Cinthia Rocha | UFF - Universidade Federal Fluminense (original) (raw)
Papers by Cinthia Rocha
Revista Alétheia –Estudos sobre Antiguidade e Medievo, 2024
São escassas as informações acerca da divisão sexual do trabalho e o grau de participação feminin... more São escassas as informações acerca da divisão sexual do trabalho e o grau de participação feminina na esfera produtiva na Idade Média. Durante as últimas décadas, a historiografia se dividiu entre aqueles que defendiam a existência de uma “época de ouro” para a participação feminina na economia durante o período pré-industrial, considerando que este teria sido um momento de maiores oportunidades laborais para as mulheres. Ou entre aqueles que acreditam que a industrialização e o capitalismo trouxeram poucas mudanças na vida cotidiana das mulheres e sua participação na esfera produtiva, uma vez que o trabalho feminino já estaria, desde fins da Idade Média, limitado àquelas atividades que exigiam pouco treinamento ou capital inicial e que poderiam ser realizadas no tempo livre entre labores domésticos, ou de forma complementária a estes. Este trabalho visa apresentar o debate sobre a existência desta suposta “época de ouro”, considerando a questão à luz de trabalhos mais recentes sobre as condições de acesso das mulheres ao mercado de trabalho no final da Idade Média.
Revista Signum , v. 23, n. 2, 2022, 2022
As mulheres foram submetidas a um tratamento hostil ao longo da Idade Média, tendo sido considera... more As mulheres foram submetidas a um tratamento hostil ao longo da Idade Média, tendo sido consideradas inferiores aos homens e privadas de autonomia em diversos âmbitos. Esta situação provocou uma virtual ausência delas em parte da documentação, uma vez que pouco estavam presentes nas estruturas de poder. No entanto, isso não significou que não participassem de vários setores produtivos, atuando ativamente na produção de todos os tipos de bens culturais. Ainda que constatemos este fato, a historiografia ainda parece ter ressalvas em atribuir às mulheres a autoria de obras como artistas: mesmo quando a atribuição acontece, se questiona o grau de contribuição criativa que podem ter tido. Este artigo visa refletir sobre a forma como o cânone e a estrutura discursiva criada pela História da Arte enquanto disciplina dificultam que posicionemos o trabalho feminino em outra dimensão de compreensão com relação à produção artística medieval.
Thoughts on female artistic work in the Middle Ages
Summary: Women received quite hostile treatment throughout the Middle Ages, have been considered inferior to men, and have been deprived of autonomy in almost all areas. This situation caused a virtual absence of them in part of the documentation, since they were little represented in the structures of power. However, this did not mean that they were absent from various productive sectors, actively working in the production of all types of cultural goods. Even considering this, historiography still seems to have reservations in attributing authorship to women as artists: even when the attribution happens, the degree of creative contribution they may have had is questioned. This article aims to reflect on the way in which the canon and the discursive structure created by Art History as a discipline make it difficult for us to position female work in another dimension of understanding in relation to medieval artistic production.
História Medieval - Fontes & Análises, 2022
O artigo Arquitetura e Magnificência analisa um trecho da obra Regimento de Príncipes, de Egídio ... more O artigo Arquitetura e Magnificência analisa um trecho da obra Regimento de Príncipes, de Egídio Romano e procura demonstrar como o conceito de magnificência foi determinante na estratégia utilizada pela nobreza medieval.
O livro História Medieval - Fontes e Análises procura fornecer aos professores extratos de documentos medievais e os subsídios para sua interpretação e entendimento do contexto de produção documental. Trata-se de permitir o acesso, em língua portuguesa, aos documentos originalmente escritos em latim, árabe, castelhano medieval, português medieval entre outras. Desta forma, mais do que somente disponibilizar a tradução das fontes para o português, optamos por uma dupla via analítica para elas. A primeira tem um viés mais metodológico, na qual é feita uma breve tipologia, que situa os documentos apresentados diante de um panorama mais amplo relativo à sua produção e, por isso mesmo, permite analisar outros documentos para além dos aqui apresentados. A segunda via se centra na análise dos conteúdos dos documentos a partir de temáticas definidas. Essa opção teve como objetivo permitir que esse livro possa se constituir como uma ferramenta que auxilie no ensino reflexivo da história medieval.
História Medieval - Fontes & Análises, 2022
O artigo Arquitetura e Morte analisa um sepulcro do início do século XV do Reino de Castela e ref... more O artigo Arquitetura e Morte analisa um sepulcro do início do século XV do Reino de Castela e reflete sobre como estão relacionadas entre si a mudanças com relação ao entendimento da morte e a arquitetura que se desenvolveu no período.
O livro História Medieval - Fontes e Análises procura fornecer aos professores extratos de documentos medievais e os subsídios para sua interpretação e entendimento do contexto de produção documental. Trata-se de permitir o acesso, em língua portuguesa, aos documentos originalmente escritos em latim, árabe, castelhano medieval, português medieval entre outras. Desta forma, mais do que somente disponibilizar a tradução das fontes para o português, optamos por uma dupla via analítica para elas. A primeira tem um viés mais metodológico, na qual é feita uma breve tipologia, que situa os documentos apresentados diante de um panorama mais amplo relativo à sua produção e, por isso mesmo, permite analisar outros documentos para além dos aqui apresentados. A segunda via se centra na análise dos conteúdos dos documentos a partir de temáticas definidas. Essa opção teve como objetivo permitir que esse livro possa se constituir como uma ferramenta que auxilie no ensino reflexivo da história medieval.
Ensinar e Aprender Idade Média, 2021
Para uma parte da historiografia dedicada as manifestações artísticas em Castela no final da Idad... more Para uma parte da historiografia dedicada as manifestações artísticas em Castela no final da Idade Média, os investimentos da nobreza em atividades construtivas era um processo de emulação das propostas régias e seria um expoente do conflito mantido entre a realeza e as principais linhagens nobiliárias. No que diz respeito especificamente ao âmbito funerário, para esses historiadores tais construções visavam competir diretamente com as iniciativas dos reis e, portanto, seriam uma representação do conflito nobreza-monarquia. Esse artigo visa apresentar alternativas a essa linha de pensamento, expondo algumas possíveis interpretações acerca da natureza dos conflitos sociopolíticos do reino de Castela no século XV e sua relação com os discursos ideológicos projetados por algumas das capelas funerárias erguidas no período.
Anais dos Encontros Internacionais de Estudos Medievais, 2016
RESUMO: Miraflores é um mosteiro da Ordem dos Cartuxos localizado em Burgos, na Espanha. Foi cons... more RESUMO: Miraflores é um mosteiro da Ordem dos Cartuxos localizado em Burgos, na Espanha. Foi construído no século XV pelo rei Juan II, que o elegeu para seu local de sepultamento. No entanto, após sua morte, em 1454, a obra pouco avançou, o que se atribuiu aos conflitos e guerras que marcaram o reinado de seu herdeiro, Enrique IV, situação que somente se alterou após a ascensão dos Reis Católicos. A construção e ornamentação de todo o espaço estiveram sob o encargo de Isabel I, tanto no que diz respeito aos monumentos funerários, quanto ao restante das estruturas que compõem a capela do local, como o retábulo e os vitrais, todos construídos entre as décadas de 1480 e 1490, formando um conjunto coeso, em estilo Tardogótico. Estão enterrados na igreja do mosteiro o rei Juan II, sua segunda esposa, Isabel de Portugal, e o Infante Dom Alfonso, filho do casal e, portanto, irmão uterino de Isabel, a Católica. Os sepulcros foram construídos pelo mestre Gil de Siloé, artista de raízes estrangeiras que atuava na região de Burgos. Todo o conjunto é formado por uma complexa iconografia, na qual é possível identificar diversas origens, como Alemanha, Flandres e França. Existem poucos exemplos semelhantes em Castela e em toda a Europa para o que se logrou alcançar na Cartuxa em termos de magnificência e singularidade das peças. Os monumentos funerários de Miraflores se apresentam como um intricado discurso teológico, de forte sentido soteriológico, influenciado pela religiosidade e pelos rituais cartuxos. Além desse aspecto, a análise das estruturas demonstra a construção de uma iconografia de acordo com o discurso político do reinado de Isabel, baseado no ideal moralizante de "rei cristianíssimo" e de "rei virtuosíssimo". Palavras-chave: Tardogótico, política, Castela
La Capilla de Santiago, construida en la Catedral de Toledo a lo largo del siglo XV para volverse... more La Capilla de Santiago, construida en la Catedral de Toledo a lo largo del siglo XV para volverse lugar de enterramiento de Álvaro de Luna y su linaje, es uno de los principales exponentes del Tardogótico castellano. El proceso constructivo tuvo dos fases distintas: durante la vida del Condestable, cuando él se encargó de la obra, y algunas décadas después de la trágica muerte del Privado, cuando los elementos de la capilla fueron concluidos y su cuerpo trasladado bajo incumbencia de su hija, María de Luna y Pimentel, II Duquesa del Infantado. Por haber ocurrido la construcción en momentos distintos de un proceso amplio de cambios, la estructura nos da indicios también sobre las alteraciones en las representaciones y estrategias utilizadas por el estamento nobiliario en el seno de conflictos de carácter nobleza-nobleza. El objetivo de este artículo es analizar la Capilla de Santiago, entendiéndola como una forma compleja de acción política, cuyo examen puede contribuir a la comprensión de las transformaciones que marcaron el siglo XV en Castilla, a medida que los conflictos que envolvían las representaciones de grupos y/o individuos fueron agentes activos de los cambios que engendraron la consolidación de la ideología alto nobiliaria.
O objetivo deste artigo é levantar questões acerca das mudanças no panorama artístico de Castela ... more O objetivo deste artigo é levantar questões acerca das mudanças no panorama artístico de Castela no século XV, especialmente no que diz respeito à arquitetura. Tendo sido esse um momento de intensas transformações no cenário internacional, convém debater o processo que, em Castela, levou ao fortalecimento do Gótico Tardio e do estilo que ficou conhecido como hispano-flamenco. O artigo é parte da pesquisa de doutorado, intitulada “Construindo uma imagem: arte e os projetos políticos de Castela no século XV”, realizada no Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal Fluminense.
Uma discussão que tem sido bastante controversa entre os historiadores que estudam a Idade Média ... more Uma discussão que tem sido bastante controversa entre os historiadores que estudam a Idade Média é aquela que diz respeito ao conceito de arte. O que seria a arte para o medievo? É lícito utilizarmos esse termo para o período? Haveria, de fato, uma arte medieval? Questões como essas têm sido constantemente debatidas pela historiografia e as respostas encontradas variam enormemente. Hoje, talvez as mais significativas sejam aquelas encontradas nos trabalhos de alguns historiadores da arte, como Hans Belting e David Freedberg, que, desde a década de 1980, começaram a propor o uso do termo imagem em contraposição ao de arte. Desde então, muitos historiadores da Idade Média tem sido reticentes ao utilizar o termo “arte” e adotaram o termo imagem em praticamente todas as situações. Para todos, os argumentos que justificam suas opções são válidos, o que divide ainda mais o meio acadêmico e torna a discussão mais paradoxal. O objetivo desse artigo é apresentar alguns debates historiográficos recentes sobre este tema, buscando elucidar o estado atual da questão.
A relação entre a História e a História da Arte nas últimas décadas tem se limitado, muitas vezes... more A relação entre a História e a História da Arte nas últimas décadas tem se limitado, muitas vezes, à indiferença. O historiador da arte costumava estudar apenas a arte pela arte, esquecendo-se do contexto histórico em que a obra foi produzida, na preocupação excessiva com a forma. O historiador, por sua vez, estuda o objeto de arte apenas como uma fonte, um documento que pode dar resposta sobre um tempo histórico e, assim, costuma ignorar o sistema complexo que é uma obra, sua forma e seu conteúdo. Associar o objeto de arte ao seu período histórico, considerando aspectos sociais, culturais e ideológicos de sua produção, sem, no entanto, ignorar sua forma, é um grande desafio para o historiador atual. Este ensaio discutirá o estudo da arte através da História, procurando analisar as várias possibilidades de se estudar, não apenas a obra de arte em si, mas sua sociedade compreendida através dela.
Books by Cinthia Rocha
História Medieval: Fontes & Análises , 2022
O livro fornece extratos de documentos medievais e os subsídios para sua interpretação e entendim... more O livro fornece extratos de documentos medievais e os subsídios para sua interpretação e entendimento do contexto de produção documental. Permite o acesso, em língua portuguesa, aos documentos originalmente escritos em latim, árabe, castelhano medieval, português medieval e outras línguas.
Mais do que somente disponibilizar a tradução das fontes para o português, é uma dupla via analítica para elas. A primeira tem um viés mais metodológico, na qual é feita uma breve tipologia, que situa os documentos apresentados diante de um panorama mais amplo relativo à sua produção e, por isso mesmo, permite analisar outros documentos para além dos aqui apresentados. A segunda via se centra na análise dos conteúdos dos documentos a partir de temáticas definidas, e assim a obra se constitui como uma ferramenta de auxílio no ensino reflexivo da história medieval.
Organizado de forma cronológico-espacial para facilitar a busca de seus conteúdos, destaca temas diversos, desde as Forças Produtivas Ideais no período visigótico até a arquitetura funerária na Castela Baixo-Medieval, passando por assembleias nórdicas e relatos de al-Andalus. O leitor perceberá a variedade dos suportes - fontes -, desde legislações a iluminuras, passando por esculturas funerárias, crônicas e estelas.
Museu Casa da Hera, 2014
Museu Casa da Hera - Coleção Museus do Ibram
Expressões do Estado no Medievo, 2021
Dando continuidade à sua série de publicações, o Translatio Studii apresenta neste livro o result... more Dando continuidade à sua série de publicações, o Translatio Studii apresenta
neste livro o resultado de reflexões que foram desenvolvidas sobre o Estado na Idade
Média e temas correlatos. Trata-se de um esforço do grupo de divulgar para o público
mais amplo possível os frutos de pesquisas originais em vários graus de desenvolvimento,
algo que demonstra o vigor do campo dos estudos medievais no Brasil - consideração
bastante relevante tendo em vista os diversos ataques que a História Medieval sofreu nos
últimos anos.
Revista Alétheia –Estudos sobre Antiguidade e Medievo, 2024
São escassas as informações acerca da divisão sexual do trabalho e o grau de participação feminin... more São escassas as informações acerca da divisão sexual do trabalho e o grau de participação feminina na esfera produtiva na Idade Média. Durante as últimas décadas, a historiografia se dividiu entre aqueles que defendiam a existência de uma “época de ouro” para a participação feminina na economia durante o período pré-industrial, considerando que este teria sido um momento de maiores oportunidades laborais para as mulheres. Ou entre aqueles que acreditam que a industrialização e o capitalismo trouxeram poucas mudanças na vida cotidiana das mulheres e sua participação na esfera produtiva, uma vez que o trabalho feminino já estaria, desde fins da Idade Média, limitado àquelas atividades que exigiam pouco treinamento ou capital inicial e que poderiam ser realizadas no tempo livre entre labores domésticos, ou de forma complementária a estes. Este trabalho visa apresentar o debate sobre a existência desta suposta “época de ouro”, considerando a questão à luz de trabalhos mais recentes sobre as condições de acesso das mulheres ao mercado de trabalho no final da Idade Média.
Revista Signum , v. 23, n. 2, 2022, 2022
As mulheres foram submetidas a um tratamento hostil ao longo da Idade Média, tendo sido considera... more As mulheres foram submetidas a um tratamento hostil ao longo da Idade Média, tendo sido consideradas inferiores aos homens e privadas de autonomia em diversos âmbitos. Esta situação provocou uma virtual ausência delas em parte da documentação, uma vez que pouco estavam presentes nas estruturas de poder. No entanto, isso não significou que não participassem de vários setores produtivos, atuando ativamente na produção de todos os tipos de bens culturais. Ainda que constatemos este fato, a historiografia ainda parece ter ressalvas em atribuir às mulheres a autoria de obras como artistas: mesmo quando a atribuição acontece, se questiona o grau de contribuição criativa que podem ter tido. Este artigo visa refletir sobre a forma como o cânone e a estrutura discursiva criada pela História da Arte enquanto disciplina dificultam que posicionemos o trabalho feminino em outra dimensão de compreensão com relação à produção artística medieval.
Thoughts on female artistic work in the Middle Ages
Summary: Women received quite hostile treatment throughout the Middle Ages, have been considered inferior to men, and have been deprived of autonomy in almost all areas. This situation caused a virtual absence of them in part of the documentation, since they were little represented in the structures of power. However, this did not mean that they were absent from various productive sectors, actively working in the production of all types of cultural goods. Even considering this, historiography still seems to have reservations in attributing authorship to women as artists: even when the attribution happens, the degree of creative contribution they may have had is questioned. This article aims to reflect on the way in which the canon and the discursive structure created by Art History as a discipline make it difficult for us to position female work in another dimension of understanding in relation to medieval artistic production.
História Medieval - Fontes & Análises, 2022
O artigo Arquitetura e Magnificência analisa um trecho da obra Regimento de Príncipes, de Egídio ... more O artigo Arquitetura e Magnificência analisa um trecho da obra Regimento de Príncipes, de Egídio Romano e procura demonstrar como o conceito de magnificência foi determinante na estratégia utilizada pela nobreza medieval.
O livro História Medieval - Fontes e Análises procura fornecer aos professores extratos de documentos medievais e os subsídios para sua interpretação e entendimento do contexto de produção documental. Trata-se de permitir o acesso, em língua portuguesa, aos documentos originalmente escritos em latim, árabe, castelhano medieval, português medieval entre outras. Desta forma, mais do que somente disponibilizar a tradução das fontes para o português, optamos por uma dupla via analítica para elas. A primeira tem um viés mais metodológico, na qual é feita uma breve tipologia, que situa os documentos apresentados diante de um panorama mais amplo relativo à sua produção e, por isso mesmo, permite analisar outros documentos para além dos aqui apresentados. A segunda via se centra na análise dos conteúdos dos documentos a partir de temáticas definidas. Essa opção teve como objetivo permitir que esse livro possa se constituir como uma ferramenta que auxilie no ensino reflexivo da história medieval.
História Medieval - Fontes & Análises, 2022
O artigo Arquitetura e Morte analisa um sepulcro do início do século XV do Reino de Castela e ref... more O artigo Arquitetura e Morte analisa um sepulcro do início do século XV do Reino de Castela e reflete sobre como estão relacionadas entre si a mudanças com relação ao entendimento da morte e a arquitetura que se desenvolveu no período.
O livro História Medieval - Fontes e Análises procura fornecer aos professores extratos de documentos medievais e os subsídios para sua interpretação e entendimento do contexto de produção documental. Trata-se de permitir o acesso, em língua portuguesa, aos documentos originalmente escritos em latim, árabe, castelhano medieval, português medieval entre outras. Desta forma, mais do que somente disponibilizar a tradução das fontes para o português, optamos por uma dupla via analítica para elas. A primeira tem um viés mais metodológico, na qual é feita uma breve tipologia, que situa os documentos apresentados diante de um panorama mais amplo relativo à sua produção e, por isso mesmo, permite analisar outros documentos para além dos aqui apresentados. A segunda via se centra na análise dos conteúdos dos documentos a partir de temáticas definidas. Essa opção teve como objetivo permitir que esse livro possa se constituir como uma ferramenta que auxilie no ensino reflexivo da história medieval.
Ensinar e Aprender Idade Média, 2021
Para uma parte da historiografia dedicada as manifestações artísticas em Castela no final da Idad... more Para uma parte da historiografia dedicada as manifestações artísticas em Castela no final da Idade Média, os investimentos da nobreza em atividades construtivas era um processo de emulação das propostas régias e seria um expoente do conflito mantido entre a realeza e as principais linhagens nobiliárias. No que diz respeito especificamente ao âmbito funerário, para esses historiadores tais construções visavam competir diretamente com as iniciativas dos reis e, portanto, seriam uma representação do conflito nobreza-monarquia. Esse artigo visa apresentar alternativas a essa linha de pensamento, expondo algumas possíveis interpretações acerca da natureza dos conflitos sociopolíticos do reino de Castela no século XV e sua relação com os discursos ideológicos projetados por algumas das capelas funerárias erguidas no período.
Anais dos Encontros Internacionais de Estudos Medievais, 2016
RESUMO: Miraflores é um mosteiro da Ordem dos Cartuxos localizado em Burgos, na Espanha. Foi cons... more RESUMO: Miraflores é um mosteiro da Ordem dos Cartuxos localizado em Burgos, na Espanha. Foi construído no século XV pelo rei Juan II, que o elegeu para seu local de sepultamento. No entanto, após sua morte, em 1454, a obra pouco avançou, o que se atribuiu aos conflitos e guerras que marcaram o reinado de seu herdeiro, Enrique IV, situação que somente se alterou após a ascensão dos Reis Católicos. A construção e ornamentação de todo o espaço estiveram sob o encargo de Isabel I, tanto no que diz respeito aos monumentos funerários, quanto ao restante das estruturas que compõem a capela do local, como o retábulo e os vitrais, todos construídos entre as décadas de 1480 e 1490, formando um conjunto coeso, em estilo Tardogótico. Estão enterrados na igreja do mosteiro o rei Juan II, sua segunda esposa, Isabel de Portugal, e o Infante Dom Alfonso, filho do casal e, portanto, irmão uterino de Isabel, a Católica. Os sepulcros foram construídos pelo mestre Gil de Siloé, artista de raízes estrangeiras que atuava na região de Burgos. Todo o conjunto é formado por uma complexa iconografia, na qual é possível identificar diversas origens, como Alemanha, Flandres e França. Existem poucos exemplos semelhantes em Castela e em toda a Europa para o que se logrou alcançar na Cartuxa em termos de magnificência e singularidade das peças. Os monumentos funerários de Miraflores se apresentam como um intricado discurso teológico, de forte sentido soteriológico, influenciado pela religiosidade e pelos rituais cartuxos. Além desse aspecto, a análise das estruturas demonstra a construção de uma iconografia de acordo com o discurso político do reinado de Isabel, baseado no ideal moralizante de "rei cristianíssimo" e de "rei virtuosíssimo". Palavras-chave: Tardogótico, política, Castela
La Capilla de Santiago, construida en la Catedral de Toledo a lo largo del siglo XV para volverse... more La Capilla de Santiago, construida en la Catedral de Toledo a lo largo del siglo XV para volverse lugar de enterramiento de Álvaro de Luna y su linaje, es uno de los principales exponentes del Tardogótico castellano. El proceso constructivo tuvo dos fases distintas: durante la vida del Condestable, cuando él se encargó de la obra, y algunas décadas después de la trágica muerte del Privado, cuando los elementos de la capilla fueron concluidos y su cuerpo trasladado bajo incumbencia de su hija, María de Luna y Pimentel, II Duquesa del Infantado. Por haber ocurrido la construcción en momentos distintos de un proceso amplio de cambios, la estructura nos da indicios también sobre las alteraciones en las representaciones y estrategias utilizadas por el estamento nobiliario en el seno de conflictos de carácter nobleza-nobleza. El objetivo de este artículo es analizar la Capilla de Santiago, entendiéndola como una forma compleja de acción política, cuyo examen puede contribuir a la comprensión de las transformaciones que marcaron el siglo XV en Castilla, a medida que los conflictos que envolvían las representaciones de grupos y/o individuos fueron agentes activos de los cambios que engendraron la consolidación de la ideología alto nobiliaria.
O objetivo deste artigo é levantar questões acerca das mudanças no panorama artístico de Castela ... more O objetivo deste artigo é levantar questões acerca das mudanças no panorama artístico de Castela no século XV, especialmente no que diz respeito à arquitetura. Tendo sido esse um momento de intensas transformações no cenário internacional, convém debater o processo que, em Castela, levou ao fortalecimento do Gótico Tardio e do estilo que ficou conhecido como hispano-flamenco. O artigo é parte da pesquisa de doutorado, intitulada “Construindo uma imagem: arte e os projetos políticos de Castela no século XV”, realizada no Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal Fluminense.
Uma discussão que tem sido bastante controversa entre os historiadores que estudam a Idade Média ... more Uma discussão que tem sido bastante controversa entre os historiadores que estudam a Idade Média é aquela que diz respeito ao conceito de arte. O que seria a arte para o medievo? É lícito utilizarmos esse termo para o período? Haveria, de fato, uma arte medieval? Questões como essas têm sido constantemente debatidas pela historiografia e as respostas encontradas variam enormemente. Hoje, talvez as mais significativas sejam aquelas encontradas nos trabalhos de alguns historiadores da arte, como Hans Belting e David Freedberg, que, desde a década de 1980, começaram a propor o uso do termo imagem em contraposição ao de arte. Desde então, muitos historiadores da Idade Média tem sido reticentes ao utilizar o termo “arte” e adotaram o termo imagem em praticamente todas as situações. Para todos, os argumentos que justificam suas opções são válidos, o que divide ainda mais o meio acadêmico e torna a discussão mais paradoxal. O objetivo desse artigo é apresentar alguns debates historiográficos recentes sobre este tema, buscando elucidar o estado atual da questão.
A relação entre a História e a História da Arte nas últimas décadas tem se limitado, muitas vezes... more A relação entre a História e a História da Arte nas últimas décadas tem se limitado, muitas vezes, à indiferença. O historiador da arte costumava estudar apenas a arte pela arte, esquecendo-se do contexto histórico em que a obra foi produzida, na preocupação excessiva com a forma. O historiador, por sua vez, estuda o objeto de arte apenas como uma fonte, um documento que pode dar resposta sobre um tempo histórico e, assim, costuma ignorar o sistema complexo que é uma obra, sua forma e seu conteúdo. Associar o objeto de arte ao seu período histórico, considerando aspectos sociais, culturais e ideológicos de sua produção, sem, no entanto, ignorar sua forma, é um grande desafio para o historiador atual. Este ensaio discutirá o estudo da arte através da História, procurando analisar as várias possibilidades de se estudar, não apenas a obra de arte em si, mas sua sociedade compreendida através dela.
História Medieval: Fontes & Análises , 2022
O livro fornece extratos de documentos medievais e os subsídios para sua interpretação e entendim... more O livro fornece extratos de documentos medievais e os subsídios para sua interpretação e entendimento do contexto de produção documental. Permite o acesso, em língua portuguesa, aos documentos originalmente escritos em latim, árabe, castelhano medieval, português medieval e outras línguas.
Mais do que somente disponibilizar a tradução das fontes para o português, é uma dupla via analítica para elas. A primeira tem um viés mais metodológico, na qual é feita uma breve tipologia, que situa os documentos apresentados diante de um panorama mais amplo relativo à sua produção e, por isso mesmo, permite analisar outros documentos para além dos aqui apresentados. A segunda via se centra na análise dos conteúdos dos documentos a partir de temáticas definidas, e assim a obra se constitui como uma ferramenta de auxílio no ensino reflexivo da história medieval.
Organizado de forma cronológico-espacial para facilitar a busca de seus conteúdos, destaca temas diversos, desde as Forças Produtivas Ideais no período visigótico até a arquitetura funerária na Castela Baixo-Medieval, passando por assembleias nórdicas e relatos de al-Andalus. O leitor perceberá a variedade dos suportes - fontes -, desde legislações a iluminuras, passando por esculturas funerárias, crônicas e estelas.
Museu Casa da Hera, 2014
Museu Casa da Hera - Coleção Museus do Ibram
Expressões do Estado no Medievo, 2021
Dando continuidade à sua série de publicações, o Translatio Studii apresenta neste livro o result... more Dando continuidade à sua série de publicações, o Translatio Studii apresenta
neste livro o resultado de reflexões que foram desenvolvidas sobre o Estado na Idade
Média e temas correlatos. Trata-se de um esforço do grupo de divulgar para o público
mais amplo possível os frutos de pesquisas originais em vários graus de desenvolvimento,
algo que demonstra o vigor do campo dos estudos medievais no Brasil - consideração
bastante relevante tendo em vista os diversos ataques que a História Medieval sofreu nos
últimos anos.