Gabriel Kanaan | UFF - Universidade Federal Fluminense (original) (raw)

Books by Gabriel Kanaan

Research paper thumbnail of Sob as asas da águia: a burguesia brasileira e o capital-imperialismo, de Lula a Bolsonaro (2003-2023)

Esta tese analisa as relações entre as classes dominantes brasileiras e estadunidenses noperíodo ... more Esta tese analisa as relações entre as classes dominantes brasileiras e estadunidenses noperíodo que vai do governo Lula ao governo Bolsonaro. Investigamos especialmente as conexões forjadas pela Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil com as classesdominantes brasileiras. Para isto, examinamos os telegramas enviados por estes postos diplomáticos à Washington, que foram vazados pela WikiLeaks. Este aparelho de hegemonia estadunidense articulou uma densa teia de conexões entre aparatos das classes dominantes estadunidenses e brasileiras, o que nos possibilitou analisar os processos de formação de composições e tensões entre estas. Dividimos a pesquisa destas relações em quatro frentes referentes ao que identificamos, no início do governo Bolsonaro, como os quatro núcleos dobloco no poder: os lavajatistas, os militares, os fascistas e os ultraliberais, que se tornaram capítulos desta tese: a análise das relações de agentes judiciários, militares, fascistas eempresariais brasileiros com suas contrapartes estadunidenses. Observamos uma densa costura articulando entidades das classes dominantes estadunidenses e brasileiras, e vimos como a ascensão do lavajatismo, do militarismo e do protofascismo está marcada pelas pegadas de diplomatas, políticos, militares e empresários estadunidenses. A atuação desta malha impactou profundamente a história política do Brasil recente, da pressão para promoveras reformas neoliberais (trabalhista, previdenciária e tributária) desde o início dos governos Lula ao golpe e à eleição de Bolsonaro, que aprofundaram tal pauta fundamental e unificadorada burguesia brasileira e estadunidense. Observamos que a articulação do golpe de 2016 por esta malha de aparatos das classes dominantes brasileiras e estadunidenses forjou novas configurações nas formas de dominação burguesa no Brasil, despertando monstros que, mesmo servis a elas, buscam incansavelmente escapar do seu controle. A ascensão do protofascismo, que reproduz a tradição autocrática e contrarrevolucionária da burguesia brasileira buscando exterminar as lutas populares, gerou novas tensões com o hegemonismo-cosmopolita, fração burguesa que busca apassivá-las. Mesmo identificando tensões, com destaque para as tensões interburguesas de escala que surgiram com a expansão das megaempresas brasileiras, observamos, ao contrário do que defendem os projetos do progressismo brasileiro – como o neodesenvolvimentismo petista ou o projeto nacional pedetista – a integração e associação subalterna destes setores das classes dominantes brasileiras às suas contrapartes norte-americanas.

Research paper thumbnail of O Brasil na mira do Tio Sam: a atuação da Embaixada dos EUA durante o governo Lula (2003-2010)

Dissertação no curso de História da UFSC disponível em: tede.ufsc.br/teses/PHST0665-D.pdf, 2019

Este trabalho é uma análise das relações entre os Estados Unidos e o Brasil durante o governo Lul... more Este trabalho é uma análise das relações entre os Estados Unidos e o Brasil durante o governo Lula. Mais especificamente, investigamos como a relação foi vista pelas lentes do imperialismo norte-americano, o que fizemos a partir da análise dos 2.866 telegramas enviados pela Embaixada e Consulados estadunidenses no Brasil para o Departamento de Estado em Washington. Os documentos foram vazados em 2010 por Chelsea Manning e publicados pela WikiLeaks, que organizou as fontes na “Biblioteca Pública da Diplomacia Estadunidense” (PlusD), arquivo histórico digital que nos mune, de forma inédita, com vestígios da ação recente dos Estados Unidos no Brasil (oficialmente, os telegramas liberados pelo National Archives vão até, no máximo, 1980).
O objetivo central desta pesquisa foi, além de analisar como a diplomacia norte-americana viu o Brasil de Lula, investigar como esses/as agentes formularam e operacionalizaram táticas e estratégias para promover os interesses do capitalismo estadunidense no Brasil. Percebemos como a Embaixada agiu tendo como estratégia desestabilizar setores do governo brasileiro que consideravam mais hostis aos interesses norte-americanos, como o Ministério das Relações Exteriores (MRE – Itamaraty), operando com a tática de explorar as fissuras internas entre setores divergentes do governo. Nossa investigação revelou como a Embaixada teceu, em conjunto com organizações empresariais norte-americanas e brasileiras, uma ampla rede de influência sobre agentes do governo brasileiro.
Após uma discussão sobre os aspectos metodológicos da análise de fontes caracterizadas por serem documentos digitais (1.1), do tempo presente (1.2) e diplomáticos (1.3) e uma reflexão teórica sobre o capital-imperialismo (2.1) e sobre a inserção da burguesia brasileira na sua dinâmica (2.2), analisamos como a Embaixada viu as políticas do Brasil durante o governo lula e como agiu em relação a essas políticas nos assuntos das esferas política (3), militar (4) e econômica (5) da relação bilateral. No capítulo sobre as estratégias na esfera política, após discutir como o Departamento de Estado viu o Itamaraty (3.1), analisamos a atuação da Embaixada para a contenção e engajamento do projeto de integração regional e projeção global do Brasil, focando nas questões das negociações da ALCA e da aproximação do Brasil com a Venezuela (cenário regional – 3.2) e das negociações na OMC e da aproximação do Brasil com a China (cenário global – 3.3). O tema do capítulo 4 são as relações militares, especificamente como a Embaixada atuou em relação à Estratégia Nacional de Defesa (END) do Brasil e seus desdobramentos nas questões relativas à Central de Lançamentos de Alcântara (4.1), no monitoramento da Amazônia (4.2), no programa do submarino nuclear (4.3) e no projeto FX-2 para a compra da nova geração de caças do Brasil – leilão que a Boeing disputava e agia com o suporte da Embaixada para ser a escolhida (4.4). E, no capítulo 5, analisamos o suporte da Embaixada e do Consulado no Rio de Janeiro às petrolíferas estadunidenses (em especial à Chevron e Exxon) que tinham interesse em explorar o petróleo do pré-sal – especificamente o lobby para derrubar a lei que dava prioridade à Petrobras na exploração.
Concluímos que, na visão da Embaixada e dos Consulados, a política do governo Lula contribuiu para o aprofundamento dos tensionamentos históricos da relação bilateral, especialmente em relação ao aprofundamento da integração regional e das coalizões sul-sul, ao projeto de desenvolvimento militar tecnologicamente independente dos EUA e à prioridade concedida à Petrobras para a exploração do petróleo do pré-sal. Esse aprofundamento das tensões não foi resultado de políticas anti-imperialistas ou mesmo de uma política externa independente dos governos petistas, e sim consequência das rivalidades decorrentes da inserção do Brasil na dinâmica capital-imperialista. No epílogo, argumentamos que esses atritos levaram os EUA a mobilizar suas táticas de regime change (7.1, 7.2 e 7.3) para derrubar o governo Dilma, treinando e dando suporte aos agentes da Lava Jato por meio do Projeto Pontes da Embaixada (7.4) e aos militantes do MBL através do think tank Atlas Network (7.5), sendo a Lava Jato e o MBL os dois principais movimentos que causaram a queda de Dilma.

Research paper thumbnail of O império do capital e o novo imperialismo: as contribuições de Ellen Wood e David Harvey para o estudo do imperialismo no século XXI

Trabalho de Conclusão do Curso de História da UFSC, 2016

Este trabalho é um estudo comparativo entre as teses do livro “O império do capital” (2003), escr... more Este trabalho é um estudo comparativo
entre as teses do livro “O império do capital”
(2003), escrito por Ellen Meiksins Wood, e do
livro “O novo imperialismo” (2003), escrito por
David Harvey. O primeiro capítulo debate a forma
como compreendem o processo de
acumulação do capital – e, por conseguinte, as
suas compreensões acerca da essência do
imperialismo no século XXI – ao analisar o
conceito “imperativos econômicos” usado por
Meiksins e o conceito de “acumulação por
espoliação” usado por Harvey. O segundo capítulo
debate a compreensão dos autores acerca do
papel desempenhado pelo Estado no novo
imperialismo. Por fim, a conclusão reflete sobre
as alternativas de resistência anti-imperialista
apontadas.

Trabalhos completos publicados em anais de eventos by Gabriel Kanaan

Research paper thumbnail of Imperialismo e guerra híbrida: uma análise da participação dos EUA no golpe de 2016 a partir dos telegramas da Embaixada norte-americana no Brasil vazados pela WikiLeaks

XXX Simpósio Nacional de História da ANPUH, 2019

Este trabalho é parte da dissertação que escrevemos sobre as relações entre os EUA e o Brasil du... more Este trabalho é parte da dissertação que escrevemos sobre as relações entre os EUA e o Brasil durante o governo Lula. Nela, investigamos especificamente como a relação foi vista pelas lentes do imperialismo norte-americano, o que fizemos a partir da análise dos 2.867 telegramas enviados pela Embaixada e Consulados estadunidenses no Brasil para o Departamento de Estado em Washington. Os documentos foram vazados em 2010 por Chelsea Manning e publicados pela WikiLeaks, que organizou as fontes na “Biblioteca Pública da Diplomacia Estadunidense” (PlusD), arquivo histórico digital que nos mune, de forma inédita, com vestígios da ação recente dos Estados Unidos no Brasil (oficialmente, os telegramas liberados pelo National Archives vão até, no máximo, 1980).
Com base nessa documentação, analisamos como a Embaixada viu as políticas do Brasil durante o governo lula e como agiu em relação a essas políticas nos assuntos das esferas política, militar e econômica. Discutimos como o Departamento de Estado via o Itamaraty e como atuou para a contenção e engajamento do projeto de integração regional e projeção global do Brasil, focando nas questões das negociações da ALCA e da aproximação do Brasil com a Venezuela e das negociações na OMC e da aproximação do Brasil com a China. Analisamos como a Embaixada agiu em relação à EstratégiaNacional de Defesa (END) do Brasil e seus desdobramentos nas questões relativas à Central de Lançamentos de Alcântara, no monitoramento da Amazônia, no programa do submarino nuclear e no projeto FX-2 para a compra da nova geração de caças do Brasil – leilão que a Boeing disputava e agia com o suporte da Embaixada para ser a escolhida. E investigamos o suporte da Embaixada e do Consulado no Rio de Janeiro às petrolíferas estadunidenses (em especial à Chevron e Exxon) que tinham interesse em explorar o petróleo do pré-sal – especificamente o lobby para derrubar a lei que dava prioridade à Petrobras na exploração.
Concluímos que a política do governo Lula contribuiu para o aprofundamento das tensionamentos históricos da relação bilateral, especialmente em relação ao aprofundamento da integração regional e das coalizões sul-sul, ao projeto de desenvolvimento militar tecnologicamente independente dos EUA e à prioridade concedida à Petrobras para a exploração do petróleo do pré-sal. Argumentamos que esses atritos levaram os EUA a mobilizar suas táticas de regime change para derrubar o governo Dilma, treinando e dando suporte a grupos da oposição de direita ao PT que operavam para desestabilizar o governo, especificamente aos agentes da Lava Jato, por meio do Projeto Pontes da Embaixada, e aos militantes do MBL, através do think tank Atlas Network.

Research paper thumbnail of O Brasil na mira do Tio Sam: o Projeto Pontes e a participação dos EUA no golpe de 2016

XVIII Encontro de História da ANPUH–RJ, 2018

Esse escrito é parte do trabalho em andamento que está analisando as relações Estados Unidos – Br... more Esse escrito é parte do trabalho em andamento que está analisando as relações Estados Unidos – Brasil, durante o governo Lula, a partir dos 2.867 telegramas enviados da embaixada estadunidense no Brasil para o Departamento de Estado entre 2003 a 2010, vazados por Chelsea Manning e publicados pela Wikileaks em 2010. Nessa apresentação, focaremos na atuação da embaixada estadunidense no Brasil durante a realização do “Projeto Pontes”, que desde 2009 treinou juízes e promotores brasileiros (dentre eles Sérgio Moro) no “combate à corrupção”. Tal operação gestou a formação da força-tarefa da Lava-Jato e é um dos indícios da participação dos Estados Unidos, via lawfare, no golpe de 2016.

Research paper thumbnail of Acumulação do capital e imperialismo: o debate entre Ellen Wood e David Harvey

Colóquio Internacional Marx e o marxismo 2017: de O Capital à Revolução de Outubro (1867-1917) , 2017

Este trabalho é um estudo comparativo entre as teses de “O império do capital” (Ellen Meiksins W... more Este trabalho é um estudo comparativo entre as teses de “O império do
capital” (Ellen Meiksins Wood, 2003) e de “O novo imperialismo” (David Harvey, 2003). Se para Wood o império do capital tem sua base, em decorrência da característica separação do "econômico" e do "político" intrínseca ao capital, na mobilização da coerção econômica (ao contrário de todos outros impérios que existiram na história, que se basearam na força extraeconômica), para Harvey a chave para a compreensão do novo imperialismo é a distinção entre duas formas de acumulação capitalista: “por reprodução expandida” (apropriação de mais-valor através da exploração do trabalho assalariado) e “por espoliação” (expropriação direta de riquezas). A questão fundamental deste debate é a forma como se compreende a relação dialética entre aquilo que Rosa Luxemburgo chamou de "o duplo aspecto da acumulação do capital" ou, nas palavras de Leonardo Leite, "a essência e a aparência do imperialismo capitalista". Se para Harvey a espoliação é a marca do novo imperialismo desde a década de 1970, quando a a produção capitalista (reprodução expandida) adentrou em uma crise de sobreacumulação e o "roubo direto" (espoliação) substituiu a apropriação de mais-valor através da exploração do trabalho assalariado como a principal forma de acumulação capitalista, para Wood as guerras, os golpes militares e as expropriações (imperativos extra-econômicos) no império do capital não operam na apropriação direta de riquezas, mas na manutenção dos mecanismos econômicos do mercado mundial capitalista que possibilitam a apropriação puramente econômica do mais-valor produzido nos países periféricos (impearativos econômicos).

Drafts by Gabriel Kanaan

Research paper thumbnail of Os militares no bando no poder

Esquerda Online, 2020

Os militares no bando no poder Bolsonaro agradece a Villas Bôas na cerimônia de troca do comando.... more Os militares no bando no poder Bolsonaro agradece a Villas Bôas na cerimônia de troca do comando. Foto: Agência Brasil. Em meio à pandemia, a perspectiva dos militares sustentarem uma investida de Bolsonaro para fechar o regime se torna cada vez mais nítida no horizonte (seja com armas na mão, seja cruzando os braços e deixando as milícias se sujarem com o sangue da resistência democrática como aconteceu na Bolívia). Nessa conjuntura, os militares assumem papel ainda mais destacado das outras frações no bloco no poder, embora a própria instituição das FFAA possa eventualmente ser colocada em xeque por bandos armados ou, ainda, experimentar uma transformação interna substantiva, incorporando práticas internas de empreendedorismo miliciano como normalidade. Essa série de esboços analisa a atuação do partido militar acompanhando suas relações com os outros grupos no poder no governo 1 Bolsonaro e investigando possíveis fissuras dentro da ordem para avaliarmos em que direção irão marchar.

Papers by Gabriel Kanaan

Research paper thumbnail of Dez anos das Jornadas de Junho de 2013 e as crises políticas no Brasil republicano

Faces da História, 2023

Ao contrário do que dizem as leituras daqueles que apontam as jornadas de junho como a origem do ... more Ao contrário do que dizem as leituras daqueles que apontam as jornadas de junho como a origem do golpismo e do fascismo, argumentamos que junho de 2013 não foi puroespontaneísmo, um “raio em céu azul”. Naquele mês, a faísca das pedras lançadas contra as catracas dos ônibus se alastrou por todo território nacional e explodiu tensões sociais que fermentavam lutas ao longo da última década. O MPL, neste período, organizou, em váriascidades brasileiras, manifestações, assembleias, atividades de formação e articulações comoutros movimentos sociais e partidos para enfrentar a burguesia dos transportes e construirum novo modelo de cidade, o que preparou o terreno para as lutas fincarem suas raízes. Aomesmo tempo, o Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Sem-Teto (MTST) organizavaa luta por moradia, combatendo os mega conglomerados financeiros do mercado imobiliário emgrandes cidades do país. A Marcha das Vadias é outro exemplo de movimento que cultivou assementes que brotaram em 2013, sendo um dos muitos coletivos que organizaram subversões feministas e LGBT+ no período, das quais foi parte a luta contra a aproximação do Partido dosTrabalhadores (PT) a quadros do fundamentalismo evangélico. Outra frente de luta queescancarou uma das contradições mais gritantes dos governos do PT foram as Marchas Contrao Genocídio Negro, que denunciavam o encarceramento de jovens negros promovido pelachamada política de guerra “às drogas” e confrontaram o reacionarismo policial e miliciano queviria a formar a base mais sólida do bolsonarismo. Nas florestas os movimentos indígenas epovos ribeirinhos resistiram à destruição das suas terras pelas grandes obras planejadas pelaaliança entre os donos das mega construtoras eos formuladores do projeto neodesenvolvimentista do PT. A revolta contra a catraca, símbolo do controle sobre a classe trabalhadora – instalada nos ônibus para impedir os pobres de saírem de seus bairros, nasfábricas para monitorar o horário dos operários, nos checkpoints israelenses na Palestina para barrar a passagem de árabes – expressou múltiplos sentimentos de revolta contra as classesdominantes que se acumulavam nas lutas do período.

Research paper thumbnail of O empresariado está rachado? Tensões burguesas diante do fascismo brasileiro

Esquerda Online, 2022

À esquerda, Josué Alencar, filho do ex-vice de Lula e atual presidente da FIESP, organizou o Mani... more À esquerda, Josué Alencar, filho do ex-vice de Lula e atual presidente da FIESP, organizou o Manifesto pela Democracia. À direita, Paulo Skaf, ex-presidente da entidade e linha de frente do bolsonarismo, está à frente da carta pela renúncia de Josué.

Research paper thumbnail of Moderação "pra inglês ver": Carlos França à frente do Itamaraty

UOL, 2021

França foi convocado, em março de 2021, para assumir a direção do Itamaraty e apagar o incêndio g... more França foi convocado, em março de 2021, para assumir a direção do Itamaraty e apagar o incêndio gerado pela ofensiva "antiglobalista" e negacionista de Ernesto Araújo, foi apresentado como "técnico" e "pragmático": alguém que poderia salvar a condução da política externa da "ala ideológica" do governo Bolsonaro. R E L A C I O N A D A S Como Araújo, França era um desconhecido antes de assumir o cargo, mas no discurso de posse, ao contrário do antecessor, fez uma fala, de fato, mais moderada. Como levantou o jornal O Globo, França não chamava Maduro de "narcoditador" e tinha até boas relações com o embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming. Entretanto, como ocorreu com outros "técnicos" convocados por Bolsonaro, a expectativa de pragmatismo rapidamente se esfacelou. Revivendo recentes casos como o de Marcelo Queiroga na Saúde e de Joaquim Leite no Meio Ambiente, a indicação gerou a falsa ilusão de que poderia haver modificações em posturas brasileiras condenadas nacional e internacionalmente. Sua participação nas manifestações do 7 de setembro, em que o presidente atacou a harmonia entre os poderes ao ameaçar não cumprir decisões do STF, e a "arminha" que apontou para manifestantes em Sobre o Brasil, as Nações Unidas e o multilateralismo A quem serve a diplomacia presidencial de Bolsonaro? Realidades paralelas em Glasgow ASSINE Moderação 'pra inglês ver': Carlos França à frente do... https://noticias.uol.com.br/colunas/democracia-e-dipl...

Research paper thumbnail of Os rostos do imperialismo estadunidense: o OCIAA de Florianópolis (1943-1945)

O presente artigo tem como tema geral a construcao da hegemonia estadunidense no Brasil durante a... more O presente artigo tem como tema geral a construcao da hegemonia estadunidense no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. A partir de uma abordagem micro-historica, o foco da analise sera na Florianopolis dos anos 40, utilizando como fonte documental os arquivos do Escritorio do Coordenador de Assuntos Inter-Americanos (Office fo the Coordinator of Inter-American Affairs - OCIAA) que existiu em Florianopolis de 1943 a 1945. O objetivo central da pesquisa sera compreender as relacoes de forca que foram criadas ao redor do Office, investigando 1) a relacao do escritorio com o poder publico e privado, buscando compreender qual era o lugar da agencia no cenario politico local, e 2) quem eram os agentes do escritorio de Florianopolis e por que vincularam-se a ele.

Research paper thumbnail of Foi a burguesia brasileira interna?

Cadernos Cemarx

Este texto propõe algumas questões sobre o uso do conceito de burguesia interna para a análise do... more Este texto propõe algumas questões sobre o uso do conceito de burguesia interna para a análise do bloco no poder nos governos petistas. Partimos da teoria poulantziana para pensar a reprodução interiorizada e induzida do capital-imperialismo nas formações sociais dependentes através da atuação de aparelhos de hegemonia que operam associando a burguesia brasileira à estadunidense. Especificamente, investigamos as movimentações e posicionamentos da burguesia brasileira em relação à política externa e às reformas neoliberais nos governos do PT. Para isso, utilizamos como fonte o arquivo de telegramas enviados pela Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil para Washington e vazados pela WikiLeaks. A partir disso, observamos, ao contrário do esperado de uma burguesia interna neodesenvolvimentista, 1) a formação de consensos burgueses em favor da aproximação ao capital-imperialismo estadunidense e contra as políticas de coalizões sul-sul e de protecionismo da indústria e dos recursos natur...

Research paper thumbnail of A Lava Jato e o capital-imperialismo

Essa série investiga a agenda da Global War on Corruption (GWC) promovida por aparelhos privados ... more Essa série investiga a agenda da Global War on Corruption (GWC) promovida por aparelhos privados de hegemonia norte-americanos e sua relação com a Lava Jato e seus desdobramentos na América Latina. A série tem cinco textos: o primeiro parte da atual conjuntura argentina, onde a agenda anticorrupção é mobilizada contra o governo Kirchner; o segundo analisa as principais características da GWC, destrinchando o colonialismo dos seus discursos, e suas consequências na política latino-americana, como as privatizações e desnacionalizações, debatendo por fim como a esquerda tem enfrentado essa questão; o terceiro investiga a ossatura do Estado norte-americano que vertebrou a formação da agenda anticorrupção; o quarto investiga os aparelhos privados de hegemonia que, em conjunto com as agências estatais, formulou os programas da GWC; e o quinto reflete sobre como o lavajatismo está inserido na dinâmica capital-imperialista, e por fim discute a relação entre o lavajatismo e o ascenso protofascista.

Research paper thumbnail of Sob as asas da águia: a burguesia brasileira e o capital-imperialismo, de Lula a Bolsonaro (2003-2023)

Esta tese analisa as relações entre as classes dominantes brasileiras e estadunidenses noperíodo ... more Esta tese analisa as relações entre as classes dominantes brasileiras e estadunidenses noperíodo que vai do governo Lula ao governo Bolsonaro. Investigamos especialmente as conexões forjadas pela Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil com as classesdominantes brasileiras. Para isto, examinamos os telegramas enviados por estes postos diplomáticos à Washington, que foram vazados pela WikiLeaks. Este aparelho de hegemonia estadunidense articulou uma densa teia de conexões entre aparatos das classes dominantes estadunidenses e brasileiras, o que nos possibilitou analisar os processos de formação de composições e tensões entre estas. Dividimos a pesquisa destas relações em quatro frentes referentes ao que identificamos, no início do governo Bolsonaro, como os quatro núcleos dobloco no poder: os lavajatistas, os militares, os fascistas e os ultraliberais, que se tornaram capítulos desta tese: a análise das relações de agentes judiciários, militares, fascistas eempresariais brasileiros com suas contrapartes estadunidenses. Observamos uma densa costura articulando entidades das classes dominantes estadunidenses e brasileiras, e vimos como a ascensão do lavajatismo, do militarismo e do protofascismo está marcada pelas pegadas de diplomatas, políticos, militares e empresários estadunidenses. A atuação desta malha impactou profundamente a história política do Brasil recente, da pressão para promoveras reformas neoliberais (trabalhista, previdenciária e tributária) desde o início dos governos Lula ao golpe e à eleição de Bolsonaro, que aprofundaram tal pauta fundamental e unificadorada burguesia brasileira e estadunidense. Observamos que a articulação do golpe de 2016 por esta malha de aparatos das classes dominantes brasileiras e estadunidenses forjou novas configurações nas formas de dominação burguesa no Brasil, despertando monstros que, mesmo servis a elas, buscam incansavelmente escapar do seu controle. A ascensão do protofascismo, que reproduz a tradição autocrática e contrarrevolucionária da burguesia brasileira buscando exterminar as lutas populares, gerou novas tensões com o hegemonismo-cosmopolita, fração burguesa que busca apassivá-las. Mesmo identificando tensões, com destaque para as tensões interburguesas de escala que surgiram com a expansão das megaempresas brasileiras, observamos, ao contrário do que defendem os projetos do progressismo brasileiro – como o neodesenvolvimentismo petista ou o projeto nacional pedetista – a integração e associação subalterna destes setores das classes dominantes brasileiras às suas contrapartes norte-americanas.

Research paper thumbnail of O Brasil na mira do Tio Sam: a atuação da Embaixada dos EUA durante o governo Lula (2003-2010)

Dissertação no curso de História da UFSC disponível em: tede.ufsc.br/teses/PHST0665-D.pdf, 2019

Este trabalho é uma análise das relações entre os Estados Unidos e o Brasil durante o governo Lul... more Este trabalho é uma análise das relações entre os Estados Unidos e o Brasil durante o governo Lula. Mais especificamente, investigamos como a relação foi vista pelas lentes do imperialismo norte-americano, o que fizemos a partir da análise dos 2.866 telegramas enviados pela Embaixada e Consulados estadunidenses no Brasil para o Departamento de Estado em Washington. Os documentos foram vazados em 2010 por Chelsea Manning e publicados pela WikiLeaks, que organizou as fontes na “Biblioteca Pública da Diplomacia Estadunidense” (PlusD), arquivo histórico digital que nos mune, de forma inédita, com vestígios da ação recente dos Estados Unidos no Brasil (oficialmente, os telegramas liberados pelo National Archives vão até, no máximo, 1980).
O objetivo central desta pesquisa foi, além de analisar como a diplomacia norte-americana viu o Brasil de Lula, investigar como esses/as agentes formularam e operacionalizaram táticas e estratégias para promover os interesses do capitalismo estadunidense no Brasil. Percebemos como a Embaixada agiu tendo como estratégia desestabilizar setores do governo brasileiro que consideravam mais hostis aos interesses norte-americanos, como o Ministério das Relações Exteriores (MRE – Itamaraty), operando com a tática de explorar as fissuras internas entre setores divergentes do governo. Nossa investigação revelou como a Embaixada teceu, em conjunto com organizações empresariais norte-americanas e brasileiras, uma ampla rede de influência sobre agentes do governo brasileiro.
Após uma discussão sobre os aspectos metodológicos da análise de fontes caracterizadas por serem documentos digitais (1.1), do tempo presente (1.2) e diplomáticos (1.3) e uma reflexão teórica sobre o capital-imperialismo (2.1) e sobre a inserção da burguesia brasileira na sua dinâmica (2.2), analisamos como a Embaixada viu as políticas do Brasil durante o governo lula e como agiu em relação a essas políticas nos assuntos das esferas política (3), militar (4) e econômica (5) da relação bilateral. No capítulo sobre as estratégias na esfera política, após discutir como o Departamento de Estado viu o Itamaraty (3.1), analisamos a atuação da Embaixada para a contenção e engajamento do projeto de integração regional e projeção global do Brasil, focando nas questões das negociações da ALCA e da aproximação do Brasil com a Venezuela (cenário regional – 3.2) e das negociações na OMC e da aproximação do Brasil com a China (cenário global – 3.3). O tema do capítulo 4 são as relações militares, especificamente como a Embaixada atuou em relação à Estratégia Nacional de Defesa (END) do Brasil e seus desdobramentos nas questões relativas à Central de Lançamentos de Alcântara (4.1), no monitoramento da Amazônia (4.2), no programa do submarino nuclear (4.3) e no projeto FX-2 para a compra da nova geração de caças do Brasil – leilão que a Boeing disputava e agia com o suporte da Embaixada para ser a escolhida (4.4). E, no capítulo 5, analisamos o suporte da Embaixada e do Consulado no Rio de Janeiro às petrolíferas estadunidenses (em especial à Chevron e Exxon) que tinham interesse em explorar o petróleo do pré-sal – especificamente o lobby para derrubar a lei que dava prioridade à Petrobras na exploração.
Concluímos que, na visão da Embaixada e dos Consulados, a política do governo Lula contribuiu para o aprofundamento dos tensionamentos históricos da relação bilateral, especialmente em relação ao aprofundamento da integração regional e das coalizões sul-sul, ao projeto de desenvolvimento militar tecnologicamente independente dos EUA e à prioridade concedida à Petrobras para a exploração do petróleo do pré-sal. Esse aprofundamento das tensões não foi resultado de políticas anti-imperialistas ou mesmo de uma política externa independente dos governos petistas, e sim consequência das rivalidades decorrentes da inserção do Brasil na dinâmica capital-imperialista. No epílogo, argumentamos que esses atritos levaram os EUA a mobilizar suas táticas de regime change (7.1, 7.2 e 7.3) para derrubar o governo Dilma, treinando e dando suporte aos agentes da Lava Jato por meio do Projeto Pontes da Embaixada (7.4) e aos militantes do MBL através do think tank Atlas Network (7.5), sendo a Lava Jato e o MBL os dois principais movimentos que causaram a queda de Dilma.

Research paper thumbnail of O império do capital e o novo imperialismo: as contribuições de Ellen Wood e David Harvey para o estudo do imperialismo no século XXI

Trabalho de Conclusão do Curso de História da UFSC, 2016

Este trabalho é um estudo comparativo entre as teses do livro “O império do capital” (2003), escr... more Este trabalho é um estudo comparativo
entre as teses do livro “O império do capital”
(2003), escrito por Ellen Meiksins Wood, e do
livro “O novo imperialismo” (2003), escrito por
David Harvey. O primeiro capítulo debate a forma
como compreendem o processo de
acumulação do capital – e, por conseguinte, as
suas compreensões acerca da essência do
imperialismo no século XXI – ao analisar o
conceito “imperativos econômicos” usado por
Meiksins e o conceito de “acumulação por
espoliação” usado por Harvey. O segundo capítulo
debate a compreensão dos autores acerca do
papel desempenhado pelo Estado no novo
imperialismo. Por fim, a conclusão reflete sobre
as alternativas de resistência anti-imperialista
apontadas.

Research paper thumbnail of Imperialismo e guerra híbrida: uma análise da participação dos EUA no golpe de 2016 a partir dos telegramas da Embaixada norte-americana no Brasil vazados pela WikiLeaks

XXX Simpósio Nacional de História da ANPUH, 2019

Este trabalho é parte da dissertação que escrevemos sobre as relações entre os EUA e o Brasil du... more Este trabalho é parte da dissertação que escrevemos sobre as relações entre os EUA e o Brasil durante o governo Lula. Nela, investigamos especificamente como a relação foi vista pelas lentes do imperialismo norte-americano, o que fizemos a partir da análise dos 2.867 telegramas enviados pela Embaixada e Consulados estadunidenses no Brasil para o Departamento de Estado em Washington. Os documentos foram vazados em 2010 por Chelsea Manning e publicados pela WikiLeaks, que organizou as fontes na “Biblioteca Pública da Diplomacia Estadunidense” (PlusD), arquivo histórico digital que nos mune, de forma inédita, com vestígios da ação recente dos Estados Unidos no Brasil (oficialmente, os telegramas liberados pelo National Archives vão até, no máximo, 1980).
Com base nessa documentação, analisamos como a Embaixada viu as políticas do Brasil durante o governo lula e como agiu em relação a essas políticas nos assuntos das esferas política, militar e econômica. Discutimos como o Departamento de Estado via o Itamaraty e como atuou para a contenção e engajamento do projeto de integração regional e projeção global do Brasil, focando nas questões das negociações da ALCA e da aproximação do Brasil com a Venezuela e das negociações na OMC e da aproximação do Brasil com a China. Analisamos como a Embaixada agiu em relação à EstratégiaNacional de Defesa (END) do Brasil e seus desdobramentos nas questões relativas à Central de Lançamentos de Alcântara, no monitoramento da Amazônia, no programa do submarino nuclear e no projeto FX-2 para a compra da nova geração de caças do Brasil – leilão que a Boeing disputava e agia com o suporte da Embaixada para ser a escolhida. E investigamos o suporte da Embaixada e do Consulado no Rio de Janeiro às petrolíferas estadunidenses (em especial à Chevron e Exxon) que tinham interesse em explorar o petróleo do pré-sal – especificamente o lobby para derrubar a lei que dava prioridade à Petrobras na exploração.
Concluímos que a política do governo Lula contribuiu para o aprofundamento das tensionamentos históricos da relação bilateral, especialmente em relação ao aprofundamento da integração regional e das coalizões sul-sul, ao projeto de desenvolvimento militar tecnologicamente independente dos EUA e à prioridade concedida à Petrobras para a exploração do petróleo do pré-sal. Argumentamos que esses atritos levaram os EUA a mobilizar suas táticas de regime change para derrubar o governo Dilma, treinando e dando suporte a grupos da oposição de direita ao PT que operavam para desestabilizar o governo, especificamente aos agentes da Lava Jato, por meio do Projeto Pontes da Embaixada, e aos militantes do MBL, através do think tank Atlas Network.

Research paper thumbnail of O Brasil na mira do Tio Sam: o Projeto Pontes e a participação dos EUA no golpe de 2016

XVIII Encontro de História da ANPUH–RJ, 2018

Esse escrito é parte do trabalho em andamento que está analisando as relações Estados Unidos – Br... more Esse escrito é parte do trabalho em andamento que está analisando as relações Estados Unidos – Brasil, durante o governo Lula, a partir dos 2.867 telegramas enviados da embaixada estadunidense no Brasil para o Departamento de Estado entre 2003 a 2010, vazados por Chelsea Manning e publicados pela Wikileaks em 2010. Nessa apresentação, focaremos na atuação da embaixada estadunidense no Brasil durante a realização do “Projeto Pontes”, que desde 2009 treinou juízes e promotores brasileiros (dentre eles Sérgio Moro) no “combate à corrupção”. Tal operação gestou a formação da força-tarefa da Lava-Jato e é um dos indícios da participação dos Estados Unidos, via lawfare, no golpe de 2016.

Research paper thumbnail of Acumulação do capital e imperialismo: o debate entre Ellen Wood e David Harvey

Colóquio Internacional Marx e o marxismo 2017: de O Capital à Revolução de Outubro (1867-1917) , 2017

Este trabalho é um estudo comparativo entre as teses de “O império do capital” (Ellen Meiksins W... more Este trabalho é um estudo comparativo entre as teses de “O império do
capital” (Ellen Meiksins Wood, 2003) e de “O novo imperialismo” (David Harvey, 2003). Se para Wood o império do capital tem sua base, em decorrência da característica separação do "econômico" e do "político" intrínseca ao capital, na mobilização da coerção econômica (ao contrário de todos outros impérios que existiram na história, que se basearam na força extraeconômica), para Harvey a chave para a compreensão do novo imperialismo é a distinção entre duas formas de acumulação capitalista: “por reprodução expandida” (apropriação de mais-valor através da exploração do trabalho assalariado) e “por espoliação” (expropriação direta de riquezas). A questão fundamental deste debate é a forma como se compreende a relação dialética entre aquilo que Rosa Luxemburgo chamou de "o duplo aspecto da acumulação do capital" ou, nas palavras de Leonardo Leite, "a essência e a aparência do imperialismo capitalista". Se para Harvey a espoliação é a marca do novo imperialismo desde a década de 1970, quando a a produção capitalista (reprodução expandida) adentrou em uma crise de sobreacumulação e o "roubo direto" (espoliação) substituiu a apropriação de mais-valor através da exploração do trabalho assalariado como a principal forma de acumulação capitalista, para Wood as guerras, os golpes militares e as expropriações (imperativos extra-econômicos) no império do capital não operam na apropriação direta de riquezas, mas na manutenção dos mecanismos econômicos do mercado mundial capitalista que possibilitam a apropriação puramente econômica do mais-valor produzido nos países periféricos (impearativos econômicos).

Research paper thumbnail of Os militares no bando no poder

Esquerda Online, 2020

Os militares no bando no poder Bolsonaro agradece a Villas Bôas na cerimônia de troca do comando.... more Os militares no bando no poder Bolsonaro agradece a Villas Bôas na cerimônia de troca do comando. Foto: Agência Brasil. Em meio à pandemia, a perspectiva dos militares sustentarem uma investida de Bolsonaro para fechar o regime se torna cada vez mais nítida no horizonte (seja com armas na mão, seja cruzando os braços e deixando as milícias se sujarem com o sangue da resistência democrática como aconteceu na Bolívia). Nessa conjuntura, os militares assumem papel ainda mais destacado das outras frações no bloco no poder, embora a própria instituição das FFAA possa eventualmente ser colocada em xeque por bandos armados ou, ainda, experimentar uma transformação interna substantiva, incorporando práticas internas de empreendedorismo miliciano como normalidade. Essa série de esboços analisa a atuação do partido militar acompanhando suas relações com os outros grupos no poder no governo 1 Bolsonaro e investigando possíveis fissuras dentro da ordem para avaliarmos em que direção irão marchar.

Research paper thumbnail of Dez anos das Jornadas de Junho de 2013 e as crises políticas no Brasil republicano

Faces da História, 2023

Ao contrário do que dizem as leituras daqueles que apontam as jornadas de junho como a origem do ... more Ao contrário do que dizem as leituras daqueles que apontam as jornadas de junho como a origem do golpismo e do fascismo, argumentamos que junho de 2013 não foi puroespontaneísmo, um “raio em céu azul”. Naquele mês, a faísca das pedras lançadas contra as catracas dos ônibus se alastrou por todo território nacional e explodiu tensões sociais que fermentavam lutas ao longo da última década. O MPL, neste período, organizou, em váriascidades brasileiras, manifestações, assembleias, atividades de formação e articulações comoutros movimentos sociais e partidos para enfrentar a burguesia dos transportes e construirum novo modelo de cidade, o que preparou o terreno para as lutas fincarem suas raízes. Aomesmo tempo, o Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Sem-Teto (MTST) organizavaa luta por moradia, combatendo os mega conglomerados financeiros do mercado imobiliário emgrandes cidades do país. A Marcha das Vadias é outro exemplo de movimento que cultivou assementes que brotaram em 2013, sendo um dos muitos coletivos que organizaram subversões feministas e LGBT+ no período, das quais foi parte a luta contra a aproximação do Partido dosTrabalhadores (PT) a quadros do fundamentalismo evangélico. Outra frente de luta queescancarou uma das contradições mais gritantes dos governos do PT foram as Marchas Contrao Genocídio Negro, que denunciavam o encarceramento de jovens negros promovido pelachamada política de guerra “às drogas” e confrontaram o reacionarismo policial e miliciano queviria a formar a base mais sólida do bolsonarismo. Nas florestas os movimentos indígenas epovos ribeirinhos resistiram à destruição das suas terras pelas grandes obras planejadas pelaaliança entre os donos das mega construtoras eos formuladores do projeto neodesenvolvimentista do PT. A revolta contra a catraca, símbolo do controle sobre a classe trabalhadora – instalada nos ônibus para impedir os pobres de saírem de seus bairros, nasfábricas para monitorar o horário dos operários, nos checkpoints israelenses na Palestina para barrar a passagem de árabes – expressou múltiplos sentimentos de revolta contra as classesdominantes que se acumulavam nas lutas do período.

Research paper thumbnail of O empresariado está rachado? Tensões burguesas diante do fascismo brasileiro

Esquerda Online, 2022

À esquerda, Josué Alencar, filho do ex-vice de Lula e atual presidente da FIESP, organizou o Mani... more À esquerda, Josué Alencar, filho do ex-vice de Lula e atual presidente da FIESP, organizou o Manifesto pela Democracia. À direita, Paulo Skaf, ex-presidente da entidade e linha de frente do bolsonarismo, está à frente da carta pela renúncia de Josué.

Research paper thumbnail of Moderação "pra inglês ver": Carlos França à frente do Itamaraty

UOL, 2021

França foi convocado, em março de 2021, para assumir a direção do Itamaraty e apagar o incêndio g... more França foi convocado, em março de 2021, para assumir a direção do Itamaraty e apagar o incêndio gerado pela ofensiva "antiglobalista" e negacionista de Ernesto Araújo, foi apresentado como "técnico" e "pragmático": alguém que poderia salvar a condução da política externa da "ala ideológica" do governo Bolsonaro. R E L A C I O N A D A S Como Araújo, França era um desconhecido antes de assumir o cargo, mas no discurso de posse, ao contrário do antecessor, fez uma fala, de fato, mais moderada. Como levantou o jornal O Globo, França não chamava Maduro de "narcoditador" e tinha até boas relações com o embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming. Entretanto, como ocorreu com outros "técnicos" convocados por Bolsonaro, a expectativa de pragmatismo rapidamente se esfacelou. Revivendo recentes casos como o de Marcelo Queiroga na Saúde e de Joaquim Leite no Meio Ambiente, a indicação gerou a falsa ilusão de que poderia haver modificações em posturas brasileiras condenadas nacional e internacionalmente. Sua participação nas manifestações do 7 de setembro, em que o presidente atacou a harmonia entre os poderes ao ameaçar não cumprir decisões do STF, e a "arminha" que apontou para manifestantes em Sobre o Brasil, as Nações Unidas e o multilateralismo A quem serve a diplomacia presidencial de Bolsonaro? Realidades paralelas em Glasgow ASSINE Moderação 'pra inglês ver': Carlos França à frente do... https://noticias.uol.com.br/colunas/democracia-e-dipl...

Research paper thumbnail of Os rostos do imperialismo estadunidense: o OCIAA de Florianópolis (1943-1945)

O presente artigo tem como tema geral a construcao da hegemonia estadunidense no Brasil durante a... more O presente artigo tem como tema geral a construcao da hegemonia estadunidense no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. A partir de uma abordagem micro-historica, o foco da analise sera na Florianopolis dos anos 40, utilizando como fonte documental os arquivos do Escritorio do Coordenador de Assuntos Inter-Americanos (Office fo the Coordinator of Inter-American Affairs - OCIAA) que existiu em Florianopolis de 1943 a 1945. O objetivo central da pesquisa sera compreender as relacoes de forca que foram criadas ao redor do Office, investigando 1) a relacao do escritorio com o poder publico e privado, buscando compreender qual era o lugar da agencia no cenario politico local, e 2) quem eram os agentes do escritorio de Florianopolis e por que vincularam-se a ele.

Research paper thumbnail of Foi a burguesia brasileira interna?

Cadernos Cemarx

Este texto propõe algumas questões sobre o uso do conceito de burguesia interna para a análise do... more Este texto propõe algumas questões sobre o uso do conceito de burguesia interna para a análise do bloco no poder nos governos petistas. Partimos da teoria poulantziana para pensar a reprodução interiorizada e induzida do capital-imperialismo nas formações sociais dependentes através da atuação de aparelhos de hegemonia que operam associando a burguesia brasileira à estadunidense. Especificamente, investigamos as movimentações e posicionamentos da burguesia brasileira em relação à política externa e às reformas neoliberais nos governos do PT. Para isso, utilizamos como fonte o arquivo de telegramas enviados pela Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil para Washington e vazados pela WikiLeaks. A partir disso, observamos, ao contrário do esperado de uma burguesia interna neodesenvolvimentista, 1) a formação de consensos burgueses em favor da aproximação ao capital-imperialismo estadunidense e contra as políticas de coalizões sul-sul e de protecionismo da indústria e dos recursos natur...

Research paper thumbnail of A Lava Jato e o capital-imperialismo

Essa série investiga a agenda da Global War on Corruption (GWC) promovida por aparelhos privados ... more Essa série investiga a agenda da Global War on Corruption (GWC) promovida por aparelhos privados de hegemonia norte-americanos e sua relação com a Lava Jato e seus desdobramentos na América Latina. A série tem cinco textos: o primeiro parte da atual conjuntura argentina, onde a agenda anticorrupção é mobilizada contra o governo Kirchner; o segundo analisa as principais características da GWC, destrinchando o colonialismo dos seus discursos, e suas consequências na política latino-americana, como as privatizações e desnacionalizações, debatendo por fim como a esquerda tem enfrentado essa questão; o terceiro investiga a ossatura do Estado norte-americano que vertebrou a formação da agenda anticorrupção; o quarto investiga os aparelhos privados de hegemonia que, em conjunto com as agências estatais, formulou os programas da GWC; e o quinto reflete sobre como o lavajatismo está inserido na dinâmica capital-imperialista, e por fim discute a relação entre o lavajatismo e o ascenso protofascista.