Luiz Ottoni | UFMG - The Federal University of Minas Gerais (original) (raw)

Papers by Luiz Ottoni

Research paper thumbnail of Solapando a escravidão: a abolição segundo Joaquim Nabuco no livro O Abolicionismo (1883)

Ao contrário do que muitas narrativas historiográficas acabam afirmando, a abolição não foi apena... more Ao contrário do que muitas narrativas historiográficas acabam afirmando, a abolição não foi apenas um ato de concessão da corte ou muito menos uma ação meramente protagonizada pela Inglaterra, ela foi um movimento genuinamente brasileiro protagonizado por patrícios e membros de diversos setores da sociedade, dentre esses personagens, encontrase Joaquim Nabuco . Baseando-se na obra O Abolicionismo publicada em 1883, este artigo buscou compreender a retórica adotada por ele contra o trabalho escravo e sua análise sobre o processo, que teve seu marco final no 13 de Maio de 1888. Para isso, a pesquisa também alicerçou-se nos diários preservados pela família (1879 a 1888), no livro A Minha Formação (1900) e na historiografia referente ao assunto, em especial os estudos produzidos pela Angela Alonso nos livros Flores, Votos e Balas (2015) e enquanto um movimento social caracteriza Joaquim Nabuco: Os Salões e as Ruas . Compreende-se aqui, portanto, o abolicionismo pela grande, estruturada e duradoura rede de ativistas, associações e manifestações públicas antiescravistas . Tendo em vista que este presente trabalho ainda se encontra em fase inicial de pesquisa, até o momento, foi possível observar que Nabuco entendia a abolição como fruto de três grandes ondas: a primeira como a luta pelo fim do tráfico, resultando na Lei de 1850 (Lei Eusébio de Queirós), a segunda pelo fim natural do cativeiro culminando na Lei de 1871 (Lei do Ventre Livre) e a terceira, e última, caracterizada pelo que foi chamado de abolicionismo, este que pedia o fim total do tráfico e teve seu marco final com a Lei de 1888 (Lei Áurea). Joaquim Nabuco tornou-se um militante abolicionista logo em 1879 (ano em que ele entrou para o parlamento), contudo, no livro ele não foca em descrever suas próprias ações, mas sim o processo em uma perspectiva macro da independência até 1883 (ano em que o livro foi publicado). Nabuco era um intelectual mediador que analisou e contribuiu para o desenvolvimento do processo que levou à abolição da escravatura. Além de ser um político que lutou nos trâmites de leis e pressões burocráticas, suas obras foram fundamentais para a formação de um imaginário antiescravista, elemento condicionante para o triunfo do abolicionismo.

Research paper thumbnail of Solapando a escravidão: a abolição segundo Joaquim Nabuco no livro O Abolicionismo (1883)

Ao contrário do que muitas narrativas historiográficas acabam afirmando, a abolição não foi apena... more Ao contrário do que muitas narrativas historiográficas acabam afirmando, a abolição não foi apenas um ato de concessão da corte ou muito menos uma ação meramente protagonizada pela Inglaterra, ela foi um movimento genuinamente brasileiro protagonizado por patrícios e membros de diversos setores da sociedade, dentre esses personagens, encontrase Joaquim Nabuco . Baseando-se na obra O Abolicionismo publicada em 1883, este artigo buscou compreender a retórica adotada por ele contra o trabalho escravo e sua análise sobre o processo, que teve seu marco final no 13 de Maio de 1888. Para isso, a pesquisa também alicerçou-se nos diários preservados pela família (1879 a 1888), no livro A Minha Formação (1900) e na historiografia referente ao assunto, em especial os estudos produzidos pela Angela Alonso nos livros Flores, Votos e Balas (2015) e enquanto um movimento social caracteriza Joaquim Nabuco: Os Salões e as Ruas . Compreende-se aqui, portanto, o abolicionismo pela grande, estruturada e duradoura rede de ativistas, associações e manifestações públicas antiescravistas . Tendo em vista que este presente trabalho ainda se encontra em fase inicial de pesquisa, até o momento, foi possível observar que Nabuco entendia a abolição como fruto de três grandes ondas: a primeira como a luta pelo fim do tráfico, resultando na Lei de 1850 (Lei Eusébio de Queirós), a segunda pelo fim natural do cativeiro culminando na Lei de 1871 (Lei do Ventre Livre) e a terceira, e última, caracterizada pelo que foi chamado de abolicionismo, este que pedia o fim total do tráfico e teve seu marco final com a Lei de 1888 (Lei Áurea). Joaquim Nabuco tornou-se um militante abolicionista logo em 1879 (ano em que ele entrou para o parlamento), contudo, no livro ele não foca em descrever suas próprias ações, mas sim o processo em uma perspectiva macro da independência até 1883 (ano em que o livro foi publicado). Nabuco era um intelectual mediador que analisou e contribuiu para o desenvolvimento do processo que levou à abolição da escravatura. Além de ser um político que lutou nos trâmites de leis e pressões burocráticas, suas obras foram fundamentais para a formação de um imaginário antiescravista, elemento condicionante para o triunfo do abolicionismo.