BYLAARDT, Cid Ottoni Bylaardt | Universidade Federal do Ceará (original) (raw)
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nº 41 by BYLAARDT, Cid Ottoni Bylaardt
estudos de literatura brasileira contemporânea, n. 48, p. 101-122, maio/ago. 2016. 102 Catatau (1... more estudos de literatura brasileira contemporânea, n. 48, p. 101-122, maio/ago. 2016. 102 Catatau (1975), livro de estreia, é começo em amplitude de longo salto. O subtítulo de "romance-ideia" dissimula o encontro de poesia, prosa narrativa e verso extremamente livre que esse livro é. Difícil não comentar que se trata de uma realização extremamente madura para um autor iniciante; o pitoresco dessa observação, no entanto, parece perder qualquer importância diante do ato de urgência que o livro instaura. Tudo nele é urgente: seu texto que flui, sua ilegibilidade potencial. 3 O termo "composição" lhe cai bem: como exercício de linguagem, ele se funda pelo encontro de registros em diversos idiomas; e justapõe, à técnica verbal que cheira a obsessão, uma biblioteca vasta, à maneira de um eu perplexo, um dentro sempre apontado para seu fora.
Papers by BYLAARDT, Cid Ottoni Bylaardt
No romance Comissao das lagrimas, de Lobo Antunes, a personagem Cristina, uma mulher angolana, ao... more No romance Comissao das lagrimas, de Lobo Antunes, a personagem Cristina, uma mulher angolana, aos quarenta e tantos anos, encontra-se em uma clinica em Lisboa a escrever, a falar, a lembrar os horrores da Comissao das lagrimas, nome que se deu ao massacre dos dissidentes do regime de Agostinho Neto em Angola entre 1977 e 1979. O leitor de Comissao das lagrimas percebe que a voz de Cristina e desdobravel, na verdade sao multiplas vozes (ao mesmo tempo uma so) que vao construindo o relato, de maneira fragmentada, embaracada, descontinua. Este texto tem por objetivo refletir sobre o testemunho, sua eficacia, sua constituicao, e como ele se processa na narrativa de ficcao, estabelecendo um dialogo entre o romance de Lobo Antunes e textos de Maurice Blanchot, Jacques Ranciere, Didi-Huberman e Giorgio Agamben, e tentando articular respostas para as questoes que se seguem. E possivel representar o irrepresentavel, se e que ele existe? E possivel testemunhar? Como e em que condicoes pode u...
Estudos Lingúisticos e Literários, 2019
O presente texto considera aspectos da organização de Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Rolan... more O presente texto considera aspectos da organização de Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Roland Barthes, a fim de interrogar em que medida viabilizam uma consideração estética da obra. Para tanto, recorremos à proposta de literariedade condicional (GENETTE, 1991) e realizamos uma leitura comparada do texto barthesiano com dois estudos sobre o amor, buscando evidenciar pontos pelos quais Fragmentos deles se aproxima e distancia, nisso tecendo um entrelugar que flerta com modos literários de deslocar gêneros e usos textuais. São enfocados prioritariamente aspectos formais do texto, pensando que ele movimenta certas fronteiras que a literatura também está sempre a renegociar, como o espectro unidade-fragmentação, o registro (ficcional / não ficcional) e a complexa trama entre narração, elocução e autoria.
Letras De Hoje, May 20, 2013
Resumo: Este texto empreende uma leitura da concepção de morte em Maurice Blanchot confrontada à ... more Resumo: Este texto empreende uma leitura da concepção de morte em Maurice Blanchot confrontada à ideia hegeliana de poder da negatividade e do "ser para a morte" de Heidegger. Não obstante as ressonâncias dos dois antecessores, Blanchot dá outro rumo ao seu pensamento sobre a morte, afastando-se de Hegel e do Heidegger de Sein und Zeit, para realizar um salto, associando a ideia de morte à arte, à literatura, ao espaço em que as coisas não podem ser ditas claramente, em que não há autenticidade nem na vida nem na morte, em que a morte é um morrer contínuo, que nunca começa e nunca cessa. O texto-base da obra blanchotiana para este estudo é "Rilke et l'exigence de la mort", de L'espace littéraire.
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2016
Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, Mar 26, 2015
Scripta, Nov 30, 2012
O romance Nove noites, de Bernardo Carvalho, entrelaça morte e escrita numa narrativa intrigante,... more O romance Nove noites, de Bernardo Carvalho, entrelaça morte e escrita numa narrativa intrigante, evidenciando os tênues limites entre realidade e ficção. A realidade dos fatos é buscada tenazmente pelo narrador jornalista, que a partir de certo momento, paradoxalmente, revela a preocupação de que o real arruine a ficção, por mais que esta pareça estar entre as expectativas do leitor. A escritura, entretanto, avança sem se deixar determinar, conduzida por locutores não-confiáveis, indecisos entre a verdade e a mentira, o real e a ficção, desembocando na questão da morte como impossibilidade de dizer e também de calar.
Fronteiraz Revista Do Programa De Estudos Pos Graduados Em Literatura E Critica Literaria Issn 1983 4373, 2011
RESUMO: Este texto tem como objetivo refletir sobre a fragilidade e a inconsistência dos instrume... more RESUMO: Este texto tem como objetivo refletir sobre a fragilidade e a inconsistência dos instrumentos de aferição do gosto estético, com sua roupagem de racionalismo e cientificismo. A reflexão parte de um texto crítico sobre a poesia de Henriqueta Lisboa que circula na internet, tomado aqui como expressão de uma crítica que se apoia em verdades pretensamente eruditas, em um saber aparentemente universal e imutável, como os tristes argumentos de Lobato diante do homem amarelo malfattiano. A crítica literária legítima tem que ser fruto de uma reflexão profunda, de uma vivência intensa com o texto. Juízos de valor, se são incontornáveis, que sejam feitos com cautela, a partir de uma leitura atenta, e não de suposições fáceis e conclusões apressadas e vagas.
Contexto Revista Do Programa De Pos Graduacao Em Letras, Jul 19, 2011
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2004
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2013
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2005
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2006
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2007
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2011
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2000
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2003
O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira, 2005
Aletria: Revista de Estudos de Literatura, 2010
Aletria: Revista de Estudos de Literatura, 2007
estudos de literatura brasileira contemporânea, n. 48, p. 101-122, maio/ago. 2016. 102 Catatau (1... more estudos de literatura brasileira contemporânea, n. 48, p. 101-122, maio/ago. 2016. 102 Catatau (1975), livro de estreia, é começo em amplitude de longo salto. O subtítulo de "romance-ideia" dissimula o encontro de poesia, prosa narrativa e verso extremamente livre que esse livro é. Difícil não comentar que se trata de uma realização extremamente madura para um autor iniciante; o pitoresco dessa observação, no entanto, parece perder qualquer importância diante do ato de urgência que o livro instaura. Tudo nele é urgente: seu texto que flui, sua ilegibilidade potencial. 3 O termo "composição" lhe cai bem: como exercício de linguagem, ele se funda pelo encontro de registros em diversos idiomas; e justapõe, à técnica verbal que cheira a obsessão, uma biblioteca vasta, à maneira de um eu perplexo, um dentro sempre apontado para seu fora.
No romance Comissao das lagrimas, de Lobo Antunes, a personagem Cristina, uma mulher angolana, ao... more No romance Comissao das lagrimas, de Lobo Antunes, a personagem Cristina, uma mulher angolana, aos quarenta e tantos anos, encontra-se em uma clinica em Lisboa a escrever, a falar, a lembrar os horrores da Comissao das lagrimas, nome que se deu ao massacre dos dissidentes do regime de Agostinho Neto em Angola entre 1977 e 1979. O leitor de Comissao das lagrimas percebe que a voz de Cristina e desdobravel, na verdade sao multiplas vozes (ao mesmo tempo uma so) que vao construindo o relato, de maneira fragmentada, embaracada, descontinua. Este texto tem por objetivo refletir sobre o testemunho, sua eficacia, sua constituicao, e como ele se processa na narrativa de ficcao, estabelecendo um dialogo entre o romance de Lobo Antunes e textos de Maurice Blanchot, Jacques Ranciere, Didi-Huberman e Giorgio Agamben, e tentando articular respostas para as questoes que se seguem. E possivel representar o irrepresentavel, se e que ele existe? E possivel testemunhar? Como e em que condicoes pode u...
Estudos Lingúisticos e Literários, 2019
O presente texto considera aspectos da organização de Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Rolan... more O presente texto considera aspectos da organização de Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Roland Barthes, a fim de interrogar em que medida viabilizam uma consideração estética da obra. Para tanto, recorremos à proposta de literariedade condicional (GENETTE, 1991) e realizamos uma leitura comparada do texto barthesiano com dois estudos sobre o amor, buscando evidenciar pontos pelos quais Fragmentos deles se aproxima e distancia, nisso tecendo um entrelugar que flerta com modos literários de deslocar gêneros e usos textuais. São enfocados prioritariamente aspectos formais do texto, pensando que ele movimenta certas fronteiras que a literatura também está sempre a renegociar, como o espectro unidade-fragmentação, o registro (ficcional / não ficcional) e a complexa trama entre narração, elocução e autoria.
Letras De Hoje, May 20, 2013
Resumo: Este texto empreende uma leitura da concepção de morte em Maurice Blanchot confrontada à ... more Resumo: Este texto empreende uma leitura da concepção de morte em Maurice Blanchot confrontada à ideia hegeliana de poder da negatividade e do "ser para a morte" de Heidegger. Não obstante as ressonâncias dos dois antecessores, Blanchot dá outro rumo ao seu pensamento sobre a morte, afastando-se de Hegel e do Heidegger de Sein und Zeit, para realizar um salto, associando a ideia de morte à arte, à literatura, ao espaço em que as coisas não podem ser ditas claramente, em que não há autenticidade nem na vida nem na morte, em que a morte é um morrer contínuo, que nunca começa e nunca cessa. O texto-base da obra blanchotiana para este estudo é "Rilke et l'exigence de la mort", de L'espace littéraire.
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2016
Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, Mar 26, 2015
Scripta, Nov 30, 2012
O romance Nove noites, de Bernardo Carvalho, entrelaça morte e escrita numa narrativa intrigante,... more O romance Nove noites, de Bernardo Carvalho, entrelaça morte e escrita numa narrativa intrigante, evidenciando os tênues limites entre realidade e ficção. A realidade dos fatos é buscada tenazmente pelo narrador jornalista, que a partir de certo momento, paradoxalmente, revela a preocupação de que o real arruine a ficção, por mais que esta pareça estar entre as expectativas do leitor. A escritura, entretanto, avança sem se deixar determinar, conduzida por locutores não-confiáveis, indecisos entre a verdade e a mentira, o real e a ficção, desembocando na questão da morte como impossibilidade de dizer e também de calar.
Fronteiraz Revista Do Programa De Estudos Pos Graduados Em Literatura E Critica Literaria Issn 1983 4373, 2011
RESUMO: Este texto tem como objetivo refletir sobre a fragilidade e a inconsistência dos instrume... more RESUMO: Este texto tem como objetivo refletir sobre a fragilidade e a inconsistência dos instrumentos de aferição do gosto estético, com sua roupagem de racionalismo e cientificismo. A reflexão parte de um texto crítico sobre a poesia de Henriqueta Lisboa que circula na internet, tomado aqui como expressão de uma crítica que se apoia em verdades pretensamente eruditas, em um saber aparentemente universal e imutável, como os tristes argumentos de Lobato diante do homem amarelo malfattiano. A crítica literária legítima tem que ser fruto de uma reflexão profunda, de uma vivência intensa com o texto. Juízos de valor, se são incontornáveis, que sejam feitos com cautela, a partir de uma leitura atenta, e não de suposições fáceis e conclusões apressadas e vagas.
Contexto Revista Do Programa De Pos Graduacao Em Letras, Jul 19, 2011
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2004
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2013
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2005
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2006
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2007
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2011
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2000
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 2003
O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira, 2005
Aletria: Revista de Estudos de Literatura, 2010
Aletria: Revista de Estudos de Literatura, 2007
O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira, 2008
It's a book of essays written by myself.
A viagem talvez seja mais viva quando percebida como o que já começou, quando é o esquecimento de... more A viagem talvez seja mais viva quando percebida como o que já começou, quando é o esquecimento de qualquer início. Quando alguém se pergunta se houve um princípio, é porque a viagem já existe e diz que a experiência se tornou extravio; ser, então, é um estar longe. Daí, o continuar dessa viagem será um não terminar. Mesmo se interrompida, a viagem não termina. Ela ainda existirá em eco. O viajante que um dia viajou ainda viaja, quer goste ou não, e mesmo que se esqueça disso. Ele interrompeu a viagem, mas isso não garante que ela o devolva à ausência de qualquer garantia que ele já era, mesmo que não soubesse. Se ele não se entregar mais a ela, será sempre um homem mutilado: uma vez iniciada, a viagem só terminará quando o viajante não existir mais. Ela é paciente. Sempre espera que seu filho adotivo, o viajante, o homem que descobre a vocação do deslocamento e do erro, volte para ela, que a admita, que a perdoe e assuma sua própria inocência sem prazo. A viagem é fatal: o fim do viajante é sempre um voltar a errar e, assim, esquecer o nome que usava, trocá-lo por outro ou dizê-lo em voz alta até que ganhe um sentido próximo ao silêncio ou à sensação sem nome. Percurso: um algo poético, um alguém-poema às vezes capturado pela crítica, em intermitências, adulando-a, traindo-a. Paulo Leminski (1944-1989) teria completado 70 anos de vida em 2014, e sua obra continua sendo estudada, comentada, publicada. Leminski, além do personagem um tanto pitoresco de certas biografias (por exemplo, Vaz, 2009), é também o nome que remete a uma obra genial e assimétrica. Obra inquieta, móvel entre poesia, prosa, letra musical, tradução: movimentos que se interseccionam; interseções interpostas e transpostas entre si, insinuando essa obra, do seu texto físico a leituras que o pressionam, como uma tensa incerteza entre o aparentemente fácil e o ostensivamente hostil.