Thiago Ferreira | Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (Federal University of Santa Catarina) (original) (raw)

Thesis Chapters by Thiago Ferreira

Research paper thumbnail of Justiça e poder na teoria crítica de Rainer Forst (dissertação de mestrado)

Essa dissertação investiga sistematicamente a teoria do poder de Rainer Forst: a teoria do poder ... more Essa dissertação investiga sistematicamente a teoria do poder de Rainer Forst: a teoria do poder inteligível. De acordo com Forst, o fenômeno do poder é essencialmente cognitivo e seu meio apropriado de exercício consiste em um espaço de razões intersubjetivamente compartilhado. Em sua forma geral, é um fenômeno normativamente neutro; os critérios que distinguem a governança democrática do mando arbitrário não estão contidos no próprio conceito de poder. O exercício do poder consiste em dar razões a um ou mais sujeitos para que ajam ou pensem alternativamente; tal operação é estritamente inteligível, isto é, não possui propriedades materiais e existe apenas em pensamento. A governança democrática é a expressão do mando político justificado, ou seja, do governo de coletividades sob o império de estruturas básicas de justificação; a dominação política, por seu turno, viceja na ausência de estruturas sociais capazes de dotar cada indivíduo de capital inteligível adequado ao exercício de seu direito básico a justificação. Comandar tal capital significa ser capaz de demandar justificação razoável, ou seja, em termos recíprocos e universais, acerca da ordem normativa sob o jugo da qual se vive e, com efeito, fazer valer a autoridade normativa de razões não-rejeitáveis em termos recíprocos e universais como fundamento das normas e das ações que lhe dizem respeito. O direito a justificação corresponde a um princípio de razão prática de acordo com o qual toda norma ou ação deve ser justificável face a todos aqueles a quem diz respeito.

Papers by Thiago Ferreira

Research paper thumbnail of Schopenhauer e a fome

Voluntas: Revista Internacional de Filosofia, 2023

A partir de algumas considerações de Max Horkheimer sobre o potencial crítico do pessimismo schop... more A partir de algumas considerações de Max Horkheimer sobre o potencial crítico do pessimismo schopenhaueriano, o artigo visa mostrar em que medida o sofrimento específico da fome, em especial quando esta é registrada em contextos de pobreza, miséria e escravidão na obra de Schopenhauer, elucida empiricamente o pessimismo metafísico em forma de pessimismo crítico-social. Para tanto, descrevemos algumas presenças dos termos fome (Hunger) e pobreza (Armut) na obra do pensador da vontade para, em seguida, problematizarmos alguns de seus significados. Apesar de não reconhecer um expediente ativo do Estado ou a necessidade de mudanças sociais estruturais em vista de seu combate, a fome enquanto dor ou sofrimento social de todos os tempos ganha em Schopenhauer um olhar crítico muito específico-em relação a outras críticas filosóficas-, que se soma às variadas condenações sociológicas, econômicas etc., a saber, como uma das expressões mais flagrantes das perversidades e mazelas de um mundo que não poderia ser justificado.

Research paper thumbnail of Justiça e poder na teoria crítica de Rainer Forst (dissertação de mestrado)

Essa dissertação investiga sistematicamente a teoria do poder de Rainer Forst: a teoria do poder ... more Essa dissertação investiga sistematicamente a teoria do poder de Rainer Forst: a teoria do poder inteligível. De acordo com Forst, o fenômeno do poder é essencialmente cognitivo e seu meio apropriado de exercício consiste em um espaço de razões intersubjetivamente compartilhado. Em sua forma geral, é um fenômeno normativamente neutro; os critérios que distinguem a governança democrática do mando arbitrário não estão contidos no próprio conceito de poder. O exercício do poder consiste em dar razões a um ou mais sujeitos para que ajam ou pensem alternativamente; tal operação é estritamente inteligível, isto é, não possui propriedades materiais e existe apenas em pensamento. A governança democrática é a expressão do mando político justificado, ou seja, do governo de coletividades sob o império de estruturas básicas de justificação; a dominação política, por seu turno, viceja na ausência de estruturas sociais capazes de dotar cada indivíduo de capital inteligível adequado ao exercício de seu direito básico a justificação. Comandar tal capital significa ser capaz de demandar justificação razoável, ou seja, em termos recíprocos e universais, acerca da ordem normativa sob o jugo da qual se vive e, com efeito, fazer valer a autoridade normativa de razões não-rejeitáveis em termos recíprocos e universais como fundamento das normas e das ações que lhe dizem respeito. O direito a justificação corresponde a um princípio de razão prática de acordo com o qual toda norma ou ação deve ser justificável face a todos aqueles a quem diz respeito.

Research paper thumbnail of Schopenhauer e a fome

Voluntas: Revista Internacional de Filosofia, 2023

A partir de algumas considerações de Max Horkheimer sobre o potencial crítico do pessimismo schop... more A partir de algumas considerações de Max Horkheimer sobre o potencial crítico do pessimismo schopenhaueriano, o artigo visa mostrar em que medida o sofrimento específico da fome, em especial quando esta é registrada em contextos de pobreza, miséria e escravidão na obra de Schopenhauer, elucida empiricamente o pessimismo metafísico em forma de pessimismo crítico-social. Para tanto, descrevemos algumas presenças dos termos fome (Hunger) e pobreza (Armut) na obra do pensador da vontade para, em seguida, problematizarmos alguns de seus significados. Apesar de não reconhecer um expediente ativo do Estado ou a necessidade de mudanças sociais estruturais em vista de seu combate, a fome enquanto dor ou sofrimento social de todos os tempos ganha em Schopenhauer um olhar crítico muito específico-em relação a outras críticas filosóficas-, que se soma às variadas condenações sociológicas, econômicas etc., a saber, como uma das expressões mais flagrantes das perversidades e mazelas de um mundo que não poderia ser justificado.