Tiago Fontes | Universidade do Minho (original) (raw)

papers by Tiago Fontes

Research paper thumbnail of Papa Inocêncio III: Contribuição Para O Estudo Do Seu Pensamento Teológico-Político

O meu profundo agradecimento à minha orientadora, a Professora Doutora Maria Cândida Gonçalves da... more O meu profundo agradecimento à minha orientadora, a Professora Doutora Maria Cândida Gonçalves da Costa Reis Monteiro Pacheco, por ter possibilitado a minha iniciação nos estudos medievais, e no pensamento do Papa Inocêncio III, pela sua ajuda, disponibilidade, apoio e pelos preciosos incentivos que foram de extrema importância para a concretização desta tese. Ao doutor Manuel Gama, pela consideração e pela oportunidade que me foi dada e concedida ao longo da parte lectiva, bem como a disponibilidade, a ajuda e o incentivo ao longo do processo da concretização da tese. Ao Doutor João Cardoso Rosas por toda a disponibilidade, toda a ajuda, incentivo, e por tudo quanto fez por mim ao longo do processo de concretização desta tese. O meu profundo agradecimento ao Eduardo Cardoso, dos serviços de documentação da Universidade do Minho-Gabinete de difusão de Informação, sem a sua preciosa ajuda nunca teria conseguido concretizar esta tese. A Paula Nunes gostaria de agradecer a sua preciosa e importantíssima ajuda, a sua inteira disponibilidade num momento particularmente difícil e complexo da minha tese. Aos meus pais e aos meus irmãos pela paciência, apoio e pelos importantes incentivos. Finalmente, um particular e especial agradecimento à Francisca, minha mulher, pelo apoio, incentivo e por tudo quanto foi e significou para mim ao longo desta difícil e complicada caminhada. A todos aqueles que me apoiaram e ajudaram ao longos destes anos. iii RESUMO O pontificado do Papa Inocêncio III representa um dos mais importantes e significativos do período medieval. A sua personalidade e carácter, bem como as suas concepções e visões, lançaram definitivamente o tom do governo papal e da afirmação do poder do ofício papal. Desde o movimento da reforma no século XI que o ofício papal se tinha vindo a tornar um elemento fundamental na sociedade cristã, tendo neste processo, Inocêncio III desempenhado um papel de capital importância. Inocêncio III transformou e expandiu as concepções e as noções da monarquia papal, criou novas justificações para o exercício da autoridade papal e conduziu o poder e a dignidade do seu ofício para novos caminhos e novas direcções. Este documento apresenta-se, de certo modo, como uma caminhada através de alguns dos pontos e dos problemas mais importantes das suas visões e concepções acerca do exercício da autoridade papal e da afirmação do poder do seu ofício, bem como uma análise e uma compreensão dos motivos e das "linhas de força" que nortearam a sua acção e a sua intervenção na complexa e problemática conjuntura histórico política que então se vivia, sob a pressão da realidade política. Dentro da análise das concepções e das visões do papa em relação ao exercício da autoridade papal e acerca da afirmação do poder do ofício papal, existe neste documento uma particular atenção e um particular cuidado em distinguir a afirmação papal da noção de "Plenitudo Potestatis" (afirmação do poder absoluto do papa no seio do "Corpus ecclesiae") da afirmação da superioridade do poder espiritual sobre o temporal, e do papel fundamental e especial do papa na Cristandade ("iudex superior") como elemento base e fundamental para a compreensão do poder do papa de intervir necessariamente em assuntos de carácter eminentemente secular. É importante salientar, que as concepções do papa Inocêncio III abriram o caminho e lançaram as bases e os argumentos da monarquia papal que conduziram às afirmações e excessos realizados e desenvolvidos pelos seus sucessores.

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A noção de «Plenitudo Potestatis» no pensamento do papa Inocêncio III TIAGO FONTeS* Resumo: Inocê... more A noção de «Plenitudo Potestatis» no pensamento do papa Inocêncio III TIAGO FONTeS* Resumo: Inocêncio III, ao longo do seu pontificado, transformou e expandiu as concepções acerca da noção da monarquia papal e do poder absoluto do papa no seio do «Corpus ...

Research paper thumbnail of Contemplando Narciso: o mito de Narciso no De Amore de Marsílio Ficino

Por volta de 1469, Marsílio Ficino compôs o Commentarium in Convivium Platonis, também conhecido ... more Por volta de 1469, Marsílio Ficino compôs o Commentarium in Convivium Platonis, também conhecido por De Amore, um extenso e complexíssimo comentário ao Symposium de Pla- tão. No sexto discurso da referida obra o nosso pensador insere e desenvolve uma brevíssima referência à figura de Narciso, ao mito de Narciso. Pretende-se neste artigo desenvolver uma apresentação da interpretação de Marsílio Ficino do mito de Narciso. Pretende-se igualmente analisar a questão da inserção do mito de Narciso na obra de Ficino.

Research paper thumbnail of Contemplando Narciso: o mito de Narciso no De Amore de Marsílio Ficino Beholding Narcissus: The myth of Narcissus in the De Amore of Marsílio Ficino

Forma Breve n.º 17, 2021

Por volta de 1469, Marsílio Ficino compôs o Commentarium in Convivium Platonis, também conhecido ... more Por volta de 1469, Marsílio Ficino compôs o Commentarium in Convivium Platonis, também conhecido por De Amore, um extenso e complexíssimo comentário ao Symposium de Platão. No sexto discurso da referida obra o nosso pensador insere e desenvolve uma brevíssima referência à figura de Narciso, ao mito de Narciso. Pretende-se neste artigo desenvolver uma apresentação da interpretação de Marsílio Ficino do mito de Narciso. Pretende-se igualmente analisar a questão da inserção do mito de Narciso na obra de Ficino.

Research paper thumbnail of A crise do nomear Deus: Derrida entre o silêncio e a palavra

Research paper thumbnail of A Condenação do Talmude em 1240

Durante o século XII e XIII, assistiu-se a um processo de gradual mutação, destruturação e deteri... more Durante o século XII e XIII, assistiu-se a um processo de gradual mutação, destruturação e deterioração da imagem e da percepção do judaísmo e dos judeus no seio do cristianismo. Neste processo, a descoberta da literatura talmúdica e a crescente percepção da sua centralidade no seio do judaísmo, revelou-se absolutamente determinante, acabando por se erguer e tornar um dos principais alvos do antijudaismo cristão. Por volta de 1240, a literatura talmúdica - o Talmude - percepcionada como repleta de concepções, ensinamentos e posições consideradas perigosas, intoleráveis e blasfemas foi alvo, em Paris, de um processo de cariz inquisitorial que conduziu à sua subsequente condenação. Entre 1241 e 1242, foram destruídos pelo fogo centenas de manuscrito do Talmude. Pretende-se neste artigo desenvolver uma apresentação de todo o processo conducente ao célebre «julgamento», condenação e destruição do Talmude em Paris no ano de 1240. Pretende-se igualmente desenvolver uma «possível» reconstrução da estrutura processual, dos procedimentos que marcaram e teceram o processo ou «julgamento» do Talmude.

Research paper thumbnail of A doutrina da Guerra Justa no Decretum de Gratinus e nos canonistas (decretistas e decretalistas)

Durante o século XII, fruto do surgimento de novas correntes intelectuais, novos interesses e pre... more Durante o século XII, fruto do surgimento de novas correntes intelectuais, novos interesses e preocupações começa-se a assistir ao desenvolvimento de processos de transformação dos modelos de interpretação e compreensão da problemática da guerra. Neste âmbito, revela-se particularmente significativo, o poderosíssimo impacto no seio da cristandade do pensamento dos canonistas, e o modo como no imenso caudal dos comentários ao decreto e às decretais - produzido por estes canonistas – começam a florescer, transformar e expandir-se as reflexões acerca da doutrina da guerra justa ganhando e revelando novos contornos e dimensões completamente distintas.
Pretende-se neste trabalho desenvolver uma apresentação das conceções e das discussões acerca da doutrina da guerra justa no seio do pensamento de Graciano (Causa 23). Pretende-se igualmente analisar o impacto, disseminação e reação a tais conceções no seio do pensamento dos decretistas e decretalistas.

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Research paper thumbnail of Cosmos, criação e especulação: Guilherme de Conches e a sombra de uma heresia

Durante o século XII, fruto do surgimento de novas correntes intelectuais e de novas preocupações... more Durante o século XII, fruto do surgimento de novas correntes intelectuais e de novas preocupações, problemas e especulações filosóficas e científicas, começa-se a assistir ao brotar de um complexo, profundo e problemático diálogo entre o universo teológico-filosófico e as especulações científicas. Pretende-se neste artigo desenvolver uma percepção das complexas e controversas especulações religiosas, teológicas e filosóficas de Guilherme de Conches, através da compreensão e análise da reação e da denúncia do seu pensamento, feito por uma importante figura religiosa do universo intelectual do século XII: Guilherme de Saint- Thierry.

Conference presentations by Tiago Fontes

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Durante o século XII e XIII, assistiu-se a um processo de gradual mutação, destruturação e deteri... more Durante o século XII e XIII, assistiu-se a um processo de gradual mutação, destruturação e deterioração da imagem e da percepção do judaísmo e dos judeus no seio do cristianismo. Neste processo, a descoberta da literatura talmúdica e a crescente percepção da sua centralidade no seio do judaísmo, revelou-se absolutamente determinante, acabando por se erguer e tornar um dos principais alvos do antijudaismo cristão. Por volta de 1240, a literatura talmúdica - o Talmude - percepcionada como repleta de concepções, ensinamentos e posições consideradas perigosas, intoleráveis e blasfemas foi alvo, em Paris, de um processo de cariz inquisitorial que conduziu à sua subsequente condenação. Entre 1241 e 1242, foram destruídos pelo fogo centenas de manuscrito do Talmude. Pretende-se neste artigo desenvolver uma apresentação de todo o processo conducente ao célebre «julgamento», condenação e destruição do Talmude em Paris no ano de 1240. Pretende-se igualmente desenvolver uma «possível» reconstrução da estrutura processual, dos procedimentos que marcaram e teceram o processo ou «julgamento» do Talmude.

Research paper thumbnail of Extractiones de Talmud: traduções latinas do Talmude no contexto da disputa de Paris

Por volta de 1238/39, Nicolau Donin de La Rochelle (Nicolaus Donin dictus de Rupella) – um judeu ... more Por volta de 1238/39, Nicolau Donin de La Rochelle (Nicolaus Donin dictus de Rupella) – um judeu convertido ao Cristianismo – apresentou ao Papa Gregório IX uma ‘antologia’ de passagens talmúdicas traduzidas para latim e organizou uma lista de trinta e cinco acusações dirigidas contra o Talmude e a tradição rabínica judaica.
Por volta de 1240, a literatura talmúdica - o Talmude - percepcionada como repleta de concepções, ensinamentos e posições consideradas perigosas, intoleráveis e blasfemas foi alvo, em Paris, de um processo de cariz inquisitorial que conduziu à sua subsequente condenação. Entre 1241 e 1242, foram destruídos pelo fogo centenas de manuscrito do Talmude.
Nos anos que se seguiram, o papa Inocêncio IV, sucessor de Gregório IX, eventualmente impelido por protestos ou por uma petição proveniente das comunidades judias francesas, ordenou e forçou a importante figura do Bispo de Tusculum, Odo de Chateauroux, então legado papal em Paris, a organizar uma nova comissão com o intuito de reexaminar e inspecionar o Talmude e enviar aos judeus o material considerado não ofensivo e perigoso para o cristianismo.
Em 1247, Odo de Chateauroux formou uma comissão de inquérito na qual se percepciona a participação um número bastante significativo de escolares e mestres em teologia pertencentes à universidade de Paris O resultado do processo de exame dos textos talmúdicos desenvolvidos por esta comissão revela-se, de forma absolutamente clara, na sentença proclamada, em 15 de Maio de 1248, pelo legado papal, em que o Talmude é considerado merecedor de condenação em virtude de conter e defender conceções e posições consideradas perigosas, intoleráveis e blasfemas para o cristianismo e para a cristandade, não devendo ser alvo de qualquer forma de tolerância do seio da cristandade.
É no seio deste complexo e controverso contexto histórico, em particular, no seio processo de revisão e do inspecionar do texto talmúdico, que, por volta de 1244/45, sob comissão do legado papal, se descortina todo um processo verdadeiramente inédito de tradução para latim de uma imensidade de passagens do Talmude da Babilónia, processo esse que consubstanciou o surgimento e a produção do mais extenso corpus de traduções latinas do Talmude alguma vez empreendido no seio do mundo medieval. Este corpus textual, ou melhor, esta tradução latina do Talmude, conhecida sob o nome de Extractiones de Talmud, ergue-se e revela-se como um ‘testemunho’ textual de fulcral importância, não só, para uma mais profunda compreensão das polémicas anti-judaicas medievais, mas também para a compreensão do processo de transformação e redefinição da forma de compreensão da literatura judaica no seio das polémicas com o universo judaico. De facto, pouco depois do surgimento deste material e do seu espalhar no seio da literatura cristã, assinala-se a tomada de consciência no seio do universo intelectual cristão, particularmente, entre os polemistas cristãos, de que este material (Talmude) poderia-se revelar de enorme utilidade para substanciar a veracidade do cristianismo.

Pretende-se nesta apresentação desenvolver o estudo e análise das Extractiones de Talmud, procurando descortinar o seu lugar no seio das polémicas anti-judias medievais. Pretende-se igualmente percecionar a sua relação com outros esforços de tradução do Talmude desenvolvidos anteriormente, nomeadamente a lista de trinta e cinco acusações produzidas por Nicolau Donin. Por fim, pretende-se percepcionar os propósitos teológicos e polémicos que nortearam o processo de compilação e de tradução das passagens talmúdicas presentes nas Extractiones de Talmud.

Research paper thumbnail of Liber Vaccae: experiencias de geração artificial

A partir do século XII, emerso no seio de manuscritos de cariz médico, circulava uma obra estranh... more A partir do século XII, emerso no seio de manuscritos de cariz médico, circulava uma obra estranha e enigmática atribuída a Platão. Esta obra, conhecida sobre vários títulos e nomes – liber aneguemis, leges Platonis ou liber institutionum activarum platonis, ou ainda Liber Vaccae – apresentava e revelava experiências e receitas para a criação de vida artificial, para a criação de animais racionais e irracionais a partir de matéria orgânica através de técnicas que imitavam e manipulavam os processos naturais. Pretende-se nesta apresentação desenvolver uma análise desta experiencias e destas receitas percepcionando o seu significado e o seu intuito, procurando relacionar com as reflexões, experimentações e teorias acerca da criação de vida artificial e da geração espontânea desde o final da antiguidade. Pretende-se igualmente percepcionar o impacto deste texto (recepção e reacção) entre os leitores medievais, de modo particular no seio do universo intelectual medieval.

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History of Political Philosophy by Tiago Fontes

Research paper thumbnail of Augustine and the History of Political Ideas: The City of God and the City of Men

In our time there is little doubt that some events are global. Even those who think that the stro... more In our time there is little doubt that some events are global. Even those who think that the strongest ties and the main moral, social, and political duties are those we have to our family, our city or our nation, instead of to humanity as a whole, recognize that there are phenomena that are, literally, planetary in scale.
In a certain sense, this observation seems to be motivated by reasons of an economic, technical or cultural nature—due to the universal applications of science, the increasing migrations and contacts between the different peoples of the earth, and so on. Some prefer to underline certain technological causes, while others underline the “moral” roots, but in any case, as twentieth-century French philosopher Raymond Aron once said “the unity of the planet is already complete, its vicissitudes are already integrated in universal history.” This unity exists regardless of what people think. However, contrary to what is sometimes said, this awareness of planetary unity is not exactly recent; it was a given at least since the end of World War II and has much older roots.
During the Cold War, this was expressed with great rhetorical force in Kennedy's famous words: “We all inhabit the same planet, we all breathe the same air, we are all afraid, we are all worried about the future of our children, we are all mortal.” We know that there is, beyond blood ties, family, culture or religion, a social and moral horizon that is common to all, and the question is precisely what the best organization is for living together despite the differences and incompatibilities between people and their worldviews. Like Kennedy’s speech went on to state: “So let us not be blinded by our differences – but let us direct our attention to our common interests and the means by which these differences can be resolved. And if we can't end our differences now, at least we can help make the world safe for this diversity.” A just order is global in scope.
The platonic Socrates corrected the “opinion” of the age according to which justice was simply favoring friends and allies well while inflicting harm on enemies and adversaries. But he never suggested that the ties that bind us, or that government itself, could be “worldwide.” Nor did historians of the Roman Empire pretend that its history was universal: it was, on the contrary, the history of the city to which citizens owed their first loyalty.
The opinion or feeling that we should favor our own people first and foremost has not disappeared but is now counterbalanced by the idea that such an opinion is parochial, if not based on mere prejudice, because we are all men, we all inhabit the earth, and we all share the same fate. The first philosophers who seriously defended the idea that humanity had a common destiny in the West were perhaps the Stoics.
But this idea was linked to the idea of divine Providence, as the cosmos is too big to be governed by any human regime or government. For the notion of a universal city of men, as distinct from the cosmos ruled by God, was introduced only by Augustine.

Research paper thumbnail of Papa Inocêncio III: Contribuição Para O Estudo Do Seu Pensamento Teológico-Político

O meu profundo agradecimento à minha orientadora, a Professora Doutora Maria Cândida Gonçalves da... more O meu profundo agradecimento à minha orientadora, a Professora Doutora Maria Cândida Gonçalves da Costa Reis Monteiro Pacheco, por ter possibilitado a minha iniciação nos estudos medievais, e no pensamento do Papa Inocêncio III, pela sua ajuda, disponibilidade, apoio e pelos preciosos incentivos que foram de extrema importância para a concretização desta tese. Ao doutor Manuel Gama, pela consideração e pela oportunidade que me foi dada e concedida ao longo da parte lectiva, bem como a disponibilidade, a ajuda e o incentivo ao longo do processo da concretização da tese. Ao Doutor João Cardoso Rosas por toda a disponibilidade, toda a ajuda, incentivo, e por tudo quanto fez por mim ao longo do processo de concretização desta tese. O meu profundo agradecimento ao Eduardo Cardoso, dos serviços de documentação da Universidade do Minho-Gabinete de difusão de Informação, sem a sua preciosa ajuda nunca teria conseguido concretizar esta tese. A Paula Nunes gostaria de agradecer a sua preciosa e importantíssima ajuda, a sua inteira disponibilidade num momento particularmente difícil e complexo da minha tese. Aos meus pais e aos meus irmãos pela paciência, apoio e pelos importantes incentivos. Finalmente, um particular e especial agradecimento à Francisca, minha mulher, pelo apoio, incentivo e por tudo quanto foi e significou para mim ao longo desta difícil e complicada caminhada. A todos aqueles que me apoiaram e ajudaram ao longos destes anos. iii RESUMO O pontificado do Papa Inocêncio III representa um dos mais importantes e significativos do período medieval. A sua personalidade e carácter, bem como as suas concepções e visões, lançaram definitivamente o tom do governo papal e da afirmação do poder do ofício papal. Desde o movimento da reforma no século XI que o ofício papal se tinha vindo a tornar um elemento fundamental na sociedade cristã, tendo neste processo, Inocêncio III desempenhado um papel de capital importância. Inocêncio III transformou e expandiu as concepções e as noções da monarquia papal, criou novas justificações para o exercício da autoridade papal e conduziu o poder e a dignidade do seu ofício para novos caminhos e novas direcções. Este documento apresenta-se, de certo modo, como uma caminhada através de alguns dos pontos e dos problemas mais importantes das suas visões e concepções acerca do exercício da autoridade papal e da afirmação do poder do seu ofício, bem como uma análise e uma compreensão dos motivos e das "linhas de força" que nortearam a sua acção e a sua intervenção na complexa e problemática conjuntura histórico política que então se vivia, sob a pressão da realidade política. Dentro da análise das concepções e das visões do papa em relação ao exercício da autoridade papal e acerca da afirmação do poder do ofício papal, existe neste documento uma particular atenção e um particular cuidado em distinguir a afirmação papal da noção de "Plenitudo Potestatis" (afirmação do poder absoluto do papa no seio do "Corpus ecclesiae") da afirmação da superioridade do poder espiritual sobre o temporal, e do papel fundamental e especial do papa na Cristandade ("iudex superior") como elemento base e fundamental para a compreensão do poder do papa de intervir necessariamente em assuntos de carácter eminentemente secular. É importante salientar, que as concepções do papa Inocêncio III abriram o caminho e lançaram as bases e os argumentos da monarquia papal que conduziram às afirmações e excessos realizados e desenvolvidos pelos seus sucessores.

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A noção de «Plenitudo Potestatis» no pensamento do papa Inocêncio III TIAGO FONTeS* Resumo: Inocê... more A noção de «Plenitudo Potestatis» no pensamento do papa Inocêncio III TIAGO FONTeS* Resumo: Inocêncio III, ao longo do seu pontificado, transformou e expandiu as concepções acerca da noção da monarquia papal e do poder absoluto do papa no seio do «Corpus ...

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Por volta de 1469, Marsílio Ficino compôs o Commentarium in Convivium Platonis, também conhecido ... more Por volta de 1469, Marsílio Ficino compôs o Commentarium in Convivium Platonis, também conhecido por De Amore, um extenso e complexíssimo comentário ao Symposium de Pla- tão. No sexto discurso da referida obra o nosso pensador insere e desenvolve uma brevíssima referência à figura de Narciso, ao mito de Narciso. Pretende-se neste artigo desenvolver uma apresentação da interpretação de Marsílio Ficino do mito de Narciso. Pretende-se igualmente analisar a questão da inserção do mito de Narciso na obra de Ficino.

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Forma Breve n.º 17, 2021

Por volta de 1469, Marsílio Ficino compôs o Commentarium in Convivium Platonis, também conhecido ... more Por volta de 1469, Marsílio Ficino compôs o Commentarium in Convivium Platonis, também conhecido por De Amore, um extenso e complexíssimo comentário ao Symposium de Platão. No sexto discurso da referida obra o nosso pensador insere e desenvolve uma brevíssima referência à figura de Narciso, ao mito de Narciso. Pretende-se neste artigo desenvolver uma apresentação da interpretação de Marsílio Ficino do mito de Narciso. Pretende-se igualmente analisar a questão da inserção do mito de Narciso na obra de Ficino.

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Research paper thumbnail of A Condenação do Talmude em 1240

Durante o século XII e XIII, assistiu-se a um processo de gradual mutação, destruturação e deteri... more Durante o século XII e XIII, assistiu-se a um processo de gradual mutação, destruturação e deterioração da imagem e da percepção do judaísmo e dos judeus no seio do cristianismo. Neste processo, a descoberta da literatura talmúdica e a crescente percepção da sua centralidade no seio do judaísmo, revelou-se absolutamente determinante, acabando por se erguer e tornar um dos principais alvos do antijudaismo cristão. Por volta de 1240, a literatura talmúdica - o Talmude - percepcionada como repleta de concepções, ensinamentos e posições consideradas perigosas, intoleráveis e blasfemas foi alvo, em Paris, de um processo de cariz inquisitorial que conduziu à sua subsequente condenação. Entre 1241 e 1242, foram destruídos pelo fogo centenas de manuscrito do Talmude. Pretende-se neste artigo desenvolver uma apresentação de todo o processo conducente ao célebre «julgamento», condenação e destruição do Talmude em Paris no ano de 1240. Pretende-se igualmente desenvolver uma «possível» reconstrução da estrutura processual, dos procedimentos que marcaram e teceram o processo ou «julgamento» do Talmude.

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Durante o século XII, fruto do surgimento de novas correntes intelectuais, novos interesses e pre... more Durante o século XII, fruto do surgimento de novas correntes intelectuais, novos interesses e preocupações começa-se a assistir ao desenvolvimento de processos de transformação dos modelos de interpretação e compreensão da problemática da guerra. Neste âmbito, revela-se particularmente significativo, o poderosíssimo impacto no seio da cristandade do pensamento dos canonistas, e o modo como no imenso caudal dos comentários ao decreto e às decretais - produzido por estes canonistas – começam a florescer, transformar e expandir-se as reflexões acerca da doutrina da guerra justa ganhando e revelando novos contornos e dimensões completamente distintas.
Pretende-se neste trabalho desenvolver uma apresentação das conceções e das discussões acerca da doutrina da guerra justa no seio do pensamento de Graciano (Causa 23). Pretende-se igualmente analisar o impacto, disseminação e reação a tais conceções no seio do pensamento dos decretistas e decretalistas.

Research paper thumbnail of “A noção de «Plenitudo Potestatis» no pensamento do Papa Inocêncio III”,

Research paper thumbnail of Cosmos, criação e especulação: Guilherme de Conches e a sombra de uma heresia

Durante o século XII, fruto do surgimento de novas correntes intelectuais e de novas preocupações... more Durante o século XII, fruto do surgimento de novas correntes intelectuais e de novas preocupações, problemas e especulações filosóficas e científicas, começa-se a assistir ao brotar de um complexo, profundo e problemático diálogo entre o universo teológico-filosófico e as especulações científicas. Pretende-se neste artigo desenvolver uma percepção das complexas e controversas especulações religiosas, teológicas e filosóficas de Guilherme de Conches, através da compreensão e análise da reação e da denúncia do seu pensamento, feito por uma importante figura religiosa do universo intelectual do século XII: Guilherme de Saint- Thierry.

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Durante o século XII e XIII, assistiu-se a um processo de gradual mutação, destruturação e deteri... more Durante o século XII e XIII, assistiu-se a um processo de gradual mutação, destruturação e deterioração da imagem e da percepção do judaísmo e dos judeus no seio do cristianismo. Neste processo, a descoberta da literatura talmúdica e a crescente percepção da sua centralidade no seio do judaísmo, revelou-se absolutamente determinante, acabando por se erguer e tornar um dos principais alvos do antijudaismo cristão. Por volta de 1240, a literatura talmúdica - o Talmude - percepcionada como repleta de concepções, ensinamentos e posições consideradas perigosas, intoleráveis e blasfemas foi alvo, em Paris, de um processo de cariz inquisitorial que conduziu à sua subsequente condenação. Entre 1241 e 1242, foram destruídos pelo fogo centenas de manuscrito do Talmude. Pretende-se neste artigo desenvolver uma apresentação de todo o processo conducente ao célebre «julgamento», condenação e destruição do Talmude em Paris no ano de 1240. Pretende-se igualmente desenvolver uma «possível» reconstrução da estrutura processual, dos procedimentos que marcaram e teceram o processo ou «julgamento» do Talmude.

Research paper thumbnail of Extractiones de Talmud: traduções latinas do Talmude no contexto da disputa de Paris

Por volta de 1238/39, Nicolau Donin de La Rochelle (Nicolaus Donin dictus de Rupella) – um judeu ... more Por volta de 1238/39, Nicolau Donin de La Rochelle (Nicolaus Donin dictus de Rupella) – um judeu convertido ao Cristianismo – apresentou ao Papa Gregório IX uma ‘antologia’ de passagens talmúdicas traduzidas para latim e organizou uma lista de trinta e cinco acusações dirigidas contra o Talmude e a tradição rabínica judaica.
Por volta de 1240, a literatura talmúdica - o Talmude - percepcionada como repleta de concepções, ensinamentos e posições consideradas perigosas, intoleráveis e blasfemas foi alvo, em Paris, de um processo de cariz inquisitorial que conduziu à sua subsequente condenação. Entre 1241 e 1242, foram destruídos pelo fogo centenas de manuscrito do Talmude.
Nos anos que se seguiram, o papa Inocêncio IV, sucessor de Gregório IX, eventualmente impelido por protestos ou por uma petição proveniente das comunidades judias francesas, ordenou e forçou a importante figura do Bispo de Tusculum, Odo de Chateauroux, então legado papal em Paris, a organizar uma nova comissão com o intuito de reexaminar e inspecionar o Talmude e enviar aos judeus o material considerado não ofensivo e perigoso para o cristianismo.
Em 1247, Odo de Chateauroux formou uma comissão de inquérito na qual se percepciona a participação um número bastante significativo de escolares e mestres em teologia pertencentes à universidade de Paris O resultado do processo de exame dos textos talmúdicos desenvolvidos por esta comissão revela-se, de forma absolutamente clara, na sentença proclamada, em 15 de Maio de 1248, pelo legado papal, em que o Talmude é considerado merecedor de condenação em virtude de conter e defender conceções e posições consideradas perigosas, intoleráveis e blasfemas para o cristianismo e para a cristandade, não devendo ser alvo de qualquer forma de tolerância do seio da cristandade.
É no seio deste complexo e controverso contexto histórico, em particular, no seio processo de revisão e do inspecionar do texto talmúdico, que, por volta de 1244/45, sob comissão do legado papal, se descortina todo um processo verdadeiramente inédito de tradução para latim de uma imensidade de passagens do Talmude da Babilónia, processo esse que consubstanciou o surgimento e a produção do mais extenso corpus de traduções latinas do Talmude alguma vez empreendido no seio do mundo medieval. Este corpus textual, ou melhor, esta tradução latina do Talmude, conhecida sob o nome de Extractiones de Talmud, ergue-se e revela-se como um ‘testemunho’ textual de fulcral importância, não só, para uma mais profunda compreensão das polémicas anti-judaicas medievais, mas também para a compreensão do processo de transformação e redefinição da forma de compreensão da literatura judaica no seio das polémicas com o universo judaico. De facto, pouco depois do surgimento deste material e do seu espalhar no seio da literatura cristã, assinala-se a tomada de consciência no seio do universo intelectual cristão, particularmente, entre os polemistas cristãos, de que este material (Talmude) poderia-se revelar de enorme utilidade para substanciar a veracidade do cristianismo.

Pretende-se nesta apresentação desenvolver o estudo e análise das Extractiones de Talmud, procurando descortinar o seu lugar no seio das polémicas anti-judias medievais. Pretende-se igualmente percecionar a sua relação com outros esforços de tradução do Talmude desenvolvidos anteriormente, nomeadamente a lista de trinta e cinco acusações produzidas por Nicolau Donin. Por fim, pretende-se percepcionar os propósitos teológicos e polémicos que nortearam o processo de compilação e de tradução das passagens talmúdicas presentes nas Extractiones de Talmud.

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A partir do século XII, emerso no seio de manuscritos de cariz médico, circulava uma obra estranh... more A partir do século XII, emerso no seio de manuscritos de cariz médico, circulava uma obra estranha e enigmática atribuída a Platão. Esta obra, conhecida sobre vários títulos e nomes – liber aneguemis, leges Platonis ou liber institutionum activarum platonis, ou ainda Liber Vaccae – apresentava e revelava experiências e receitas para a criação de vida artificial, para a criação de animais racionais e irracionais a partir de matéria orgânica através de técnicas que imitavam e manipulavam os processos naturais. Pretende-se nesta apresentação desenvolver uma análise desta experiencias e destas receitas percepcionando o seu significado e o seu intuito, procurando relacionar com as reflexões, experimentações e teorias acerca da criação de vida artificial e da geração espontânea desde o final da antiguidade. Pretende-se igualmente percepcionar o impacto deste texto (recepção e reacção) entre os leitores medievais, de modo particular no seio do universo intelectual medieval.

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Research paper thumbnail of Augustine and the History of Political Ideas: The City of God and the City of Men

In our time there is little doubt that some events are global. Even those who think that the stro... more In our time there is little doubt that some events are global. Even those who think that the strongest ties and the main moral, social, and political duties are those we have to our family, our city or our nation, instead of to humanity as a whole, recognize that there are phenomena that are, literally, planetary in scale.
In a certain sense, this observation seems to be motivated by reasons of an economic, technical or cultural nature—due to the universal applications of science, the increasing migrations and contacts between the different peoples of the earth, and so on. Some prefer to underline certain technological causes, while others underline the “moral” roots, but in any case, as twentieth-century French philosopher Raymond Aron once said “the unity of the planet is already complete, its vicissitudes are already integrated in universal history.” This unity exists regardless of what people think. However, contrary to what is sometimes said, this awareness of planetary unity is not exactly recent; it was a given at least since the end of World War II and has much older roots.
During the Cold War, this was expressed with great rhetorical force in Kennedy's famous words: “We all inhabit the same planet, we all breathe the same air, we are all afraid, we are all worried about the future of our children, we are all mortal.” We know that there is, beyond blood ties, family, culture or religion, a social and moral horizon that is common to all, and the question is precisely what the best organization is for living together despite the differences and incompatibilities between people and their worldviews. Like Kennedy’s speech went on to state: “So let us not be blinded by our differences – but let us direct our attention to our common interests and the means by which these differences can be resolved. And if we can't end our differences now, at least we can help make the world safe for this diversity.” A just order is global in scope.
The platonic Socrates corrected the “opinion” of the age according to which justice was simply favoring friends and allies well while inflicting harm on enemies and adversaries. But he never suggested that the ties that bind us, or that government itself, could be “worldwide.” Nor did historians of the Roman Empire pretend that its history was universal: it was, on the contrary, the history of the city to which citizens owed their first loyalty.
The opinion or feeling that we should favor our own people first and foremost has not disappeared but is now counterbalanced by the idea that such an opinion is parochial, if not based on mere prejudice, because we are all men, we all inhabit the earth, and we all share the same fate. The first philosophers who seriously defended the idea that humanity had a common destiny in the West were perhaps the Stoics.
But this idea was linked to the idea of divine Providence, as the cosmos is too big to be governed by any human regime or government. For the notion of a universal city of men, as distinct from the cosmos ruled by God, was introduced only by Augustine.