Walter Luiz Pereira | UFF - Universidade Federal Fluminense (original) (raw)
Papers by Walter Luiz Pereira
Afro-Ásia
Este artigo pretende explorar o apresamento do navio negreiro, iate Rolha, no porto de Macaé, no ... more Este artigo pretende explorar o apresamento do navio negreiro, iate Rolha, no porto de Macaé, no litoral norte da província do Rio de Janeiro, a partir do processo instaurado pela Auditoria Geral de Marinha. Em tempos de ilegalidade, a complexidade e a trama que envolvem a operação de um navio negreiro podem ser percebidas ao tornar-se presa a embarcação. Em primeiro plano, os africanos, o navio e seu porão. Depois, o porto, os lugares de partida e de chegada, a cidade, os múltiplos sujeitos e as estruturas de recepção. Em seguida, aqueles que atuam na repressão, os crimes e as penas. Por fim, entre recompensas oficiais, reencontramos os africanos envoltos entre a improvável liberdade e a disputa pela propriedade. No roteiro, a máquina atlântica emerge repleta de códigos muito próprios das atividades clandestinas.
Locus (Juiz de Fora, Brazil), 2016
O artigo pretende analisar a dinâmica do crédito e do descrédito, a partir da atuação de duas ins... more O artigo pretende analisar a dinâmica do crédito e do descrédito, a partir da atuação de duas instituições financeiras em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, entre 1863 e 1888, ou seja, o Banco de Campos e o Banco Comercial e Hipotecário de Campos. Esses dois bancos atuavam em uma escala marcada por uma dinâmica mercantil acentuada, em especial pela expansão do café no Norte Fluminense.
Espaço e Economia, 2016
Eis um livro essencial como fonte para escrever a história, ainda tão tímida, do Noroeste Flumine... more Eis um livro essencial como fonte para escrever a história, ainda tão tímida, do Noroeste Fluminense. Na verdade, não se pode falar de uma história recortada dentro dos limites políticos da província fluminense no século XIX, mas de uma região muito mais ampla de um "Vale do Paraíba estendido" 1 , que prossegue não só pelo Rio de Janeiro, mas atinge outras plagas das províncias de Minas Gerais e do Espírito Santo. Digo isso porque não se pode pensar a economia do norte fluminense no século XIX sem integrá-la ao sul da província capixaba e à Zona da Mata mineira. A própria dimensão espacial recortada no livro de Francoise Massa mostra essa simbiose, pois perpassa as linhas fronteiriças do mapa político e aponta para a confluência entre interesses e negócios nesta tríplice fronteira do sudeste cafeeiro. Falo em cafeeiro pelo fato de que toda essa região, incluindo o município de Campos dos Goytacazes, cujos limites tocavam o extremo norte da Província do Rio de Janeiro, constituía-se em uma das áreas mais dinâmicas da expansão do café fluminense a partir de 1870.
Anos 90, 2011
O artigo pretende analisar a greve de 1960, dos trabalhadores químicos da empresa estatal Companh... more O artigo pretende analisar a greve de 1960, dos trabalhadores químicos da empresa estatal Companhia Nacional de Alcalis, em Cabo Frio, no litoral norte do Rio de Janeiro, especialmente pelo significado da solidariedade impressa ao movimento. Contando com referências ao populismo, ao trabalhismo e ao sindicalismo, defendemos, a partir da redução de escala, referenciada por um estudo de caso, ser possível recuperar estratégias e experiências dos trabalhadores, percebidas na participação ativa como sujeitos da história, contrapondo-se a idéia de sujeição ou tutela ao Estado.
Estudos Históricos (Rio de Janeiro), 2019
Resumo A ilegalidade do tráfico de africanos para o Brasil impôs profundos silêncios à sua histór... more Resumo A ilegalidade do tráfico de africanos para o Brasil impôs profundos silêncios à sua história. No Sudeste, os desembarques de africanos eram sustentados por uma estrutura ajustada. Nas franjas do Atlântico, grandes propriedades praieiras serviam à recepção desses africanos. Seus donos, comendadores e nobres, animados pelo dinamismo do complexo cafeeiro, fundaram uma aristocracia ungida pela ilicitude. As fazendas negreiras e seus senhores reergueram o tráfico sob o manto da ilegalidade. Quebrar esse silêncio construído como política de Estado significa identificar sujeitos e lugares, valendo-se de indícios apresentados por uma cartografia de fontes pouco exploradas pela historiografia.
Estudos Históricos (Rio de Janeiro), 2010
A Companhia Nacional de Álcalis - CNA, localizada em Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, e criada du... more A Companhia Nacional de Álcalis - CNA, localizada em Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, e criada durante o Estado Novo, só foi viabilizada no governo JK. Bandeira da ideologia nacional-desenvolvimentista, a CNA incorpora à sua história graves problemas, atrelados ao circuito de interesses interno e externo. A trajetória da companhia remete-nos ao período 1943-1964 e nossa abordagem baseia-se numa análise integrada, envolvendo as questões econômicas, sociais e políticas.
Tempo, 2011
O artigo apresenta a trajetória de José Gonçalves da Silva, submetido ao confisco de parte dos se... more O artigo apresenta a trajetória de José Gonçalves da Silva, submetido ao confisco de parte dos seus bens depois da lei de setembro de 1850. Operando pela micro-história, sem desprezar os contornos do tráfico atlântico e do capital mercantil, esperamos ampliar as visões sobre o comércio ilegal de africanos e seus agentes, tema ainda pouco explorado na historiografia brasileira.
Cadernos do Desenvolvimento Fluminense, 2014
Os produtos químicos alcalinos sódicos, notadamente, a barrilha e a soda cáustica, eram imprescin... more Os produtos químicos alcalinos sódicos, notadamente, a barrilha e a soda cáustica, eram imprescindíveis à indústria de transformação. No Brasil, prevaleceu a dificuldade de instalação e de sobrevivência das empresas ligadas ao setor, em especial, na Primeira República, ainda que tivessem algum tipo de apoio ou incentivo do Estado. Os sucessivos fracassos levaram o governo Vargas a intervir no setor, durante o Estado Novo, propondo a criação de uma empresa estatal no país, através da montagem do "Projeto Cabo Frio", para a construção da Companhia Nacional de Álcalis, em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, indústria de base idealizada dentro da política de substituição de importações. Entretanto, os eventos que marcaram esta história mostram claramente as dificuldades de articulação entre o Estado, o capital industrial local e o internacional.
Imagem, nação e consciência nacional: os rituais da pintura histórica no século XIX
Cultura Visual, Jun 13, 2012
A pintura historica atraiu um vasto publico aos saloes em todo o mundo, sobretudo no seculo XIX. ... more A pintura historica atraiu um vasto publico aos saloes em todo o mundo, sobretudo no seculo XIX. A partir de um ritual que tinha seus alicerces na Europa, em especial a Franca, procuramos realizar um encontro entre autores que percebem a producao e a recepcao as imagens como um circuito social em que se impoem praticas que procuram estabelecer um codigo multiplo em que o publico perceba-se integrante da historia, no contato com grandes telas, portadoras do sentido de uma comunidade nacional imaginada. No Brasil, essas imagens, encomendas oficiais que se reportavam a “historia patria”, em especial depois da Guerra do Paraguai, tornavam-se parte desse ritual da historia que consagrava a arte como culto civico a nacao.
Revista de História Regional, 2010
História (São Paulo), 2012
O artigo pretende investir no estudo da dinâmica da economia em Campos dos Goytacazes, Rio de Jan... more O artigo pretende investir no estudo da dinâmica da economia em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, nas duas décadas que antecedem a abolição da escravatura no Brasil, a partir dos negócios e da fortuna de Francisco Ferreira Saturnino Braga, proprietário de terras, escravos, usineiro, industrial, concessionário de ferrovias e banqueiro, figura-chave para se perceberem as transformações ocorridas em uma área de produção açucareira voltada para o mercado interno. As singularidades e particularidades obtidas pela observação em escala reduzida podem revelar a possibilidade de perceber uma articulação mais ampla com as estruturas de uma economia de mercado.
Capitales en trance: la deuda privada interna en Brasil a mediados del siglo XIX
Revista Tiempo & Economía, Sep 14, 2022
El primer objetivo del texto es explicar el debate historiográfico sobre la transferencia de capi... more El primer objetivo del texto es explicar el debate historiográfico sobre la transferencia de capital en la economía brasileña posterior a 1850. Un abundante grupo de autores defiende que esta partió del comercio atlántico de esclavos y tuvo como destino inversiones modernas; para ellos, esta transferencia fue consecuencia del fin del comercio internacional de cautivos. Frente a ese grupo de historiadores se encuentra otro conjunto, mucho menor, que refuta esa transferencia. Este segundo grupo tiene razón, pues no existen evidencias que sustenten que ocurrió la transferencia de capital. El segundo objetivo es mostrar que el dinamismo de la economía brasileña después de 1850 y hasta 1864 estaba vinculado al desempeño del financiamiento interno de la economía. Para demostrarlo, se calcula el monto mínimo del flujo de crédito privado interno y se infiere su crecimiento. Además, las características de ese crédito ayudan a explicar la crisis de 1864.
Afro-Ásia
Este artigo pretende explorar o apresamento do navio negreiro, iate Rolha, no porto de Macaé, no ... more Este artigo pretende explorar o apresamento do navio negreiro, iate Rolha, no porto de Macaé, no litoral norte da província do Rio de Janeiro, a partir do processo instaurado pela Auditoria Geral de Marinha. Em tempos de ilegalidade, a complexidade e a trama que envolvem a operação de um navio negreiro podem ser percebidas ao tornar-se presa a embarcação. Em primeiro plano, os africanos, o navio e seu porão. Depois, o porto, os lugares de partida e de chegada, a cidade, os múltiplos sujeitos e as estruturas de recepção. Em seguida, aqueles que atuam na repressão, os crimes e as penas. Por fim, entre recompensas oficiais, reencontramos os africanos envoltos entre a improvável liberdade e a disputa pela propriedade. No roteiro, a máquina atlântica emerge repleta de códigos muito próprios das atividades clandestinas.
Locus (Juiz de Fora, Brazil), 2016
O artigo pretende analisar a dinâmica do crédito e do descrédito, a partir da atuação de duas ins... more O artigo pretende analisar a dinâmica do crédito e do descrédito, a partir da atuação de duas instituições financeiras em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, entre 1863 e 1888, ou seja, o Banco de Campos e o Banco Comercial e Hipotecário de Campos. Esses dois bancos atuavam em uma escala marcada por uma dinâmica mercantil acentuada, em especial pela expansão do café no Norte Fluminense.
Espaço e Economia, 2016
Eis um livro essencial como fonte para escrever a história, ainda tão tímida, do Noroeste Flumine... more Eis um livro essencial como fonte para escrever a história, ainda tão tímida, do Noroeste Fluminense. Na verdade, não se pode falar de uma história recortada dentro dos limites políticos da província fluminense no século XIX, mas de uma região muito mais ampla de um "Vale do Paraíba estendido" 1 , que prossegue não só pelo Rio de Janeiro, mas atinge outras plagas das províncias de Minas Gerais e do Espírito Santo. Digo isso porque não se pode pensar a economia do norte fluminense no século XIX sem integrá-la ao sul da província capixaba e à Zona da Mata mineira. A própria dimensão espacial recortada no livro de Francoise Massa mostra essa simbiose, pois perpassa as linhas fronteiriças do mapa político e aponta para a confluência entre interesses e negócios nesta tríplice fronteira do sudeste cafeeiro. Falo em cafeeiro pelo fato de que toda essa região, incluindo o município de Campos dos Goytacazes, cujos limites tocavam o extremo norte da Província do Rio de Janeiro, constituía-se em uma das áreas mais dinâmicas da expansão do café fluminense a partir de 1870.
Anos 90, 2011
O artigo pretende analisar a greve de 1960, dos trabalhadores químicos da empresa estatal Companh... more O artigo pretende analisar a greve de 1960, dos trabalhadores químicos da empresa estatal Companhia Nacional de Alcalis, em Cabo Frio, no litoral norte do Rio de Janeiro, especialmente pelo significado da solidariedade impressa ao movimento. Contando com referências ao populismo, ao trabalhismo e ao sindicalismo, defendemos, a partir da redução de escala, referenciada por um estudo de caso, ser possível recuperar estratégias e experiências dos trabalhadores, percebidas na participação ativa como sujeitos da história, contrapondo-se a idéia de sujeição ou tutela ao Estado.
Estudos Históricos (Rio de Janeiro), 2019
Resumo A ilegalidade do tráfico de africanos para o Brasil impôs profundos silêncios à sua histór... more Resumo A ilegalidade do tráfico de africanos para o Brasil impôs profundos silêncios à sua história. No Sudeste, os desembarques de africanos eram sustentados por uma estrutura ajustada. Nas franjas do Atlântico, grandes propriedades praieiras serviam à recepção desses africanos. Seus donos, comendadores e nobres, animados pelo dinamismo do complexo cafeeiro, fundaram uma aristocracia ungida pela ilicitude. As fazendas negreiras e seus senhores reergueram o tráfico sob o manto da ilegalidade. Quebrar esse silêncio construído como política de Estado significa identificar sujeitos e lugares, valendo-se de indícios apresentados por uma cartografia de fontes pouco exploradas pela historiografia.
Estudos Históricos (Rio de Janeiro), 2010
A Companhia Nacional de Álcalis - CNA, localizada em Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, e criada du... more A Companhia Nacional de Álcalis - CNA, localizada em Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, e criada durante o Estado Novo, só foi viabilizada no governo JK. Bandeira da ideologia nacional-desenvolvimentista, a CNA incorpora à sua história graves problemas, atrelados ao circuito de interesses interno e externo. A trajetória da companhia remete-nos ao período 1943-1964 e nossa abordagem baseia-se numa análise integrada, envolvendo as questões econômicas, sociais e políticas.
Tempo, 2011
O artigo apresenta a trajetória de José Gonçalves da Silva, submetido ao confisco de parte dos se... more O artigo apresenta a trajetória de José Gonçalves da Silva, submetido ao confisco de parte dos seus bens depois da lei de setembro de 1850. Operando pela micro-história, sem desprezar os contornos do tráfico atlântico e do capital mercantil, esperamos ampliar as visões sobre o comércio ilegal de africanos e seus agentes, tema ainda pouco explorado na historiografia brasileira.
Cadernos do Desenvolvimento Fluminense, 2014
Os produtos químicos alcalinos sódicos, notadamente, a barrilha e a soda cáustica, eram imprescin... more Os produtos químicos alcalinos sódicos, notadamente, a barrilha e a soda cáustica, eram imprescindíveis à indústria de transformação. No Brasil, prevaleceu a dificuldade de instalação e de sobrevivência das empresas ligadas ao setor, em especial, na Primeira República, ainda que tivessem algum tipo de apoio ou incentivo do Estado. Os sucessivos fracassos levaram o governo Vargas a intervir no setor, durante o Estado Novo, propondo a criação de uma empresa estatal no país, através da montagem do "Projeto Cabo Frio", para a construção da Companhia Nacional de Álcalis, em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, indústria de base idealizada dentro da política de substituição de importações. Entretanto, os eventos que marcaram esta história mostram claramente as dificuldades de articulação entre o Estado, o capital industrial local e o internacional.
Imagem, nação e consciência nacional: os rituais da pintura histórica no século XIX
Cultura Visual, Jun 13, 2012
A pintura historica atraiu um vasto publico aos saloes em todo o mundo, sobretudo no seculo XIX. ... more A pintura historica atraiu um vasto publico aos saloes em todo o mundo, sobretudo no seculo XIX. A partir de um ritual que tinha seus alicerces na Europa, em especial a Franca, procuramos realizar um encontro entre autores que percebem a producao e a recepcao as imagens como um circuito social em que se impoem praticas que procuram estabelecer um codigo multiplo em que o publico perceba-se integrante da historia, no contato com grandes telas, portadoras do sentido de uma comunidade nacional imaginada. No Brasil, essas imagens, encomendas oficiais que se reportavam a “historia patria”, em especial depois da Guerra do Paraguai, tornavam-se parte desse ritual da historia que consagrava a arte como culto civico a nacao.
Revista de História Regional, 2010
História (São Paulo), 2012
O artigo pretende investir no estudo da dinâmica da economia em Campos dos Goytacazes, Rio de Jan... more O artigo pretende investir no estudo da dinâmica da economia em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, nas duas décadas que antecedem a abolição da escravatura no Brasil, a partir dos negócios e da fortuna de Francisco Ferreira Saturnino Braga, proprietário de terras, escravos, usineiro, industrial, concessionário de ferrovias e banqueiro, figura-chave para se perceberem as transformações ocorridas em uma área de produção açucareira voltada para o mercado interno. As singularidades e particularidades obtidas pela observação em escala reduzida podem revelar a possibilidade de perceber uma articulação mais ampla com as estruturas de uma economia de mercado.
Capitales en trance: la deuda privada interna en Brasil a mediados del siglo XIX
Revista Tiempo & Economía, Sep 14, 2022
El primer objetivo del texto es explicar el debate historiográfico sobre la transferencia de capi... more El primer objetivo del texto es explicar el debate historiográfico sobre la transferencia de capital en la economía brasileña posterior a 1850. Un abundante grupo de autores defiende que esta partió del comercio atlántico de esclavos y tuvo como destino inversiones modernas; para ellos, esta transferencia fue consecuencia del fin del comercio internacional de cautivos. Frente a ese grupo de historiadores se encuentra otro conjunto, mucho menor, que refuta esa transferencia. Este segundo grupo tiene razón, pues no existen evidencias que sustenten que ocurrió la transferencia de capital. El segundo objetivo es mostrar que el dinamismo de la economía brasileña después de 1850 y hasta 1864 estaba vinculado al desempeño del financiamiento interno de la economía. Para demostrarlo, se calcula el monto mínimo del flujo de crédito privado interno y se infiere su crecimiento. Además, las características de ese crédito ayudan a explicar la crisis de 1864.