fabiana moraes | Universidade Federal de Pernambuco (original) (raw)
Uploads
Papers by fabiana moraes
Anais da Compós, 2024
Quatro colunas e crônicas da escritora pernambucana nos ajudam a acompanhar e desvendar como a mo... more Quatro colunas e crônicas da escritora pernambucana nos ajudam a acompanhar e desvendar como a modernização da Folha de S. Paulo, que constrói para si e para fora a imagem do jornalismo profissional, neutro e rigoroso, é em grande parte a materialização da subjetividade de seu ex-editor, Otávio Frias Filho. A presença de Felinto na redação e a publicização de suas impressões e memórias permitem que possamos ver de perto como as pretensas e hierarquizantes oposições entre racional e irracional; homem e mulher; objetivo e subjetivo, são utilizadas com afinco pelo periódico, que vai instituir um modelo orientador-principalmente através de seu Manual de Redação-não só da Folha, mas de um modo de fazer e pensar jornalismo que vai influenciar redações e profissionais todo o país.
Chasqui Revista Latinoamericana de Comunicación/Revista Latinoamericana comunicación chasqui, Apr 21, 2023
Resumo Valorizadas tanto no jornalismo quanto na arte, as imagens de sofrimento não podem ser vis... more Resumo Valorizadas tanto no jornalismo quanto na arte, as imagens de sofrimento não podem ser vistas somente como denúncias da desumanização de pessoas, grupos e povos: a repetição das mesmas pode, ela mesma, provocar esta desumanização. Isso porque não se publicizam as formas de criatividade e autonomia vitais e existentes mesmo entre os minorizados socialmente. É com essa premissa que trazemos, como parte de uma investigação maior, uma análise sobre os trabalhos de três fotógrafas e um fotógrafo (Ana Araújo, Bárbara Wagner, Gessica Amorim e Walter Firmo) cujos trabalhos, que não negam os constrangimentos diários de seus fotografados, também refletem beleza e resistência, expressões vitais do poder.
Brazilian journalism research, Dec 25, 2023
Este artigo problematiza, inicialmente, como os termos ativista/militante/ engajado também devem ... more Este artigo problematiza, inicialmente, como os termos ativista/militante/ engajado também devem qualificar a imprensa comercial brasileira. Depois, realiza uma distinção teórica dos termos citados e busca avançar na ideia de posicionamento como uma prática política possível em redações variadas, podendo também não ser declarada. A pesquisa se baseia em revisão bibliográfica e análise crítica que tensiona elementos da objetividade jornalística. Apontamos, no final, para uma prática reflexiva (anunciada ou não) que colabore para uma necessária maior densidade democrática na imprensa brasileira.
Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación, Aug 6, 2023
As concepções de democracia e humanidade a partir de uma perspectiva ocidental e liberal foram fo... more As concepções de democracia e humanidade a partir de uma perspectiva ocidental e liberal foram fortemente adotadas pela imprensa brasileira. Assim, ao mesmo tempo que publiciza questões derivadas da desigualdade social do país, esse aparato corteja sistemas econômicos/ políticos que agudizam estas mesmas desigualdades. Temos como resultado a continuidade de um discurso sobre humanidade no qual o humano é quase sempre sinônimo de branco, homem e dono de maior capital. Neste artigo, propomos a adoção de humanidade através de leituras interseccionais e não-coloniais pelo jornalismo como formas de superarmos modos de dizer e fazer desumanizantes.
Estudos em Jornalismo e Mídia, Jul 5, 2021
Jornal do Commercio, 2010
Reportagem realizada em presídios masculinos e femininos de Recife e região metropolitana. Conta ... more Reportagem realizada em presídios masculinos e femininos de Recife e região metropolitana. Conta a história de tatuagens de pessoas presas.
Jornal do Commercio, 2013
Bianca tinha 13 anos e cerca de 24 quilos quando o policial quase a ergueu pelo pescoço. Apertava... more Bianca tinha 13 anos e cerca de 24 quilos quando o policial quase a ergueu pelo pescoço. Apertava com força e repetia: "Eu vou te matar". Não queria somente sexo oral. Desta vez, exigia penetração. Mas Bianca, apesar de vir trocando há algum tempo carícias sexuais por dinheiro, era-ainda é-virgem. O homem colocou uma arma na cabeça da menina, que se debatia. Conseguiu abrir a porta do carro e saiu correndo. Bianca é asmática e vinha usando crack há algum tempo, o que a debilitou ainda mais. O fôlego não foi suficiente e ela começou a passar mal. As outras meninas viram o que aconteceu e foram ajudá-la. Carol, 17, colocou a garota nas costas e correu para um posto de saúde.
jornal do commercio, 2015
Durante duas semanas, leitoras e leitores do JC enviaram uma fotografia importante em suas vidas.... more Durante duas semanas, leitoras e leitores do JC enviaram uma fotografia importante em suas vidas. A partir disso, dez histórias foram escolhidas. Esses relatos falam sobre a historia de Recife, de Pernambuco, do Brasil.
Jornal do Commercio, 2013
Dez perfis de mulheres - todas com os nomes da mãe de Jesus - assassinadas no contexto da violênc... more Dez perfis de mulheres - todas com os nomes da mãe de Jesus - assassinadas no contexto da violência doméstica. A desnaturalização do feminício contada através do reconhecimento do divino em cada uma dessas histórias.
Jornal do Commercio, 2012
Quando foi chamado para escrever A vida como ela é..., Nelson Rodrigues tinha uma tarefa específi... more Quando foi chamado para escrever A vida como ela é..., Nelson Rodrigues tinha uma tarefa específica: realizar crônicas a partir de fatos ocorridos no cotidiano, textos baseados em notícias publicadas pelo jornal Ultima hora. Em menos de três dias, desistiu. A realidade compartilhada com os outros, a realidade como comentada nos diários, lhe pareceu meio sem graça, plana, chata mesmo. Começou a inventar o seu real, as suas próprias histórias, todas cheias de adultérios e canalhas e inocentes e suicidas. O sucesso foi estrondoso: ninguém se incomodava se aquela coluna era ou não baseada em notícias do dia a dia, se eram verdadeiras ou não. Era assim, inventando, que Nelson mais se aproximava dos fatos cotidianos, era através do imaginário que ele melhor analisava o real. Este caderno criado para marcar o centenário do autor, que nasceu em 23 de agosto de 1912, faz o caminho inverso da perspectiva rodriguiana: traz cinco histórias que parecem ter sido pinçadas de obras ficcionais, mas que aconteceram no plano da realidade. Aqui, não foi preciso recorrer à imaginação na criação dos acontecimentos: a própria vida é a autora desses relatos que possuem, cada um a seu modo, a capacidade de nos impressionar, seja por seu horror ou por sua raridade, também pela beleza de mostrar nosso poder de regeneração. O que nos moveu nessa pequena homenagem ao gênio exuberante de um dos maiores criadores do País foi perceber que a vida, sem nossa licença, consegue muitas vezes superar a ficção, inclusive aquela que se propõe a trazer o próprio real, como as famosas crônicas que formam o A vida como ela é.... Entre estas histórias, está a do próprio Nelson, cuja "realidade era ainda mais dramática do que a que ele punha sobre o papel", como bem sintetizou Ruy Castro, seu maior biógrafo. Foi uma existência encerrada aos 68 anos, tempo no qual o jornalista e dramaturgo viu um irmão ser assassinado, outro morto em um desabamento, viu a filha Daniela nascer cega para o mundo, o pai morrer de desgosto, um filho ser torturado pelo regime militar que tanto apoiava. Também experimentou uma magra e não cintilante pobreza, assim como uma fama pouco remunerada. As décadas dramáticas enfrentadas por Nelson, assim como as outras histórias trazidas neste especial, nos levam a assumir: a vida muitas vezes ultrapassa o imaginário, o "A vida como ela é...", o absurdo da criação. A vida é um bicho feroz que traz uma enormidade de acontecimentos desconcertantes ao nosso dia a dia, bicho sem freio que altera continuamente nossa noção do que é certo e errado, do que acreditamos ser normal. A vida, enfim, é Nelson. Neste caderno, além do cotidiano atribulado e desafiador do próprio autor (recontado no texto Anti-Nelson Rodrigues), conhecemos mais sobre a história de Severina (em Álbum de família), a mulher que engravidou 12 vezes do próprio pai e que, décadas após ser vítima contínua de sua brutalidade, decidiu matálo. Presa durante um ano, ela voltou para casa, na zona rural de Caruaru, depois de um julgamento que emocionou o Estado (agosto de 2012). Hoje, enfrenta outro drama: lidar com os filhos-irmãos que a amam como mãe, mas detestam como irmã. Há também o relato de uma tragédia que entristeceu o País em 2010, o noivo que, movido por um sentimento delirante e particular, assassinou a noiva durante a festa de casamento, matou um colega e depois cometeu suicídio (no texto Vestido de noiva). Todos estão vivos na mente e no coração machucado de Prazeres, a mãe de Renata, a moça que brindava uma nova vida poucos minutos antes de Rogério sacar o revólver. É Prazeres que, em frente ao túmulo da filha, fala sobre o horrível acontecimento, o dia pelo avesso que ela nunca vai entender. Foram ainda consultados para recompor aquela que ficou conhecida como "a tragédia de Aldeia", advogados, delegados e pessoas presentes na comemoração (garçons, seguranças, convidados). Outra fonte fundamental foi o processo criminal onde estão os depoimentos prestados ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP/ PE). Nele ainda constam, em um saquinho de plástico, as balas que mataram Rogério, Renata e Marcelo. A vida que subverte a ficção também alcança Valéria, a filha de um pescador no interior do Ceará que é a primeira e única juíza de futebol travesti no Brasil (sua história está na matéria Engraçadinha). É uma existência que surpreenderia o próprio Nelson, que via na homossexualidade uma fraqueza, mesmo uma delinquência, algo bastante comum durante o período no qual o autor criou suas obras. É um relato que traz para este especial um pouco das maiores paixões do dramaturgo, o futebol, igualmente paixão e meio de vida de Valéria. Ela convive com outra irmã, Jéssica, também travesti e adoradora de esportes: é atleta de uma seleção masculina de vôlei. Há, fechando o especial, a mulher que procura calar uma infância dramática da qual fizeram parte uma mãe suicida e um pai que a molestou sexualmente para depois ser assassinado quase à sua frente (no texto A falecida). Quer ainda superar uma família para quem sempre foi invisível. Em vez de um compreensível enclausuramento por conta das violências sofridas, Francisca recorreu a si mesma para ser exemplo daquilo o que não quer na vida: ser uma extensão dos pais que se foram tão violentamente. Seu objetivo maior é manter-se viva por meio da delicadeza que sempre lhe foi negada.
Anais Compós, 2020
Se entendemos o jornalismo como uma área do saber, o que dizer do nosso desconhecimento sobre a Á... more Se entendemos o jornalismo como uma área do saber, o que dizer do nosso desconhecimento sobre a África, aquela que povoou fortemente o Brasil, segunda maior população negra do mundo? A partir da pergunta-título e utilizando a mesma como mote, refletimos sobre os limites que levam o jornalismo, seja em seu aspecto teórico ou prático, a não trazer de maneira mais íntegra e integral negros e negras historicamente enquadrados em tipos específicos. Entendemos que é momento desse campo realizar uma crítica a partir de dentro e de sua própria epistemologia, realizando o que Villanueva (2018) chama de intervenção descolonial, capaz de fissurar a "in-comunicación", aquela que reprimiu culturas, classificou pessoas e fixou padrões excludentes de produção do conhecimento. A essa proposta descolonial se junta o jornalismo de subjetividade, no qual se busca narrar um "outro" não exotificado/fetichizado, um jornalismo que não se assume como neutro ou nega o apagamento da produtora ou do produtor da narrativa.
Anais Compós , 2019
Neste artigo propomos uma discussão sobre como a noção de objetividade jornalística prevalente se... more Neste artigo propomos uma discussão sobre como a noção de objetividade jornalística prevalente se constitui a partir das estruturas epistêmicas do sistemamundo capitalista, patriarcal, ocidental, moderno. Através dos estudos decoloniais e feministas, entendemos que a reprodução das ideologias, como a do machismo, e do racismo, no jornalismo se dá informada por uma racionalidade colonizadora limitante para a compreensão da alteridade. Tal racionalidade tem em seu cerne a noção de objetividade permeada pelo ideário falacioso da neutralidade e impregnada por valores sociais dominantes. Para essa discussão, trazemos alguns exemplos do quanto essa condição de pensamento incide nos valores-notícia e é partícipe do processo de desumanização de parcelas expressivas da população, relegando-as às margens não apenas do jornalismo, mas das sociedades das quais são parte. Sugerimos que uma prática jornalística que preveja a subjetividade pode ser uma ferramenta para a descolonização do Jornalismo.
Radiofonias - revista de estudos de rádio e mídia sonora, 2024
A dramatização no rádio nos seus primórdios vinculou-se a interesses publicitários e ... more A dramatização no rádio nos seus primórdios vinculou-se a interesses publicitários e era direcionada, sobretudo, ao público feminino, potencial comprador dos produtos patrocinadores. A maioria dessas radiodramatizações girava em torno de conflitosamorosos.Contemporaneamente, essas radionovelas passam por mudanças: trazem novas temáticas e voltam-se para diferentes audiências como,por exemplo, movimentos sociais. São veiculadas no rádio, mas também se expandem para as redes sociais. A proposta deste textoé refletir sobre formas, também jornalísticas, de informar, tomando como objeto radionovelas realizadas em um curso de Comunicação de uma universidade federal nordestina. Como metodologia, foi feita uma revisão bibliográfica e crítica, além da descrição do estudo de caso. Um dos pontos que o trabalho evidencia é a possibilidade dessas produções incorporarem princípios do jornalismo, como apuração, checagem de fontes, interesse e relevância, todos mesclados a elementos ficcionais.
Brazilian Journalism Research, 2023
In this article we initially problematize the terms activist/militant/ engaged and how they shoul... more In this article we initially problematize the terms activist/militant/ engaged and how they should also be included to qualify the Brazilian commercial press. We then perform a theoretical contrast of these terms and propose the idea that political positioning is being practiced in newsrooms, which they may also not announce. The research is based on a bibliographic review and critical analysis of elements of journalistic objectivity. We point, in the end, to a reflective practice (announced or not) that collaborates for a necessary greater democratic density in the Brazilian press.
Anais Compós 2023, 2023
A dramatização no rádio nos seus primórdios vinculou-se a interesses publicitários e era direcion... more A dramatização no rádio nos seus primórdios vinculou-se a interesses publicitários e era direcionada, sobretudo, ao público feminino, potencial comprador dos produtos patrocinadores. A maioria dessas radiodramatizações girava em torno de conflitos amorosos. Contemporaneamente, essas radionovelas passam por mudanças: trazem novas temáticas e voltam-se para diferentes audiências, como por exemplo, movimentos sociais. São veiculadas no rádio, mas também expandem-se para as redes sociais. A proposta deste texto é refletir sobre formas, também jornalísticas, de informar, tomando como objeto radionovelas realizadas em um curso de Comunicação de uma universidade federal nordestina. Como metodologia, foi feita uma revisão bibliográfica e crítica, além da descrição do estudo de caso. Um dos pontos que o trabalho evidencia é a possibilidade dessas produções incorporarem princípios do jornalismo, como apuração, checagem de fontes, interesse e relevância, todos mesclados a elementos ficcionais.
Brazilian Journalism Research, 2023
Este artigo problematiza, inicialmente, como os termos ativista/militante/ engajado também devem ... more Este artigo problematiza, inicialmente, como os termos ativista/militante/ engajado também devem qualificar a imprensa comercial brasileira. Depois, realiza uma distinção teórica dos termos citados e busca avançar na ideia de posicionamento como uma prática política possível em redações variadas, podendo também não ser declarada. A pesquisa se baseia em revisão bibliográfica e análise crítica que tensiona elementos da objetividade jornalística. Apontamos, no final, para uma prática reflexiva (anunciada ou não) que colabore para uma necessária maior densidade democrática na imprensa brasileira.
Extraprensa, Aug 19, 2019
O jornalismo foi criado, desenvolvido e reproduzido em uma sociedade desigual, marcada por questõ... more O jornalismo foi criado, desenvolvido e reproduzido em uma sociedade desigual, marcada por questões como o racismo, o classismo e o machismo. Dessa maneira, historicamente, contribuiu frequentemente para a reprodução desses fenômenos. Porém, usando o manto da objetividade, neutralidade e isenção, esse campo do conhecimento se notabilizou como lugar da verdade, da mediação confiável. Neste artigo, discutimos como esse manto, agora esgarçado, não dá conta de uma série de questões que receberam mais visibilidade nos últimos anos e tornaram possível revelar alguns dos limites dessa falsa objetividade jornalística. Propomos explorar o que chamamos de jornalismo de subjetividade como um instrumento que subverte critérios da noticiabilidade, amplia espaço para novas (ou sufocadas) representações e que pode se assumir ativista sem que haja uma recusa da apuração profunda e da checagem de dados. Entendemos, assim, a subjetividade como caminho para um jornalismo mais íntegro e integral.
METAgraphias, Dec 31, 1969
Foi a terceira vez que Fernanda rodou. Acusaram: tinha trinta e seis pedras de crack. Ela diz: nã... more Foi a terceira vez que Fernanda rodou. Acusaram: tinha trinta e seis pedras de crack. Ela diz: não tinha. Foram plantadas. Nunca traficou. Extorquiu, e por isso foi presa duas vezes. Tráfico, não. Encaminharam para o Cotel e depois para o Frei Damião de Bozzano.
Estudos Semióticos, Sep 14, 2016
Co r p o e f i g u r i n o n a c o n s t r u ç ã o d a i ma g e m d e Mi c h e l l e Me l o • Ami... more Co r p o e f i g u r i n o n a c o n s t r u ç ã o d a i ma g e m d e Mi c h e l l e Me l o • Ami l c a r Al me i d a Be z e r r a (UF P E) * Da n i e l a Ne r y Br a c c h i (UF P E) * * F a b i a n a Mo r a e s (UF P E) * * * Ama nd a Da ni e l l e d e L i ma Si l v a (UF P E) * * * * Re s u mo : Es t e a r t i g o t e m c o mo o b j e t i v o i d e n t i f i c a r q ua i s s e n t i d o s s ã o p r o d uz i d o s , n e g o c i a d o s e t e n s i o n a d o s n a p e r f o r ma n c e p o p d a c a n t o r a Mi c he l l e Me l o , ma i s e s p e c i f i c a me nt e na c o ns t r uç ã o d e s ua i ma g e m p o r me i o d o c o r p o e d o f i g ur i no. Co n h e c i d a n o c e n á r i o b r e g a-p o p d o s s ub úr b i o s r e c i f e ns e s , Mi c h e l l e a g e n c i a múl t i p l a s r e f e r ê n c i a s n a c o ns t r uç ã o d e uma i ma g e m públ i c a de f o r ç a e s e ns ua l i da de pa r a s e u públ i c o c o ns umi do r , t o r na ndo-s e pe r s o na g e m e mbl e má t i c a a i l us t r a r d i l e ma s p r ó p r i o s à s c o nd i ç õ e s d e v i d a e a o s a ns e i o s d e s ua c a ma d a s o c i a l. Pa l a v r a s-c ha v e : mo da , c o r po , f i g ur i no , br e g a-po p. * * * Do ut o r a e m So c i o l o g i a p e l a Uni v e r s i d a d e Fe d e r a l d e P e r na mb uc o , p r o f e s s o r a a d j unt a d o Núc l e o d e De s i g n e Co muni c a ç ã o d o Ce nt r o Ac a d ê mi c o d o Ag r e s t e d a Uni v e r s i d a d e F e d e r a l d e P e r na mb uc o .
Alceu, Sep 29, 2021
A perspectiva ativista foi historicamente refutada por aquele que se notabilizou como o “bom jorn... more A perspectiva ativista foi historicamente refutada por aquele que se notabilizou como o “bom jornalismo”, este embebido pela ideia de objetividade. De acordo com o que é considerado senso comum, o ativismo macula ideologicamente o conteúdo noticioso, percepção também expressada nas publicações de jornalistas em redes sociais. A partir da ideia de um jornalismo de subjetividade, fazemos aqui uma reflexão sobre uma prática ativista que não se esconde como tal e que pode estar presente não só no que se entende como jornalismo independente/alternativo, mas ainda nas grandes empresas. Esta tomada de posição se dá, entre outros marcadores, pela reflexão sobre o próprio campo, pela não exotificação do outro e pela atuação de uma profissional que se sabe não neutra. Fazemos ainda uma análise das práticas jornalísticas associadas a uma “sensibilidade hacker” (RUSSEL, 2017), que pode e deve estar presente para além do uso de aparatos tecnológicos.
Anais da Compós, 2024
Quatro colunas e crônicas da escritora pernambucana nos ajudam a acompanhar e desvendar como a mo... more Quatro colunas e crônicas da escritora pernambucana nos ajudam a acompanhar e desvendar como a modernização da Folha de S. Paulo, que constrói para si e para fora a imagem do jornalismo profissional, neutro e rigoroso, é em grande parte a materialização da subjetividade de seu ex-editor, Otávio Frias Filho. A presença de Felinto na redação e a publicização de suas impressões e memórias permitem que possamos ver de perto como as pretensas e hierarquizantes oposições entre racional e irracional; homem e mulher; objetivo e subjetivo, são utilizadas com afinco pelo periódico, que vai instituir um modelo orientador-principalmente através de seu Manual de Redação-não só da Folha, mas de um modo de fazer e pensar jornalismo que vai influenciar redações e profissionais todo o país.
Chasqui Revista Latinoamericana de Comunicación/Revista Latinoamericana comunicación chasqui, Apr 21, 2023
Resumo Valorizadas tanto no jornalismo quanto na arte, as imagens de sofrimento não podem ser vis... more Resumo Valorizadas tanto no jornalismo quanto na arte, as imagens de sofrimento não podem ser vistas somente como denúncias da desumanização de pessoas, grupos e povos: a repetição das mesmas pode, ela mesma, provocar esta desumanização. Isso porque não se publicizam as formas de criatividade e autonomia vitais e existentes mesmo entre os minorizados socialmente. É com essa premissa que trazemos, como parte de uma investigação maior, uma análise sobre os trabalhos de três fotógrafas e um fotógrafo (Ana Araújo, Bárbara Wagner, Gessica Amorim e Walter Firmo) cujos trabalhos, que não negam os constrangimentos diários de seus fotografados, também refletem beleza e resistência, expressões vitais do poder.
Brazilian journalism research, Dec 25, 2023
Este artigo problematiza, inicialmente, como os termos ativista/militante/ engajado também devem ... more Este artigo problematiza, inicialmente, como os termos ativista/militante/ engajado também devem qualificar a imprensa comercial brasileira. Depois, realiza uma distinção teórica dos termos citados e busca avançar na ideia de posicionamento como uma prática política possível em redações variadas, podendo também não ser declarada. A pesquisa se baseia em revisão bibliográfica e análise crítica que tensiona elementos da objetividade jornalística. Apontamos, no final, para uma prática reflexiva (anunciada ou não) que colabore para uma necessária maior densidade democrática na imprensa brasileira.
Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación, Aug 6, 2023
As concepções de democracia e humanidade a partir de uma perspectiva ocidental e liberal foram fo... more As concepções de democracia e humanidade a partir de uma perspectiva ocidental e liberal foram fortemente adotadas pela imprensa brasileira. Assim, ao mesmo tempo que publiciza questões derivadas da desigualdade social do país, esse aparato corteja sistemas econômicos/ políticos que agudizam estas mesmas desigualdades. Temos como resultado a continuidade de um discurso sobre humanidade no qual o humano é quase sempre sinônimo de branco, homem e dono de maior capital. Neste artigo, propomos a adoção de humanidade através de leituras interseccionais e não-coloniais pelo jornalismo como formas de superarmos modos de dizer e fazer desumanizantes.
Estudos em Jornalismo e Mídia, Jul 5, 2021
Jornal do Commercio, 2010
Reportagem realizada em presídios masculinos e femininos de Recife e região metropolitana. Conta ... more Reportagem realizada em presídios masculinos e femininos de Recife e região metropolitana. Conta a história de tatuagens de pessoas presas.
Jornal do Commercio, 2013
Bianca tinha 13 anos e cerca de 24 quilos quando o policial quase a ergueu pelo pescoço. Apertava... more Bianca tinha 13 anos e cerca de 24 quilos quando o policial quase a ergueu pelo pescoço. Apertava com força e repetia: "Eu vou te matar". Não queria somente sexo oral. Desta vez, exigia penetração. Mas Bianca, apesar de vir trocando há algum tempo carícias sexuais por dinheiro, era-ainda é-virgem. O homem colocou uma arma na cabeça da menina, que se debatia. Conseguiu abrir a porta do carro e saiu correndo. Bianca é asmática e vinha usando crack há algum tempo, o que a debilitou ainda mais. O fôlego não foi suficiente e ela começou a passar mal. As outras meninas viram o que aconteceu e foram ajudá-la. Carol, 17, colocou a garota nas costas e correu para um posto de saúde.
jornal do commercio, 2015
Durante duas semanas, leitoras e leitores do JC enviaram uma fotografia importante em suas vidas.... more Durante duas semanas, leitoras e leitores do JC enviaram uma fotografia importante em suas vidas. A partir disso, dez histórias foram escolhidas. Esses relatos falam sobre a historia de Recife, de Pernambuco, do Brasil.
Jornal do Commercio, 2013
Dez perfis de mulheres - todas com os nomes da mãe de Jesus - assassinadas no contexto da violênc... more Dez perfis de mulheres - todas com os nomes da mãe de Jesus - assassinadas no contexto da violência doméstica. A desnaturalização do feminício contada através do reconhecimento do divino em cada uma dessas histórias.
Jornal do Commercio, 2012
Quando foi chamado para escrever A vida como ela é..., Nelson Rodrigues tinha uma tarefa específi... more Quando foi chamado para escrever A vida como ela é..., Nelson Rodrigues tinha uma tarefa específica: realizar crônicas a partir de fatos ocorridos no cotidiano, textos baseados em notícias publicadas pelo jornal Ultima hora. Em menos de três dias, desistiu. A realidade compartilhada com os outros, a realidade como comentada nos diários, lhe pareceu meio sem graça, plana, chata mesmo. Começou a inventar o seu real, as suas próprias histórias, todas cheias de adultérios e canalhas e inocentes e suicidas. O sucesso foi estrondoso: ninguém se incomodava se aquela coluna era ou não baseada em notícias do dia a dia, se eram verdadeiras ou não. Era assim, inventando, que Nelson mais se aproximava dos fatos cotidianos, era através do imaginário que ele melhor analisava o real. Este caderno criado para marcar o centenário do autor, que nasceu em 23 de agosto de 1912, faz o caminho inverso da perspectiva rodriguiana: traz cinco histórias que parecem ter sido pinçadas de obras ficcionais, mas que aconteceram no plano da realidade. Aqui, não foi preciso recorrer à imaginação na criação dos acontecimentos: a própria vida é a autora desses relatos que possuem, cada um a seu modo, a capacidade de nos impressionar, seja por seu horror ou por sua raridade, também pela beleza de mostrar nosso poder de regeneração. O que nos moveu nessa pequena homenagem ao gênio exuberante de um dos maiores criadores do País foi perceber que a vida, sem nossa licença, consegue muitas vezes superar a ficção, inclusive aquela que se propõe a trazer o próprio real, como as famosas crônicas que formam o A vida como ela é.... Entre estas histórias, está a do próprio Nelson, cuja "realidade era ainda mais dramática do que a que ele punha sobre o papel", como bem sintetizou Ruy Castro, seu maior biógrafo. Foi uma existência encerrada aos 68 anos, tempo no qual o jornalista e dramaturgo viu um irmão ser assassinado, outro morto em um desabamento, viu a filha Daniela nascer cega para o mundo, o pai morrer de desgosto, um filho ser torturado pelo regime militar que tanto apoiava. Também experimentou uma magra e não cintilante pobreza, assim como uma fama pouco remunerada. As décadas dramáticas enfrentadas por Nelson, assim como as outras histórias trazidas neste especial, nos levam a assumir: a vida muitas vezes ultrapassa o imaginário, o "A vida como ela é...", o absurdo da criação. A vida é um bicho feroz que traz uma enormidade de acontecimentos desconcertantes ao nosso dia a dia, bicho sem freio que altera continuamente nossa noção do que é certo e errado, do que acreditamos ser normal. A vida, enfim, é Nelson. Neste caderno, além do cotidiano atribulado e desafiador do próprio autor (recontado no texto Anti-Nelson Rodrigues), conhecemos mais sobre a história de Severina (em Álbum de família), a mulher que engravidou 12 vezes do próprio pai e que, décadas após ser vítima contínua de sua brutalidade, decidiu matálo. Presa durante um ano, ela voltou para casa, na zona rural de Caruaru, depois de um julgamento que emocionou o Estado (agosto de 2012). Hoje, enfrenta outro drama: lidar com os filhos-irmãos que a amam como mãe, mas detestam como irmã. Há também o relato de uma tragédia que entristeceu o País em 2010, o noivo que, movido por um sentimento delirante e particular, assassinou a noiva durante a festa de casamento, matou um colega e depois cometeu suicídio (no texto Vestido de noiva). Todos estão vivos na mente e no coração machucado de Prazeres, a mãe de Renata, a moça que brindava uma nova vida poucos minutos antes de Rogério sacar o revólver. É Prazeres que, em frente ao túmulo da filha, fala sobre o horrível acontecimento, o dia pelo avesso que ela nunca vai entender. Foram ainda consultados para recompor aquela que ficou conhecida como "a tragédia de Aldeia", advogados, delegados e pessoas presentes na comemoração (garçons, seguranças, convidados). Outra fonte fundamental foi o processo criminal onde estão os depoimentos prestados ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP/ PE). Nele ainda constam, em um saquinho de plástico, as balas que mataram Rogério, Renata e Marcelo. A vida que subverte a ficção também alcança Valéria, a filha de um pescador no interior do Ceará que é a primeira e única juíza de futebol travesti no Brasil (sua história está na matéria Engraçadinha). É uma existência que surpreenderia o próprio Nelson, que via na homossexualidade uma fraqueza, mesmo uma delinquência, algo bastante comum durante o período no qual o autor criou suas obras. É um relato que traz para este especial um pouco das maiores paixões do dramaturgo, o futebol, igualmente paixão e meio de vida de Valéria. Ela convive com outra irmã, Jéssica, também travesti e adoradora de esportes: é atleta de uma seleção masculina de vôlei. Há, fechando o especial, a mulher que procura calar uma infância dramática da qual fizeram parte uma mãe suicida e um pai que a molestou sexualmente para depois ser assassinado quase à sua frente (no texto A falecida). Quer ainda superar uma família para quem sempre foi invisível. Em vez de um compreensível enclausuramento por conta das violências sofridas, Francisca recorreu a si mesma para ser exemplo daquilo o que não quer na vida: ser uma extensão dos pais que se foram tão violentamente. Seu objetivo maior é manter-se viva por meio da delicadeza que sempre lhe foi negada.
Anais Compós, 2020
Se entendemos o jornalismo como uma área do saber, o que dizer do nosso desconhecimento sobre a Á... more Se entendemos o jornalismo como uma área do saber, o que dizer do nosso desconhecimento sobre a África, aquela que povoou fortemente o Brasil, segunda maior população negra do mundo? A partir da pergunta-título e utilizando a mesma como mote, refletimos sobre os limites que levam o jornalismo, seja em seu aspecto teórico ou prático, a não trazer de maneira mais íntegra e integral negros e negras historicamente enquadrados em tipos específicos. Entendemos que é momento desse campo realizar uma crítica a partir de dentro e de sua própria epistemologia, realizando o que Villanueva (2018) chama de intervenção descolonial, capaz de fissurar a "in-comunicación", aquela que reprimiu culturas, classificou pessoas e fixou padrões excludentes de produção do conhecimento. A essa proposta descolonial se junta o jornalismo de subjetividade, no qual se busca narrar um "outro" não exotificado/fetichizado, um jornalismo que não se assume como neutro ou nega o apagamento da produtora ou do produtor da narrativa.
Anais Compós , 2019
Neste artigo propomos uma discussão sobre como a noção de objetividade jornalística prevalente se... more Neste artigo propomos uma discussão sobre como a noção de objetividade jornalística prevalente se constitui a partir das estruturas epistêmicas do sistemamundo capitalista, patriarcal, ocidental, moderno. Através dos estudos decoloniais e feministas, entendemos que a reprodução das ideologias, como a do machismo, e do racismo, no jornalismo se dá informada por uma racionalidade colonizadora limitante para a compreensão da alteridade. Tal racionalidade tem em seu cerne a noção de objetividade permeada pelo ideário falacioso da neutralidade e impregnada por valores sociais dominantes. Para essa discussão, trazemos alguns exemplos do quanto essa condição de pensamento incide nos valores-notícia e é partícipe do processo de desumanização de parcelas expressivas da população, relegando-as às margens não apenas do jornalismo, mas das sociedades das quais são parte. Sugerimos que uma prática jornalística que preveja a subjetividade pode ser uma ferramenta para a descolonização do Jornalismo.
Radiofonias - revista de estudos de rádio e mídia sonora, 2024
A dramatização no rádio nos seus primórdios vinculou-se a interesses publicitários e ... more A dramatização no rádio nos seus primórdios vinculou-se a interesses publicitários e era direcionada, sobretudo, ao público feminino, potencial comprador dos produtos patrocinadores. A maioria dessas radiodramatizações girava em torno de conflitosamorosos.Contemporaneamente, essas radionovelas passam por mudanças: trazem novas temáticas e voltam-se para diferentes audiências como,por exemplo, movimentos sociais. São veiculadas no rádio, mas também se expandem para as redes sociais. A proposta deste textoé refletir sobre formas, também jornalísticas, de informar, tomando como objeto radionovelas realizadas em um curso de Comunicação de uma universidade federal nordestina. Como metodologia, foi feita uma revisão bibliográfica e crítica, além da descrição do estudo de caso. Um dos pontos que o trabalho evidencia é a possibilidade dessas produções incorporarem princípios do jornalismo, como apuração, checagem de fontes, interesse e relevância, todos mesclados a elementos ficcionais.
Brazilian Journalism Research, 2023
In this article we initially problematize the terms activist/militant/ engaged and how they shoul... more In this article we initially problematize the terms activist/militant/ engaged and how they should also be included to qualify the Brazilian commercial press. We then perform a theoretical contrast of these terms and propose the idea that political positioning is being practiced in newsrooms, which they may also not announce. The research is based on a bibliographic review and critical analysis of elements of journalistic objectivity. We point, in the end, to a reflective practice (announced or not) that collaborates for a necessary greater democratic density in the Brazilian press.
Anais Compós 2023, 2023
A dramatização no rádio nos seus primórdios vinculou-se a interesses publicitários e era direcion... more A dramatização no rádio nos seus primórdios vinculou-se a interesses publicitários e era direcionada, sobretudo, ao público feminino, potencial comprador dos produtos patrocinadores. A maioria dessas radiodramatizações girava em torno de conflitos amorosos. Contemporaneamente, essas radionovelas passam por mudanças: trazem novas temáticas e voltam-se para diferentes audiências, como por exemplo, movimentos sociais. São veiculadas no rádio, mas também expandem-se para as redes sociais. A proposta deste texto é refletir sobre formas, também jornalísticas, de informar, tomando como objeto radionovelas realizadas em um curso de Comunicação de uma universidade federal nordestina. Como metodologia, foi feita uma revisão bibliográfica e crítica, além da descrição do estudo de caso. Um dos pontos que o trabalho evidencia é a possibilidade dessas produções incorporarem princípios do jornalismo, como apuração, checagem de fontes, interesse e relevância, todos mesclados a elementos ficcionais.
Brazilian Journalism Research, 2023
Este artigo problematiza, inicialmente, como os termos ativista/militante/ engajado também devem ... more Este artigo problematiza, inicialmente, como os termos ativista/militante/ engajado também devem qualificar a imprensa comercial brasileira. Depois, realiza uma distinção teórica dos termos citados e busca avançar na ideia de posicionamento como uma prática política possível em redações variadas, podendo também não ser declarada. A pesquisa se baseia em revisão bibliográfica e análise crítica que tensiona elementos da objetividade jornalística. Apontamos, no final, para uma prática reflexiva (anunciada ou não) que colabore para uma necessária maior densidade democrática na imprensa brasileira.
Extraprensa, Aug 19, 2019
O jornalismo foi criado, desenvolvido e reproduzido em uma sociedade desigual, marcada por questõ... more O jornalismo foi criado, desenvolvido e reproduzido em uma sociedade desigual, marcada por questões como o racismo, o classismo e o machismo. Dessa maneira, historicamente, contribuiu frequentemente para a reprodução desses fenômenos. Porém, usando o manto da objetividade, neutralidade e isenção, esse campo do conhecimento se notabilizou como lugar da verdade, da mediação confiável. Neste artigo, discutimos como esse manto, agora esgarçado, não dá conta de uma série de questões que receberam mais visibilidade nos últimos anos e tornaram possível revelar alguns dos limites dessa falsa objetividade jornalística. Propomos explorar o que chamamos de jornalismo de subjetividade como um instrumento que subverte critérios da noticiabilidade, amplia espaço para novas (ou sufocadas) representações e que pode se assumir ativista sem que haja uma recusa da apuração profunda e da checagem de dados. Entendemos, assim, a subjetividade como caminho para um jornalismo mais íntegro e integral.
METAgraphias, Dec 31, 1969
Foi a terceira vez que Fernanda rodou. Acusaram: tinha trinta e seis pedras de crack. Ela diz: nã... more Foi a terceira vez que Fernanda rodou. Acusaram: tinha trinta e seis pedras de crack. Ela diz: não tinha. Foram plantadas. Nunca traficou. Extorquiu, e por isso foi presa duas vezes. Tráfico, não. Encaminharam para o Cotel e depois para o Frei Damião de Bozzano.
Estudos Semióticos, Sep 14, 2016
Co r p o e f i g u r i n o n a c o n s t r u ç ã o d a i ma g e m d e Mi c h e l l e Me l o • Ami... more Co r p o e f i g u r i n o n a c o n s t r u ç ã o d a i ma g e m d e Mi c h e l l e Me l o • Ami l c a r Al me i d a Be z e r r a (UF P E) * Da n i e l a Ne r y Br a c c h i (UF P E) * * F a b i a n a Mo r a e s (UF P E) * * * Ama nd a Da ni e l l e d e L i ma Si l v a (UF P E) * * * * Re s u mo : Es t e a r t i g o t e m c o mo o b j e t i v o i d e n t i f i c a r q ua i s s e n t i d o s s ã o p r o d uz i d o s , n e g o c i a d o s e t e n s i o n a d o s n a p e r f o r ma n c e p o p d a c a n t o r a Mi c he l l e Me l o , ma i s e s p e c i f i c a me nt e na c o ns t r uç ã o d e s ua i ma g e m p o r me i o d o c o r p o e d o f i g ur i no. Co n h e c i d a n o c e n á r i o b r e g a-p o p d o s s ub úr b i o s r e c i f e ns e s , Mi c h e l l e a g e n c i a múl t i p l a s r e f e r ê n c i a s n a c o ns t r uç ã o d e uma i ma g e m públ i c a de f o r ç a e s e ns ua l i da de pa r a s e u públ i c o c o ns umi do r , t o r na ndo-s e pe r s o na g e m e mbl e má t i c a a i l us t r a r d i l e ma s p r ó p r i o s à s c o nd i ç õ e s d e v i d a e a o s a ns e i o s d e s ua c a ma d a s o c i a l. Pa l a v r a s-c ha v e : mo da , c o r po , f i g ur i no , br e g a-po p. * * * Do ut o r a e m So c i o l o g i a p e l a Uni v e r s i d a d e Fe d e r a l d e P e r na mb uc o , p r o f e s s o r a a d j unt a d o Núc l e o d e De s i g n e Co muni c a ç ã o d o Ce nt r o Ac a d ê mi c o d o Ag r e s t e d a Uni v e r s i d a d e F e d e r a l d e P e r na mb uc o .
Alceu, Sep 29, 2021
A perspectiva ativista foi historicamente refutada por aquele que se notabilizou como o “bom jorn... more A perspectiva ativista foi historicamente refutada por aquele que se notabilizou como o “bom jornalismo”, este embebido pela ideia de objetividade. De acordo com o que é considerado senso comum, o ativismo macula ideologicamente o conteúdo noticioso, percepção também expressada nas publicações de jornalistas em redes sociais. A partir da ideia de um jornalismo de subjetividade, fazemos aqui uma reflexão sobre uma prática ativista que não se esconde como tal e que pode estar presente não só no que se entende como jornalismo independente/alternativo, mas ainda nas grandes empresas. Esta tomada de posição se dá, entre outros marcadores, pela reflexão sobre o próprio campo, pela não exotificação do outro e pela atuação de uma profissional que se sabe não neutra. Fazemos ainda uma análise das práticas jornalísticas associadas a uma “sensibilidade hacker” (RUSSEL, 2017), que pode e deve estar presente para além do uso de aparatos tecnológicos.
Sertão - 36º Panorama da Arte Brasileira (catálogo MAM), 2019
Sertão é palavra de origem desconhecida. Na língua portuguesa, há registros de sua existência des... more Sertão é palavra de origem desconhecida. Na língua portuguesa, há registros de sua existência desde o século XV. Quando aqui aportaram, os colonizadores já trouxeram consigo o termo, usando-o para designar o território vasto e interior, que não podia ser percebido da costa. Desde então, a esse vocábulo atribuem-se diversos sentidos, sem nunca ser fixado numa ideia pacificada. É constituído, inclusive, por oposições: pode referir-se à floresta e ao descampado, ao lugar deserto e também ao povoado, àquilo que é próximo e ermo. Qualifica o visível e o desconhecido, trata da aridez e da fertilidade, do inculto e do cultivado.
Ainda que tenha chegado ao Brasil na caravela, sertão não cessa de se insurgir contra o colonialismo e de escapar de seus desígnios. Mantém sua potência de invenção, não se rende aos monopólios dos saberes patriarcais, exige novos pactos sociais, desierarquiza sua relação com a natureza, reverencia o mistério, festeja. Sertão é, antes e depois de tudo, experimentação e resistência, qualidades fundamentais para viver a arte e que nos trazem a este 36º Panorama da Arte Brasileira.
Narrativas midiáticas contemporâneas: perspectivas metodológicas, 2019
Ao cumprir a função de nos chamar a todos para estarmos ativos e atentos ao processo de consolida... more Ao cumprir a função de nos chamar a todos para estarmos ativos e atentos ao processo de consolidação dos estudos da narrativa no campo das mídias, este livro também nos diz que o tempo que hoje experimentamos não é somente o tempo das convergências. Ele é, antes de tudo – e é aí que está a sua força –, um enredamento de muitas espacialidades e temporalidades dissonantes e em constante estado de confronto. Enfrentar a narrativa como um problema é saber desta dimensão complexa, pois é também nela que as lutas são travadas. Por esta razão, do meu ponto de vista, os estudos da narrativa – do qual este livro agora é cúmplice –, quando afetados pelos desafios que nos são postos pelo ato de narrar no mundo, evocam um gesto político e estético de fundamental importância para o avanço das nossas pesquisas nos campos da comunicação e do jornalismo”. (Excerto do prefácio “Narrar no mundo: um desafio de nossos tempos”, de Fernando Resende (UFF)
Narrativas Midiaticas Contemporaneas - Epistemologias Dissidentes, 2020
“(…) quarto livro-coletânea produzido no âmbito da Rede de Pesquisa Narrativas Midiáticas Contemp... more “(…) quarto livro-coletânea produzido no âmbito da Rede de Pesquisa Narrativas Midiáticas Contemporâneas (Renami), vinculada à Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo. São 45 autores e autoras, que escreveram os 27 capítulos reunidos neste livro (em formato e-book), que abordam diferentes noções hegemônicas presentes em narrativas da comunicação (ficcionais e não ficcionais), frequentemente pacificadas e normalizadas, que aqui são tensionadas e desafiadas. O grande número de pesquisas e reflexões sobre as narrativas da atualidade, com autores e autoras de todas as regiões do Brasil, indicam a premência desse tipo de estudo que, de certa forma, só ganha sentido se conseguirmos a reverberação e o compartilhamento do material aqui exposto”.
Participo com o capítulo A SUBJETIVIDADE COMO UMA PROPOSTA DE DECOLONIZAÇÃO DO JORNALISMO BRASILEIRO
Pesquisa em comunicação jornalismo raça e gênero , 2021
E-book organizado por Aquinei Timóteo, Francielle Modesto e Wagner Costa Sumário PREFÁCIO.......... more E-book organizado por Aquinei Timóteo, Francielle Modesto e Wagner Costa
Sumário
PREFÁCIO...................................................................................7
Fernanda Salvo
APRESENTAÇÃO..................................................................... 10
Francielle Maria Modesto Mendes, Francisco Aquinei Timóteo Queirós,
Wagner da Costa Silva
POR UM JORNALISMO DE CULTURA
POP FEMINISTA: GÊNERO E RAÇA
NAS CRÍTICAS SOBRE PANTERA NEGRA........................... 12
Christian Gonzatti
INTERSECCIONALIDADE COMO
PERSPECTIVA DE ABORDAGEM
SOBRE VIOLÊNCIA DE GÊNERO
DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19................................26
Maria Clara Aquino Bittencourt
A MULHER SEM NUANCES: A
REPRESENTAÇÃO DA “NOVINHA” NO
MUNDO DO FUNK................................................................... 41
Wagner da Costa Silva
RACISMO E CRÍTICA JORNALÍSTICA
NAS COLUNAS DE OMBUDSMAN DA
FOLHA DE S. PAULO (1989-2020).............................................50
Diana de Azeredo
“NÃO SOU RACISTA, MINHA OBRA
PRO VA”: UMA REFLEXÃO SOBRE
JORNALISMO E RACISMO NO BRASIL................................63
Francielle Maria Modesto Mendes, Francisco Aquinei Timóteo Queirós
UM ESTUDO SOBRE A COBERTURA
DA QUINZENA DA MULHER NEGRA
NO SITE NOTÍCIAS DO ACRE................................................... 77
Jaine Araújo da Silva, Francielle Maria Modesto Mendes
ONDE ESTÁ RU ANDA NO MAPA?
DECOLONIALIDADE, SUBJETIVIDADE
E O RACISMO EPISTÊMICO DO JORNALISMO...................94
Marcia Veiga da Silva, Fabiana Moraes
“ARMATO DI CARNAGIONE”:
CHROM ATIC REGIMES OF RACIAL
PRO FILING IN THE ITALIAN PRESS.................................. 110
Marcello Mess ina, Stefania Capogreco
A SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
NO COLUNISMO SOCIAL ACREANO:
UMA PAUTA INVISÍVEL........................................................ 125
Pâmela Ferreira da Silva
LADO A LADO – TELENOVELA,
ESTEREÓTIPOS, IDENTIDADES:
LEITURA DA REPRESENTAÇÃO DO
‘NAVIO NEGREIRO ’............................................................... 139
Guilherme Moreira Fernandes
Nabuco em Pretos e Brancos, 2012
um olhar dialético sobre o abolicionista e o racismo de um país onde o status embranquece negros ... more um olhar dialético sobre o abolicionista e o racismo de um país onde o status embranquece negros e, quando ausente, escurece a pele alva.Fruto de parceria entre a Fundação Joaquim Nabuco e o Jornal do Commercio, o livro tem origem em premiada reportagem que, em 2011, arrebatou os prêmios Cristina Tavares de Jornalismo e o Embratel de Cultura. A matéria que deu origem ao livro foi publicada em 2010, quando do transcurso do Ano Nacional Joaquim Nabuco, em caderno especial duplo nas páginas do Jornal do Commercio. Além de textos da própria Fabiana, "Nabuco em pretos e brancos" conta com artigos dos especialistas Ricardo Salles, Humberto França, Adriana Maria Paulo da Silva, Marc Hoffnagel e Marcelo Paixão. Também colaboraram a designer Andréa Aguiar, que responde pelo projeto gráfico, Heudes Régis (fotografia), Pedro Melo (lustração), a bibliotecária Lúcia Gaspar, da Fundaj, que traduziu carta em inglês de autoria de Joaquim Nabuco, e o consultor lingüístico Laércio Lutibergue (revisão).
publicação realizada na ocasião dos dez anos do Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo do Minis... more publicação realizada na ocasião dos dez anos do Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo do Ministério Público de Pernambuco, no desafio de visibilizar uma questão fundamental e pouco discutida, o racismo institucional. Além de existirem poucas publicações sobre o tema no país, o ineditismo da obra se expressa no amplo diálogo que o livro desenvolve, ao explicitar a presença do racismo institucional em áreas diversas. Outro ponto de destaque é a narrativa da rica atuação desse GT, que mostra as potencialidades e os limites da ação de um grupo mobilizado, a partir de uma instituição. O livro é fruto de uma densa pesquisa e dialoga com dados produzidos por trabalhos acadêmicos e políticas públicas para fazer um notável percurso histórico de como o racismo institucional se construiu e se perpetua no país, com foco na população afrodescendente. Faz ainda um compilado das políticas afirmativas que vêm se fortalecendo ao longo dos anos, nos mostrando caminhos, limites e possibilidades.