Lívia Reis Santos | Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (original) (raw)
Tese de Doutorado/Thesis by Lívia Reis Santos
Tese de Doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2018
Artigos / Articles by Lívia Reis Santos
Debates do NER, 2021
Neste artigo, parto de duas controvérsias públicas envolvendo os “evangélicos” e Bolsonaro no iní... more Neste artigo, parto de duas controvérsias públicas envolvendo os “evangélicos” e Bolsonaro no início da pandemia do Covid-19 para pensar a heterogeneidade deste segmento religioso e as disputas em torno da representação do Brasil como uma nação cristã. Demonstro, também, como atos religiosos ordinários, como jejuns, orações, doações e assistência social tiveram sua dimensão política evidenciada, questionada e disputada por diferentes atores em tempos extraordinários. Sugiro, ainda, que a ruptura provocada pelo novo coronavírus revelou a urgência de se considerar as diferentes formas de se viver a religião para além das grandes igrejas, incluindo aquelas digitalmente mediadas. Por fim, argumento que a observação das práticas cotidianas dos fiéis é fundamental para complexificar as análises sobre crentes e acompanhar as transformações em curso no campo religioso brasileiro.
Religião & Sociedade, 2021
Introdução ao dossiê Religiões e Raça, publicado pela Revista Religião & Sociedade, organizado po... more Introdução ao dossiê Religiões e Raça, publicado pela Revista Religião & Sociedade, organizado por Lívia Reis e Jacqueline Teixeira.
Religião & Sociedade, 2021
Introdução do Dossiê Processos de Conversão Religiosa, publicado pela Revista Religião & Sociedad... more Introdução do Dossiê Processos de Conversão Religiosa, publicado pela Revista Religião & Sociedade, organizado por César Pinheiro Teixeira, Christina Vital da Cunha, Diogo da Silva Corrêa e Lívia Reis.
New Directions in the Anthropology of Christianity, 2021
Webdossiê Henrich Boll Stiftung - Rio de Jeneiro, 2021
Não é de hoje que o presidente vem afinando as relações com líderes religiosos e políticos cristã... more Não é de hoje que o presidente vem afinando as relações com líderes religiosos e políticos cristãos. Durante a campanha eleitoral, conseguiu reunir a seu favor lideranças evangélicas e católicas. Confirmada a vitória, o segmento evangélico tornou-se uma importante base de apoio política, ins-titucional e popularmente. Nada disso é novidade, mas a confirmação nas urnas de Jair Bolsonaro como presidente produziu rearranjos na já complexa presença pública da religião e ajudou a revelar as novas e velhas estratégias de legitimação da ideia do Brasil como uma nação cristã que deve ser pautada por moralidades e valores cristãos.
Revista Aceno - Revista de Antropologia do Centro-Oeste, 2020
Resumo: Tendo como base o trabalho de campo realizado junto a crentes da Igreja Universal do Rein... more Resumo: Tendo como base o trabalho de campo realizado junto a crentes da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Maputo, capital de Moçambique, este artigo reflete sobre alguns deslocamentos impostos ao pesquisador no decorrer do fazer etnográfico. Partindo de três diferentes etapas da pesquisa, o trabalho de campo, a construção do objeto e o tempo da escrita, demonstro como a experiência de apren-dizado com jovens crentes-comumente percebidos a partir de uma alteridade re-pugnante-revelou um jogo de ambivalências e situações inesperadas que coloca-ram em xeque minha identidade negra e, consequentemente, a percepção das rela-ções de poder entre mim e eles. Demonstro, ao final, o rendimento analítico trazido pela opção de apreender a "religião" em movimento, a importância do distancia-mento do campo para que eu pudesse perceber os diferentes sentidos dos desloca-mentos e os efeitos epistemológicos dessas constantes negociações para a produção antropológica.
Revista de Antropologia USP, 2019
A partir do trabalho de campo realizado entre jovens crentes da Igreja Universal do Reino de Deus... more A partir do trabalho de campo realizado entre jovens crentes da Igreja Universal do Reino de Deus em Maputo, capital de Moçambique, este artigo analisa os elementos que articulam a igreja, os fiéis e o partido governante, a Frelimo, em torno de uma comunidade de pertencimento chamada Família Universal Moçambique. Como ponto de partida, o texto realiza uma "análise de situação social" da primeira visita oficial de um Presidente da República à sede nacional da IURD, um evento público que reuniu fiéis, não fiéis, lideranças religiosas e políticas durante a campanha eleitoral de 2014. Além deste evento, apresenta dados sobre a religião vivida cotidianamente pelos crentes e o posicionamento institucional da IURD no contexto moçambicano, ora incorporando, ora demonizando determinados aspectos da cultura local. Ao final, demonstra como a identidade iurdiana era acionada na construção de uma noção específica de ser moçambicano, quais moralidades estavam sendo disputadas como legítimas e o ideal de sociedade que se reivindicava discursiva e ativamente a partir do pertencimento religioso.
Revista Intratextos, 2013
O crescimento acelerado das religiões "neopentecostais" e sua participação cada vez mais incisiva... more O crescimento acelerado das religiões "neopentecostais" e sua participação cada vez mais incisiva no espaço público brasileiro vêm, cada vez mais, suscitando questionamentos acerca do comportamento eleitoral da parcela da população cuja crença é identificada como "evangélica". No entanto, a representação patológica e estigmatizada constantemente associada aos evangélicos pela mídia, pelo senso comum e até mesmo pela Academia dificulta a compreensão da real complexidade deste fenômeno, num universo onde as fronteiras entre política e religião são bastante permeáveis. Neste sentido, o presente trabalho introduz uma reflexão acerca da articulação entre fiéis, igrejas, políticos e o voto, e, utilizando-se de dados etnográficos, insere nesta discussão considerações sobre cultura política e relações de confiança como fatores potencialmente determinantes na escolha de um candidato, para, assim, tentar afastar eventuais conclusões utilitárias ou reducionistas. PALAVRAS-CHAVE: evangélicos, comportamento eleitoral, voto de adesão. Recebido em: outubro de 2012
Livros/Books by Lívia Reis Santos
Religião e Voto: uma fotografia das candidaturas com identidade religiosa nas Eleições 2020, 2022
O Instituto de Estudos da Religião (ISER) coloca à disposição do público os resultados da pesquis... more O Instituto de Estudos da Religião (ISER) coloca à disposição do público os resultados da pesquisa “Religião e Voto: uma fotografia das candidaturas com identidade religiosa nas Eleições 2020”. O conteúdo, com dados abertos para download, analisa as formas pelas quais candidatos ao poder Legislativo mobilizaram sua identidade religiosa nas campanhas para as Eleições 2020 em oito capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife, Belém e Goiânia.
Os dados produzidos foram obtidos por meio do monitoramento e da análise das mídias sociais de candidatos ao Legislativo dessas cidades e buscou identificar, entre mais de 10 mil candidaturas, aquelas que tinham algum vínculo ou identidade religiosa. Mais do que analisar isoladamente os casos acompanhados, observar todo o conjunto de dados permitiu que o ISER: 1) identificasse as especificidades dos processos eleitorais nas diferentes cidades – incluindo as alianças estabelecidas local, estadual e nacionalmente e; 2) explicitasse como o “religioso” apareceu, em suas múltiplas formas, como elemento mobilizador de plataforma eleitorais nas disputas por cargos eletivos.
As mais de 800 páginas que reúnem todos estes resultados estão disponíveis para acesso livre, nos dois volumes do e-book “Religião e Voto: uma fotografia das candidaturas com identidade religiosa nas Eleições 2020”, que podem ser baixados nos links a seguir.
VOLUME 1:
https://drive.google.com/file/d/1O6-tz2LtrlOJz7DhtnkS_avNNSHI07fy/view
VOLUME 2: https://drive.google.com/file/d/1O6-tz2LtrlOJz7DhtnkS_avNNSHI07fy/view
Capítulos de Livro/Book Chapters by Lívia Reis Santos
ANPOCS, 2020
Version française de MENEZES; REIS - Religião e Covid: notas sobre Cristianismos.
Doces Santos: devoções a Cosme e Damião, 2020
Este texto aborda a forma como cristãos pentecostais e neopentecostais se relacionam com a Festa ... more Este texto aborda a forma como cristãos pentecostais e neopentecostais se relacionam com a Festa de São Cosme e Damião no Rio de Janeiro. É fruto da pesquisa "Doces Santos", coordenada por Renata Menezes no PPGAS/Museu Nacional/UFRJ.
Link para download do livro:
https://ludens.museunacional.ufrj.br/publicacoes/Doces_Santos.pdf
Cientistas Sociais e o Coronavírus, 2020
Resenhas/Book Reviews by Lívia Reis Santos
Revista Mundaú, 2020
"Como as coisas importam: uma abordagem material da religião", compilação de seis textos escritos... more "Como as coisas importam: uma abordagem material da religião", compilação de seis textos escritos por Birgit Meyer entre 2009 e 2015, é, inegavelmente, uma referência obrigatória para interessados em pesquisar religião e cultura material, mas não será esse o destaque desta resenha. Uma breve passagem da entrevista que encerra o livro e que poderia passar despercebida por um leitor mais desatento acaba sendo, ironicamente, a síntese mais fiel do que representa a produção antropológica da autora. Nela, Meyer revela como a experiência em campo na África-quando ainda era estudante de estudos pedagógicos e religiosos-foi crucial não apenas para que ela se tornasse antropóloga, mas também para que assumisse posições e argumentos teóricos ao longo de sua carreira. Na sequência, relembra as palavras de Johannes Fabian, seu orientador na Universidade de Amsterdã, onde se doutorou, sobre como a antropologia "depende de encontros, conversas e trocas entre antropólogos e seus interlocutores" (p. 283). Embora possa parecer trivial, não resta nenhuma dúvida de que Meyer levou à sério o conselho-e não é por acaso que dele ainda se lembre-, e seus resultados podem ser vistos neste que, embora não se proponha a ser, pode ser lido como um manual didático sobre como fazer boa antropologia. De escrita simples e leitura fluida, os textos demonstram a relevância da interdisciplinaridade e da pesquisa empírica para a produção de teoria antropológica, com especial destaque para os trabalhos de pesquisa feitos coletivamente. Ensinam, ainda, que um bom trabalho de campo exige respeito aos nossos interlocutores, o que envolve saber perguntar, sentir, observar e ouvir-aquilo que é dito e também o que não é-e que devemos estabelecer interlocuções sérias com nossos pares antropólogos. A mensagem final, ainda que óbvia, não deve deixar de ser lembrada: o fazer antropológico não se realiza sozinho. Isso fica claro, por exemplo, quando Meyer trabalha com dados de campo de seus colegas de pesquisa, ou, então, quando dialoga com autores como Marett e Durkheim-assumindo que textos clássicos devem ser recuperados desde que situados histórica e criticamente-ou com seus contemporâneos Mathew Engelke e Webb Keane, incorporando seus conceitos e discussões quando eles se mostram ferramentas necessárias. Como se não bastasse, explicita as questões suscitadas pelo próprio campo e se preocupa constantemente em situar seus argumentos não apenas nos debates sobre antropologia da religião, mas na história da antropologia.
Revista Mana, 2017
Resenha publicada na revista Mana sobre o livro "Violent Conversions. Brazilian Pentecostalism an... more Resenha publicada na revista Mana sobre o livro "Violent Conversions. Brazilian Pentecostalism and Urban Women in Mozambique", de Linda Van de Kamp, em 2017.
Programas de curso/Teaching Documents by Lívia Reis Santos
Curso ministrado no PPGAS/MN, 2019
O curso apresenta reflexões sobre as relações entre coisas e pessoas, a partir de uma literatura ... more O curso apresenta reflexões sobre as relações entre coisas e pessoas, a partir de uma literatura que trata de materialidades, matéria, objetos, cultura material, coisas. Temos procurado acompanhar desde 2010 essas discussões, sistematizadas através de cursos ministrados em 2010/1; 2012/1; 2017/1, nos quais articulavam-se os debates às pesquisas desenvolvidas no Grupo de Pesquisa em Antropologia da Devoção e no Laboratório de Antropologia do Lúdico e do Sagrado do PPGAS/MN, explorando tensões ou ambivalências entre o material e o imaterial no estudo de festas e rituais e nos objetos (ou coisas) considerados como "religiosos", "folclóricos", "étnicos", ou "da cultura popular". Nesse movimento, discutia-se a propriedade da idéia de uma "virada material" (material turn) na Antropologia, em meio a outros tantos turns que têm marcado a disciplina desde os anos 1980. Começávamos a explorar, ainda, as potencialidades do conceito de cidadania patrimonial (Lima Fo., 2015; desdobrado em Lima Fo., Porto, 2019). No entanto, o incêndio do Museu Nacional em 2 de setembro de 2018, que destruiu a maior parte de suas coleções (inclusive o acervo do GPAD/Ludens) espalhou as reflexões para outras searas. Além da aproximação à Antropologia do Desastre, explorada pelo prof. Edmundo Pereira em seu curso de 2019/1, abrimo-nos à cooperação com pesquisadores franceses que têm se dedicado a explorar o conceito de emoção patrimonial para tratar de situações em que grupos, nações, pessoas se sentem afetadas pela perda de seu patrimônio. É para a compreensão do lugar que as coisas-e mais ainda, que as coisas perdidas-podem ter na afetação de memórias, sensibilidades, identidades e visões de mundo, e nas disputas políticas pelo direito a essas coisas, que dedicaremos parte de nossas leituras. Inclusive porque, parafraseando o poeta T. S. Eliot em The Waste Land (1922), foi « com tais fragmentos que escorei minhas ruínas ».
Curso ministrado no PPGAS/MN, 2018
O curso visa apresentar alguns debates e linhas interpretativas contemporâneos a respeito de fenô... more O curso visa apresentar alguns debates e linhas interpretativas contemporâneos a respeito de fenômenos comumente classificados de religiosos. Trata-se, portanto, de uma proposta de mapeamento de autores e questões para o desenvolvimento de novas pesquisas sobre o tema.
Papers by Lívia Reis Santos
40º Encontro Anual da ANPOCS, 2016
Numa tentativa de lançar luz sobre os desdobramentos da (re)construção do lugar do religioso em M... more Numa tentativa de lançar luz sobre os desdobramentos da (re)construção do lugar do religioso em Moçambique, analiso neste texto o “Saiba dizer não!”, um evento promovido pela Força Jovem Universal na Praça da
Independência em Maputo, capital do país. Divulgado como um “movimento social” de alerta aos jovens sobre os efeitos negativos de determinadas “escolhas”– drogas, sexo, violência etc. –, o projeto contou com a presença de pastores, músicos moçambicanos, membros do partido governista e reuniu aproximadamente dez mil pessoas num domingo. É importante destacar que o Moçambique enfrenta hoje, em variados aspectos, profundas dificuldades resultantes do imbricamento de acontecimentos históricos significativos. A Igreja Universal chega ao país em 1992, mesmo ano da assinatura do Acordo de Paz que deu fim à guerra, prometendo milagres e prosperidade a quem tem fé. A partir dos discursos dos pastores, das reivindicações realizadas, das falas dos jovens e das atividades promovidas durante o dia na principal praça pública da cidade, levanto algumas reflexões sobre a noção de espaço público, sobre quais moralidades estão sendo disputadas como legítimas e o ideal de sociedade que está sendo construído discursiva e ativamente a partir do
pertencimento à IURD.
Tese de Doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2018
Debates do NER, 2021
Neste artigo, parto de duas controvérsias públicas envolvendo os “evangélicos” e Bolsonaro no iní... more Neste artigo, parto de duas controvérsias públicas envolvendo os “evangélicos” e Bolsonaro no início da pandemia do Covid-19 para pensar a heterogeneidade deste segmento religioso e as disputas em torno da representação do Brasil como uma nação cristã. Demonstro, também, como atos religiosos ordinários, como jejuns, orações, doações e assistência social tiveram sua dimensão política evidenciada, questionada e disputada por diferentes atores em tempos extraordinários. Sugiro, ainda, que a ruptura provocada pelo novo coronavírus revelou a urgência de se considerar as diferentes formas de se viver a religião para além das grandes igrejas, incluindo aquelas digitalmente mediadas. Por fim, argumento que a observação das práticas cotidianas dos fiéis é fundamental para complexificar as análises sobre crentes e acompanhar as transformações em curso no campo religioso brasileiro.
Religião & Sociedade, 2021
Introdução ao dossiê Religiões e Raça, publicado pela Revista Religião & Sociedade, organizado po... more Introdução ao dossiê Religiões e Raça, publicado pela Revista Religião & Sociedade, organizado por Lívia Reis e Jacqueline Teixeira.
Religião & Sociedade, 2021
Introdução do Dossiê Processos de Conversão Religiosa, publicado pela Revista Religião & Sociedad... more Introdução do Dossiê Processos de Conversão Religiosa, publicado pela Revista Religião & Sociedade, organizado por César Pinheiro Teixeira, Christina Vital da Cunha, Diogo da Silva Corrêa e Lívia Reis.
New Directions in the Anthropology of Christianity, 2021
Webdossiê Henrich Boll Stiftung - Rio de Jeneiro, 2021
Não é de hoje que o presidente vem afinando as relações com líderes religiosos e políticos cristã... more Não é de hoje que o presidente vem afinando as relações com líderes religiosos e políticos cristãos. Durante a campanha eleitoral, conseguiu reunir a seu favor lideranças evangélicas e católicas. Confirmada a vitória, o segmento evangélico tornou-se uma importante base de apoio política, ins-titucional e popularmente. Nada disso é novidade, mas a confirmação nas urnas de Jair Bolsonaro como presidente produziu rearranjos na já complexa presença pública da religião e ajudou a revelar as novas e velhas estratégias de legitimação da ideia do Brasil como uma nação cristã que deve ser pautada por moralidades e valores cristãos.
Revista Aceno - Revista de Antropologia do Centro-Oeste, 2020
Resumo: Tendo como base o trabalho de campo realizado junto a crentes da Igreja Universal do Rein... more Resumo: Tendo como base o trabalho de campo realizado junto a crentes da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Maputo, capital de Moçambique, este artigo reflete sobre alguns deslocamentos impostos ao pesquisador no decorrer do fazer etnográfico. Partindo de três diferentes etapas da pesquisa, o trabalho de campo, a construção do objeto e o tempo da escrita, demonstro como a experiência de apren-dizado com jovens crentes-comumente percebidos a partir de uma alteridade re-pugnante-revelou um jogo de ambivalências e situações inesperadas que coloca-ram em xeque minha identidade negra e, consequentemente, a percepção das rela-ções de poder entre mim e eles. Demonstro, ao final, o rendimento analítico trazido pela opção de apreender a "religião" em movimento, a importância do distancia-mento do campo para que eu pudesse perceber os diferentes sentidos dos desloca-mentos e os efeitos epistemológicos dessas constantes negociações para a produção antropológica.
Revista de Antropologia USP, 2019
A partir do trabalho de campo realizado entre jovens crentes da Igreja Universal do Reino de Deus... more A partir do trabalho de campo realizado entre jovens crentes da Igreja Universal do Reino de Deus em Maputo, capital de Moçambique, este artigo analisa os elementos que articulam a igreja, os fiéis e o partido governante, a Frelimo, em torno de uma comunidade de pertencimento chamada Família Universal Moçambique. Como ponto de partida, o texto realiza uma "análise de situação social" da primeira visita oficial de um Presidente da República à sede nacional da IURD, um evento público que reuniu fiéis, não fiéis, lideranças religiosas e políticas durante a campanha eleitoral de 2014. Além deste evento, apresenta dados sobre a religião vivida cotidianamente pelos crentes e o posicionamento institucional da IURD no contexto moçambicano, ora incorporando, ora demonizando determinados aspectos da cultura local. Ao final, demonstra como a identidade iurdiana era acionada na construção de uma noção específica de ser moçambicano, quais moralidades estavam sendo disputadas como legítimas e o ideal de sociedade que se reivindicava discursiva e ativamente a partir do pertencimento religioso.
Revista Intratextos, 2013
O crescimento acelerado das religiões "neopentecostais" e sua participação cada vez mais incisiva... more O crescimento acelerado das religiões "neopentecostais" e sua participação cada vez mais incisiva no espaço público brasileiro vêm, cada vez mais, suscitando questionamentos acerca do comportamento eleitoral da parcela da população cuja crença é identificada como "evangélica". No entanto, a representação patológica e estigmatizada constantemente associada aos evangélicos pela mídia, pelo senso comum e até mesmo pela Academia dificulta a compreensão da real complexidade deste fenômeno, num universo onde as fronteiras entre política e religião são bastante permeáveis. Neste sentido, o presente trabalho introduz uma reflexão acerca da articulação entre fiéis, igrejas, políticos e o voto, e, utilizando-se de dados etnográficos, insere nesta discussão considerações sobre cultura política e relações de confiança como fatores potencialmente determinantes na escolha de um candidato, para, assim, tentar afastar eventuais conclusões utilitárias ou reducionistas. PALAVRAS-CHAVE: evangélicos, comportamento eleitoral, voto de adesão. Recebido em: outubro de 2012
Religião e Voto: uma fotografia das candidaturas com identidade religiosa nas Eleições 2020, 2022
O Instituto de Estudos da Religião (ISER) coloca à disposição do público os resultados da pesquis... more O Instituto de Estudos da Religião (ISER) coloca à disposição do público os resultados da pesquisa “Religião e Voto: uma fotografia das candidaturas com identidade religiosa nas Eleições 2020”. O conteúdo, com dados abertos para download, analisa as formas pelas quais candidatos ao poder Legislativo mobilizaram sua identidade religiosa nas campanhas para as Eleições 2020 em oito capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife, Belém e Goiânia.
Os dados produzidos foram obtidos por meio do monitoramento e da análise das mídias sociais de candidatos ao Legislativo dessas cidades e buscou identificar, entre mais de 10 mil candidaturas, aquelas que tinham algum vínculo ou identidade religiosa. Mais do que analisar isoladamente os casos acompanhados, observar todo o conjunto de dados permitiu que o ISER: 1) identificasse as especificidades dos processos eleitorais nas diferentes cidades – incluindo as alianças estabelecidas local, estadual e nacionalmente e; 2) explicitasse como o “religioso” apareceu, em suas múltiplas formas, como elemento mobilizador de plataforma eleitorais nas disputas por cargos eletivos.
As mais de 800 páginas que reúnem todos estes resultados estão disponíveis para acesso livre, nos dois volumes do e-book “Religião e Voto: uma fotografia das candidaturas com identidade religiosa nas Eleições 2020”, que podem ser baixados nos links a seguir.
VOLUME 1:
https://drive.google.com/file/d/1O6-tz2LtrlOJz7DhtnkS_avNNSHI07fy/view
VOLUME 2: https://drive.google.com/file/d/1O6-tz2LtrlOJz7DhtnkS_avNNSHI07fy/view
ANPOCS, 2020
Version française de MENEZES; REIS - Religião e Covid: notas sobre Cristianismos.
Doces Santos: devoções a Cosme e Damião, 2020
Este texto aborda a forma como cristãos pentecostais e neopentecostais se relacionam com a Festa ... more Este texto aborda a forma como cristãos pentecostais e neopentecostais se relacionam com a Festa de São Cosme e Damião no Rio de Janeiro. É fruto da pesquisa "Doces Santos", coordenada por Renata Menezes no PPGAS/Museu Nacional/UFRJ.
Link para download do livro:
https://ludens.museunacional.ufrj.br/publicacoes/Doces_Santos.pdf
Cientistas Sociais e o Coronavírus, 2020
Revista Mundaú, 2020
"Como as coisas importam: uma abordagem material da religião", compilação de seis textos escritos... more "Como as coisas importam: uma abordagem material da religião", compilação de seis textos escritos por Birgit Meyer entre 2009 e 2015, é, inegavelmente, uma referência obrigatória para interessados em pesquisar religião e cultura material, mas não será esse o destaque desta resenha. Uma breve passagem da entrevista que encerra o livro e que poderia passar despercebida por um leitor mais desatento acaba sendo, ironicamente, a síntese mais fiel do que representa a produção antropológica da autora. Nela, Meyer revela como a experiência em campo na África-quando ainda era estudante de estudos pedagógicos e religiosos-foi crucial não apenas para que ela se tornasse antropóloga, mas também para que assumisse posições e argumentos teóricos ao longo de sua carreira. Na sequência, relembra as palavras de Johannes Fabian, seu orientador na Universidade de Amsterdã, onde se doutorou, sobre como a antropologia "depende de encontros, conversas e trocas entre antropólogos e seus interlocutores" (p. 283). Embora possa parecer trivial, não resta nenhuma dúvida de que Meyer levou à sério o conselho-e não é por acaso que dele ainda se lembre-, e seus resultados podem ser vistos neste que, embora não se proponha a ser, pode ser lido como um manual didático sobre como fazer boa antropologia. De escrita simples e leitura fluida, os textos demonstram a relevância da interdisciplinaridade e da pesquisa empírica para a produção de teoria antropológica, com especial destaque para os trabalhos de pesquisa feitos coletivamente. Ensinam, ainda, que um bom trabalho de campo exige respeito aos nossos interlocutores, o que envolve saber perguntar, sentir, observar e ouvir-aquilo que é dito e também o que não é-e que devemos estabelecer interlocuções sérias com nossos pares antropólogos. A mensagem final, ainda que óbvia, não deve deixar de ser lembrada: o fazer antropológico não se realiza sozinho. Isso fica claro, por exemplo, quando Meyer trabalha com dados de campo de seus colegas de pesquisa, ou, então, quando dialoga com autores como Marett e Durkheim-assumindo que textos clássicos devem ser recuperados desde que situados histórica e criticamente-ou com seus contemporâneos Mathew Engelke e Webb Keane, incorporando seus conceitos e discussões quando eles se mostram ferramentas necessárias. Como se não bastasse, explicita as questões suscitadas pelo próprio campo e se preocupa constantemente em situar seus argumentos não apenas nos debates sobre antropologia da religião, mas na história da antropologia.
Revista Mana, 2017
Resenha publicada na revista Mana sobre o livro "Violent Conversions. Brazilian Pentecostalism an... more Resenha publicada na revista Mana sobre o livro "Violent Conversions. Brazilian Pentecostalism and Urban Women in Mozambique", de Linda Van de Kamp, em 2017.
Curso ministrado no PPGAS/MN, 2019
O curso apresenta reflexões sobre as relações entre coisas e pessoas, a partir de uma literatura ... more O curso apresenta reflexões sobre as relações entre coisas e pessoas, a partir de uma literatura que trata de materialidades, matéria, objetos, cultura material, coisas. Temos procurado acompanhar desde 2010 essas discussões, sistematizadas através de cursos ministrados em 2010/1; 2012/1; 2017/1, nos quais articulavam-se os debates às pesquisas desenvolvidas no Grupo de Pesquisa em Antropologia da Devoção e no Laboratório de Antropologia do Lúdico e do Sagrado do PPGAS/MN, explorando tensões ou ambivalências entre o material e o imaterial no estudo de festas e rituais e nos objetos (ou coisas) considerados como "religiosos", "folclóricos", "étnicos", ou "da cultura popular". Nesse movimento, discutia-se a propriedade da idéia de uma "virada material" (material turn) na Antropologia, em meio a outros tantos turns que têm marcado a disciplina desde os anos 1980. Começávamos a explorar, ainda, as potencialidades do conceito de cidadania patrimonial (Lima Fo., 2015; desdobrado em Lima Fo., Porto, 2019). No entanto, o incêndio do Museu Nacional em 2 de setembro de 2018, que destruiu a maior parte de suas coleções (inclusive o acervo do GPAD/Ludens) espalhou as reflexões para outras searas. Além da aproximação à Antropologia do Desastre, explorada pelo prof. Edmundo Pereira em seu curso de 2019/1, abrimo-nos à cooperação com pesquisadores franceses que têm se dedicado a explorar o conceito de emoção patrimonial para tratar de situações em que grupos, nações, pessoas se sentem afetadas pela perda de seu patrimônio. É para a compreensão do lugar que as coisas-e mais ainda, que as coisas perdidas-podem ter na afetação de memórias, sensibilidades, identidades e visões de mundo, e nas disputas políticas pelo direito a essas coisas, que dedicaremos parte de nossas leituras. Inclusive porque, parafraseando o poeta T. S. Eliot em The Waste Land (1922), foi « com tais fragmentos que escorei minhas ruínas ».
Curso ministrado no PPGAS/MN, 2018
O curso visa apresentar alguns debates e linhas interpretativas contemporâneos a respeito de fenô... more O curso visa apresentar alguns debates e linhas interpretativas contemporâneos a respeito de fenômenos comumente classificados de religiosos. Trata-se, portanto, de uma proposta de mapeamento de autores e questões para o desenvolvimento de novas pesquisas sobre o tema.
40º Encontro Anual da ANPOCS, 2016
Numa tentativa de lançar luz sobre os desdobramentos da (re)construção do lugar do religioso em M... more Numa tentativa de lançar luz sobre os desdobramentos da (re)construção do lugar do religioso em Moçambique, analiso neste texto o “Saiba dizer não!”, um evento promovido pela Força Jovem Universal na Praça da
Independência em Maputo, capital do país. Divulgado como um “movimento social” de alerta aos jovens sobre os efeitos negativos de determinadas “escolhas”– drogas, sexo, violência etc. –, o projeto contou com a presença de pastores, músicos moçambicanos, membros do partido governista e reuniu aproximadamente dez mil pessoas num domingo. É importante destacar que o Moçambique enfrenta hoje, em variados aspectos, profundas dificuldades resultantes do imbricamento de acontecimentos históricos significativos. A Igreja Universal chega ao país em 1992, mesmo ano da assinatura do Acordo de Paz que deu fim à guerra, prometendo milagres e prosperidade a quem tem fé. A partir dos discursos dos pastores, das reivindicações realizadas, das falas dos jovens e das atividades promovidas durante o dia na principal praça pública da cidade, levanto algumas reflexões sobre a noção de espaço público, sobre quais moralidades estão sendo disputadas como legítimas e o ideal de sociedade que está sendo construído discursiva e ativamente a partir do
pertencimento à IURD.
Nexo Políticas Públicas, 2021
Boletim Cientistas Sociais e o Coronavírus, 2020
Renata de Castro Menezes e Lívia Reis (UFRJ) argumentam sobre a relevância de se observar, a part... more Renata de Castro Menezes e Lívia Reis (UFRJ) argumentam sobre a relevância de se observar, a partir das ciências sociais, as respostas religiosas às problemáticas colocadas pela pandemia, chamando atenção para a força política de igrejas e lideranças religiosas, assim como a importância da relação com o sagrado para muitos grupos sociais, especialmente em momentos de crises e incertezas, contestando, também, análises que opõem ciência e religião.
Anthropológicas Podcast, 2020
No décimo programa da série, Cleonardo Maurício (PNPD/PPGA-UFPE), Hugo Menezes (PPGA-UFPE) e Fran... more No décimo programa da série, Cleonardo Maurício (PNPD/PPGA-UFPE), Hugo Menezes (PPGA-UFPE) e Francisco Sá Barreto (PPGA-UFPE) entrevistam Livia Reis, pesquisadora de Pós-doutorado do PPGAS/UFRJ/MN sobre as associações complexas entre religião, conservadorismo e política no Brasil contemporâneo. Este programa e todos os outros estão disponíveis em todas as plataformas de suporte para podcast, bem como no perfil do projeto nas redes sociais. Museológicas Podcast é um programa fomentado pela FACEPE e desenvolvido na UFPE.
IHU Online, 2017
Na entrevista a seguir, as pesquisadoras Livia Reis e Renata Menezes também comentam e avaliam os... more Na entrevista a seguir, as pesquisadoras Livia Reis e Renata Menezes também comentam e avaliam os primeiros sete meses da gestão de Marcelo Crivella à frente da prefeitura municipal do Rio de Janeiro e frisam que “as peças do xadrez carioca são basicamente as mesmas, com algumas mudanças-chave”. De acordo com elas, “ainda que o slogan ‘cuidar das pessoas’ tenha dado o tom da campanha, Crivella assumiu o governo com um discurso de austeridade pautado, principalmente, pela acusação de déficit orçamentário que teria sido deixado pelo governo anterior”. Apesar disso, pontuam, “ao menos nesses primeiros seis meses, ele está sinalizando que vai priorizar investimentos em saúde e educação, ainda que de forma controversa”.
Na avaliação delas, o atual prefeito está “fazendo um poderoso trabalho de base”, que “não é noticiado pela grande mídia”, e tem assumido uma “postura paternalista conectada com a dimensão da responsabilidade e do trabalho a qualquer preço e a qualquer momento, preocupação única de Crivella em seus esforços por transformar o Rio na experiência-modelo do projeto da Igreja Universal do Reino de Deus - IURD e que pode ou não levar adiante tal projeto”.
Revista De Antropologia, 62(3), 584 - 609., 2019
EA partir do trabalho de campo realizado entre jovens crentes da Igreja Universal do Reino de Deu... more EA partir do trabalho de campo realizado entre jovens crentes da Igreja Universal do Reino de Deus em Maputo, capital de Moçambique, este artigo analisa os elementos que articulam a igreja, os fiéis e o partido governante, a Frelimo, em torno de uma comunidade de pertencimento chamada Família Universal Moçambique. Como ponto de partida, o texto realiza uma “análise de situação social” da primeira visita oficial de um Presidente da República à sede nacional da IURD, um evento público que reuniu fiéis, não fiéis, lideranças religiosas e políticas durante a campanha eleitoral de 2014. Além deste evento, apresenta dados sobre a religião vivida cotidianamente pelos crentes e o posicionamento institucional da IURD no contexto moçambicano, ora incorporando, ora demonizando determinados aspectos da cultura local. Ao final, demonstra como a identidade iurdiana era acionada na construção de uma noção específica de ser moçambicano, quais moralidades estavam sendo disputadas como legítimas e o ideal de sociedade que se reivindicava discursiva e ativamente a partir do pertencimento religioso.
Cientistas Sociais e o Coronavirus, 2020
In: Miriam Pilar Grossi; Rodrigo Toniol. (Org.). Cientistas sociais e o Coronavírus. 1ed.São Paul... more In: Miriam Pilar Grossi; Rodrigo Toniol. (Org.). Cientistas sociais e o Coronavírus. 1ed.São Paulo; Florianópolis: Anpocs; Tribo da Ilha, 2020, v. , p. 513-517.
Revista Intratextos, 2013
RESUMO: O crescimento acelerado das religiões "neopentecostais" e sua participação cada vez mais ... more RESUMO: O crescimento acelerado das religiões "neopentecostais" e sua participação cada vez mais incisiva no espaço público brasileiro vêm, cada vez mais, suscitando questionamentos acerca do comportamento eleitoral da parcela da população cuja crença é identificada como "evangélica". No entanto, a representação patológica e estigmatizada constantemente associada aos evangélicos pela mídia, pelo senso comum e até mesmo pela Academia dificulta a compreensão da real complexidade deste fenômeno, num universo onde as fronteiras entre política e religião são bastante permeáveis. Neste sentido, o presente trabalho introduz uma reflexão acerca da articulação entre fiéis, igrejas, políticos e o voto, e, utilizando-se de dados etnográficos, insere nesta discussão considerações sobre cultura política e relações de confiança como fatores potencialmente determinantes na escolha de um candidato, para, assim, tentar afastar eventuais conclusões utilitárias ou reducionistas. PALAVRAS-CHAVE: evangélicos, comportamento eleitoral, voto de adesão.
Revista de Antropologia, 2019
A partir do trabalho de campo realizado entre jovens crentes da Igreja Universal do Reino de Deus... more A partir do trabalho de campo realizado entre jovens crentes da Igreja Universal do Reino de Deus em Maputo, capital de Moçambique, este artigo analisa os elementos que articulam a igreja, os fiéis e o partido governante, a Frelimo, em torno de uma comunidade de pertencimento chamada Família Universal Moçambique. Como ponto de partida, o texto realiza uma “análise de situação social” (Gluckman, 2010) da primeira visita oficial de um Presidente da República à sede nacional da IURD, um evento público que reuniu fiéis, não fiéis, lideranças religiosas e políticas durante a campanha eleitoral de 2014. Além deste evento, apresenta dados sobre a religião vivida (Hall, 1997; Orsi, 2010) cotidianamente pelos crentes e o posicionamento institucional da IURD no contexto moçambicano, ora incorporando, ora demonizando determinados aspectos da cultura local. Ao final, demonstra como a identidade iurdiana era acionada na construção de uma noção específica de ser moçambicano, quais moralidades est...
Debates do NER, 2021
Neste artigo, parto de duas controvérsias públicas envolvendo os “evangélicos” e Bolsonaro no iní... more Neste artigo, parto de duas controvérsias públicas envolvendo os “evangélicos” e Bolsonaro no início da pandemia do Covid-19 para pensar a heterogeneidade deste segmento religioso e as disputas em torno da representação do Brasil como uma nação cristã. Demonstro, também, como atos religiosos ordinários, como jejuns, orações, doações e assistência social tiveram sua dimensão política evidenciada, questionada e disputada por diferentes atores em tempos extraordinários. Sugiro, ainda, que a ruptura provocada pelo novo coronavírus revelou a urgência de se considerar as diferentes formas de se viver a religião para além das grandes igrejas, incluindo aquelas digitalmente mediadas. Por fim, argumento que a observação das práticas cotidianas dos fiéis é fundamental para complexificar as análises sobre crentes e acompanhar as transformações em curso no campo religioso brasileiro.
ACENO - Revista de Antropologia do Centro-Oeste, 2020
Tendo como base o trabalho de campo realizado junto a crentes da Igreja Universal do Reino de Deu... more Tendo como base o trabalho de campo realizado junto a crentes da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Maputo, capital de Moçambique, este artigo reflete sobre alguns deslocamentos impostos ao pesquisador no decorrer do fazer etnográfico. Partindo de três diferentes estágios da pesquisa, isto é, o trabalho de campo, a definição do objeto e o tempo da escrita, demonstro como a experiência de aprendizado com jovens fiéis – comumente taxados por nossos pares antropólogos como “outro repugnante” (Harding, 1990; Coleman, 2018) – revela situações inesperadas para o próprio pesquisador, sobretudo quando inserido num fluxo transnacional, e quais os efeitos epistemológicos disso. Demonstro, ao final, o rendimento analítico trazido pela opção de apreender a “religião” em ação, não como substantivo, mas como verbo, e a importância do distanciamento do campo para que se possa perceber os diferentes sentidos de todos esses movimentos.
Religião & Sociedade, 2021
Revista Religião& Sociedade, 2021
Texto editorial apresentado em Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, 41(1): 1-280, 2021.