Bruna Rocha | Universidade Federal do Oeste do Pará (original) (raw)
Papers by Bruna Rocha
Política patrimonial e política indigenista: a proteção jurídica aos lugares sagrados e sepultamentos indígenas, 2024
A partir do diálogo entre a Arqueologia e o Direito, discutimos a proteção jurídica dos lugares s... more A partir do diálogo entre a Arqueologia e o Direito, discutimos a proteção jurídica dos lugares sagrados indígenas que, seja por erro da demarcação ou por outras formas de desterritorialização, não estão localizados em terras indígenas reconhecidas. O trabalho se debruça sobre aqueles dispositivos jurídicos que podem ser mobilizados em defesa dos lugares sagrados, servindo como uma caixa de ferramentas para movimentos indígenas, arqueólogos e operadores do direito, somando-se, assim, a revisões que tratam do patrimônio cultural em termos mais gerais (como São Pedro; Perez, 1997; Souza Filho, 2011). Vale notar que, apesar de o foco serem os povos indígenas, as normas, decisões judiciais e ferramentas aqui apresentadas podem servir de parâmetro para a defesa de direitos e se aplicar à proteção do patrimônio cultural de povos e comunidades tradicionais que não necessariamente se consideram indígenas, como quilombolas, ribeirinhos, caiçaras, quebradoras de coco, entre muitos outros.
Estudos Avançados, 2024
Na Amazônia, a espoliação territorial dos povos indígenas, quilombolas e povos e comunidades trad... more Na Amazônia, a espoliação territorial dos povos indígenas, quilombolas e povos e comunidades tradicionais tem se efetivado a partir da negação sistemática de sua presença. Contudo, na década de 1980 a Aliança dos Povos da Floresta mobiliza povos indígenas e seringueiros sindicalizados a assumir uma identidade política comum frente ao avanço da sociedade industrial. Esse movimento concebe alternativas concretas para garantir a conservação ambiental e direitos coletivos ao território. A partir de trabalhos realizados no Médio/Alto Tapajós e na Terra do Meio, Pará, propomos uma arqueologia direcionada para abarcar os múltiplos passados de grupos sociais que tradicionalmente ocupam suas terras e que possa ser instrumentalizada para contribuir como suas lutas por reconhecimento. Afinal, são os Povos da Floresta os principais protagonistas da resistência ao Antropoceno.
Estudos Avançados, 2024
In Amazônia, the systematic denial of the presence of indigenous, quilombola and local peoples ha... more In Amazônia, the systematic denial of the presence of indigenous, quilombola and local peoples has ensured the spoliation of their traditional territories. But in the 1980s the Alliance of Forest Peoples mobilised indigenous peoples and unionised rubber tappers to take on a common political identity in the face of encroaching industrial society. This movement will conceive concrete alternatives to guarantee environmental conservation and collective rights to territory. Working from the Tapajós and Terra do Meio regions in Pará state, we advocate for an archaeology geared to embrace the multiple pasts of social groups that traditionally occupy their lands and that can be put to the service of their struggles for recognition. After all, Forest Peoples are the main protagonists in resisting the Anthropocene.
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), Feb 1, 2022
Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. Suplemento, 2011
Embora seja uma área-chave para uma melhor compreensão do passado do sul amazônico, a região do a... more Embora seja uma área-chave para uma melhor compreensão do passado do sul amazônico, a região do alto Tapajós e a maior parte do município de Itaituba são pouco conhecidas em termos arqueológicos. Apresentamos os dados obtidos durante a primeira etapa de campo na região das localidades de Montanha e Mangabal, alto Tapajós. Buscamos, ainda, delinear a bibliografia disponível para a área e inserir hipoteticamente a região do alto Tapajós no quadro geral da arqueologia amazônica
Ambiente & Sociedade, 2021
In understanding contemporary Latin America, a critical post-developmental approach is particular... more In understanding contemporary Latin America, a critical post-developmental approach is particularly relevant. This approach closely links modernity to coloniality and its debates are permeated by the concept of colonized nature and by trenchant critiques of 21st century neo-extractivism . This article presents the social diversity and biocultural legacies of forest peoples who live in the basins of the Tapajós and Trombetas rivers. We present an analysis of particular areas and locales, to reveal ways that plunder is perpetrated by capital, in collusion with different spheres of the State. This analysis, in turn, allows us to reflect on different forms of forest peoples’ resistance in defence of their traditionally occupied territories and ways of life.
Revista de Arqueologia, 2013
A expansão desenfreada do grande capital pelo país segue deixando comunidades locais, já marginal... more A expansão desenfreada do grande capital pelo país segue deixando comunidades locais, já marginalizadas, em situações ainda mais precárias. O presente artigo (Manifesto1) traz uma reflexão crítica sobre a atuação de arqueólogos enquanto cúmplices, sendo coniventes e participantes de processos ilegais e ilegítimos de expropriação e de espoliação de territórios tradicionais, bens culturais e recursos naturais. A atuação acrítica da Arqueologia de contrato nas obras do PAC, como exemplo repetido ad nauseum do conundrum em que nos situamos, não é uma inexorabilidade de nossa disciplina, é uma escolha política. Outras arqueologias eram possíveis antes e continuam sendo, mas devem ser retomadas e postas em prática com urgência. Nosso primeiro compromisso é com as gentes, não o capital.
Nature Communications, 2022
Archaeological research provides clear evidence that their widespread formation in lowland South ... more Archaeological research provides clear evidence that their widespread formation in lowland South America was concentrated in the Late Holocene, an outcome of
sharp human population growth that peaked towards 1000 BP. In their recent paper Silva et al. argue that the higher fertility of ADEs is principally a result of fluvial deposition and, as a corollary, that pre-Columbian peoples just made use of these locales, contributing little to their enhanced nutrient status. Soil formation is inherently complex and often difficult to interpret, requiring a combination of geochemical data, stratigraphy, and dating. Although Silva et al. use this combination of methods to make their case, their hypothesis, based on the analysis of a single ADE site and its immediate surroundings (Caldeirão, see maps in Silva et al.), is too limited to distinguish among the multiple possible mechanisms for ADE formation. Moreover, it disregards or misreads a wealth of evidence produced by archaeologists, soil scientists, geographers and anthropologists, showing that ADEs are anthropic soils formed on land surfaces enriched by inputs associated with pre-Columbian sedentary settlement. To be accepted, and be pertinent at a regional level, Silva et al.’s hypothesis would need to be supported by solid evidence (from numerous ADE sites), which we demonstrate is lacking.
Revista de Arqueologia
A expansão desenfreada do grande capital pelo país segue deixando comunidades locais, já marginal... more A expansão desenfreada do grande capital pelo país segue deixando comunidades locais, já marginalizadas, em situações ainda mais precárias. O presente artigo (Manifesto1) traz uma reflexão crítica sobre a atuação de arqueólogos enquanto cúmplices, sendo coniventes e participantes de processos ilegais e ilegítimos de expropriação e de espoliação de territórios tradicionais, bens culturais e recursos naturais. A atuação acrítica da Arqueologia de contrato nas obras do PAC, como exemplo repetido ad nauseum do conundrum em que nos situamos, não é uma inexorabilidade de nossa disciplina, é uma escolha política. Outras arqueologias eram possíveis antes e continuam sendo, mas devem ser retomadas e postas em prática com urgência. Nosso primeiro compromisso é com as gentes, não o capital.
The aim of this thesis is to offer an initial construction of the long term past of the Upper Tap... more The aim of this thesis is to offer an initial construction of the long term past of the Upper Tapajos River, considering processes of long-term continuities as well as ruptures. I will attempt to “bridge the gap” between pre-Columbian and post-conquest occupations in the region through the study of archaeology, historical linguistics, ethnohistory, and social anthropology. The least known of these is the region’s archaeology, which constitutes the main focus of this study. The bulk of the archaeological data was generated through the analysis of ceramic complexes from two archaeological sites called Terra Preta do Mangabal (TPM) and Sawre Muybu (SM), dating initially to approximately the late seventh and the early ninth centuries AD respectively. The remains were found stratified in expanses of anthropogenic soils known as Amazonian Dark Earths (ADEs). The study of these artefacts permitted not only comparisons on a wider scale but also allowed me to address questions related to anc...
Amazônica - Revista de Antropologia, 2014
Este artigo descreve o levantamento de sítios arqueológicos em territórios tradicionalmente ocupa... more Este artigo descreve o levantamento de sítios arqueológicos em territórios tradicionalmente ocupados na Amazônia. O que é imprescindível para o nosso acesso aos locais é o conhecimento territorial dos ocupantes. Ao relatar o processo de desenvolvimento de pesquisas arqueológicas nas margens de três dos principais rios da Amazônia (Tapajós, Madeira e Solimões), pretendemos explorar as variadas relações existentes entre as comunidades tradicionais e os recursos arqueológicos existentes em seus territórios, desafiando conceitos estanques do significado de patrimônio. Propomos que arqueólogos busquem ser parceiros das comunidades tradicionais, as quais têm contribuições inestimáveis para a geração do conhecimento. Palavras-chave: Arqueologia na Amazônia, prospecção arqueológica, comunidades tradicionais, rios Tapajós, Madeira e Solimões, Lago Tefé.
International (CC BY-NC-SA 4.0) License. This document is subject to final copy-editing and chang... more International (CC BY-NC-SA 4.0) License. This document is subject to final copy-editing and changes in visualization.
Ambiente & Sociedade, 2021
A critical, post-developmentalist approach that closely links modernity to coloniality and whose ... more A critical, post-developmentalist approach that closely links modernity to coloniality and whose debates are permeated by the concept of colonised nature and by strong critiques of the twenty first century’s neo extractivism is particularly relevant in Latin America. The article presents the social diversity and bio-cultural heritage of forest peoples who live in the Tapajós and Trombetas basins in Brazilian Amazonia; following analysis of specific areas and situations, different forms of spoliation perpetrated by capital in collusion with different spheres of the State are reflected upon. This analysis in turn leads us to develop reflections on different forms of resistance of forest peoples in defense of their traditionally occupied territories and ways of life.
Ambiente & Sociedade, 2021
Resumo: Na América Latina é particularmente relevante uma abordagem crítica pós-desenvolvimentist... more Resumo: Na América Latina é particularmente relevante uma abordagem crítica pós-desenvolvimentista que vincula estreitamente a modernidade à colonialidade e cujos debates são permeados pelo conceito de natureza colonizada e por críticas severas ao neoextrativismo do século XXI. O artigo apresenta a diversidade social e o patrimônio biocultural dos povos da floresta que vivem nas bacias dos rios Tapajós e Trombetas e, a partir de uma análise de áreas e situações específicas, reflete sobre formas de espoliação perpetradas pelo capital, em conluio com diferentes esferas do Estado. Essa análise, por sua vez, permite tecer reflexões sobre as diferentes formas de resistência dos povos da floresta em defesa de seus territórios tradicionalmente ocupados e modos de vida.
Archaeology tells us how Indigenous peoples transformed nature in the Amazon over the millennia t... more Archaeology tells us how Indigenous peoples transformed nature in the Amazon over the millennia to the point that it is difficult to separate
natural from cultural heritage there today. It also shows that any kind of sustainable future for the region has to consider the rich Indigenous heritage manifested in archaeological sites and contemporary landscapes, and the contemporary knowledge of traditional societies.
Políticas, concepções e práticas de ação afirmativa: reflexões a partir de uma universidade Amazônica, 2021
Este capítulo busca oferecer uma perspectiva histórica sobre povos indígenas e comunidades campon... more Este capítulo busca oferecer uma perspectiva histórica sobre povos indígenas e comunidades camponesas, incluindo aquelas que se autorreconhecem como tradicionais da região conhecida como médio/alto Tapajós e das proximidades da BR-163, que abrange os municípios de Itaituba, Trairão e Jacareacanga, mas cujas trajetórias inevitavelmente se entrelaçam com o passado e presente do baixo Tapajós. Essas gentes plurais que vivem em uma das áreas mais biodiversas – e violentas – da Amazônia lutam pelos seus direitos territoriais e por outros direitos básicos, como educação e saúde.
PARKS, 2021
In many industrialised societies, the COVID-19 pandemic has been painted as an unprecedented mome... more In many industrialised societies, the COVID-19 pandemic has been painted as an unprecedented moment caused by human abuse of nature. Responses to it have, in turn, temporarily slowed down human impacts upon nature. This has led to a rallying cry against human encroachment into what are claimed to be pristine wildernesses. Reflecting upon historic, archaeological and palaeoecological evidence relating to the impacts of past epidemics within a wider historical timeframe from Africa and South America, we show that though COVID-19 is a novel disease, the pandemic itself does not represent a novel event, since diseases brought by Europeans have previously decimated the peoples living in these areas. The ‘pristine wilderness’ is a myth, which falsely held that these places had always been empty of people, thus helping to legitimate the creation of protected areas, and their political control by both colonial and national administrations. We therefore question the assumption behind what has been termed the ‘anthropause’ – that the supposed reduction in anthropogenic activities caused by the current pandemic presents a new opportunity to study anthropogenic impacts on nature: numerous previous occasions exist where depopulation resulted in anthropauses. Such responses to COVID-19 suggest further interdisciplinarity is needed in the field of conservation, in spite of advances in this direction.
Política patrimonial e política indigenista: a proteção jurídica aos lugares sagrados e sepultamentos indígenas, 2024
A partir do diálogo entre a Arqueologia e o Direito, discutimos a proteção jurídica dos lugares s... more A partir do diálogo entre a Arqueologia e o Direito, discutimos a proteção jurídica dos lugares sagrados indígenas que, seja por erro da demarcação ou por outras formas de desterritorialização, não estão localizados em terras indígenas reconhecidas. O trabalho se debruça sobre aqueles dispositivos jurídicos que podem ser mobilizados em defesa dos lugares sagrados, servindo como uma caixa de ferramentas para movimentos indígenas, arqueólogos e operadores do direito, somando-se, assim, a revisões que tratam do patrimônio cultural em termos mais gerais (como São Pedro; Perez, 1997; Souza Filho, 2011). Vale notar que, apesar de o foco serem os povos indígenas, as normas, decisões judiciais e ferramentas aqui apresentadas podem servir de parâmetro para a defesa de direitos e se aplicar à proteção do patrimônio cultural de povos e comunidades tradicionais que não necessariamente se consideram indígenas, como quilombolas, ribeirinhos, caiçaras, quebradoras de coco, entre muitos outros.
Estudos Avançados, 2024
Na Amazônia, a espoliação territorial dos povos indígenas, quilombolas e povos e comunidades trad... more Na Amazônia, a espoliação territorial dos povos indígenas, quilombolas e povos e comunidades tradicionais tem se efetivado a partir da negação sistemática de sua presença. Contudo, na década de 1980 a Aliança dos Povos da Floresta mobiliza povos indígenas e seringueiros sindicalizados a assumir uma identidade política comum frente ao avanço da sociedade industrial. Esse movimento concebe alternativas concretas para garantir a conservação ambiental e direitos coletivos ao território. A partir de trabalhos realizados no Médio/Alto Tapajós e na Terra do Meio, Pará, propomos uma arqueologia direcionada para abarcar os múltiplos passados de grupos sociais que tradicionalmente ocupam suas terras e que possa ser instrumentalizada para contribuir como suas lutas por reconhecimento. Afinal, são os Povos da Floresta os principais protagonistas da resistência ao Antropoceno.
Estudos Avançados, 2024
In Amazônia, the systematic denial of the presence of indigenous, quilombola and local peoples ha... more In Amazônia, the systematic denial of the presence of indigenous, quilombola and local peoples has ensured the spoliation of their traditional territories. But in the 1980s the Alliance of Forest Peoples mobilised indigenous peoples and unionised rubber tappers to take on a common political identity in the face of encroaching industrial society. This movement will conceive concrete alternatives to guarantee environmental conservation and collective rights to territory. Working from the Tapajós and Terra do Meio regions in Pará state, we advocate for an archaeology geared to embrace the multiple pasts of social groups that traditionally occupy their lands and that can be put to the service of their struggles for recognition. After all, Forest Peoples are the main protagonists in resisting the Anthropocene.
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), Feb 1, 2022
Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. Suplemento, 2011
Embora seja uma área-chave para uma melhor compreensão do passado do sul amazônico, a região do a... more Embora seja uma área-chave para uma melhor compreensão do passado do sul amazônico, a região do alto Tapajós e a maior parte do município de Itaituba são pouco conhecidas em termos arqueológicos. Apresentamos os dados obtidos durante a primeira etapa de campo na região das localidades de Montanha e Mangabal, alto Tapajós. Buscamos, ainda, delinear a bibliografia disponível para a área e inserir hipoteticamente a região do alto Tapajós no quadro geral da arqueologia amazônica
Ambiente & Sociedade, 2021
In understanding contemporary Latin America, a critical post-developmental approach is particular... more In understanding contemporary Latin America, a critical post-developmental approach is particularly relevant. This approach closely links modernity to coloniality and its debates are permeated by the concept of colonized nature and by trenchant critiques of 21st century neo-extractivism . This article presents the social diversity and biocultural legacies of forest peoples who live in the basins of the Tapajós and Trombetas rivers. We present an analysis of particular areas and locales, to reveal ways that plunder is perpetrated by capital, in collusion with different spheres of the State. This analysis, in turn, allows us to reflect on different forms of forest peoples’ resistance in defence of their traditionally occupied territories and ways of life.
Revista de Arqueologia, 2013
A expansão desenfreada do grande capital pelo país segue deixando comunidades locais, já marginal... more A expansão desenfreada do grande capital pelo país segue deixando comunidades locais, já marginalizadas, em situações ainda mais precárias. O presente artigo (Manifesto1) traz uma reflexão crítica sobre a atuação de arqueólogos enquanto cúmplices, sendo coniventes e participantes de processos ilegais e ilegítimos de expropriação e de espoliação de territórios tradicionais, bens culturais e recursos naturais. A atuação acrítica da Arqueologia de contrato nas obras do PAC, como exemplo repetido ad nauseum do conundrum em que nos situamos, não é uma inexorabilidade de nossa disciplina, é uma escolha política. Outras arqueologias eram possíveis antes e continuam sendo, mas devem ser retomadas e postas em prática com urgência. Nosso primeiro compromisso é com as gentes, não o capital.
Nature Communications, 2022
Archaeological research provides clear evidence that their widespread formation in lowland South ... more Archaeological research provides clear evidence that their widespread formation in lowland South America was concentrated in the Late Holocene, an outcome of
sharp human population growth that peaked towards 1000 BP. In their recent paper Silva et al. argue that the higher fertility of ADEs is principally a result of fluvial deposition and, as a corollary, that pre-Columbian peoples just made use of these locales, contributing little to their enhanced nutrient status. Soil formation is inherently complex and often difficult to interpret, requiring a combination of geochemical data, stratigraphy, and dating. Although Silva et al. use this combination of methods to make their case, their hypothesis, based on the analysis of a single ADE site and its immediate surroundings (Caldeirão, see maps in Silva et al.), is too limited to distinguish among the multiple possible mechanisms for ADE formation. Moreover, it disregards or misreads a wealth of evidence produced by archaeologists, soil scientists, geographers and anthropologists, showing that ADEs are anthropic soils formed on land surfaces enriched by inputs associated with pre-Columbian sedentary settlement. To be accepted, and be pertinent at a regional level, Silva et al.’s hypothesis would need to be supported by solid evidence (from numerous ADE sites), which we demonstrate is lacking.
Revista de Arqueologia
A expansão desenfreada do grande capital pelo país segue deixando comunidades locais, já marginal... more A expansão desenfreada do grande capital pelo país segue deixando comunidades locais, já marginalizadas, em situações ainda mais precárias. O presente artigo (Manifesto1) traz uma reflexão crítica sobre a atuação de arqueólogos enquanto cúmplices, sendo coniventes e participantes de processos ilegais e ilegítimos de expropriação e de espoliação de territórios tradicionais, bens culturais e recursos naturais. A atuação acrítica da Arqueologia de contrato nas obras do PAC, como exemplo repetido ad nauseum do conundrum em que nos situamos, não é uma inexorabilidade de nossa disciplina, é uma escolha política. Outras arqueologias eram possíveis antes e continuam sendo, mas devem ser retomadas e postas em prática com urgência. Nosso primeiro compromisso é com as gentes, não o capital.
The aim of this thesis is to offer an initial construction of the long term past of the Upper Tap... more The aim of this thesis is to offer an initial construction of the long term past of the Upper Tapajos River, considering processes of long-term continuities as well as ruptures. I will attempt to “bridge the gap” between pre-Columbian and post-conquest occupations in the region through the study of archaeology, historical linguistics, ethnohistory, and social anthropology. The least known of these is the region’s archaeology, which constitutes the main focus of this study. The bulk of the archaeological data was generated through the analysis of ceramic complexes from two archaeological sites called Terra Preta do Mangabal (TPM) and Sawre Muybu (SM), dating initially to approximately the late seventh and the early ninth centuries AD respectively. The remains were found stratified in expanses of anthropogenic soils known as Amazonian Dark Earths (ADEs). The study of these artefacts permitted not only comparisons on a wider scale but also allowed me to address questions related to anc...
Amazônica - Revista de Antropologia, 2014
Este artigo descreve o levantamento de sítios arqueológicos em territórios tradicionalmente ocupa... more Este artigo descreve o levantamento de sítios arqueológicos em territórios tradicionalmente ocupados na Amazônia. O que é imprescindível para o nosso acesso aos locais é o conhecimento territorial dos ocupantes. Ao relatar o processo de desenvolvimento de pesquisas arqueológicas nas margens de três dos principais rios da Amazônia (Tapajós, Madeira e Solimões), pretendemos explorar as variadas relações existentes entre as comunidades tradicionais e os recursos arqueológicos existentes em seus territórios, desafiando conceitos estanques do significado de patrimônio. Propomos que arqueólogos busquem ser parceiros das comunidades tradicionais, as quais têm contribuições inestimáveis para a geração do conhecimento. Palavras-chave: Arqueologia na Amazônia, prospecção arqueológica, comunidades tradicionais, rios Tapajós, Madeira e Solimões, Lago Tefé.
International (CC BY-NC-SA 4.0) License. This document is subject to final copy-editing and chang... more International (CC BY-NC-SA 4.0) License. This document is subject to final copy-editing and changes in visualization.
Ambiente & Sociedade, 2021
A critical, post-developmentalist approach that closely links modernity to coloniality and whose ... more A critical, post-developmentalist approach that closely links modernity to coloniality and whose debates are permeated by the concept of colonised nature and by strong critiques of the twenty first century’s neo extractivism is particularly relevant in Latin America. The article presents the social diversity and bio-cultural heritage of forest peoples who live in the Tapajós and Trombetas basins in Brazilian Amazonia; following analysis of specific areas and situations, different forms of spoliation perpetrated by capital in collusion with different spheres of the State are reflected upon. This analysis in turn leads us to develop reflections on different forms of resistance of forest peoples in defense of their traditionally occupied territories and ways of life.
Ambiente & Sociedade, 2021
Resumo: Na América Latina é particularmente relevante uma abordagem crítica pós-desenvolvimentist... more Resumo: Na América Latina é particularmente relevante uma abordagem crítica pós-desenvolvimentista que vincula estreitamente a modernidade à colonialidade e cujos debates são permeados pelo conceito de natureza colonizada e por críticas severas ao neoextrativismo do século XXI. O artigo apresenta a diversidade social e o patrimônio biocultural dos povos da floresta que vivem nas bacias dos rios Tapajós e Trombetas e, a partir de uma análise de áreas e situações específicas, reflete sobre formas de espoliação perpetradas pelo capital, em conluio com diferentes esferas do Estado. Essa análise, por sua vez, permite tecer reflexões sobre as diferentes formas de resistência dos povos da floresta em defesa de seus territórios tradicionalmente ocupados e modos de vida.
Archaeology tells us how Indigenous peoples transformed nature in the Amazon over the millennia t... more Archaeology tells us how Indigenous peoples transformed nature in the Amazon over the millennia to the point that it is difficult to separate
natural from cultural heritage there today. It also shows that any kind of sustainable future for the region has to consider the rich Indigenous heritage manifested in archaeological sites and contemporary landscapes, and the contemporary knowledge of traditional societies.
Políticas, concepções e práticas de ação afirmativa: reflexões a partir de uma universidade Amazônica, 2021
Este capítulo busca oferecer uma perspectiva histórica sobre povos indígenas e comunidades campon... more Este capítulo busca oferecer uma perspectiva histórica sobre povos indígenas e comunidades camponesas, incluindo aquelas que se autorreconhecem como tradicionais da região conhecida como médio/alto Tapajós e das proximidades da BR-163, que abrange os municípios de Itaituba, Trairão e Jacareacanga, mas cujas trajetórias inevitavelmente se entrelaçam com o passado e presente do baixo Tapajós. Essas gentes plurais que vivem em uma das áreas mais biodiversas – e violentas – da Amazônia lutam pelos seus direitos territoriais e por outros direitos básicos, como educação e saúde.
PARKS, 2021
In many industrialised societies, the COVID-19 pandemic has been painted as an unprecedented mome... more In many industrialised societies, the COVID-19 pandemic has been painted as an unprecedented moment caused by human abuse of nature. Responses to it have, in turn, temporarily slowed down human impacts upon nature. This has led to a rallying cry against human encroachment into what are claimed to be pristine wildernesses. Reflecting upon historic, archaeological and palaeoecological evidence relating to the impacts of past epidemics within a wider historical timeframe from Africa and South America, we show that though COVID-19 is a novel disease, the pandemic itself does not represent a novel event, since diseases brought by Europeans have previously decimated the peoples living in these areas. The ‘pristine wilderness’ is a myth, which falsely held that these places had always been empty of people, thus helping to legitimate the creation of protected areas, and their political control by both colonial and national administrations. We therefore question the assumption behind what has been termed the ‘anthropause’ – that the supposed reduction in anthropogenic activities caused by the current pandemic presents a new opportunity to study anthropogenic impacts on nature: numerous previous occasions exist where depopulation resulted in anthropauses. Such responses to COVID-19 suggest further interdisciplinarity is needed in the field of conservation, in spite of advances in this direction.
The aim of this thesis is to offer an initial construction of the long term past of the Upper Tap... more The aim of this thesis is to offer an initial construction of the long term past of the Upper Tapajós River, considering processes of long-term continuities as well as ruptures. I will attempt to “bridge the gap” between pre-Columbian and post-conquest occupations in the region through the study of archaeology, historical linguistics, ethnohistory, and
social anthropology. The least known of these is the region’s archaeology, which constitutes the main focus of this study. The bulk of the archaeological data was generated through the analysis of ceramic complexes from two archaeological sites called Terra Preta do Mangabal (TPM) and Sawre Muybu (SM), dating initially to approximately the late seventh and the early ninth centuries AD respectively. The remains were found stratified in expanses of anthropogenic soils known as Amazonian Dark Earths (ADEs). The study of these artefacts permitted not only comparisons on a
wider scale but also allowed me to address questions related to ancient exchange networks and potential links to the distribution of Carib and Tupian language families. Both sites belong to territories traditionally occupied by the Munduruku Indians (in the case of SM) and the Beiradeiros of Montanha e Mangabal (in regard to TPM). The framework of Historical Ecology has provided a key vantage point from which to
observe the ways in which the current inhabitants of the studied landscape engage with environments transformed by past human actions. The research has been carried out in a context of conflict and resistance by these forest peoples against planned development
projects that could cause primary, irreversible alterations to the landscape in which they have lived for generations and in which their collective memory is inscribed. The role of scientists and archaeologists involved in environmental assessment studies undertaken in the context of human rights violations is questioned.
Tapajós sob o Sol: Mergulho nas características ecológicas, socioculturais e econômicas da bacia hidrográfica, 2022
Para as comunidades indígenas que vivem à beira do Rio Tapajós, suas águas pedregulhosas e cachoe... more Para as comunidades indígenas que vivem à beira do Rio Tapajós, suas águas pedregulhosas e cachoeiras ruidosas são um espaço de comunhão entre saberes tradicionais e natureza. O Rio da Vida, como os indígenas Munduruku se referem ao Tapajós, alimenta física e imaterialmente as populações ribeirinhas há milhares de anos.