Lucas Pedretti | UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro / Rio de Janeiro State University (original) (raw)
Books by Lucas Pedretti
Minha tese de doutorado, em que busco investigar a construção social das representações sobre a d... more Minha tese de doutorado, em que busco investigar a construção social das representações sobre a ditadura militar no Brasil, analisando como, ao longo dos anos 1970 e 1980, os movimentos sociais e os militares protagonizaram uma disputa em torno das formas de narrar, classificar e categorizar as violências do Estado ditatorial.
Meu primeiro livro, fruto de minha dissertação de mestrado em História Social da Cultura na PUC-R... more Meu primeiro livro, fruto de minha dissertação de mestrado em História Social da Cultura na PUC-Rio. O trabalho foi premiado pelo Arquivo Nacional na 4ª edição do Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas. No livro, investigo a experiência dos organizadores e frequentadores dos bailes de música soul, que ao longo dos anos 1970 se tornaram o principal espaço de lazer da juventude negra e das classes trabalhadoras do Rio de Janeiro. A análise da perseguição do regime ditatorial aos bailes é um caminho para enfrentar tanto um debate historiográfico quanto uma discussão pública e política sobre a natureza da violência da ditadura militar iniciada em 1964.
Dissertação (Mestrado), 2018
Agradeço, em primeiro lugar, a todos os trabalhadores e trabalhadoras anônimos que com seus impos... more Agradeço, em primeiro lugar, a todos os trabalhadores e trabalhadoras anônimos que com seus impostos financiaram esta pesquisa por meio de uma bolsa do CNPq. Mais do que cumprir a praxe acadêmica, este agradecimento tem o objetivo de marcar uma posição: a de que não podemos aceitar o desmonte da educação e das ciências, atualmente levado a cabo pelo governo golpista do país. Na pessoa do professor Ilmar Rohloff de Mattosque reúne de forma exemplar as características que transformam um docente em um mestre -, agradeço aos professores e professoras que tive desde a pré-escola até a pósgraduação. Dos melhores aos piores, dos que se tornaram amigos aos que não me fizeram guardar boas lembranças, todos ensinaram alguma coisa, de alguma maneira. Ser professor é uma escolha profissional, não uma dádiva ou um ato de caridade, e os que escolheram esse caminho devemos ser tratados como trabalhadores que necessitam bons salários e boas condições de trabalho. Dos professores-que-se-tornaram-amigos, faço questão de agradecer especialmente a Luciana Lombardo, pessoa fundamental para que minha vida (e isso inclui esta pesquisa) tomasse o rumo que tomou. "Quem construiu Tebas, a das sete portas?", perguntou Brecht. A dissertação não existiria se não fossem os trabalhadores da PUC-Rio, e a eles devo um agradecimento. Ascensoristas, funcionários da biblioteca, faxineiros e faxineiras, etc. Evidente que merece um lugar de destaque, aqui, o corpo de funcionários do departamento de História, especialmente Cleuza, Edna, Anair e Cláudio. Ao longo da pesquisa, tive a oportunidade de apresentar versões dos textos e discutir suas ideias em algumas ocasiões. O texto do segundo capítulo foi debatido no âmbito do GT Mundos do Trabalho (UFF), do Laboratório de Conexões Atlânticas (PUC-Rio) e do IX Seminario Internacional Políticas de la Memoria (Buenos Aires). Em duas dessas ocasiões, Juliana Lessa foi uma importante leitora e interlocutora, e a ela devo um agradecimento especial. PUC-Rio -Certificação Digital Nº 1613012/CA O terceiro capítulo foi objeto da cuidadosa leitura de Hélio Cannone e Gustavo Simi. A Virna Plastino, agradeço pela revisão atenta da versão final do texto. A despeito de todos esses diálogos e contribuições, não preciso reafirmar que os erros e lacunas são de inteira responsabilidade do autor. O departamento de História da PUC-Rio também me deu boas amizades. Da salinha dos alunos ao depósito, algumas pessoasda graduação à pósmerecem destaque especial: Igor Valamiel, Ana Carolina Medeiros, Renato Ferraz, Hélio Cannone e Gustavo Simi. Os dois últimos são uma presença constante nesse trabalho. Longas conversas e longuíssimos áudios no whatsapp com Gustavo foram fundamentais para moldar as ideias do terceiro capítulo.
Papers by Lucas Pedretti
O objetivo do artigo é analisar a construção de representações críticas sobre a violência da dita... more O objetivo do artigo é analisar a construção de representações críticas sobre a violência da ditadura militar nos anos 1970 diante da consolidação do vocabulário dos direitos humanos. Argumento, a partir de um diálogo crítico com a historiografia, que, no lugar de uma "memória hegemônica", o que se constituiu no país foi uma gramática que fornece os enquadramentos para se abordar o passado ditatorial.
Antropolítica, 2022
O objetivo do texto é analisar as disputas em torno da categoria de preso político no contexto da... more O objetivo do texto é analisar as disputas em torno da categoria de preso político no contexto da abertura política no Brasil. Para tanto, observa as formulações do Movimento Negro Unificado (MNU) sobre a violência estatal em dois momentos: durante a campanha pela anistia “ampla, geral e irrestrita” e no contexto imediatamente posterior à Lei de Anistia de 1979. Parte-se de uma crítica à produção acadêmica dedicada às representações da violência ditatorial. Esses trabalhos possuem duas vertentes principais, uma jurídica e outra historiográfica. A despeito de suas diferenças, ambas carregam limitações analíticas que obliteram as disputas classificatórias em jogo naquele momento, tomando como naturais determinados sentidos das categorias nativas – entre elas, a de presos políticos. Para escapar desse limite, o artigo lança mão de um instrumental teóricoanalítico inspirado em etnografias que vêm se dedicando a pensar a mobilização social e política em contextos de violência. Esses trabalhos têm demonstrado como no curso das lutas pela visibilização de eventos violentos entram em jogo as classificações sociais e morais que os atores carregam. É a partir dessa perspectiva que o trabalho se volta para documentos elaborados pelo MNU, que questionam as fronteiras que separam os presos políticos dos presos comuns. Nessa chave de observação, é possível compreender como são as disputas simbólicas e narrativas – e não o grau objetivo da violência sofrida – que permitem a afirmação de determinadas formas de violência estatal como ilegítimas e dignas de reconhecimento e reparação.
Espectros da ditadura: da Comissão da Verdade ao bolsonarismo, 2020
O texto recupera debates sobre a violência de Estado e o racismo ocorridos em dois momentos-chave... more O texto recupera debates sobre a violência de Estado e o racismo ocorridos em dois momentos-chave da construção das memórias sobre a ditadura militar no país. O primeiro se trata do contexto de discussão e mobilização em torno da anistia, em fins dos anos 1970. O segundo é a última iniciativa levada adiante pelo Estado para lidar com a temática, a Comissão Nacional da Verdade. O objetivo é discutir como em ambos os momentos houve tensões em torno dos sentidos conferidos a categorias como "anistia", "direitos humanos", vítimas" e "verdade", notadamente a partir dos esforços do movimento negro e do movimento de familiares de violência policial de inscrever nessas categorias as dimensões da raça e do racismo.
A proposta do texto é observar a atuação de Jair Bolsonaro como promotor de uma memória apologéti... more A proposta do texto é observar a atuação de Jair Bolsonaro como promotor de uma memória apologética da ditadura militar, focando especificamente os momentos de discussão, no âmbito do parlamento, acerca das políticas públicas de memória, verdade, justiça e reparação. A hipótese é que este parece ser um caminho profícuo para entendermos as formas e enquadramentos assumidos pelo negacionismo e pela memória de apologia à ditadura ao longo do tempo. Inicialmente restritos a pequenos nichos, o fato é que tais perspectivas foram paulatinamente conquistando espaços e adeptos. Aqui, o que faremos é apenas esboçar algumas das características desse processo, a fim de sugerir que este tema é uma agenda de pesquisa em aberto, mas que se mostra cada dia mais urgente de ser enfrentada.
Resumo O artigo busca analisar a ditadura civil-militar (1964-1985) a partir de um olhar para doi... more Resumo O artigo busca analisar a ditadura civil-militar (1964-1985) a partir de um olhar para dois moradores de favelas da cidade do Rio de Janeiro que militaram e presidiram a Federação das Associações de Favelas da Guanabara (FAFEG), Vicente Ferreira Mariano e Etevaldo Justino de Oliveira. A partir das fontes da policia política estadual, o Departamento de Ordem Política e Social da Guanabara (DOPS/GB), pretende-se investigar, por um lado, como o órgão observou e representou os dois personagens em distintos momentos, o que nos permite aprofundar a reflexão sobre como a ditadura voltou o olhar para os moradores de favelas em geral. Por outro lado, busca-se observar as estratégias individuais e coletivas adotadas pelos nossos personagens em diferentes contextos, com todas as complexidades, contradições e ambivalências que elas possam carregar. Com isso, espera-se que o texto possa enriquecer o debate sobre o uso de categorias como "vitimas", "algozes", "repressão" e "resistência", que usualmente se remetem a uma memória cristalizada sobre a ditadura, na qual a violência do Estado ditatorial contra moradores de favelas não costuma ter espaço.
O objetivo deste artigo é refletir sobre as limitações da Comissão Nacional da Verdade em relação... more O objetivo deste artigo é refletir sobre as limitações da Comissão Nacional da Verdade em relação às investigações sobre a violência do Estado ditatorial contra determinados grupos sociais. Num primeiro momento do texto, pretendo discutir as características das disputas de memória sobre o passado recente no Brasil, a fim de apontar que seu resultado foi a conformação de uma tipologia restrita sobre quem foram as vítimas da ditadura. Em seguida, buscarei refletir sobre como a CNV se relacionou com estas narrativas hegemônicas a partir de documentos localizados no acervo da comissão. Por fim, debaterei em que medida a incapacidade da CNV de romper com essa referida tipologia foi determinada pela mobilização, por parte do órgão, do vocabulário da "justiça de transição".
Teaching Documents by Lucas Pedretti
Programa de disciplina eletiva oferecida no PGGAS/Museu Nacional/UFRJ em 2023.1, como parte das a... more Programa de disciplina eletiva oferecida no PGGAS/Museu Nacional/UFRJ em 2023.1, como parte das atividades de bolsa de pós-doutorado na Comissão da Memória e Verdade da UFRJ.
Minha tese de doutorado, em que busco investigar a construção social das representações sobre a d... more Minha tese de doutorado, em que busco investigar a construção social das representações sobre a ditadura militar no Brasil, analisando como, ao longo dos anos 1970 e 1980, os movimentos sociais e os militares protagonizaram uma disputa em torno das formas de narrar, classificar e categorizar as violências do Estado ditatorial.
Meu primeiro livro, fruto de minha dissertação de mestrado em História Social da Cultura na PUC-R... more Meu primeiro livro, fruto de minha dissertação de mestrado em História Social da Cultura na PUC-Rio. O trabalho foi premiado pelo Arquivo Nacional na 4ª edição do Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas. No livro, investigo a experiência dos organizadores e frequentadores dos bailes de música soul, que ao longo dos anos 1970 se tornaram o principal espaço de lazer da juventude negra e das classes trabalhadoras do Rio de Janeiro. A análise da perseguição do regime ditatorial aos bailes é um caminho para enfrentar tanto um debate historiográfico quanto uma discussão pública e política sobre a natureza da violência da ditadura militar iniciada em 1964.
Dissertação (Mestrado), 2018
Agradeço, em primeiro lugar, a todos os trabalhadores e trabalhadoras anônimos que com seus impos... more Agradeço, em primeiro lugar, a todos os trabalhadores e trabalhadoras anônimos que com seus impostos financiaram esta pesquisa por meio de uma bolsa do CNPq. Mais do que cumprir a praxe acadêmica, este agradecimento tem o objetivo de marcar uma posição: a de que não podemos aceitar o desmonte da educação e das ciências, atualmente levado a cabo pelo governo golpista do país. Na pessoa do professor Ilmar Rohloff de Mattosque reúne de forma exemplar as características que transformam um docente em um mestre -, agradeço aos professores e professoras que tive desde a pré-escola até a pósgraduação. Dos melhores aos piores, dos que se tornaram amigos aos que não me fizeram guardar boas lembranças, todos ensinaram alguma coisa, de alguma maneira. Ser professor é uma escolha profissional, não uma dádiva ou um ato de caridade, e os que escolheram esse caminho devemos ser tratados como trabalhadores que necessitam bons salários e boas condições de trabalho. Dos professores-que-se-tornaram-amigos, faço questão de agradecer especialmente a Luciana Lombardo, pessoa fundamental para que minha vida (e isso inclui esta pesquisa) tomasse o rumo que tomou. "Quem construiu Tebas, a das sete portas?", perguntou Brecht. A dissertação não existiria se não fossem os trabalhadores da PUC-Rio, e a eles devo um agradecimento. Ascensoristas, funcionários da biblioteca, faxineiros e faxineiras, etc. Evidente que merece um lugar de destaque, aqui, o corpo de funcionários do departamento de História, especialmente Cleuza, Edna, Anair e Cláudio. Ao longo da pesquisa, tive a oportunidade de apresentar versões dos textos e discutir suas ideias em algumas ocasiões. O texto do segundo capítulo foi debatido no âmbito do GT Mundos do Trabalho (UFF), do Laboratório de Conexões Atlânticas (PUC-Rio) e do IX Seminario Internacional Políticas de la Memoria (Buenos Aires). Em duas dessas ocasiões, Juliana Lessa foi uma importante leitora e interlocutora, e a ela devo um agradecimento especial. PUC-Rio -Certificação Digital Nº 1613012/CA O terceiro capítulo foi objeto da cuidadosa leitura de Hélio Cannone e Gustavo Simi. A Virna Plastino, agradeço pela revisão atenta da versão final do texto. A despeito de todos esses diálogos e contribuições, não preciso reafirmar que os erros e lacunas são de inteira responsabilidade do autor. O departamento de História da PUC-Rio também me deu boas amizades. Da salinha dos alunos ao depósito, algumas pessoasda graduação à pósmerecem destaque especial: Igor Valamiel, Ana Carolina Medeiros, Renato Ferraz, Hélio Cannone e Gustavo Simi. Os dois últimos são uma presença constante nesse trabalho. Longas conversas e longuíssimos áudios no whatsapp com Gustavo foram fundamentais para moldar as ideias do terceiro capítulo.
O objetivo do artigo é analisar a construção de representações críticas sobre a violência da dita... more O objetivo do artigo é analisar a construção de representações críticas sobre a violência da ditadura militar nos anos 1970 diante da consolidação do vocabulário dos direitos humanos. Argumento, a partir de um diálogo crítico com a historiografia, que, no lugar de uma "memória hegemônica", o que se constituiu no país foi uma gramática que fornece os enquadramentos para se abordar o passado ditatorial.
Antropolítica, 2022
O objetivo do texto é analisar as disputas em torno da categoria de preso político no contexto da... more O objetivo do texto é analisar as disputas em torno da categoria de preso político no contexto da abertura política no Brasil. Para tanto, observa as formulações do Movimento Negro Unificado (MNU) sobre a violência estatal em dois momentos: durante a campanha pela anistia “ampla, geral e irrestrita” e no contexto imediatamente posterior à Lei de Anistia de 1979. Parte-se de uma crítica à produção acadêmica dedicada às representações da violência ditatorial. Esses trabalhos possuem duas vertentes principais, uma jurídica e outra historiográfica. A despeito de suas diferenças, ambas carregam limitações analíticas que obliteram as disputas classificatórias em jogo naquele momento, tomando como naturais determinados sentidos das categorias nativas – entre elas, a de presos políticos. Para escapar desse limite, o artigo lança mão de um instrumental teóricoanalítico inspirado em etnografias que vêm se dedicando a pensar a mobilização social e política em contextos de violência. Esses trabalhos têm demonstrado como no curso das lutas pela visibilização de eventos violentos entram em jogo as classificações sociais e morais que os atores carregam. É a partir dessa perspectiva que o trabalho se volta para documentos elaborados pelo MNU, que questionam as fronteiras que separam os presos políticos dos presos comuns. Nessa chave de observação, é possível compreender como são as disputas simbólicas e narrativas – e não o grau objetivo da violência sofrida – que permitem a afirmação de determinadas formas de violência estatal como ilegítimas e dignas de reconhecimento e reparação.
Espectros da ditadura: da Comissão da Verdade ao bolsonarismo, 2020
O texto recupera debates sobre a violência de Estado e o racismo ocorridos em dois momentos-chave... more O texto recupera debates sobre a violência de Estado e o racismo ocorridos em dois momentos-chave da construção das memórias sobre a ditadura militar no país. O primeiro se trata do contexto de discussão e mobilização em torno da anistia, em fins dos anos 1970. O segundo é a última iniciativa levada adiante pelo Estado para lidar com a temática, a Comissão Nacional da Verdade. O objetivo é discutir como em ambos os momentos houve tensões em torno dos sentidos conferidos a categorias como "anistia", "direitos humanos", vítimas" e "verdade", notadamente a partir dos esforços do movimento negro e do movimento de familiares de violência policial de inscrever nessas categorias as dimensões da raça e do racismo.
A proposta do texto é observar a atuação de Jair Bolsonaro como promotor de uma memória apologéti... more A proposta do texto é observar a atuação de Jair Bolsonaro como promotor de uma memória apologética da ditadura militar, focando especificamente os momentos de discussão, no âmbito do parlamento, acerca das políticas públicas de memória, verdade, justiça e reparação. A hipótese é que este parece ser um caminho profícuo para entendermos as formas e enquadramentos assumidos pelo negacionismo e pela memória de apologia à ditadura ao longo do tempo. Inicialmente restritos a pequenos nichos, o fato é que tais perspectivas foram paulatinamente conquistando espaços e adeptos. Aqui, o que faremos é apenas esboçar algumas das características desse processo, a fim de sugerir que este tema é uma agenda de pesquisa em aberto, mas que se mostra cada dia mais urgente de ser enfrentada.
Resumo O artigo busca analisar a ditadura civil-militar (1964-1985) a partir de um olhar para doi... more Resumo O artigo busca analisar a ditadura civil-militar (1964-1985) a partir de um olhar para dois moradores de favelas da cidade do Rio de Janeiro que militaram e presidiram a Federação das Associações de Favelas da Guanabara (FAFEG), Vicente Ferreira Mariano e Etevaldo Justino de Oliveira. A partir das fontes da policia política estadual, o Departamento de Ordem Política e Social da Guanabara (DOPS/GB), pretende-se investigar, por um lado, como o órgão observou e representou os dois personagens em distintos momentos, o que nos permite aprofundar a reflexão sobre como a ditadura voltou o olhar para os moradores de favelas em geral. Por outro lado, busca-se observar as estratégias individuais e coletivas adotadas pelos nossos personagens em diferentes contextos, com todas as complexidades, contradições e ambivalências que elas possam carregar. Com isso, espera-se que o texto possa enriquecer o debate sobre o uso de categorias como "vitimas", "algozes", "repressão" e "resistência", que usualmente se remetem a uma memória cristalizada sobre a ditadura, na qual a violência do Estado ditatorial contra moradores de favelas não costuma ter espaço.
O objetivo deste artigo é refletir sobre as limitações da Comissão Nacional da Verdade em relação... more O objetivo deste artigo é refletir sobre as limitações da Comissão Nacional da Verdade em relação às investigações sobre a violência do Estado ditatorial contra determinados grupos sociais. Num primeiro momento do texto, pretendo discutir as características das disputas de memória sobre o passado recente no Brasil, a fim de apontar que seu resultado foi a conformação de uma tipologia restrita sobre quem foram as vítimas da ditadura. Em seguida, buscarei refletir sobre como a CNV se relacionou com estas narrativas hegemônicas a partir de documentos localizados no acervo da comissão. Por fim, debaterei em que medida a incapacidade da CNV de romper com essa referida tipologia foi determinada pela mobilização, por parte do órgão, do vocabulário da "justiça de transição".
Programa de disciplina eletiva oferecida no PGGAS/Museu Nacional/UFRJ em 2023.1, como parte das a... more Programa de disciplina eletiva oferecida no PGGAS/Museu Nacional/UFRJ em 2023.1, como parte das atividades de bolsa de pós-doutorado na Comissão da Memória e Verdade da UFRJ.