Vagner Rangel | UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro / Rio de Janeiro State University (original) (raw)
Papers by Vagner Rangel
Partimos de dois pressupostos: a cultura ocidental poderia ser vista como uma amalgama da cosmovi... more Partimos de dois pressupostos: a cultura ocidental poderia ser vista como uma amalgama da cosmovisao judaico-crista (MARCONDES 2006) e as formas simples (JOLLES, 1976) como formulacoes de resquicios de experiencias sociais compartilhadas por determinadas comunidades. Esta torna-se ferramenta metodologica para observarmos como a formulacao “entre a cruz e a espada” pode sintetizar, aproximar e explicar a vigilância exercida, na filosofia e na literatura, por censores culturais que detem o poder simbolico (BOURDIER, 2011) de legitimacao de tais praticas culturais. Embora distantes no tempo, o tecido sociocultural parece nos dar subsidios para aproxima-los num espaco em que filosofia e literatura encontravam-se sob vigilância. Nossa hipotese: caso Machado nao tivesse se ajustado as exigencias da critica oitocentista, como parece ter sido o caso, a historia poderia ter sido outra. Em alguma medida, parece que se Descartes nao tivesse feito o mesmo, a historia tambem poderia ter sido out...
Revista SOLETRAS, 2010
Gabriel Guerreiro da Fonseca (UERJ) Lidiane dos Santos Souza (UERJ) Vagner Leite Rangel (UERJ) O ... more Gabriel Guerreiro da Fonseca (UERJ) Lidiane dos Santos Souza (UERJ) Vagner Leite Rangel (UERJ) O retorno do passado nem sempre é um momento libertador da lembrança, mas um advento, uma captura do presente. (Beatriz Sarlo)
RESUMO: Releituras de Instinto de Nacionalidade (1873) e A nova geração (1879) de Machado de Assi... more RESUMO: Releituras de Instinto de Nacionalidade (1873) e A nova geração (1879) de Machado de Assis (1839-1908), com o objetivo de averiguar a concepção de literatura de Machado em relação ao papel do escritor e de uma literatura liberal, no Rio de Janeiro oitocentistaentão em processo de transição entre os regimes régio e republicano. Objetiva-se, assim, estudar os efeitos de tal concepção em Papéis Avulsos (1882). Partimos da hipótese de que há uma preocupação machadiana acerca das relações entre República e Literatura, enquanto uma prática social, um gênero específico de escrita com fins específicos. Detalharemos esta preocupação machadiana a respeito de uma literatura (mentalidade) nacional acometida por "-ismos" importados, acriticamente, e, por fim, apontaremos afinidades entre o pensamento de Machado de Assis e de Eça de Queirós, em A Academia e a Literatura (1888), a respeito do papel do escritor, das academias e da literatura numa sociedade liberal. Concluímos que tais afinidades põem em xeque o lugar-comum a respeito da rivalidade entre tais pensadoresverdadeiros intérpretes do século XIX-, no que se refere ao papel de um intelectual que interpreta e dialoga simetricamente com os seus contemporâneos pari passu à constatação do caráter contemporâneo da interpretação machadiana, na passagem do século XIX para o XX.
Soletras, Dec 31, 2010
Gabriel Guerreiro da Fonseca (UERJ) Lidiane dos Santos Souza (UERJ) Vagner Leite Rangel (UERJ) O ... more Gabriel Guerreiro da Fonseca (UERJ) Lidiane dos Santos Souza (UERJ) Vagner Leite Rangel (UERJ) O retorno do passado nem sempre é um momento libertador da lembrança, mas um advento, uma captura do presente. (Beatriz Sarlo)
Partimos de dois pressupostos: a cultura ocidental poderia ser vista como uma amálgama da cosmovi... more Partimos de dois pressupostos: a cultura ocidental poderia ser vista como uma amálgama da cosmovisão judaico-cristã (MARCONDES 2006) e as formas simples (JOLLES, 1976) como formulações de resquícios de experiências sociais compartilhadas por determinadas comunidades. Esta torna-se ferramenta metodológica para observarmos como a formulação "entre a cruz e a espada" pode sintetizar, aproximar e explicar a vigilância exercida, na filosofia e na literatura, por censores culturais que detém o poder simbólico (BOURDIER, 2011) de legitimação de tais práticas culturais. Embora distantes no tempo, o tecido sociocultural parece nos dar subsídios para aproximá-los num espaço em que filosofia e literatura encontravam-se sob vigilância. Nossa hipótese: caso Machado não tivesse se ajustado às exigências da crítica oitocentista, como parece ter sido o caso, a história poderia ter sido outra. Em alguma medida, parece que se Descartes não tivesse feito o mesmo, a história também poderia ter sido outra. Hipóteses contrafactuais, sem dúvida, mas elas provêm de oposições reais, como mostraremos. Então, poderíamos pensar na complexidade de tais práticas, ao invés de ver o francês como ingênuo, como acontece com algumas leituras apressadas do Discurso do método, e o brasileiro como gênio, como ocorre em alguns manuais de literatura, que o vê acima de questões históricas.
Machado de Assis em Linha, Dec 1, 2015
Anagrama, 2011
O objetivo principal deste é a exposição do tema modernidade através de diversas visões, que, seg... more O objetivo principal deste é a exposição do tema modernidade através de diversas visões, que, segundo a nossa interpretação, ainda que contrastantes, não são necessariamente “adversárias”, mas complementares por entenderem de diferentes pontos de vista o mesmo foco: a modernidade. Propomos trazer ao leitor – professor em formação – uma breve descrição de conceitos circunscritos à modernidade pós-revolução industrial, com base em Anthony Giddens (1991), Marshall Berman (2007), Danilo Marcondes (2006) e Octavio Paz (1984) – sem esquecer as preciosas reflexões críticas e artísticas do poeta Charles Baudelaire (1996). Esta é a razão pela qual este artigo se chama A aventura da Modernidade, pois investimos na idéia de modernidade como resultado do cruzamento de reflexões sociológicas, filosóficas e literárias; como observa Giddens (1991), cada análise tem a sua validade, uma vez que a nossa realidade torna-se um desafio que, nas palavras de Konder (2009), atualiza o mito – que ronda o ho...
A partir do claIssico A juventude de Machado de Assis, de Jean-Michel Massa (2009), que pesquiso... more A partir do claIssico A juventude de Machado de Assis, de Jean-Michel Massa (2009), que pesquisou minuciosamente a trajetoIria intelectual de Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), e da FormacI§aIƒo da literatura brasileira, de Antonio Candido (2013), que definiu a poesia poliItica como poesia participante, apresentaremos a presencI§a da poesia participante no primeiro livro de poesias de Machado de Assis, CrisaIlidas. Se a poesia participante eI poliItica e esse livro data de 1864, isso significa que a publicacI§aIƒo de CrisaIlidas materializa a visaIƒo poliItica do poeta Machado de Assis. Essa conclusaIƒo mostra que o ceIlebre absenteiIsmo do autor eI um equiIvoco, ou, como observa Massa, naIƒo podemos compreender que a posicI§aIƒo assumida pelo autor em sua maturidade seja congeI‚nita. Palavras-chave: romantismo, literatura brasileira, Machado de Assis, poesia.
Partimos de dois pressupostos: a cultura ocidental poderia ser vista como uma amalgama da cosmovi... more Partimos de dois pressupostos: a cultura ocidental poderia ser vista como uma amalgama da cosmovisao judaico-crista (MARCONDES 2006) e as formas simples (JOLLES, 1976) como formulacoes de resquicios de experiencias sociais compartilhadas por determinadas comunidades. Esta torna-se ferramenta metodologica para observarmos como a formulacao “entre a cruz e a espada” pode sintetizar, aproximar e explicar a vigilância exercida, na filosofia e na literatura, por censores culturais que detem o poder simbolico (BOURDIER, 2011) de legitimacao de tais praticas culturais. Embora distantes no tempo, o tecido sociocultural parece nos dar subsidios para aproxima-los num espaco em que filosofia e literatura encontravam-se sob vigilância. Nossa hipotese: caso Machado nao tivesse se ajustado as exigencias da critica oitocentista, como parece ter sido o caso, a historia poderia ter sido outra. Em alguma medida, parece que se Descartes nao tivesse feito o mesmo, a historia tambem poderia ter sido out...
RESUMO: Estudo de Modern Fiction (1924, 1a publicacao) e leitura de Mrs. Dalloway (1925, 1a publi... more RESUMO: Estudo de Modern Fiction (1924, 1a publicacao) e leitura de Mrs. Dalloway (1925, 1a publicacao) com base naquele, ambos de Virginia Woolf. Discute-se a representacao literaria da tradicao inglesa, que sera exemplificada atraves de Robinson Crusoe e a forma literaria utilizada por este: a autobiografia, influencia da discussao epistemologica cartesiana. Para tanto, a Posicao do narrador no romance contemporâneo, de Adorno (2003), sera considerado. A partir de um excerto de Mrs. Dalloway, investigar-se-a como o romance de Woolf da forma a discussao teorica proposta pela autora em Modern Fiction, a fim de expressar aquilo que a autora, no referido ensaio, denomina de “the essential thing” (WOOLF, 2000, p. 741), ausente na tradicao inglesa, seja classica seja contemporânea, e, simultaneamente, responde a crise da representacao literaria, discutida por Adorno, no referido ensaio. PALAVRAS-CHAVE: Fabulacao. Desfabulacao. Literatura Comparada. Modernidade. ABSTRACT: This pap...
A leitura de dois interpretes contemporaneos de Machado de Assis – Paulo Franchetti (2013) e Joao... more A leitura de dois interpretes contemporaneos de Machado de Assis – Paulo Franchetti (2013) e Joao Cezar de Castro Rocha (2013) – revela a discordia sobre a critica machadiana ao romance O Primo Basilio , de Eca de Queiros. De acordo com Franchetti, a diferenca se deve pela concepcao do proprio romance e o futuro da Literatura Portuguesa. Por outro lado, Rocha aduz que se trata de uma inveja literaria: Machado de Assis nao suportava o sucesso de seu oponente literario no Rio de Janeiro, visto que Machado era apenas considerado um bom escritor, na melhor das hipoteses; nunca um sucesso literario! O objetivo deste trabalho e apresentar os argumentos de ambos os lados e assumir uma posicao, qual seja: ao inves da leitura de Rocha, a qual sugere que a critica de Machado se baseia em preceitos morais, sera dito o porque de levarmos a leitura de Franchetti em consideracao.
Este texto propoe a leitura de alguns poemas de As flores de Mal , de Charles Baudelaire, da seca... more Este texto propoe a leitura de alguns poemas de As flores de Mal , de Charles Baudelaire, da secao Quadros Parisienses, e alguns poemas de Vinis Mofados de Ramon Mello, a partir das consideracoes de Giorgio Agamben sobre o que seria um dispositivo e a sua influencia sobre o individuo na sociedade moderna. Baseando-se nisto, o texto pretende captar o momento de intersecao entre a cidade e os seus elementos enquanto dispositivos e o individuo, aqui representado pela figura do poeta em si e de outras figuras que aparecem nos poemas.
Este estudo pretende dar rendimento a uma indagacao epistemologica, enunciadas no corpo do estudo... more Este estudo pretende dar rendimento a uma indagacao epistemologica, enunciadas no corpo do estudo, a respeito de dois poemas nacionais e contemporâneos: Teia e Crustaceo. Por Imagens da ficcao entendemos que o trabalho teorico tem mais exito quando evita generalizacoes e se detem sobre um determinado corpus, no nosso caso, os referidos poemas. Por entrecruzamentos teorico-ficcionais entendemos que podemos dar rendimentos a nossa leitura com o auxilio de outras leituras, neste caso: o corpus teorico, para propor um dialogo entre o ficcional e o teorico.
Cadernos do IL, Jan 18, 2016
POLÍTICA DE DIREITO AUTORAL Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:... more POLÍTICA DE DIREITO AUTORAL Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: (a) Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. (b) Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. (c) Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado. (d) Os autores estão conscientes de que a revista não se responsabiliza pela solicitação ou pelo pagamento de direitos autorais referentes às imagens incorporadas ao artigo. A obtenção de autorização para a publicação de imagens, de autoria do próprio autor do artigo ou de terceiros, é de responsabilidade do autor. Por esta razão, para todos os artigos que contenham imagens, o autor deve ter uma autorização do uso da imagem, sem qualquer ônus financeiro para os Cadernos do IL. _______________________________________________________________________ POLÍTICA DE ACESSO LIVRE Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona sua democratização.
Nau Literária, Jun 30, 2015
Resumo: A partir de leituras clássicas sobre a hierarquização da interpretação e a república das ... more Resumo: A partir de leituras clássicas sobre a hierarquização da interpretação e a república das letras, este ensaio propõe, com base na ideia de rumor da língua, de Roland Barthes, uma reflexão desconstrutora acerca da ideia de interpretação, em dois prefácios do século XIX, um de Oscar Wilde e outro de Machado de Assis. A hipótese de leitura é que, ao ruminarem a questão da interpretação oitocentista e rumorejarem a desconstrução, esses prefácios discutem o caráter inconclusivo da própria interpretação.
Opiniães, 2016
A partir da trajetória de Machado de Assis, considerando suas tomadas de posição e o contexto de ... more A partir da trajetória de Machado de Assis, considerando suas tomadas de posição e o contexto de Ressurreição, apresento uma leitura sincrônica da primeira advertência à Ressurreição, explorando o romance também, mas brevemente. O objetivo primário é mostrar o anúncio de adequação feito por Machado no prefácio desse romance às exigências de Quintino Bocaiúva, em 1863, quando este, então preceptor do teatro realista, criticava Machado por não partilhar a causa nacional do Romantismo brasileiro: a formação moral do leitor. Ao dialogar com seus pares, Machado apresenta seu romance, então, conforme a crítica de Bocaiúva, aliás, o paradigma validado pela teoria do Romantismo brasileiro. Observarei como Machado configura o diálogo com o crítico de 1863, com o contexto de 1872, ano de publicação de Ressurreição, e como este romance responde às exigências quintiniana de 1863. Hipótese: a presença da fábula de Esopo subsidia a pressuposição de que Ressurreição acomoda-se à ordem romântica e ...
Machado de Assis em Linha, 2015
Resumo Ao reunir os livros de poesia num único volume, Machado registrou que "[...] seria me... more Resumo Ao reunir os livros de poesia num único volume, Machado registrou que "[...] seria melhor ligar o novo livro [...]" – Ocidentais – "aos três últimos publicados, Crisálidas,Falenas, Americanas".1 Esta observação encontra-se na advertência ao leitor de Poesias completas, e subsidia nossa hipótese: o xeque-mate do último eu lírico machadiano. Mas é preciso empreender o percurso proposto pelo poeta para acessar o referido xeque-mate lírico: a sensível variação da voz poética, que consiste em retificar a (auto)imagem do poeta. Não implicaria, tal configuração livresca e poética, uma espécie de transposição da teoria das edições de Brás Cubas, visto que as páginas de Ocidentais, último livro-capítulo de Poesias completas, não só põem em xeque o dito anteriormente como também solicitam outra leitura?
Revista Scripta Alumni, 2015
A partir da presença da fábula de Esopo em Ressurreição e da leitura de Silviano Santiago (2006) ... more A partir da presença da fábula de Esopo em Ressurreição e da leitura de Silviano Santiago (2006) do mesmo romance, apresento uma leitura do primeiro romance de Machado de Assis. Embora compartilhe da interpretação de Santiago, discordo da conclusão dele, apesar do caráter introdutório do trabalho. Problematizando a tese da insegurança machadiana, apresentada pelo crítico, penso que o romance é escrito a partir da orientação cristã do Romantismo brasileiro, como ensina a indispensável "Formação da literatura brasileira". Logo, não poderíamos concluir que a clareza do romance se deve ao fato de este ser o primeiro romance do autor mas, e aqui principia a proposta do artigo, o fato de que ele partilha dos pressupostos do Romantismo brasileiro. Outrossim para o fato - não salientado pelos críticos até então - para a resposta do autor às críticas recebidas em 1863.
RESUMO: Releituras de Instinto de Nacionalidade (1873) e A nova geracao (1879) de Machado de Assi... more RESUMO: Releituras de Instinto de Nacionalidade (1873) e A nova geracao (1879) de Machado de Assis (1839-1908), com o objetivo de averiguar a concepcao de literatura de Machado em relacao ao papel do escritor e de uma literatura liberal, no Rio de Janeiro oitocentista – entao em processo de transicao entre os regimes regio e republicano. Objetiva-se, assim, estudar os efeitos de tal concepcao em Papeis Avulsos (1882). Partimos da hipotese de que ha uma preocupacao machadiana acerca das relacoes entre Republica e Literatura, enquanto uma pratica social, um genero especifico de escrita com fins especificos. Detalharemos esta preocupacao machadiana a respeito de uma literatura (mentalidade) nacional acometida por “-ismos” importados, acriticamente, e, por fim, apontaremos afinidades entre o pensamento de Machado de Assis e de Eca de Queiros, em A Academia e a Literatura (1888), a respeito do papel do escritor, das academias e da literatura numa sociedade liberal. Concluimos que tais af...
Revista Crioula, 2016
RESUMO: Objetiva-se apresentar a emulação do soneto petrarquiano num poema de Luís Vaz de Camões ... more RESUMO: Objetiva-se apresentar a emulação do soneto petrarquiano num poema de Luís Vaz de Camões (1524-1580) e de Machado de Assis (1839-1908). Para tanto, recorre-se à ideia de emulação, presente nos textos críticos de Machado de Assis, para então apreciarmos "Alma gentil, que te partiste", apropriação camoniana daquele tipo de soneto, e "A Carolina", apropriação machadiana da tradição, tanto no aspecto formal (o soneto petrarquiano) quanto no aspecto conteudístico (o soneto camoniano), inspiração de "A Carolina". Hipótese principal: a forma soneto serviria ao eu-lírico camoniano para homenagear a amada, ao passo que serviria ao machadiano para anunciar a dimensão de seu infortúnio irreparável, imprimindo ao soneto um tom elegíaco. Conclusão: sob o ponto de vista quinhentista, Camões expressaria o descontentamento e encontraria a sua solução no lenitivo religioso, mas, sob o ponto de vista moderno, este será recusada por Machado, que dará, como veremos, outra solução ao problema.
Partimos de dois pressupostos: a cultura ocidental poderia ser vista como uma amalgama da cosmovi... more Partimos de dois pressupostos: a cultura ocidental poderia ser vista como uma amalgama da cosmovisao judaico-crista (MARCONDES 2006) e as formas simples (JOLLES, 1976) como formulacoes de resquicios de experiencias sociais compartilhadas por determinadas comunidades. Esta torna-se ferramenta metodologica para observarmos como a formulacao “entre a cruz e a espada” pode sintetizar, aproximar e explicar a vigilância exercida, na filosofia e na literatura, por censores culturais que detem o poder simbolico (BOURDIER, 2011) de legitimacao de tais praticas culturais. Embora distantes no tempo, o tecido sociocultural parece nos dar subsidios para aproxima-los num espaco em que filosofia e literatura encontravam-se sob vigilância. Nossa hipotese: caso Machado nao tivesse se ajustado as exigencias da critica oitocentista, como parece ter sido o caso, a historia poderia ter sido outra. Em alguma medida, parece que se Descartes nao tivesse feito o mesmo, a historia tambem poderia ter sido out...
Revista SOLETRAS, 2010
Gabriel Guerreiro da Fonseca (UERJ) Lidiane dos Santos Souza (UERJ) Vagner Leite Rangel (UERJ) O ... more Gabriel Guerreiro da Fonseca (UERJ) Lidiane dos Santos Souza (UERJ) Vagner Leite Rangel (UERJ) O retorno do passado nem sempre é um momento libertador da lembrança, mas um advento, uma captura do presente. (Beatriz Sarlo)
RESUMO: Releituras de Instinto de Nacionalidade (1873) e A nova geração (1879) de Machado de Assi... more RESUMO: Releituras de Instinto de Nacionalidade (1873) e A nova geração (1879) de Machado de Assis (1839-1908), com o objetivo de averiguar a concepção de literatura de Machado em relação ao papel do escritor e de uma literatura liberal, no Rio de Janeiro oitocentistaentão em processo de transição entre os regimes régio e republicano. Objetiva-se, assim, estudar os efeitos de tal concepção em Papéis Avulsos (1882). Partimos da hipótese de que há uma preocupação machadiana acerca das relações entre República e Literatura, enquanto uma prática social, um gênero específico de escrita com fins específicos. Detalharemos esta preocupação machadiana a respeito de uma literatura (mentalidade) nacional acometida por "-ismos" importados, acriticamente, e, por fim, apontaremos afinidades entre o pensamento de Machado de Assis e de Eça de Queirós, em A Academia e a Literatura (1888), a respeito do papel do escritor, das academias e da literatura numa sociedade liberal. Concluímos que tais afinidades põem em xeque o lugar-comum a respeito da rivalidade entre tais pensadoresverdadeiros intérpretes do século XIX-, no que se refere ao papel de um intelectual que interpreta e dialoga simetricamente com os seus contemporâneos pari passu à constatação do caráter contemporâneo da interpretação machadiana, na passagem do século XIX para o XX.
Soletras, Dec 31, 2010
Gabriel Guerreiro da Fonseca (UERJ) Lidiane dos Santos Souza (UERJ) Vagner Leite Rangel (UERJ) O ... more Gabriel Guerreiro da Fonseca (UERJ) Lidiane dos Santos Souza (UERJ) Vagner Leite Rangel (UERJ) O retorno do passado nem sempre é um momento libertador da lembrança, mas um advento, uma captura do presente. (Beatriz Sarlo)
Partimos de dois pressupostos: a cultura ocidental poderia ser vista como uma amálgama da cosmovi... more Partimos de dois pressupostos: a cultura ocidental poderia ser vista como uma amálgama da cosmovisão judaico-cristã (MARCONDES 2006) e as formas simples (JOLLES, 1976) como formulações de resquícios de experiências sociais compartilhadas por determinadas comunidades. Esta torna-se ferramenta metodológica para observarmos como a formulação "entre a cruz e a espada" pode sintetizar, aproximar e explicar a vigilância exercida, na filosofia e na literatura, por censores culturais que detém o poder simbólico (BOURDIER, 2011) de legitimação de tais práticas culturais. Embora distantes no tempo, o tecido sociocultural parece nos dar subsídios para aproximá-los num espaço em que filosofia e literatura encontravam-se sob vigilância. Nossa hipótese: caso Machado não tivesse se ajustado às exigências da crítica oitocentista, como parece ter sido o caso, a história poderia ter sido outra. Em alguma medida, parece que se Descartes não tivesse feito o mesmo, a história também poderia ter sido outra. Hipóteses contrafactuais, sem dúvida, mas elas provêm de oposições reais, como mostraremos. Então, poderíamos pensar na complexidade de tais práticas, ao invés de ver o francês como ingênuo, como acontece com algumas leituras apressadas do Discurso do método, e o brasileiro como gênio, como ocorre em alguns manuais de literatura, que o vê acima de questões históricas.
Machado de Assis em Linha, Dec 1, 2015
Anagrama, 2011
O objetivo principal deste é a exposição do tema modernidade através de diversas visões, que, seg... more O objetivo principal deste é a exposição do tema modernidade através de diversas visões, que, segundo a nossa interpretação, ainda que contrastantes, não são necessariamente “adversárias”, mas complementares por entenderem de diferentes pontos de vista o mesmo foco: a modernidade. Propomos trazer ao leitor – professor em formação – uma breve descrição de conceitos circunscritos à modernidade pós-revolução industrial, com base em Anthony Giddens (1991), Marshall Berman (2007), Danilo Marcondes (2006) e Octavio Paz (1984) – sem esquecer as preciosas reflexões críticas e artísticas do poeta Charles Baudelaire (1996). Esta é a razão pela qual este artigo se chama A aventura da Modernidade, pois investimos na idéia de modernidade como resultado do cruzamento de reflexões sociológicas, filosóficas e literárias; como observa Giddens (1991), cada análise tem a sua validade, uma vez que a nossa realidade torna-se um desafio que, nas palavras de Konder (2009), atualiza o mito – que ronda o ho...
A partir do claIssico A juventude de Machado de Assis, de Jean-Michel Massa (2009), que pesquiso... more A partir do claIssico A juventude de Machado de Assis, de Jean-Michel Massa (2009), que pesquisou minuciosamente a trajetoIria intelectual de Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), e da FormacI§aIƒo da literatura brasileira, de Antonio Candido (2013), que definiu a poesia poliItica como poesia participante, apresentaremos a presencI§a da poesia participante no primeiro livro de poesias de Machado de Assis, CrisaIlidas. Se a poesia participante eI poliItica e esse livro data de 1864, isso significa que a publicacI§aIƒo de CrisaIlidas materializa a visaIƒo poliItica do poeta Machado de Assis. Essa conclusaIƒo mostra que o ceIlebre absenteiIsmo do autor eI um equiIvoco, ou, como observa Massa, naIƒo podemos compreender que a posicI§aIƒo assumida pelo autor em sua maturidade seja congeI‚nita. Palavras-chave: romantismo, literatura brasileira, Machado de Assis, poesia.
Partimos de dois pressupostos: a cultura ocidental poderia ser vista como uma amalgama da cosmovi... more Partimos de dois pressupostos: a cultura ocidental poderia ser vista como uma amalgama da cosmovisao judaico-crista (MARCONDES 2006) e as formas simples (JOLLES, 1976) como formulacoes de resquicios de experiencias sociais compartilhadas por determinadas comunidades. Esta torna-se ferramenta metodologica para observarmos como a formulacao “entre a cruz e a espada” pode sintetizar, aproximar e explicar a vigilância exercida, na filosofia e na literatura, por censores culturais que detem o poder simbolico (BOURDIER, 2011) de legitimacao de tais praticas culturais. Embora distantes no tempo, o tecido sociocultural parece nos dar subsidios para aproxima-los num espaco em que filosofia e literatura encontravam-se sob vigilância. Nossa hipotese: caso Machado nao tivesse se ajustado as exigencias da critica oitocentista, como parece ter sido o caso, a historia poderia ter sido outra. Em alguma medida, parece que se Descartes nao tivesse feito o mesmo, a historia tambem poderia ter sido out...
RESUMO: Estudo de Modern Fiction (1924, 1a publicacao) e leitura de Mrs. Dalloway (1925, 1a publi... more RESUMO: Estudo de Modern Fiction (1924, 1a publicacao) e leitura de Mrs. Dalloway (1925, 1a publicacao) com base naquele, ambos de Virginia Woolf. Discute-se a representacao literaria da tradicao inglesa, que sera exemplificada atraves de Robinson Crusoe e a forma literaria utilizada por este: a autobiografia, influencia da discussao epistemologica cartesiana. Para tanto, a Posicao do narrador no romance contemporâneo, de Adorno (2003), sera considerado. A partir de um excerto de Mrs. Dalloway, investigar-se-a como o romance de Woolf da forma a discussao teorica proposta pela autora em Modern Fiction, a fim de expressar aquilo que a autora, no referido ensaio, denomina de “the essential thing” (WOOLF, 2000, p. 741), ausente na tradicao inglesa, seja classica seja contemporânea, e, simultaneamente, responde a crise da representacao literaria, discutida por Adorno, no referido ensaio. PALAVRAS-CHAVE: Fabulacao. Desfabulacao. Literatura Comparada. Modernidade. ABSTRACT: This pap...
A leitura de dois interpretes contemporaneos de Machado de Assis – Paulo Franchetti (2013) e Joao... more A leitura de dois interpretes contemporaneos de Machado de Assis – Paulo Franchetti (2013) e Joao Cezar de Castro Rocha (2013) – revela a discordia sobre a critica machadiana ao romance O Primo Basilio , de Eca de Queiros. De acordo com Franchetti, a diferenca se deve pela concepcao do proprio romance e o futuro da Literatura Portuguesa. Por outro lado, Rocha aduz que se trata de uma inveja literaria: Machado de Assis nao suportava o sucesso de seu oponente literario no Rio de Janeiro, visto que Machado era apenas considerado um bom escritor, na melhor das hipoteses; nunca um sucesso literario! O objetivo deste trabalho e apresentar os argumentos de ambos os lados e assumir uma posicao, qual seja: ao inves da leitura de Rocha, a qual sugere que a critica de Machado se baseia em preceitos morais, sera dito o porque de levarmos a leitura de Franchetti em consideracao.
Este texto propoe a leitura de alguns poemas de As flores de Mal , de Charles Baudelaire, da seca... more Este texto propoe a leitura de alguns poemas de As flores de Mal , de Charles Baudelaire, da secao Quadros Parisienses, e alguns poemas de Vinis Mofados de Ramon Mello, a partir das consideracoes de Giorgio Agamben sobre o que seria um dispositivo e a sua influencia sobre o individuo na sociedade moderna. Baseando-se nisto, o texto pretende captar o momento de intersecao entre a cidade e os seus elementos enquanto dispositivos e o individuo, aqui representado pela figura do poeta em si e de outras figuras que aparecem nos poemas.
Este estudo pretende dar rendimento a uma indagacao epistemologica, enunciadas no corpo do estudo... more Este estudo pretende dar rendimento a uma indagacao epistemologica, enunciadas no corpo do estudo, a respeito de dois poemas nacionais e contemporâneos: Teia e Crustaceo. Por Imagens da ficcao entendemos que o trabalho teorico tem mais exito quando evita generalizacoes e se detem sobre um determinado corpus, no nosso caso, os referidos poemas. Por entrecruzamentos teorico-ficcionais entendemos que podemos dar rendimentos a nossa leitura com o auxilio de outras leituras, neste caso: o corpus teorico, para propor um dialogo entre o ficcional e o teorico.
Cadernos do IL, Jan 18, 2016
POLÍTICA DE DIREITO AUTORAL Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:... more POLÍTICA DE DIREITO AUTORAL Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: (a) Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. (b) Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. (c) Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado. (d) Os autores estão conscientes de que a revista não se responsabiliza pela solicitação ou pelo pagamento de direitos autorais referentes às imagens incorporadas ao artigo. A obtenção de autorização para a publicação de imagens, de autoria do próprio autor do artigo ou de terceiros, é de responsabilidade do autor. Por esta razão, para todos os artigos que contenham imagens, o autor deve ter uma autorização do uso da imagem, sem qualquer ônus financeiro para os Cadernos do IL. _______________________________________________________________________ POLÍTICA DE ACESSO LIVRE Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona sua democratização.
Nau Literária, Jun 30, 2015
Resumo: A partir de leituras clássicas sobre a hierarquização da interpretação e a república das ... more Resumo: A partir de leituras clássicas sobre a hierarquização da interpretação e a república das letras, este ensaio propõe, com base na ideia de rumor da língua, de Roland Barthes, uma reflexão desconstrutora acerca da ideia de interpretação, em dois prefácios do século XIX, um de Oscar Wilde e outro de Machado de Assis. A hipótese de leitura é que, ao ruminarem a questão da interpretação oitocentista e rumorejarem a desconstrução, esses prefácios discutem o caráter inconclusivo da própria interpretação.
Opiniães, 2016
A partir da trajetória de Machado de Assis, considerando suas tomadas de posição e o contexto de ... more A partir da trajetória de Machado de Assis, considerando suas tomadas de posição e o contexto de Ressurreição, apresento uma leitura sincrônica da primeira advertência à Ressurreição, explorando o romance também, mas brevemente. O objetivo primário é mostrar o anúncio de adequação feito por Machado no prefácio desse romance às exigências de Quintino Bocaiúva, em 1863, quando este, então preceptor do teatro realista, criticava Machado por não partilhar a causa nacional do Romantismo brasileiro: a formação moral do leitor. Ao dialogar com seus pares, Machado apresenta seu romance, então, conforme a crítica de Bocaiúva, aliás, o paradigma validado pela teoria do Romantismo brasileiro. Observarei como Machado configura o diálogo com o crítico de 1863, com o contexto de 1872, ano de publicação de Ressurreição, e como este romance responde às exigências quintiniana de 1863. Hipótese: a presença da fábula de Esopo subsidia a pressuposição de que Ressurreição acomoda-se à ordem romântica e ...
Machado de Assis em Linha, 2015
Resumo Ao reunir os livros de poesia num único volume, Machado registrou que "[...] seria me... more Resumo Ao reunir os livros de poesia num único volume, Machado registrou que "[...] seria melhor ligar o novo livro [...]" – Ocidentais – "aos três últimos publicados, Crisálidas,Falenas, Americanas".1 Esta observação encontra-se na advertência ao leitor de Poesias completas, e subsidia nossa hipótese: o xeque-mate do último eu lírico machadiano. Mas é preciso empreender o percurso proposto pelo poeta para acessar o referido xeque-mate lírico: a sensível variação da voz poética, que consiste em retificar a (auto)imagem do poeta. Não implicaria, tal configuração livresca e poética, uma espécie de transposição da teoria das edições de Brás Cubas, visto que as páginas de Ocidentais, último livro-capítulo de Poesias completas, não só põem em xeque o dito anteriormente como também solicitam outra leitura?
Revista Scripta Alumni, 2015
A partir da presença da fábula de Esopo em Ressurreição e da leitura de Silviano Santiago (2006) ... more A partir da presença da fábula de Esopo em Ressurreição e da leitura de Silviano Santiago (2006) do mesmo romance, apresento uma leitura do primeiro romance de Machado de Assis. Embora compartilhe da interpretação de Santiago, discordo da conclusão dele, apesar do caráter introdutório do trabalho. Problematizando a tese da insegurança machadiana, apresentada pelo crítico, penso que o romance é escrito a partir da orientação cristã do Romantismo brasileiro, como ensina a indispensável "Formação da literatura brasileira". Logo, não poderíamos concluir que a clareza do romance se deve ao fato de este ser o primeiro romance do autor mas, e aqui principia a proposta do artigo, o fato de que ele partilha dos pressupostos do Romantismo brasileiro. Outrossim para o fato - não salientado pelos críticos até então - para a resposta do autor às críticas recebidas em 1863.
RESUMO: Releituras de Instinto de Nacionalidade (1873) e A nova geracao (1879) de Machado de Assi... more RESUMO: Releituras de Instinto de Nacionalidade (1873) e A nova geracao (1879) de Machado de Assis (1839-1908), com o objetivo de averiguar a concepcao de literatura de Machado em relacao ao papel do escritor e de uma literatura liberal, no Rio de Janeiro oitocentista – entao em processo de transicao entre os regimes regio e republicano. Objetiva-se, assim, estudar os efeitos de tal concepcao em Papeis Avulsos (1882). Partimos da hipotese de que ha uma preocupacao machadiana acerca das relacoes entre Republica e Literatura, enquanto uma pratica social, um genero especifico de escrita com fins especificos. Detalharemos esta preocupacao machadiana a respeito de uma literatura (mentalidade) nacional acometida por “-ismos” importados, acriticamente, e, por fim, apontaremos afinidades entre o pensamento de Machado de Assis e de Eca de Queiros, em A Academia e a Literatura (1888), a respeito do papel do escritor, das academias e da literatura numa sociedade liberal. Concluimos que tais af...
Revista Crioula, 2016
RESUMO: Objetiva-se apresentar a emulação do soneto petrarquiano num poema de Luís Vaz de Camões ... more RESUMO: Objetiva-se apresentar a emulação do soneto petrarquiano num poema de Luís Vaz de Camões (1524-1580) e de Machado de Assis (1839-1908). Para tanto, recorre-se à ideia de emulação, presente nos textos críticos de Machado de Assis, para então apreciarmos "Alma gentil, que te partiste", apropriação camoniana daquele tipo de soneto, e "A Carolina", apropriação machadiana da tradição, tanto no aspecto formal (o soneto petrarquiano) quanto no aspecto conteudístico (o soneto camoniano), inspiração de "A Carolina". Hipótese principal: a forma soneto serviria ao eu-lírico camoniano para homenagear a amada, ao passo que serviria ao machadiano para anunciar a dimensão de seu infortúnio irreparável, imprimindo ao soneto um tom elegíaco. Conclusão: sob o ponto de vista quinhentista, Camões expressaria o descontentamento e encontraria a sua solução no lenitivo religioso, mas, sob o ponto de vista moderno, este será recusada por Machado, que dará, como veremos, outra solução ao problema.