Luci Ruas | Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (original) (raw)
Papers by Luci Ruas
Convergência Lusíada, Jun 29, 2023
Foi no último 31 de janeiro que a perdemos. A professora Cleonice Berardinelli, ou melhor, a noss... more Foi no último 31 de janeiro que a perdemos. A professora Cleonice Berardinelli, ou melhor, a nossa Dona Cléo, nos deixou, depois de 106 anos de uma vida plena, muitos anos dessa vida dedicados à literatura e ao magistério, deixando saudosos a família, os amigos e amigas que cultivou, ex-alunos e ex-alunas, orientandos e orientandas, hoje colegas seus, amigos e amigas, também. Faz quase oito anos que Orfeu afinou a sua lira para celebrar os cem anos de Orpheu e inaugurar os dias que faltavam para os cem anos da D. Cléo. Hoje, a voz calou-se, mas a lira do poeta entoa o canto que tornará sempre viva a memória dessa voz que nenhum e nenhuma de nós quer esquecer. Relembro, então, o IV Congresso Internacional da Cátedra Jorge de Sena, da Faculdade de Letras da UFRJ, que recebeu esse título mais que sugestivo: "Há cem anos Orpheu canta para Cleonice". E evoco nesse espaço o texto que, na condição de Regente da Cátedra Jorge de Sena, compus para a solenidade de abertura desse congresso, acontecida no Palácio São Clemente, sede do Consulado de Por
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), Mar 1, 2003
Metamorfoses, Nov 10, 2016
Se não fordes sensíveis ao belo, o que restará de nós será apenas uma poeira destruída. (Maria Ga... more Se não fordes sensíveis ao belo, o que restará de nós será apenas uma poeira destruída. (Maria Gabriela Llansol, LisboaLeipzig i.) "A arte é uma sagração sem liturgia visível", escreve Vergílio Ferreira em Pensar, livro publicado em 1993. O que a arte torna sagrado? Que liturgia possível preside a esse processo de sagração? Certamente, a resposta, para Vergílio Ferreira, encontra-se na aventura escritural reveladora do obstinado desejo de criar, de impor a vida como milagre e o Homem como a razão de ser de toda essa aventura. Por isso mesmo a sua escritura objetiva a realização como arte, porque o apelo estético é, para o autor de Aparição, um "a priori do homem". E como a inesgotabilidade da arte diz mais à procura que ao encontro do que se procura, fazer da escritura arte foi, desde sempre, para o romancista, uma ação que não se encerrou e que, por conseguinte, prolongou-se no desejo de criar ad infinitum, a despeito da sua condição humana, de ser-para-a-morte. Com esta convicção, Vergílio Ferreira produziu, ao longo de mais de 50 anos de vida literária, obras que marcaram a história da ficção portuguesa no século xx. Com esta convicção-a do desejo obsessivo de escrever-é que, em 1959, traria a público um romance que revolucionaria a sua carreira de escritor e provocaria uma polêmica, que, entre erros e acertos, justas ou injustas questões, nos convenceria de que não se tratava de uma narrativa como a que até então produzira. Com Aparição, um novo caminho se abria à ficção de Vergílio Ferreira. Não se trata, todavia de uma ruptura, senão a manifestação de elementos relativos à condição humana, a busca ontológica da "verdade de ser", a importância da arte como a mais sublime construção da aventura humana, além da violenta revelação do ser a si próprio. Trata-se da experiência vivida por Alberto Soares, professor vindo da aldeia, na montanha, para lecionar no Liceu de Évora, na planície alentejana, atordoado ainda pela súbita morte do pai numa noite de Natal e pela abrupta revelação de que a morte é inverossímil, frente à grandeza da vida. Viagem iniciática ao encontro da fulgurante revelação do ser a si próprio, Aparição projeta-se como um núcleo a partir do qual se originaram, em natural desdobramento, novos temas e problemas da existên
Metamorfoses, Jun 10, 2015
A música é só música, eu sei. (Jorge de Sena) Música e "literatura" são o mesmo, apesar de não se... more A música é só música, eu sei. (Jorge de Sena) Música e "literatura" são o mesmo, apesar de não serem jamais a mesma coisa.
Metamorfoses - Revista de Estudos Literários Luso-Afro-Brasileiros, 2019
ContraCorrente: Revista do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, May 22, 2017
Se o seculo XIX foi o seculo do romance, tambem nao e menos verdade que o folhetim, em que Garret... more Se o seculo XIX foi o seculo do romance, tambem nao e menos verdade que o folhetim, em que Garrett talhou as suas Viagens, nao o foi menos e tornou-se, ao longo do seculo, principalmente na sua segunda metade, razao sine qua non da imprensa que, aquela epoca, conquistava um espaco privilegiado na cultura europeia e, no caso particular de que aqui tratamos, na cultura portuguesa. O cotidiano das cidades, principalmente as de Lisboa e Porto, cuja paisagem, ou o bulicio, ou o movimento das gentes, ainda que nem de longe se pudessem comparar aos nervos que tornavam frenetica a vida das capitais europeias como Paris ou Londres, ja fornecem rico material para o olhar agudo dos cronistas e folhetinistas da epoca.
Metamorfoses - Revista de Estudos Literários Luso-Afro-Brasileiros, 2019
onde é membro efetivo do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas e membro da comissão do m... more onde é membro efetivo do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas e membro da comissão do mesmo Programa. Regente da Cátedra Jorge de Sena. Editora da revista Metamorfoses.
Interdisciplinar - Revista de Estudos em Língua e Literatura, 2019
Abril, 2014
<span lang="EN-US">This work shows that, in the twentieth century, specifically i... more <span lang="EN-US">This work shows that, in the twentieth century, specifically in its second half, many of the texts produced for children already showed clear concern in separating itself from the receiver, so that value is given to how they are built, that is, so that from the writing scripture is made, and from text, literature. For this purpose, we start by presenting the concerns of Antero de Quental and Eça de Queiroz, and then approaching the literary work of Aquilino Ribeiro, specifically <em>O romance da raposa</em>, following with the approach present in the literary work of Matilde Rosa Araújo. </span>
This work shows that, in the twentieth century, specifically in its second half, many of the text... more This work shows that, in the twentieth century, specifically in its second half, many of the texts produced for children already showed clear concern in separating itself from the receiver, so that value is given to how they are built, that is, so that from the writing scripture is made, and from text, literature. For this purpose, we start by presenting the concerns of Antero de Quental and Eca de Queiroz, and then approaching the literary work of Aquilino Ribeiro, specifically O romance da raposa, following with the approach present in the literary work of Matilde Rosa Araujo.
Se o seculo XIX foi o seculo do romance, tambem nao e menos verdade que o folhetim, em que Garret... more Se o seculo XIX foi o seculo do romance, tambem nao e menos verdade que o folhetim, em que Garrett talhou as suas Viagens, nao o foi menos e tornou-se, ao longo do seculo, principalmente na sua segunda metade, razao sine qua non da imprensa que, aquela epoca, conquistava um espaco privilegiado na cultura europeia e, no caso particular de que aqui tratamos, na cultura portuguesa. O cotidiano das cidades, principalmente as de Lisboa e Porto, cuja paisagem, ou o bulicio, ou o movimento das gentes, ainda que nem de longe se pudessem comparar aos nervos que tornavam frenetica a vida das capitais europeias como Paris ou Londres, ja fornecem rico material para o olhar agudo dos cronistas e folhetinistas da epoca.
Metamorfoses - Revista de Estudos Literários Luso-Afro-Brasileiros, 2020
Depoimento da Casa-Museu Fernando Namora especial para a Metamorfoses 16(1).
Em 1867, Camilo Castelo Branco publica o romance O senhor do Paco de Ninaes . Tendo a casa como c... more Em 1867, Camilo Castelo Branco publica o romance O senhor do Paco de Ninaes . Tendo a casa como corpo de escrita e lugar de partida e retorno, ou da memoria, em que circulam os fantasmas da Historia, seja a publica, onde os vestigios da memoria patria se dao a ver, seja a historia privada, onde habita a sombra da familia que la viveu, nele verifica-se uma perspectiva de leitura em que os desastres que atingiram Portugal no seculo XVI sao relidos e reescritos, nao com o que se presenciou, porque nao e possivel, mas considerando os rastros deixados pelo que se arruinou.
Revista Diadorim
Nossa revista desponta multifacetada como a personagem que lhe dá nome, para enriquecimento dos e... more Nossa revista desponta multifacetada como a personagem que lhe dá nome, para enriquecimento dos estudos sobre o conjunto das literaturas de língua portuguesa. A auspiciosa estréia deixa entrever, além disso, um segundo número igualmente copioso e profundo sobre estudos lingüísticos, a ser lançado no próximo semestre.
Scripta, 2003
Este trabalho propoe um caminho de leitura do romance Nitido nulo, de Vergilio Ferreira, em que a... more Este trabalho propoe um caminho de leitura do romance Nitido nulo, de Vergilio Ferreira, em que a ironia e o consequente riso e o humor sao uma forma significativa de atenuar a expectativa da morte, de mascarar a comocao evidente que a recordacao do passado provoca e, sobretudo, de exorcizar o poder, seus mecanismos e seu discurso institucional, para resgatar, da tragedia, o Homem integral.
Se não fordes sensíveis ao belo, o que restará de nós será apenas uma poeira destruída. (Maria Ga... more Se não fordes sensíveis ao belo, o que restará de nós será apenas uma poeira destruída. (Maria Gabriela Llansol, LisboaLeipzig i.) "A arte é uma sagração sem liturgia visível", escreve Vergílio Ferreira em Pensar, livro publicado em 1993. O que a arte torna sagrado? Que liturgia possível preside a esse processo de sagração? Certamente, a resposta, para Vergílio Ferreira, encontra-se na aventura escritural reveladora do obstinado desejo de criar, de impor a vida como milagre e o Homem como a razão de ser de toda essa aventura. Por isso mesmo a sua escritura objetiva a realização como arte, porque o apelo estético é, para o autor de Aparição, um "a priori do homem". E como a inesgotabilidade da arte diz mais à procura que ao encontro do que se procura, fazer da escritura arte foi, desde sempre, para o romancista, uma ação que não se encerrou e que, por conseguinte, prolongou-se no desejo de criar ad infinitum, a despeito da sua condição humana, de ser-para-a-morte. Com esta convicção, Vergílio Ferreira produziu, ao longo de mais de 50 anos de vida literária, obras que marcaram a história da ficção portuguesa no século xx. Com esta convicção-a do desejo obsessivo de escrever-é que, em 1959, traria a público um romance que revolucionaria a sua carreira de escritor e provocaria uma polêmica, que, entre erros e acertos, justas ou injustas questões, nos convenceria de que não se tratava de uma narrativa como a que até então produzira. Com Aparição, um novo caminho se abria à ficção de Vergílio Ferreira. Não se trata, todavia de uma ruptura, senão a manifestação de elementos relativos à condição humana, a busca ontológica da "verdade de ser", a importância da arte como a mais sublime construção da aventura humana, além da violenta revelação do ser a si próprio. Trata-se da experiência vivida por Alberto Soares, professor vindo da aldeia, na montanha, para lecionar no Liceu de Évora, na planície alentejana, atordoado ainda pela súbita morte do pai numa noite de Natal e pela abrupta revelação de que a morte é inverossímil, frente à grandeza da vida. Viagem iniciática ao encontro da fulgurante revelação do ser a si próprio, Aparição projeta-se como um núcleo a partir do qual se originaram, em natural desdobramento, novos temas e problemas da existên
Abril – NEPA / UFF
Meu propósito é mostrar que, no século XX, especificamente na sua segunda metade, muitos dos tex... more Meu propósito é mostrar que, no século XX, especificamente na sua segunda metade, muitos dos textos que se produzem para crianças já mostram evidente preocupação em descolar-se do destinatário, para que se dê importância ao como se constroem, isto é, para que a escrita se faça escritura e o texto literatura. Para isso, começamos por apresentar as preocupações de Antero de Quental e Eça de Queirós para depois abordar o trabalho literário de Aquilino Ribeiro, especificamente O romance da raposa, passando, em seguida à abordagem da obra de Matilde Rosa Araújo.
Revista Diadorim
O leitor da Revista Diadorim é um privilegiado. Este quinto número da revista, poeticamente nomin... more O leitor da Revista Diadorim é um privilegiado. Este quinto número da revista, poeticamente nominada Diadorim -- Revista de Estudos Linguísticos e Literários, é uma homenagem à poesia da palavra escrita em língua portuguesa. Um Brasil, um Portugal e uma África lusófona estão aqui representados nestes dezoito artigos inéditos, convidando-nos a ver mais e melhor, para além dos sertões de nossas vidas, com o verde dos olhos fascinantes da Diadorim-poesia. Afinal, o nome Diadorim, personagem de Guimarães Rosa a um só tempo palavra e rocha, desejo e força, responde por si à poesia nossa de cada dia.
Convergência Lusíada, Jun 29, 2023
Foi no último 31 de janeiro que a perdemos. A professora Cleonice Berardinelli, ou melhor, a noss... more Foi no último 31 de janeiro que a perdemos. A professora Cleonice Berardinelli, ou melhor, a nossa Dona Cléo, nos deixou, depois de 106 anos de uma vida plena, muitos anos dessa vida dedicados à literatura e ao magistério, deixando saudosos a família, os amigos e amigas que cultivou, ex-alunos e ex-alunas, orientandos e orientandas, hoje colegas seus, amigos e amigas, também. Faz quase oito anos que Orfeu afinou a sua lira para celebrar os cem anos de Orpheu e inaugurar os dias que faltavam para os cem anos da D. Cléo. Hoje, a voz calou-se, mas a lira do poeta entoa o canto que tornará sempre viva a memória dessa voz que nenhum e nenhuma de nós quer esquecer. Relembro, então, o IV Congresso Internacional da Cátedra Jorge de Sena, da Faculdade de Letras da UFRJ, que recebeu esse título mais que sugestivo: "Há cem anos Orpheu canta para Cleonice". E evoco nesse espaço o texto que, na condição de Regente da Cátedra Jorge de Sena, compus para a solenidade de abertura desse congresso, acontecida no Palácio São Clemente, sede do Consulado de Por
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), Mar 1, 2003
Metamorfoses, Nov 10, 2016
Se não fordes sensíveis ao belo, o que restará de nós será apenas uma poeira destruída. (Maria Ga... more Se não fordes sensíveis ao belo, o que restará de nós será apenas uma poeira destruída. (Maria Gabriela Llansol, LisboaLeipzig i.) "A arte é uma sagração sem liturgia visível", escreve Vergílio Ferreira em Pensar, livro publicado em 1993. O que a arte torna sagrado? Que liturgia possível preside a esse processo de sagração? Certamente, a resposta, para Vergílio Ferreira, encontra-se na aventura escritural reveladora do obstinado desejo de criar, de impor a vida como milagre e o Homem como a razão de ser de toda essa aventura. Por isso mesmo a sua escritura objetiva a realização como arte, porque o apelo estético é, para o autor de Aparição, um "a priori do homem". E como a inesgotabilidade da arte diz mais à procura que ao encontro do que se procura, fazer da escritura arte foi, desde sempre, para o romancista, uma ação que não se encerrou e que, por conseguinte, prolongou-se no desejo de criar ad infinitum, a despeito da sua condição humana, de ser-para-a-morte. Com esta convicção, Vergílio Ferreira produziu, ao longo de mais de 50 anos de vida literária, obras que marcaram a história da ficção portuguesa no século xx. Com esta convicção-a do desejo obsessivo de escrever-é que, em 1959, traria a público um romance que revolucionaria a sua carreira de escritor e provocaria uma polêmica, que, entre erros e acertos, justas ou injustas questões, nos convenceria de que não se tratava de uma narrativa como a que até então produzira. Com Aparição, um novo caminho se abria à ficção de Vergílio Ferreira. Não se trata, todavia de uma ruptura, senão a manifestação de elementos relativos à condição humana, a busca ontológica da "verdade de ser", a importância da arte como a mais sublime construção da aventura humana, além da violenta revelação do ser a si próprio. Trata-se da experiência vivida por Alberto Soares, professor vindo da aldeia, na montanha, para lecionar no Liceu de Évora, na planície alentejana, atordoado ainda pela súbita morte do pai numa noite de Natal e pela abrupta revelação de que a morte é inverossímil, frente à grandeza da vida. Viagem iniciática ao encontro da fulgurante revelação do ser a si próprio, Aparição projeta-se como um núcleo a partir do qual se originaram, em natural desdobramento, novos temas e problemas da existên
Metamorfoses, Jun 10, 2015
A música é só música, eu sei. (Jorge de Sena) Música e "literatura" são o mesmo, apesar de não se... more A música é só música, eu sei. (Jorge de Sena) Música e "literatura" são o mesmo, apesar de não serem jamais a mesma coisa.
Metamorfoses - Revista de Estudos Literários Luso-Afro-Brasileiros, 2019
ContraCorrente: Revista do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, May 22, 2017
Se o seculo XIX foi o seculo do romance, tambem nao e menos verdade que o folhetim, em que Garret... more Se o seculo XIX foi o seculo do romance, tambem nao e menos verdade que o folhetim, em que Garrett talhou as suas Viagens, nao o foi menos e tornou-se, ao longo do seculo, principalmente na sua segunda metade, razao sine qua non da imprensa que, aquela epoca, conquistava um espaco privilegiado na cultura europeia e, no caso particular de que aqui tratamos, na cultura portuguesa. O cotidiano das cidades, principalmente as de Lisboa e Porto, cuja paisagem, ou o bulicio, ou o movimento das gentes, ainda que nem de longe se pudessem comparar aos nervos que tornavam frenetica a vida das capitais europeias como Paris ou Londres, ja fornecem rico material para o olhar agudo dos cronistas e folhetinistas da epoca.
Metamorfoses - Revista de Estudos Literários Luso-Afro-Brasileiros, 2019
onde é membro efetivo do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas e membro da comissão do m... more onde é membro efetivo do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas e membro da comissão do mesmo Programa. Regente da Cátedra Jorge de Sena. Editora da revista Metamorfoses.
Interdisciplinar - Revista de Estudos em Língua e Literatura, 2019
Abril, 2014
<span lang="EN-US">This work shows that, in the twentieth century, specifically i... more <span lang="EN-US">This work shows that, in the twentieth century, specifically in its second half, many of the texts produced for children already showed clear concern in separating itself from the receiver, so that value is given to how they are built, that is, so that from the writing scripture is made, and from text, literature. For this purpose, we start by presenting the concerns of Antero de Quental and Eça de Queiroz, and then approaching the literary work of Aquilino Ribeiro, specifically <em>O romance da raposa</em>, following with the approach present in the literary work of Matilde Rosa Araújo. </span>
This work shows that, in the twentieth century, specifically in its second half, many of the text... more This work shows that, in the twentieth century, specifically in its second half, many of the texts produced for children already showed clear concern in separating itself from the receiver, so that value is given to how they are built, that is, so that from the writing scripture is made, and from text, literature. For this purpose, we start by presenting the concerns of Antero de Quental and Eca de Queiroz, and then approaching the literary work of Aquilino Ribeiro, specifically O romance da raposa, following with the approach present in the literary work of Matilde Rosa Araujo.
Se o seculo XIX foi o seculo do romance, tambem nao e menos verdade que o folhetim, em que Garret... more Se o seculo XIX foi o seculo do romance, tambem nao e menos verdade que o folhetim, em que Garrett talhou as suas Viagens, nao o foi menos e tornou-se, ao longo do seculo, principalmente na sua segunda metade, razao sine qua non da imprensa que, aquela epoca, conquistava um espaco privilegiado na cultura europeia e, no caso particular de que aqui tratamos, na cultura portuguesa. O cotidiano das cidades, principalmente as de Lisboa e Porto, cuja paisagem, ou o bulicio, ou o movimento das gentes, ainda que nem de longe se pudessem comparar aos nervos que tornavam frenetica a vida das capitais europeias como Paris ou Londres, ja fornecem rico material para o olhar agudo dos cronistas e folhetinistas da epoca.
Metamorfoses - Revista de Estudos Literários Luso-Afro-Brasileiros, 2020
Depoimento da Casa-Museu Fernando Namora especial para a Metamorfoses 16(1).
Em 1867, Camilo Castelo Branco publica o romance O senhor do Paco de Ninaes . Tendo a casa como c... more Em 1867, Camilo Castelo Branco publica o romance O senhor do Paco de Ninaes . Tendo a casa como corpo de escrita e lugar de partida e retorno, ou da memoria, em que circulam os fantasmas da Historia, seja a publica, onde os vestigios da memoria patria se dao a ver, seja a historia privada, onde habita a sombra da familia que la viveu, nele verifica-se uma perspectiva de leitura em que os desastres que atingiram Portugal no seculo XVI sao relidos e reescritos, nao com o que se presenciou, porque nao e possivel, mas considerando os rastros deixados pelo que se arruinou.
Revista Diadorim
Nossa revista desponta multifacetada como a personagem que lhe dá nome, para enriquecimento dos e... more Nossa revista desponta multifacetada como a personagem que lhe dá nome, para enriquecimento dos estudos sobre o conjunto das literaturas de língua portuguesa. A auspiciosa estréia deixa entrever, além disso, um segundo número igualmente copioso e profundo sobre estudos lingüísticos, a ser lançado no próximo semestre.
Scripta, 2003
Este trabalho propoe um caminho de leitura do romance Nitido nulo, de Vergilio Ferreira, em que a... more Este trabalho propoe um caminho de leitura do romance Nitido nulo, de Vergilio Ferreira, em que a ironia e o consequente riso e o humor sao uma forma significativa de atenuar a expectativa da morte, de mascarar a comocao evidente que a recordacao do passado provoca e, sobretudo, de exorcizar o poder, seus mecanismos e seu discurso institucional, para resgatar, da tragedia, o Homem integral.
Se não fordes sensíveis ao belo, o que restará de nós será apenas uma poeira destruída. (Maria Ga... more Se não fordes sensíveis ao belo, o que restará de nós será apenas uma poeira destruída. (Maria Gabriela Llansol, LisboaLeipzig i.) "A arte é uma sagração sem liturgia visível", escreve Vergílio Ferreira em Pensar, livro publicado em 1993. O que a arte torna sagrado? Que liturgia possível preside a esse processo de sagração? Certamente, a resposta, para Vergílio Ferreira, encontra-se na aventura escritural reveladora do obstinado desejo de criar, de impor a vida como milagre e o Homem como a razão de ser de toda essa aventura. Por isso mesmo a sua escritura objetiva a realização como arte, porque o apelo estético é, para o autor de Aparição, um "a priori do homem". E como a inesgotabilidade da arte diz mais à procura que ao encontro do que se procura, fazer da escritura arte foi, desde sempre, para o romancista, uma ação que não se encerrou e que, por conseguinte, prolongou-se no desejo de criar ad infinitum, a despeito da sua condição humana, de ser-para-a-morte. Com esta convicção, Vergílio Ferreira produziu, ao longo de mais de 50 anos de vida literária, obras que marcaram a história da ficção portuguesa no século xx. Com esta convicção-a do desejo obsessivo de escrever-é que, em 1959, traria a público um romance que revolucionaria a sua carreira de escritor e provocaria uma polêmica, que, entre erros e acertos, justas ou injustas questões, nos convenceria de que não se tratava de uma narrativa como a que até então produzira. Com Aparição, um novo caminho se abria à ficção de Vergílio Ferreira. Não se trata, todavia de uma ruptura, senão a manifestação de elementos relativos à condição humana, a busca ontológica da "verdade de ser", a importância da arte como a mais sublime construção da aventura humana, além da violenta revelação do ser a si próprio. Trata-se da experiência vivida por Alberto Soares, professor vindo da aldeia, na montanha, para lecionar no Liceu de Évora, na planície alentejana, atordoado ainda pela súbita morte do pai numa noite de Natal e pela abrupta revelação de que a morte é inverossímil, frente à grandeza da vida. Viagem iniciática ao encontro da fulgurante revelação do ser a si próprio, Aparição projeta-se como um núcleo a partir do qual se originaram, em natural desdobramento, novos temas e problemas da existên
Abril – NEPA / UFF
Meu propósito é mostrar que, no século XX, especificamente na sua segunda metade, muitos dos tex... more Meu propósito é mostrar que, no século XX, especificamente na sua segunda metade, muitos dos textos que se produzem para crianças já mostram evidente preocupação em descolar-se do destinatário, para que se dê importância ao como se constroem, isto é, para que a escrita se faça escritura e o texto literatura. Para isso, começamos por apresentar as preocupações de Antero de Quental e Eça de Queirós para depois abordar o trabalho literário de Aquilino Ribeiro, especificamente O romance da raposa, passando, em seguida à abordagem da obra de Matilde Rosa Araújo.
Revista Diadorim
O leitor da Revista Diadorim é um privilegiado. Este quinto número da revista, poeticamente nomin... more O leitor da Revista Diadorim é um privilegiado. Este quinto número da revista, poeticamente nominada Diadorim -- Revista de Estudos Linguísticos e Literários, é uma homenagem à poesia da palavra escrita em língua portuguesa. Um Brasil, um Portugal e uma África lusófona estão aqui representados nestes dezoito artigos inéditos, convidando-nos a ver mais e melhor, para além dos sertões de nossas vidas, com o verde dos olhos fascinantes da Diadorim-poesia. Afinal, o nome Diadorim, personagem de Guimarães Rosa a um só tempo palavra e rocha, desejo e força, responde por si à poesia nossa de cada dia.