Géssica Guimarães | UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro / Rio de Janeiro State University (original) (raw)
Drafts by Géssica Guimarães
Como refletir sobre a história diante da experiência de desmantelamento da universidade pública, ... more Como refletir sobre a história diante da experiência de desmantelamento da universidade pública, especificamente no contexto em que nos colocamos: o da Universidade do Estado do Rio de Janeiro? Abandonada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, pelo menos, desde finais de 2015, a UERJ agoniza com a falta de pagamento de trabalhadores terceirizados, servidores, bolsis-tas, alunos cotistas e verba de custeio para seu funcionamento básico. Trabalhar, ensinar e pesquisar, abrindo caminhos para que os estudantes se desenvolvam pode ser encarado como um ato de resis-tência, sempre associado às disposições da vida ativa. Procuramos demonstrar nesse texto justamen-te que essa experiência pode nos oferecer um olhar privilegiado para tratar do lugar da história como disciplina hoje. A crise estrutural da universidade se articula assim com um contexto de crise nas ciências humanas e, em particular, no campo da história. O engajamento com o tempo presente aparece, nes-te contexto, como um movimento que tanto abre para repensar o lugar da história como disciplina, quanto cobra que uma compreensão deste tempo esteja disponível. Não menos importante, refletir no campo da epistemologia sobre as novas possíveis configurações da história, privilegiando fontes, objetos e caminhos que se abrem a partir dos novos imperativos do mundo, também pode ser enca-rado como um trabalho de reativação dos vínculos entre universidade e sociedade. O texto aposta, para que as questões tenham chão, que a história tem tido sua fisionomia de-finida também pelo espaço no qual se situa: as universidades e as escolas. Ou seja, a pergunta sobre a relação entre o historiador e seu tempo não pode ignorar que a história é disciplina universitária e escolar. O que diremos sobre estes espaço? 1) O campo de produção do conhecimento se autoforti-fica nas universidades e na autopoiesis dos artigos científicos. 2) As escolas são, de longe, espaço
Papers by Géssica Guimarães
JOSÉ HONÓRIO RODRIGUES E A AUTONOMIZAÇÃO DA HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA NO BRASIL, 2018
José Honório Rodrigues foi autor de uma obra monumental, mas que ainda continua desconhecida por ... more José Honório Rodrigues foi autor de uma obra
monumental, mas que ainda continua desconhecida por grande parte na nova geração de historiadores no Brasil. Contudo, na última década,
o número de dissertações, de teses e de artigos
científicos que tomaram sua obra como objeto
de estudo teve um considerável acréscimo. Perguntamo-nos: qual seria a razão dessa demonstração de interesse da academia pelo autor e
pelas suas ideias? A hipótese que defenderemos
aqui não é inesperada, mas ainda assim reveladora de uma transformação sensível na pesquisa
historiográfica, a saber: a consolidação da área
de Teoria da História e, em especial, a autonomização da História da historiografia como um
campo de pesquisa no Brasil. Sendo assim, este
artigo terá como tema principal o pioneirismo
de Rodrigues na construção de saberes e de
métodos para o desenvolvimento da Teoria da
História e da História da historiografia brasileira
e a recepção de seu trabalho no universo acadêmico.
Tempo histórico como urgência: considerações sobre a experiência de tempo no Brasil de JK., 2017
Este artigo foi publicado no livro "Conversas sobre o Brasil" e apresenta uma análise sobre a exp... more Este artigo foi publicado no livro "Conversas sobre o Brasil" e apresenta uma análise sobre a experiência do tempo no Brasil, na segunda metade da década de 1950, buscando a relação entre a experimentação do tempo, a construção do imaginário histórico e a agência dos sujeitos. Como hipótese proponho que durante o governo de JK o tempo foi experimentado como "urgência" por parte da população brasileira (principalmente nos centros decisórios e entre os intelectuais, bem como nos centros urbanos) e que tal experiência teve desdobramentos políticos. Esse artigo é resultado parcial de uma pesquisa ainda em curso e que recebe fomento da FAPERJ.
Resumo: Este artigo apresenta como eixo de suas interrogações o debate que se configurou no âmbit... more Resumo: Este artigo apresenta como eixo de suas interrogações o debate que se configurou no âmbito da estética e em território germânico, na segunda metade dos setecentos e primeiros anos do século seguinte. Reunindo nomes como Winckelmann, Lessing, Goethe e Schiller, a tradição intelectual alemã revela uma substancial influência do referencial estético clássico, sobretudo grego, na composição do Ideal de beleza que orientara filosófica e politicamente os artistas e pensadores para além do Reno. No centro desta contenda encontramos uma instigante sequência de comentários sobre o conjunto de esculturas gregas conhecido como Laocoonte. Entender a proeminência que tais intelectuais conferiram a essa obra para a compreensão do significado do belo para os antigos, assim como investigar de que forma esse Ideal foi valorizado na elaboração da noção de homem e cultura que eles almejavam para seu tempo e povo, são os principais objetivos esboçados aqui. Abstract: This article presents as the axis of its interrogations the debate about aesthetics in the German territory, around the second half of the eighteenth century and the first years of the following century. Gathering names like Winckelmann, Lessing, Goethe and Schiller, the German intellectual tradition reveals a substantial influence of the classic aesthetics referential, especially Greek, in the composition of the Ideal of beauty that guided philosophically and politically artists and thinkers beyond the Rhine. In the center of this issue we may find a stimulating sequence of comments about the Greek set of sculptures known as Laocoon. Grasping the prominence that these intellectuals had given to that work of art for the understanding of the meaning of beauty to the ancients, as well as to investigate how this Ideal was appraised in the development of the Idea of man and culture they aimed for their own time and people, are the main objectives outlined here.
Esse trabalho se dá pela evidente necessidade de construção de narrativas sobre o passado (mas nã... more Esse trabalho se dá pela evidente necessidade de construção de narrativas sobre o passado (mas não apenas) no contexto contemporâneo, admitindo a história da historiografia como uma fonte para tematizar historicidades, sem que essas historicidades sejam autocentradas ou específicas da historiografia. O desmonte da UERJ é, assim, o pano de fundo do que vivemos, uma lágrima viva e ativa, uma exigência para reflexões sobre teoria e ensino de teoria nas universidades. Assim, ao falar da história da disciplina, falamos do limite de um projeto que pretendia manter vivos princípios modernos que se desfaziam, projeto que ainda orienta parte dos nossos cursos de graduação. É necessário rever nossos princípios. A urgência do presente cobra que tudo o que estava por ser feito seja encaminhado. Ao mesmo tempo, não é o caso de simplesmente anular a força de produções anteriores, pelo contrário. É necessário intensificar heranças como formas, inclusive, de disputar narrativas no presente. O retorno a Bakhtin cumpre esse papel. Falar novamente em ideologia é, antes de tudo, um esforço de ter a história da historiografia como construtora de laços entre gerações. É colocar em movimento um pouco do que se viveu na redemocratização. Palavras-chave: Historicidade; História da Historiografia; Universidade. Abstract:. This paper addresses narratives about the past (but not just) in the contemporary context. The paper assumes the history of historiography as a source to thematize historicities. Historicities will not be treated here as specific to historiography, on the contrary, they are broad and belong to us. The dismantling of UERJ is thus the background of what we live. It entails a living and active tear, which requires reflections on theory and theory teaching in universities. Thus, in speaking of the history of the discipline, we speak of the limit of a project that intended to keep alive modern principles that were being undone. A project that still guides some of our classes. It is necessary to review our principles. The urgency of the present demands that everything that was to be done to be forwarded. At the same time it is not the case to simply nullify previous productions, by the contrary. It is necessary to intensify inheritances as forms as they are paths to disputing narratives in the present. The return to Bakhtin fulfills this role. To speak again of ideology is, above all, an effort to have the history of historiography as the builder of bonds between generations. The question of ideology sets in motion a little of what has been experienced in redemocratization. Dossiê Uma lágrima sobre a cicatriz: O desmonte da Universidade pública como desafio à reflexão histórica (#UERJResiste) A tear dropping on the scar: the dismantle of the public university as a challenge to historical reflection (#UERJResiste)
Embora intrinsecamente associado à história da tragédia, o trágico surgiu na modernidade como um ... more Embora intrinsecamente associado à história da tragédia, o trágico surgiu na modernidade como um conceito autônomo e inaugurou um novo olhar acerca do homem. Se por um lado persiste a ideia do fortalecimento moral estimulado pelo sofrimento, por outro, a cisão que a tragédia pretendia apaziguar, ao menos momentaneamente, é aceita como definitiva, abrindo na cultura ocidental uma grande cicatriz. Ainda que não possamos afirmar o surgimento de uma filosofia do Trágico já na obra de Schiller, certamente não teríamos problemas em assegurar a tragicidade que o autor expressa em suas peças teatrais, bem como em seus escritos filosóficos. Por isso, temos como interesse pensar como a tragicidade se expressou através de sua concepção de arte e do próprio momento histórico em que vivia como um episódio trágico. Para tal, devemos devolver o trágico ao nível mais concreto de sua realização, a ação, pois é no terreno da ação, seja nas tragédias, ou mesmo na vida, que o trágico ganha contornos, de fato, dramáticos.
O presente trabalho pretende oferecer um comentário sobre uma das teses fundamentais do vultoso p... more O presente trabalho pretende oferecer um comentário sobre uma das teses
fundamentais do vultoso projeto do Dicionário Histórico de Conceitos, do qual Reinhart
Koselleck foi integrante junto a Otto Brunner e Werner Conze, a noção de sattelzeit como
um “tempo de sela”. Segundo Koselleck, entre as décadas de 1750 a 1850, teria ocorrido a
formação da modernidade, caracterizado pelo distanciamento entre espaço de experiência e
horizonte de expectativa, e esse movimento poderia ser visualizado na dinâmica de
surgimento, transformação e sentido dos conceitos, sobretudo, na maneira como o homem
passa a entender e se relacionar com a história.
Palavras-chave: Koselleck, Dicionário Histórico dos Conceitos, modernidade.
Este trabalho se propõe à análise da construção da verdade no discurso histórico em dois momentos... more Este trabalho se propõe à análise da construção da verdade no discurso histórico em dois momentos caros a esta questão: a antiguidade clássica, quando a história surgiu como campo do conhecimento e foi forjada sua aporia, seja ela, de busca da verdade sobre os acontecimentos passados; e a emergência do historicismo como uma Weltanschauung contraria ao racionalismo das Luzes, que promoveu a relativização da história e, em definitivo, da própria idéia de verdade. Para conduzir a análise, avaliarei as idéias e contribuições de Heródoto e Humboldt, cada qual em sua ocasião.
Palavras-chave: Historicismo; Aporia da História; Humboldt.
Este artigo tem como objetivo explorar a influência das lições de Aristóteles e do teatro ático n... more Este artigo tem como objetivo explorar a influência das lições de Aristóteles e do teatro ático na concepção schilleriana de tragédia. Acredito que, mesmo de maneira indireta, Schiller tenha sido grandemente afetado pela tradição grega, e que suas peças, por vezes, se aproximavam do papel social que as tragédias desempenharam na Grécia antiga. Sem nenhuma pretensão de minimizar a presença dos categóricos kantianos na reflexão e produção artística de Schiller, meu intuito aqui consiste em investigar a extensão da arte clássica na construção do ideal de teatro e nação na obra de um dos maiores expoentes da cultura germânica na passagem do século XVIII para o XIX.
Resumo Poesia Ingênua e Sentimental figura atualmente como uma das reflexões mais instigantes do ... more Resumo Poesia Ingênua e Sentimental figura atualmente como uma das reflexões mais instigantes do poeta alemão Friedrich Schiller. Embora o dramaturgo tivesse como interesse imediato ponderar acerca das formas de sentir e produzir o belo, sobretudo, na poesia e na dramaturgia, o impacto que o texto causou em sua própria comunidade intelectual e a recepção destas ideias ao longo dos séculos XIX e XX o tornaram significativo para investigar o conceito de história que permeava o debate estético, bem como analisar a construção da identidade moderna no bojo deste processo histórico. O objetivo deste trabalho consiste em analisar o tratado estético de Schiller tencionando compreender como sua proposta é constituinte de uma experiência temporal notadamente moderna; assim como ponderar acerca de sua contribuição para a construção da identidade do homem moderno e investigar sua relação e influência em um ambiente cultural no qual a criação intelectual era cada vez mais associada a um procedimento reflexivo.
Como refletir sobre a história diante da experiência de desmantelamento da universidade pública, ... more Como refletir sobre a história diante da experiência de desmantelamento da universidade pública, especificamente no contexto em que nos colocamos: o da Universidade do Estado do Rio de Janeiro? Abandonada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, pelo menos, desde finais de 2015, a UERJ agoniza com a falta de pagamento de trabalhadores terceirizados, servidores, bolsistas, alunos cotistas e verba de custeio para seu funcionamento básico. Trabalhar, ensinar e pesquisar, abrindo caminhos para que os estudantes se desenvolvam pode ser encarado como um ato de resistência, sempre associado às disposições da vida ativa. Procuramos demonstrar nesse texto justamente que essa experiência pode nos oferecer um olhar privilegiado para tratar do lugar da história como disciplina hoje. A crise estrutural da universidade se articula assim com um contexto de crise nas ciências humanas e, em particular, no campo da história. O engajamento com o tempo presente aparece, neste contexto, como um movimento que tanto abre para repensar o lugar da história como disciplina, quanto cobra que uma compreensão deste tempo esteja disponível. Não menos importante, refletir no campo da epistemologia sobre as novas possíveis configurações da história, privilegiando fontes, objetos e caminhos que se abrem a partir dos novos imperativos do mundo, também pode ser encarado como um trabalho de reativação dos vínculos en- tre universidade e sociedade.
Como refletir sobre a história diante da experiência de desmantelamento da universidade pública, ... more Como refletir sobre a história diante da experiência de desmantelamento da universidade pública, especificamente no contexto em que nos colocamos: o da Universidade do Estado do Rio de Janeiro? Abandonada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, pelo menos, desde finais de 2015, a UERJ agoniza com a falta de pagamento de trabalhadores terceirizados, servidores, bolsis-tas, alunos cotistas e verba de custeio para seu funcionamento básico. Trabalhar, ensinar e pesquisar, abrindo caminhos para que os estudantes se desenvolvam pode ser encarado como um ato de resis-tência, sempre associado às disposições da vida ativa. Procuramos demonstrar nesse texto justamen-te que essa experiência pode nos oferecer um olhar privilegiado para tratar do lugar da história como disciplina hoje. A crise estrutural da universidade se articula assim com um contexto de crise nas ciências humanas e, em particular, no campo da história. O engajamento com o tempo presente aparece, nes-te contexto, como um movimento que tanto abre para repensar o lugar da história como disciplina, quanto cobra que uma compreensão deste tempo esteja disponível. Não menos importante, refletir no campo da epistemologia sobre as novas possíveis configurações da história, privilegiando fontes, objetos e caminhos que se abrem a partir dos novos imperativos do mundo, também pode ser enca-rado como um trabalho de reativação dos vínculos entre universidade e sociedade. O texto aposta, para que as questões tenham chão, que a história tem tido sua fisionomia de-finida também pelo espaço no qual se situa: as universidades e as escolas. Ou seja, a pergunta sobre a relação entre o historiador e seu tempo não pode ignorar que a história é disciplina universitária e escolar. O que diremos sobre estes espaço? 1) O campo de produção do conhecimento se autoforti-fica nas universidades e na autopoiesis dos artigos científicos. 2) As escolas são, de longe, espaço
JOSÉ HONÓRIO RODRIGUES E A AUTONOMIZAÇÃO DA HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA NO BRASIL, 2018
José Honório Rodrigues foi autor de uma obra monumental, mas que ainda continua desconhecida por ... more José Honório Rodrigues foi autor de uma obra
monumental, mas que ainda continua desconhecida por grande parte na nova geração de historiadores no Brasil. Contudo, na última década,
o número de dissertações, de teses e de artigos
científicos que tomaram sua obra como objeto
de estudo teve um considerável acréscimo. Perguntamo-nos: qual seria a razão dessa demonstração de interesse da academia pelo autor e
pelas suas ideias? A hipótese que defenderemos
aqui não é inesperada, mas ainda assim reveladora de uma transformação sensível na pesquisa
historiográfica, a saber: a consolidação da área
de Teoria da História e, em especial, a autonomização da História da historiografia como um
campo de pesquisa no Brasil. Sendo assim, este
artigo terá como tema principal o pioneirismo
de Rodrigues na construção de saberes e de
métodos para o desenvolvimento da Teoria da
História e da História da historiografia brasileira
e a recepção de seu trabalho no universo acadêmico.
Tempo histórico como urgência: considerações sobre a experiência de tempo no Brasil de JK., 2017
Este artigo foi publicado no livro "Conversas sobre o Brasil" e apresenta uma análise sobre a exp... more Este artigo foi publicado no livro "Conversas sobre o Brasil" e apresenta uma análise sobre a experiência do tempo no Brasil, na segunda metade da década de 1950, buscando a relação entre a experimentação do tempo, a construção do imaginário histórico e a agência dos sujeitos. Como hipótese proponho que durante o governo de JK o tempo foi experimentado como "urgência" por parte da população brasileira (principalmente nos centros decisórios e entre os intelectuais, bem como nos centros urbanos) e que tal experiência teve desdobramentos políticos. Esse artigo é resultado parcial de uma pesquisa ainda em curso e que recebe fomento da FAPERJ.
Resumo: Este artigo apresenta como eixo de suas interrogações o debate que se configurou no âmbit... more Resumo: Este artigo apresenta como eixo de suas interrogações o debate que se configurou no âmbito da estética e em território germânico, na segunda metade dos setecentos e primeiros anos do século seguinte. Reunindo nomes como Winckelmann, Lessing, Goethe e Schiller, a tradição intelectual alemã revela uma substancial influência do referencial estético clássico, sobretudo grego, na composição do Ideal de beleza que orientara filosófica e politicamente os artistas e pensadores para além do Reno. No centro desta contenda encontramos uma instigante sequência de comentários sobre o conjunto de esculturas gregas conhecido como Laocoonte. Entender a proeminência que tais intelectuais conferiram a essa obra para a compreensão do significado do belo para os antigos, assim como investigar de que forma esse Ideal foi valorizado na elaboração da noção de homem e cultura que eles almejavam para seu tempo e povo, são os principais objetivos esboçados aqui. Abstract: This article presents as the axis of its interrogations the debate about aesthetics in the German territory, around the second half of the eighteenth century and the first years of the following century. Gathering names like Winckelmann, Lessing, Goethe and Schiller, the German intellectual tradition reveals a substantial influence of the classic aesthetics referential, especially Greek, in the composition of the Ideal of beauty that guided philosophically and politically artists and thinkers beyond the Rhine. In the center of this issue we may find a stimulating sequence of comments about the Greek set of sculptures known as Laocoon. Grasping the prominence that these intellectuals had given to that work of art for the understanding of the meaning of beauty to the ancients, as well as to investigate how this Ideal was appraised in the development of the Idea of man and culture they aimed for their own time and people, are the main objectives outlined here.
Esse trabalho se dá pela evidente necessidade de construção de narrativas sobre o passado (mas nã... more Esse trabalho se dá pela evidente necessidade de construção de narrativas sobre o passado (mas não apenas) no contexto contemporâneo, admitindo a história da historiografia como uma fonte para tematizar historicidades, sem que essas historicidades sejam autocentradas ou específicas da historiografia. O desmonte da UERJ é, assim, o pano de fundo do que vivemos, uma lágrima viva e ativa, uma exigência para reflexões sobre teoria e ensino de teoria nas universidades. Assim, ao falar da história da disciplina, falamos do limite de um projeto que pretendia manter vivos princípios modernos que se desfaziam, projeto que ainda orienta parte dos nossos cursos de graduação. É necessário rever nossos princípios. A urgência do presente cobra que tudo o que estava por ser feito seja encaminhado. Ao mesmo tempo, não é o caso de simplesmente anular a força de produções anteriores, pelo contrário. É necessário intensificar heranças como formas, inclusive, de disputar narrativas no presente. O retorno a Bakhtin cumpre esse papel. Falar novamente em ideologia é, antes de tudo, um esforço de ter a história da historiografia como construtora de laços entre gerações. É colocar em movimento um pouco do que se viveu na redemocratização. Palavras-chave: Historicidade; História da Historiografia; Universidade. Abstract:. This paper addresses narratives about the past (but not just) in the contemporary context. The paper assumes the history of historiography as a source to thematize historicities. Historicities will not be treated here as specific to historiography, on the contrary, they are broad and belong to us. The dismantling of UERJ is thus the background of what we live. It entails a living and active tear, which requires reflections on theory and theory teaching in universities. Thus, in speaking of the history of the discipline, we speak of the limit of a project that intended to keep alive modern principles that were being undone. A project that still guides some of our classes. It is necessary to review our principles. The urgency of the present demands that everything that was to be done to be forwarded. At the same time it is not the case to simply nullify previous productions, by the contrary. It is necessary to intensify inheritances as forms as they are paths to disputing narratives in the present. The return to Bakhtin fulfills this role. To speak again of ideology is, above all, an effort to have the history of historiography as the builder of bonds between generations. The question of ideology sets in motion a little of what has been experienced in redemocratization. Dossiê Uma lágrima sobre a cicatriz: O desmonte da Universidade pública como desafio à reflexão histórica (#UERJResiste) A tear dropping on the scar: the dismantle of the public university as a challenge to historical reflection (#UERJResiste)
Embora intrinsecamente associado à história da tragédia, o trágico surgiu na modernidade como um ... more Embora intrinsecamente associado à história da tragédia, o trágico surgiu na modernidade como um conceito autônomo e inaugurou um novo olhar acerca do homem. Se por um lado persiste a ideia do fortalecimento moral estimulado pelo sofrimento, por outro, a cisão que a tragédia pretendia apaziguar, ao menos momentaneamente, é aceita como definitiva, abrindo na cultura ocidental uma grande cicatriz. Ainda que não possamos afirmar o surgimento de uma filosofia do Trágico já na obra de Schiller, certamente não teríamos problemas em assegurar a tragicidade que o autor expressa em suas peças teatrais, bem como em seus escritos filosóficos. Por isso, temos como interesse pensar como a tragicidade se expressou através de sua concepção de arte e do próprio momento histórico em que vivia como um episódio trágico. Para tal, devemos devolver o trágico ao nível mais concreto de sua realização, a ação, pois é no terreno da ação, seja nas tragédias, ou mesmo na vida, que o trágico ganha contornos, de fato, dramáticos.
O presente trabalho pretende oferecer um comentário sobre uma das teses fundamentais do vultoso p... more O presente trabalho pretende oferecer um comentário sobre uma das teses
fundamentais do vultoso projeto do Dicionário Histórico de Conceitos, do qual Reinhart
Koselleck foi integrante junto a Otto Brunner e Werner Conze, a noção de sattelzeit como
um “tempo de sela”. Segundo Koselleck, entre as décadas de 1750 a 1850, teria ocorrido a
formação da modernidade, caracterizado pelo distanciamento entre espaço de experiência e
horizonte de expectativa, e esse movimento poderia ser visualizado na dinâmica de
surgimento, transformação e sentido dos conceitos, sobretudo, na maneira como o homem
passa a entender e se relacionar com a história.
Palavras-chave: Koselleck, Dicionário Histórico dos Conceitos, modernidade.
Este trabalho se propõe à análise da construção da verdade no discurso histórico em dois momentos... more Este trabalho se propõe à análise da construção da verdade no discurso histórico em dois momentos caros a esta questão: a antiguidade clássica, quando a história surgiu como campo do conhecimento e foi forjada sua aporia, seja ela, de busca da verdade sobre os acontecimentos passados; e a emergência do historicismo como uma Weltanschauung contraria ao racionalismo das Luzes, que promoveu a relativização da história e, em definitivo, da própria idéia de verdade. Para conduzir a análise, avaliarei as idéias e contribuições de Heródoto e Humboldt, cada qual em sua ocasião.
Palavras-chave: Historicismo; Aporia da História; Humboldt.
Este artigo tem como objetivo explorar a influência das lições de Aristóteles e do teatro ático n... more Este artigo tem como objetivo explorar a influência das lições de Aristóteles e do teatro ático na concepção schilleriana de tragédia. Acredito que, mesmo de maneira indireta, Schiller tenha sido grandemente afetado pela tradição grega, e que suas peças, por vezes, se aproximavam do papel social que as tragédias desempenharam na Grécia antiga. Sem nenhuma pretensão de minimizar a presença dos categóricos kantianos na reflexão e produção artística de Schiller, meu intuito aqui consiste em investigar a extensão da arte clássica na construção do ideal de teatro e nação na obra de um dos maiores expoentes da cultura germânica na passagem do século XVIII para o XIX.
Resumo Poesia Ingênua e Sentimental figura atualmente como uma das reflexões mais instigantes do ... more Resumo Poesia Ingênua e Sentimental figura atualmente como uma das reflexões mais instigantes do poeta alemão Friedrich Schiller. Embora o dramaturgo tivesse como interesse imediato ponderar acerca das formas de sentir e produzir o belo, sobretudo, na poesia e na dramaturgia, o impacto que o texto causou em sua própria comunidade intelectual e a recepção destas ideias ao longo dos séculos XIX e XX o tornaram significativo para investigar o conceito de história que permeava o debate estético, bem como analisar a construção da identidade moderna no bojo deste processo histórico. O objetivo deste trabalho consiste em analisar o tratado estético de Schiller tencionando compreender como sua proposta é constituinte de uma experiência temporal notadamente moderna; assim como ponderar acerca de sua contribuição para a construção da identidade do homem moderno e investigar sua relação e influência em um ambiente cultural no qual a criação intelectual era cada vez mais associada a um procedimento reflexivo.
Como refletir sobre a história diante da experiência de desmantelamento da universidade pública, ... more Como refletir sobre a história diante da experiência de desmantelamento da universidade pública, especificamente no contexto em que nos colocamos: o da Universidade do Estado do Rio de Janeiro? Abandonada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, pelo menos, desde finais de 2015, a UERJ agoniza com a falta de pagamento de trabalhadores terceirizados, servidores, bolsistas, alunos cotistas e verba de custeio para seu funcionamento básico. Trabalhar, ensinar e pesquisar, abrindo caminhos para que os estudantes se desenvolvam pode ser encarado como um ato de resistência, sempre associado às disposições da vida ativa. Procuramos demonstrar nesse texto justamente que essa experiência pode nos oferecer um olhar privilegiado para tratar do lugar da história como disciplina hoje. A crise estrutural da universidade se articula assim com um contexto de crise nas ciências humanas e, em particular, no campo da história. O engajamento com o tempo presente aparece, neste contexto, como um movimento que tanto abre para repensar o lugar da história como disciplina, quanto cobra que uma compreensão deste tempo esteja disponível. Não menos importante, refletir no campo da epistemologia sobre as novas possíveis configurações da história, privilegiando fontes, objetos e caminhos que se abrem a partir dos novos imperativos do mundo, também pode ser encarado como um trabalho de reativação dos vínculos en- tre universidade e sociedade.