro do âmbito da Poesia Sonora. Iniciaremos com a concepção de voz que queremos abordar, logo faremos uma contextualização da Poesia Sonora no séc. XX-XXI e exporemos as tipologias de estratégias composicionais levantadas para a voz. Traçamos dessa forma as seguintes seções: 1. A Voz; 2. A Voz como Ritual; 3. A Voz na Poesia Sonora; 4. A Voz como Elemento Composicional e 5. Estratégias Poético-Musicais de Composição para a Voz.
Revista do Encontro Internacional de Música e Arte Sonora – EIMAS (Vol. 3, n. 1, 2013), May 3, 2013
"A proposta deste artigo é a analise do poema sonoro URSONATE (1921-1932), de Kurt Schwitters. Ut... more "A proposta deste artigo é a analise do poema sonoro URSONATE (1921-1932), de Kurt Schwitters. Utilizando o poema fonético “fmsbw” (1920) de Raoul Hausmann, Schwitters desenvolveu seu conteúdo fonético até chegar em um texto sonoro regido sob uma forma musical estrita: a sonata. Na análise, o foco recairá sobre como o poema sonoro foi construído, através da comparação de motivos-silábicos formadores dos temas e da estruturação do poema sonoro formalmente, dando ênfase no primeiro movimento. O paralelo aqui é feito com algumas idéias de Arnold Schöenberg (1984, 1993) sobre motivo, tema, forma, variação progressiva, formas-motivo, idéia básica (Grundgestalt), forma sonata e rondó-sonata. Estes dois últimos elementos também serão debatidos através de algumas definições de James Hepokoski e Warren Darcy (2006).
This paper analyzes the sound poem URSONATE (1921-1932), by Kurt Schwitters. Using the phonetic poem "fmsbw" (1929) by Raul Hausmann, Schwitters developed its phonetic content until achievement of a sound text that follows a strict formal idea: the sonata form. In this analysis, the focus will be on how the sound poem was constructed, by comparing the syllabic-motifs that generate the themes and the formal structure of the sound poem, with emphasis on the first movement. The parallel traced here is established with a few ideas of Arnold Schöenberg (1984, 1993) such as motive, theme, form, developing variation, motive-forms, the basic idea (Grundgestalt), sonata form and rondo-sonata. The last two elements will also be discussed through some definitions of James Hepokoski and Warren Darcy (2006)."
Revista do Centro de Artes da UDESC Nº 8 [Ago/2010 a Jul/2011], Jul 2011
"Este trabalho tem como foco a obra teórico-técnica intitulada “Pequena Arte da Expressã do Violi... more "Este trabalho tem como foco a obra teórico-técnica intitulada “Pequena Arte da Expressã do Violino ou Nuanças que fazem a Beleza da Execução”, de Adolpho Ferreira de Mello, compositor, intérprete e maestro natural de São José (SC) que atuou naquela cidade e em Desterro* (atual Florianópolis), nos fins do século XIX e início do XX. Traçaremos um breve perfil histórico das duas cidades vizinhas, situando o contexto musical local frente ao cenário nacional da Música de Salão e, através de artigos em revistas e jornais da época, resgataremos informações sobre a atuação musical de Adolpho Mello, a fim de lançar um olhar mais amplo sobre sua figura histórica. A seguir, faremos uma análise de seu manual de violino, analisando os conceitos ali apresentados à luz da literatura pedagógica do violino. Verificaremos assim, a relação entre a obra pesquisada e o referencial teórico–tecnico violinístico encontrado em Galamian e Flesch.
Palavras-chave Adolpho Mello; Violino; Música de Salão; Desterro; São José"