Dayane Augusta Santos da Silva | Universidade de Brasília - UnB (original) (raw)
Papers by Dayane Augusta Santos da Silva
Em Angola, nas narrativas sobre a guerra de independência, é corrente o reconhecimento de que mul... more Em Angola, nas narrativas sobre a guerra de independência, é corrente o reconhecimento de que mulheres comuns contribuíram na luta anticolonial, ressaltando-se as inúmeras atividades e tarefas desenvolvidas por essas mulheres na guerra de libertação nacional. Neste sentido, com base em depoimentos orais e fontes militares, este artigo acentua a atuação de mulheres, a partir dos trabalhos realizados nas zonas libertadas, em sua manutenção e sustentabilidade, e fora dessas zonas, em atuações específicas, nas diferentes províncias de Angola. Argumento que um conjunto de mulheres anônimas, muitas delas camponesas, mantiveram uma “economia anticolonial”, buscando manter certa autonomia para a luta, independente da administração portuguesa. Em vista disso, acredito que elas devem ser consideradas “guerrilheiras” e não apenas “combatentes”, de modo a colocar em questão a secundarização a que foram relegadas
Angola | Mulheres | Economia de guerra | Trabalho logístico | Atividades econômicas
Resumo: Baseando-me principalmente em fontes jornalísticas, procuro repensar o lugar das mulheres... more Resumo: Baseando-me principalmente em fontes jornalísticas, procuro repensar o lugar das mulheres na sociedade colonial angolana. A intenção é demonstrar como as ideias de “raça”, “civilismo”, “ensino” e "inserção social” das mulheres, refletida nas leis e práticas coloniais dos anos 1960, ocorreram à sombra do Estatuto do Indigenato, um código normativo que desde os princípios do século XX diferenciava os indivíduos de raça negra ou dela descendentes dos portugueses. Formas anteriores de “coisificação” e “promoção” das mulheres em Angola. Neste período, acreditava-se que a colonização teria adotado um processo incompleto ao desconsiderar o papel das mulheres na sociedade africana. Paralelamente, verso ainda sobre o contexto de exigência de posicionamento das mulheres em uma atmosfera de medo e insegurança com a luta anticolonial.
Palavras-chaves: Mulheres angolanas; Colonialismo português; Promoção social; Práticas e representações; Luta anticolonial
RESUMO: No que tange ao projeto abrangente dos pesquisadores africanos escreverem a História do c... more RESUMO: No que tange ao projeto abrangente dos pesquisadores africanos escreverem a História do continente por si mesmos e partindo de um ponto de vista endógeno, da construção do conhecimento histórico, este artigo tenciona esboçar as nuanças, problemas e questões suscitados a partir da elaboração de uma escrita do ponto de vista africano do discurso histórico, numa perspectiva de longa duração. Convida os pesquisadores de diferentes áreas a refletirem sobre a historicidade do continente, no modo como buscou-se construir uma narrativa que atendesse as necessidades teóricas e práticas “localizadas” a partir do contexto de libertação nacional.
PALAVRAS-CHAVE: Historiografia; Correntes de Pensamento; Africanos; Descolonização.
Trata-se de notas de pesquisa histórica e documental de tese de doutorado que aborda a participaç... more Trata-se de notas de pesquisa histórica e documental de tese de doutorado que aborda a participação e as experiências de mulheres angolanas, algumas delas camponesas, no quaro da luta armada pela independência de Angola, entre os anos de 1961-1974. No que se refere ao trabalho de campo, por meio das rotas percorridas, entre Brasília, Luanda e Lisboa, pesquisas de arquivos e entrevistas, busca-se abordar os aspectos e as estratégias utilizadas para a realização do estudo mencionado. O ensaio problematiza o acesso a fontes manuscritas, de arquivos, entrevistas explanando escolhas teóricas e metodológicas, caminhos de pesquisa, temáticas e discussões centrais nos estudos de gênero em Angola.
Este artigo realiza discussão teórica-conceitual acerca as articulações das categorias mulher-gên... more Este artigo realiza discussão teórica-conceitual acerca as articulações das categorias mulher-gênero-feminismos. Parto prioritariamente dos estudos de intelectuais africanas inseridas no campo dos estudos de gênero no continente africano. Utilizo o termo "feminismos africanos" para referir-me a material bibliográfico produzido por feministas negras africanas, acadêmicas negras africanas e ativistas que, independentemente do seu país de origem, no continente ou na Diáspora, refletem partindo do ponto de vista africano, como um "conhecimento endógeno", embora reconhecendo a imensa heterogeneidade que opera dentro dos limites deste termo. As intelectuais africanas concentram-se na experiência das mulheres africanas e ressaltam as diferentes formas de opressão as quais estas mulheres estão sujeitas, sob outra ótica. O esforço aqui não é de categorizar ou classificar as obras das intelectuais, em alguns casos autodeclaradas feministas africanas, mas analisar algumas implicações teóricas que o uso do termo trás.
Palavras-Chaves: Mulher; Angola; Intelectuais africanas; Feminismos africanos.
Las narrativas de lucha contra la colonización han sido construidas en masculino con base en docu... more Las narrativas de lucha contra la colonización han sido construidas en masculino con base en documentos producidos por hombres y, por tanto, las mujeres han ocupado un espacio periférico en esas narrativas. En Angola, en el campo de la Historia de las mujeres, es reciente una perspectiva crítica de escritura en femenino o en pro de las mujeres y producida por mujeres. En este sentido, la temática de las mujeres angoleñas deviene importante para comprender las dinámicas sociales de una Angola contemporánea. Para ello, este trabajo invita a investigadores de diferentes áreas, principalmente historiadores, a repensar la historiografía sobre/de las mujeres angoleñas, considerando la forma en que se construyeron narrativas que atendieran a necesidades teóricas y prácticas “localizadas”, a partir del contexto de liberación nacional.
Resumo: Seja nas relações interpessoais e nos espaços públicos, em episódios ou nas grandes cifra... more Resumo: Seja nas relações interpessoais e nos espaços públicos, em episódios ou nas grandes cifras, o racismo ecoa em nosso cotidiano. Não muito diferente das tendências antigas, hoje o racismo continua afetando os negros em suas individualidades, violando direitos humanos, de modo sistêmico e em todas as esferas de suas vidas. Não é diferente com a publicidade. Indivíduos negros são responsável por considerável circulação de dinheiro no mercado e constituem boa parte dos pequenos empreendedores, mas aparecem em poucos comerciais e são retratados em condição de rebaixamento. A sociedade de consumo cristaliza valores que inferiorizam os indivíduos negros por meio de duas estratégias: 1) reduzindo sua presença nos comerciais e 2) associando os poucos presentes a determinados estereótipos. Frequentemente, estes indivíduos são retratados como representantes das classes populares ou associados ao ridículo, ao exótico, à corporeidade e à sexualidade. Nos últimos meses têm sido recorrentes denúncias de propagandas racistas nas redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter. Com efeito, a propaganda brasileira deixa muito a desejar se o assunto for mostrar que pessoas negras "existem", são "bonitas" e "valiosas".
O presente trabalho resulta da análise de obras clássicas e recentes da historiografia brasileira... more O presente trabalho resulta da análise de obras clássicas e recentes da
historiografia brasileira e portuguesa sobre o catolicismo reformado e o seu impacto na experiência religiosa de mulheres moradoras nos domínios lusos. Investiga-se como as manifestações devocionais se configuravam sob a perspectiva de que o catolicismo tridentino (no modo como as reformas foram implementadas na América lusa) buscou estabelecer normas para o comportamento feminino. Trata-se de um estudo que permite uma análise mais ampla da reclusão feminina no período colonial, sem perder de vista a onda de mudanças que marcou a cristandade ocidental no período moderno – como o ímpeto reformador que se afirmou no Concílio de Trento e a interiorização da consciência moral baseada na culpa do pecado e sustentada por representações misóginas do feminino.
Resumo: O presente ensaio resulta da análise de obras clássicas e recentes da historiografia bras... more Resumo: O presente ensaio resulta da análise de obras clássicas e recentes da historiografia brasileira e portuguesa sobre o catolicismo reformado e o impacto deste na experiência religiosa de mulheres moradoras nos domínios lusos. Investiga-se de que modo as manifestações devocionais se configuravam sob a perspectiva de que o catolicismo tridentino, no modo como as reformas foram implementadas na América lusa, também buscou estabelecer normas para o comportamento feminino. É uma investigação que busca compreender como as mulheres levavam uma vida conventual nas instituições de enclausuramento ou no espaço doméstico, onde as próprias devotas mais extremadas se auto-atribuíam rituais de purificação, sem contudo fazerem votos perpétuos. Trata-se de um estudo que permite uma análise mais ampla da reclusão feminina no período colonial, sem perder de vista a onda de mudanças que marcou a cristandade ocidental no período moderno – como o ímpeto reformador que se afirmou no Concílio de Trento, a interiorização da consciência moral baseada na culpa do pecado e sustentada por representações misóginas do feminino. Além disso, o período foi marcado pela imbricação das esferas do público e do privado. 1. Introdução Este estudo busca examinar a vivência religiosa de mulheres moradoras dos domínios lusos na América, nos séculos XVI e XVIII. Investiga-se, a partir de obras historiográficas brasileiras e portuguesas recentes, de que modo as mulheres elaboraram estratégias informais para viver a sua fé, mesmo sob maior controle da Igreja. Examinam-se trabalhos que discutem as relações existentes entre o sagrado e o profano, e, particularmente, entre magia e religião. Também são abordadas as relações entre a feitiçaria e a ação repressiva da Igreja tridentina, que considerou heresias o que hoje entendemos como manifestações da religiosidade popular. A escolha do período deveu-se ao particular interesse de compreender como essas mulheres agenciaram suas escolhas religiosas em um ambiente que se constituiu de identidades diferenciadas, permeado por uma estrutura hierárquica, considerada desigual, como as estabelecidas no processo colonizador, entre metrópole, colonos, mulheres, índios e negros. Trata-se de um período que permite examinar as modificações de costumes e de mentalidades baseadas na fé católica reformada.
Revista Noctua, Sep 13, 2010
Entre as ações realizadas no projeto de pesquisa e extensão "Abrigos da memória na região de Bras... more Entre as ações realizadas no projeto de pesquisa e extensão "Abrigos da memória na região de Brasília" interpretamos impactos de processos histórico-culturais nesta cidade, na (re) criação de identidades de trabalhadores (as), entre elas costureiras ambulantes, moradores Kalunga, de Cavalcante-Go, assim como de estudantes angolanos na Universidade de Brasília-UnB. Utilizamos os recursos da história oral e da fotografia para registrar e ampliar relações sociais nos processos de construção da memória e poderes, que emergem a partir das interações que são construídas entre nós e os/as entrevistados/as. Através do diálogo entre essas oralidades/fotos, podemos criar outras versões da história, movimentando identidades, negociando interesses e projetos de (re) apropriação de tempos e espaços. Neste artigo nos propomos a interpretar experiências envolvidas no planejamento, na organização e participação na oficina "Memória e Cidadania Cultural" na VIII Semana de Extensão 1 , pela equipe desse projeto de pesquisa, também apoiado pelo Decanato de Extensão-UnB, oficina com a qual procuramos promover interação entre produção de conhecimento e conquista da cidadania, na ampliação de percepções e concepções acerca de diversas culturas, por meio da oralidade e da expressão corporal. Além da equipe desse projeto, essa atividade dessa semana de extensão contou com a presença de oito alunos de graduação e pós-graduação da UnB e 11 jovens remanescentes quilombolas, moradores da comunidade Kalunga no município de Cavalcante Goiás 2. Presença está que foi crucial nos diálogos entabulados no transcorrer desta já referida.
Entre as ações realizadas no projeto de pesquisa e extensão " Abrigos da memória na região de Bra... more Entre as ações realizadas no projeto de pesquisa e extensão " Abrigos da memória na região de Brasília " foram interpre-tados por este ensaio os impactos de processos históricos e culturais nesta cidade, na " recriação " de identidades de trabalhadores e trabalhadoras, entre elas, costureiras ambulantes, assim como de estudantes angolanos na Universi-dade de Brasília (UnB). Foram utilizados os recursos da história oral e da fotografia para registrar e ampliar relações sociais nos processos de construção da memória e dos poderes, que emergem a partir das interações construídas entre os pesquisadores e os entrevistados e entrevistadas. Através do diálogo entre essas oralidades/fotos, pode-se criar outras versões da história, movimentando identidades, negociando interesses e projetos de (re)apropriação de tempos e espaços. Neste ensaio, objetiva-se relatar experiências desenvolvidas no planejamento, na organização e na participação na oficina " Memória e Cidadania Cultural " , apresentada na VIII Semana de Extensão 2 , pela equipe do projeto de pesquisa e de ação contínua, que é apoiado pelo Decanato de Extensão da UnB. Com este evento, procuramos promover inte-ração entre produção de conhecimento e conquista da cidadania, buscando a ampliação de percepções e concepções acerca de diversas culturas, transmitidas por meio da oralidade e da expressão corporal. Além da equipe do projeto, a atividade apresentada na semana de extensão contou com a presença de oito alunos de graduação e pós-graduação da UnB e de 11 jovens quilombolas remanescentes, moradores da comunidade Kalunga do município de Cavalcante Goiás 3. Presença esta que foi crucial nos diálogos entabulados no transcorrer desta já referida atividade. Realizar essa oficina foi uma oportunidade para cotejar materiais constituídos e constituintes de experiências, memó-rias e imaginários de estudantes angolanos e angolanas e de trabalhadores e trabalhadoras em Brasília, já registrados nesse projeto de ação contínua, em audiovisual e por escrito. Durante o período de planejamento, foram realizadas reuniões com o objetivo de debater e selecionar, entre os registros captados, aqueles que potencialmente pudessem viabilizar processos de elaboração narrativa e composição dramática em geral, pelos participantes dessa oficina. Es-sas narrativas seriam e são encaradas como instrumento de sensibilização desses participantes, a partir de leitura de textos e relatos de vida e de análise de imagens e cenas de ação contidas em materiais gerados no projeto. Neste sentido, discutimos também a eventual possibilidade de registro de atividades nessa oficina, através de audio-visuais. Deste modo, as dramatizações encenadas na parte final da mesma foram gravadas com câmera e máquina digitais, sendo as gravações condicionadas à cessão de direitos pelos que as apresentaram. O aquecimento corporal, a sensibilização e a composição dramática de cenas formam todo um processo pensado na perspectiva de se perceber como a memória seria acionada, à medida que houvesse identificação ou não com o material trabalhado.
Dissertation and thesis by Dayane Augusta Santos da Silva
Apoiando-se nos aportes teóricos dos estudos de gênero em contextos africanos, esta investigação ... more Apoiando-se nos aportes teóricos dos estudos de gênero em contextos africanos, esta investigação formula análise sobre a participação e as experiências de mulheres angolanas, algumas delas camponesas, no quadro da luta armada pela independência de Angola, entre os anos de 1961-1974. Insere-se no contexto em que este país africano ainda vivia sob o domínio do colonialismo português tardio, justificado com base em teorias luso-tropicalistas, assimilacionistas, e em plena luta armada. Este período é caracterizado por ser um momento de grandes mudanças no cotidiano dos povos angolanos em geral, apesar das sombras do Estatuto do Indigenato persistirem. Para tanto, avalio, assente em diferentes registros escritos, orais e visuais, levantados nos arquivos de Angola e Portugal, quais mecanismos se delinearam na atuação das angolanas na luta anticolonial. É neste contexto que busco reforçar a importância das atividades exercidas por essas mulheres, anônimas, na legitimação, manutenção e conservação da autoridade dos poderes locais bem como dos movimentos de libertação. Essas mulheres camponesas, entendidas nesta investigação como guerrilheiras, desenvolveram “tarefas militares”, nas atividades que executavam nas bases dos movimentos de libertação, e muitas vezes fora delas, cortando cafeeiros, as bananeiras, tirando os paus da estrada, cavando as fossas para os carros não passar, fazendo kisaka, fuba, por fim, trabalhando nas lavras. Dessa forma desempenhavam os intitulados por elas mesmos “trabalhos da revolução”, tarefas constituídas enquanto ações fundamentais de guerra, na cobertura e trabalho logístico de retaguarda. Trato do uso da força do trabalho agrícola e militar na sustentabilidade das zonas libertadas e na manutenção de uma economia anticolonial de pequena escala (agrícolas, trocas, criação de animais, víveres). Esta pesquisa, portanto, aponta para a existência de uma agência específica de mulheres, sustentada prioritariamente por meio do desempenho das atividades agrícolas, com alimentação e saberes associados à terra, mas não somente. A ideia aqui foi reconhecer que essas mulheres afirmaram suas vozes e capacidades de escolhas no contexto da guerra de libertação nacional. É uma investigação, portanto, que tenciona demarcar posicionamento contra a essencialização e universalização das experiências.
Palavras-chave: Angola; mulheres angolanas; colonialismo português; luta de libertação anticolonial; movimento de camponesas; trabalho agrícola-militar; história social e política de Angola.
Baseando-se nos registros de visitações do Santo Ofício à capitania baiana entre 1591 e 1620, est... more Baseando-se nos registros de visitações do Santo Ofício à capitania baiana entre 1591 e 1620, este estudo formula uma análise sobre a participação de escravos na sociedade baiana por meio da comunicação oral. Expõe o modo como estavam normatizadas as visitações por meio dos regimentos de 1552 e 1613 e qual o uso feito deste corpo de normas no cotidiano das pessoas que habitavam este espaço. Aponta para a existência de uma agência escrava sustentada por meio de uma circulação de pessoas e informações que geravam boatos e rumores até chegar à mesa da Inquisição. Investiga as interações entre os membros desta sociedade pautando as relações entre os vizinhos, escravos, cristãos-velhos e cristãos-novos. Nesse sentido, tanto fazendo acusações, quanto sendo alvos delas, os escravos em sua agência tornaram-se importante vetor de comunicação utilizado pela comunidade e Inquisição, o que demonstra certa complexidade em relação à circulação de informações e ideias existentes na época.
book chapter by Dayane Augusta Santos da Silva
Araújo e Cláudio Nei Nascimento da Silva que, ao lado da Comissão Organizadora, corajosamente coo... more Araújo e Cláudio Nei Nascimento da Silva que, ao lado da Comissão Organizadora, corajosamente coordenaram também a realização do seminário; aos integrantes do CONIF, com particular menção à Câmara de Ensino, coordenada pela reitora do Instituto Federal Catarinense, Sônia Regina Fernandes; ao FdE, pelos intensos debates dedicados ao tema deste livro; à Comissão Técnico-Científica, que expõe aqui o cumprimento de uma árdua responsabilidade; aos Avaliadores Ad Hoc e, na pessoa do reitor Wilson Conciani, à equipe do Instituto Federal de Brasília que dedicou ao CONIF o suporte necessário.
Este livro é um dos resultados do I Fórum de Docentes de História do Institutos Federais de Educa... more Este livro é um dos resultados do I Fórum de Docentes de História do Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, que, nos dias 24 e 27 de julho de 2017 reuniu uma centena de docentes de História e outras humanidades no Campus Brasília do Instituto Federal de Brasília para discussões sobre os desafios e perspectivas dos Institutos Federais. O Fórum foi realizado no âmbito do XXIX Simpósio Nacional de História da Associação Nacional de História (Anpuh). Agradecemos à direção da Anpuh e à Comissão Organizadora do Simpósio, em especial à Professora Lucilia de Almeida Neves Delgado, por terem acolhido a proposta, inicialmente elaborada pelo Professor Thiago de Faria e Silva, e incluído um evento novo, em sua primeira edição, dentro de um evento consagrado como é o SNH, por não temerem o novo, agradecemos à Anpuh e esperamos que essa parceria possa ter vida longa. Agradecemos ao Professor Marcos Silva e à Professora Mônica Ribeiro, que atenderam tanto nosso convite para a participação no I Fórum de Docentes de História dos IFS quanto para o envio dos textos que abrem essa coletânea. Gratos somos às demais autoras e autores que enviaram seus artigos em um prazo realmente muito curto, tivéssemos nós como estender os prazos, certamente teríamos ainda mais autores e autoras representados nesse livro, mas isso não nos foi possível. Devido à exiguidade dos prazos com que trabalhamos, queremos também expressar um agradecimento pouco comum: agradecemos o trabalho ágil e a parceria da revisora de texto, Jacqueline Fiuza da Silva Regis, e da designer e diagramadora, Mariana Henrique. À toda equipe da Editora do IFB, demonstramos também nosso agradecimento, sem sua presteza e apoio, esse livro não teria sido publicado. Sobre as autoras e autores, temos ainda que destacar a abrangência que conseguimos nessa coletânea, temos aqui relatos de experiências interdisciplinares em IFs de dez unidades da federação e em cursos com características bem diversas. Ao todo temos aqui representadas experiências em treze Institutos Federais, espalhados por quase todas as regiões do Brasil. Agradecemos também ao Pró-Reitor de Ensino do IFB, Adilson Cesar de Araujo, que acompanhou de perto toda a movimentação em torno deste livro. Por fim, nosso muito obrigado à Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal, que, por meio do Edital 02/2017 de Apoio a Eventos, garantiu-nos os recursos necessários para a realização do Fórum e para a publicação deste livro como resultado imediato do evento. A FAPDF conseguiu se consolidar em pouco tempo com um agência de suma importância para o fomento da produção de conhecimento acadêmico no DF. Esperamos que também a FAP tenha vida longa.
Editorial by Dayane Augusta Santos da Silva
Em Angola, nas narrativas sobre a guerra de independência, é corrente o reconhecimento de que mul... more Em Angola, nas narrativas sobre a guerra de independência, é corrente o reconhecimento de que mulheres comuns contribuíram na luta anticolonial, ressaltando-se as inúmeras atividades e tarefas desenvolvidas por essas mulheres na guerra de libertação nacional. Neste sentido, com base em depoimentos orais e fontes militares, este artigo acentua a atuação de mulheres, a partir dos trabalhos realizados nas zonas libertadas, em sua manutenção e sustentabilidade, e fora dessas zonas, em atuações específicas, nas diferentes províncias de Angola. Argumento que um conjunto de mulheres anônimas, muitas delas camponesas, mantiveram uma “economia anticolonial”, buscando manter certa autonomia para a luta, independente da administração portuguesa. Em vista disso, acredito que elas devem ser consideradas “guerrilheiras” e não apenas “combatentes”, de modo a colocar em questão a secundarização a que foram relegadas
Angola | Mulheres | Economia de guerra | Trabalho logístico | Atividades econômicas
Resumo: Baseando-me principalmente em fontes jornalísticas, procuro repensar o lugar das mulheres... more Resumo: Baseando-me principalmente em fontes jornalísticas, procuro repensar o lugar das mulheres na sociedade colonial angolana. A intenção é demonstrar como as ideias de “raça”, “civilismo”, “ensino” e "inserção social” das mulheres, refletida nas leis e práticas coloniais dos anos 1960, ocorreram à sombra do Estatuto do Indigenato, um código normativo que desde os princípios do século XX diferenciava os indivíduos de raça negra ou dela descendentes dos portugueses. Formas anteriores de “coisificação” e “promoção” das mulheres em Angola. Neste período, acreditava-se que a colonização teria adotado um processo incompleto ao desconsiderar o papel das mulheres na sociedade africana. Paralelamente, verso ainda sobre o contexto de exigência de posicionamento das mulheres em uma atmosfera de medo e insegurança com a luta anticolonial.
Palavras-chaves: Mulheres angolanas; Colonialismo português; Promoção social; Práticas e representações; Luta anticolonial
RESUMO: No que tange ao projeto abrangente dos pesquisadores africanos escreverem a História do c... more RESUMO: No que tange ao projeto abrangente dos pesquisadores africanos escreverem a História do continente por si mesmos e partindo de um ponto de vista endógeno, da construção do conhecimento histórico, este artigo tenciona esboçar as nuanças, problemas e questões suscitados a partir da elaboração de uma escrita do ponto de vista africano do discurso histórico, numa perspectiva de longa duração. Convida os pesquisadores de diferentes áreas a refletirem sobre a historicidade do continente, no modo como buscou-se construir uma narrativa que atendesse as necessidades teóricas e práticas “localizadas” a partir do contexto de libertação nacional.
PALAVRAS-CHAVE: Historiografia; Correntes de Pensamento; Africanos; Descolonização.
Trata-se de notas de pesquisa histórica e documental de tese de doutorado que aborda a participaç... more Trata-se de notas de pesquisa histórica e documental de tese de doutorado que aborda a participação e as experiências de mulheres angolanas, algumas delas camponesas, no quaro da luta armada pela independência de Angola, entre os anos de 1961-1974. No que se refere ao trabalho de campo, por meio das rotas percorridas, entre Brasília, Luanda e Lisboa, pesquisas de arquivos e entrevistas, busca-se abordar os aspectos e as estratégias utilizadas para a realização do estudo mencionado. O ensaio problematiza o acesso a fontes manuscritas, de arquivos, entrevistas explanando escolhas teóricas e metodológicas, caminhos de pesquisa, temáticas e discussões centrais nos estudos de gênero em Angola.
Este artigo realiza discussão teórica-conceitual acerca as articulações das categorias mulher-gên... more Este artigo realiza discussão teórica-conceitual acerca as articulações das categorias mulher-gênero-feminismos. Parto prioritariamente dos estudos de intelectuais africanas inseridas no campo dos estudos de gênero no continente africano. Utilizo o termo "feminismos africanos" para referir-me a material bibliográfico produzido por feministas negras africanas, acadêmicas negras africanas e ativistas que, independentemente do seu país de origem, no continente ou na Diáspora, refletem partindo do ponto de vista africano, como um "conhecimento endógeno", embora reconhecendo a imensa heterogeneidade que opera dentro dos limites deste termo. As intelectuais africanas concentram-se na experiência das mulheres africanas e ressaltam as diferentes formas de opressão as quais estas mulheres estão sujeitas, sob outra ótica. O esforço aqui não é de categorizar ou classificar as obras das intelectuais, em alguns casos autodeclaradas feministas africanas, mas analisar algumas implicações teóricas que o uso do termo trás.
Palavras-Chaves: Mulher; Angola; Intelectuais africanas; Feminismos africanos.
Las narrativas de lucha contra la colonización han sido construidas en masculino con base en docu... more Las narrativas de lucha contra la colonización han sido construidas en masculino con base en documentos producidos por hombres y, por tanto, las mujeres han ocupado un espacio periférico en esas narrativas. En Angola, en el campo de la Historia de las mujeres, es reciente una perspectiva crítica de escritura en femenino o en pro de las mujeres y producida por mujeres. En este sentido, la temática de las mujeres angoleñas deviene importante para comprender las dinámicas sociales de una Angola contemporánea. Para ello, este trabajo invita a investigadores de diferentes áreas, principalmente historiadores, a repensar la historiografía sobre/de las mujeres angoleñas, considerando la forma en que se construyeron narrativas que atendieran a necesidades teóricas y prácticas “localizadas”, a partir del contexto de liberación nacional.
Resumo: Seja nas relações interpessoais e nos espaços públicos, em episódios ou nas grandes cifra... more Resumo: Seja nas relações interpessoais e nos espaços públicos, em episódios ou nas grandes cifras, o racismo ecoa em nosso cotidiano. Não muito diferente das tendências antigas, hoje o racismo continua afetando os negros em suas individualidades, violando direitos humanos, de modo sistêmico e em todas as esferas de suas vidas. Não é diferente com a publicidade. Indivíduos negros são responsável por considerável circulação de dinheiro no mercado e constituem boa parte dos pequenos empreendedores, mas aparecem em poucos comerciais e são retratados em condição de rebaixamento. A sociedade de consumo cristaliza valores que inferiorizam os indivíduos negros por meio de duas estratégias: 1) reduzindo sua presença nos comerciais e 2) associando os poucos presentes a determinados estereótipos. Frequentemente, estes indivíduos são retratados como representantes das classes populares ou associados ao ridículo, ao exótico, à corporeidade e à sexualidade. Nos últimos meses têm sido recorrentes denúncias de propagandas racistas nas redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter. Com efeito, a propaganda brasileira deixa muito a desejar se o assunto for mostrar que pessoas negras "existem", são "bonitas" e "valiosas".
O presente trabalho resulta da análise de obras clássicas e recentes da historiografia brasileira... more O presente trabalho resulta da análise de obras clássicas e recentes da
historiografia brasileira e portuguesa sobre o catolicismo reformado e o seu impacto na experiência religiosa de mulheres moradoras nos domínios lusos. Investiga-se como as manifestações devocionais se configuravam sob a perspectiva de que o catolicismo tridentino (no modo como as reformas foram implementadas na América lusa) buscou estabelecer normas para o comportamento feminino. Trata-se de um estudo que permite uma análise mais ampla da reclusão feminina no período colonial, sem perder de vista a onda de mudanças que marcou a cristandade ocidental no período moderno – como o ímpeto reformador que se afirmou no Concílio de Trento e a interiorização da consciência moral baseada na culpa do pecado e sustentada por representações misóginas do feminino.
Resumo: O presente ensaio resulta da análise de obras clássicas e recentes da historiografia bras... more Resumo: O presente ensaio resulta da análise de obras clássicas e recentes da historiografia brasileira e portuguesa sobre o catolicismo reformado e o impacto deste na experiência religiosa de mulheres moradoras nos domínios lusos. Investiga-se de que modo as manifestações devocionais se configuravam sob a perspectiva de que o catolicismo tridentino, no modo como as reformas foram implementadas na América lusa, também buscou estabelecer normas para o comportamento feminino. É uma investigação que busca compreender como as mulheres levavam uma vida conventual nas instituições de enclausuramento ou no espaço doméstico, onde as próprias devotas mais extremadas se auto-atribuíam rituais de purificação, sem contudo fazerem votos perpétuos. Trata-se de um estudo que permite uma análise mais ampla da reclusão feminina no período colonial, sem perder de vista a onda de mudanças que marcou a cristandade ocidental no período moderno – como o ímpeto reformador que se afirmou no Concílio de Trento, a interiorização da consciência moral baseada na culpa do pecado e sustentada por representações misóginas do feminino. Além disso, o período foi marcado pela imbricação das esferas do público e do privado. 1. Introdução Este estudo busca examinar a vivência religiosa de mulheres moradoras dos domínios lusos na América, nos séculos XVI e XVIII. Investiga-se, a partir de obras historiográficas brasileiras e portuguesas recentes, de que modo as mulheres elaboraram estratégias informais para viver a sua fé, mesmo sob maior controle da Igreja. Examinam-se trabalhos que discutem as relações existentes entre o sagrado e o profano, e, particularmente, entre magia e religião. Também são abordadas as relações entre a feitiçaria e a ação repressiva da Igreja tridentina, que considerou heresias o que hoje entendemos como manifestações da religiosidade popular. A escolha do período deveu-se ao particular interesse de compreender como essas mulheres agenciaram suas escolhas religiosas em um ambiente que se constituiu de identidades diferenciadas, permeado por uma estrutura hierárquica, considerada desigual, como as estabelecidas no processo colonizador, entre metrópole, colonos, mulheres, índios e negros. Trata-se de um período que permite examinar as modificações de costumes e de mentalidades baseadas na fé católica reformada.
Revista Noctua, Sep 13, 2010
Entre as ações realizadas no projeto de pesquisa e extensão "Abrigos da memória na região de Bras... more Entre as ações realizadas no projeto de pesquisa e extensão "Abrigos da memória na região de Brasília" interpretamos impactos de processos histórico-culturais nesta cidade, na (re) criação de identidades de trabalhadores (as), entre elas costureiras ambulantes, moradores Kalunga, de Cavalcante-Go, assim como de estudantes angolanos na Universidade de Brasília-UnB. Utilizamos os recursos da história oral e da fotografia para registrar e ampliar relações sociais nos processos de construção da memória e poderes, que emergem a partir das interações que são construídas entre nós e os/as entrevistados/as. Através do diálogo entre essas oralidades/fotos, podemos criar outras versões da história, movimentando identidades, negociando interesses e projetos de (re) apropriação de tempos e espaços. Neste artigo nos propomos a interpretar experiências envolvidas no planejamento, na organização e participação na oficina "Memória e Cidadania Cultural" na VIII Semana de Extensão 1 , pela equipe desse projeto de pesquisa, também apoiado pelo Decanato de Extensão-UnB, oficina com a qual procuramos promover interação entre produção de conhecimento e conquista da cidadania, na ampliação de percepções e concepções acerca de diversas culturas, por meio da oralidade e da expressão corporal. Além da equipe desse projeto, essa atividade dessa semana de extensão contou com a presença de oito alunos de graduação e pós-graduação da UnB e 11 jovens remanescentes quilombolas, moradores da comunidade Kalunga no município de Cavalcante Goiás 2. Presença está que foi crucial nos diálogos entabulados no transcorrer desta já referida.
Entre as ações realizadas no projeto de pesquisa e extensão " Abrigos da memória na região de Bra... more Entre as ações realizadas no projeto de pesquisa e extensão " Abrigos da memória na região de Brasília " foram interpre-tados por este ensaio os impactos de processos históricos e culturais nesta cidade, na " recriação " de identidades de trabalhadores e trabalhadoras, entre elas, costureiras ambulantes, assim como de estudantes angolanos na Universi-dade de Brasília (UnB). Foram utilizados os recursos da história oral e da fotografia para registrar e ampliar relações sociais nos processos de construção da memória e dos poderes, que emergem a partir das interações construídas entre os pesquisadores e os entrevistados e entrevistadas. Através do diálogo entre essas oralidades/fotos, pode-se criar outras versões da história, movimentando identidades, negociando interesses e projetos de (re)apropriação de tempos e espaços. Neste ensaio, objetiva-se relatar experiências desenvolvidas no planejamento, na organização e na participação na oficina " Memória e Cidadania Cultural " , apresentada na VIII Semana de Extensão 2 , pela equipe do projeto de pesquisa e de ação contínua, que é apoiado pelo Decanato de Extensão da UnB. Com este evento, procuramos promover inte-ração entre produção de conhecimento e conquista da cidadania, buscando a ampliação de percepções e concepções acerca de diversas culturas, transmitidas por meio da oralidade e da expressão corporal. Além da equipe do projeto, a atividade apresentada na semana de extensão contou com a presença de oito alunos de graduação e pós-graduação da UnB e de 11 jovens quilombolas remanescentes, moradores da comunidade Kalunga do município de Cavalcante Goiás 3. Presença esta que foi crucial nos diálogos entabulados no transcorrer desta já referida atividade. Realizar essa oficina foi uma oportunidade para cotejar materiais constituídos e constituintes de experiências, memó-rias e imaginários de estudantes angolanos e angolanas e de trabalhadores e trabalhadoras em Brasília, já registrados nesse projeto de ação contínua, em audiovisual e por escrito. Durante o período de planejamento, foram realizadas reuniões com o objetivo de debater e selecionar, entre os registros captados, aqueles que potencialmente pudessem viabilizar processos de elaboração narrativa e composição dramática em geral, pelos participantes dessa oficina. Es-sas narrativas seriam e são encaradas como instrumento de sensibilização desses participantes, a partir de leitura de textos e relatos de vida e de análise de imagens e cenas de ação contidas em materiais gerados no projeto. Neste sentido, discutimos também a eventual possibilidade de registro de atividades nessa oficina, através de audio-visuais. Deste modo, as dramatizações encenadas na parte final da mesma foram gravadas com câmera e máquina digitais, sendo as gravações condicionadas à cessão de direitos pelos que as apresentaram. O aquecimento corporal, a sensibilização e a composição dramática de cenas formam todo um processo pensado na perspectiva de se perceber como a memória seria acionada, à medida que houvesse identificação ou não com o material trabalhado.
Apoiando-se nos aportes teóricos dos estudos de gênero em contextos africanos, esta investigação ... more Apoiando-se nos aportes teóricos dos estudos de gênero em contextos africanos, esta investigação formula análise sobre a participação e as experiências de mulheres angolanas, algumas delas camponesas, no quadro da luta armada pela independência de Angola, entre os anos de 1961-1974. Insere-se no contexto em que este país africano ainda vivia sob o domínio do colonialismo português tardio, justificado com base em teorias luso-tropicalistas, assimilacionistas, e em plena luta armada. Este período é caracterizado por ser um momento de grandes mudanças no cotidiano dos povos angolanos em geral, apesar das sombras do Estatuto do Indigenato persistirem. Para tanto, avalio, assente em diferentes registros escritos, orais e visuais, levantados nos arquivos de Angola e Portugal, quais mecanismos se delinearam na atuação das angolanas na luta anticolonial. É neste contexto que busco reforçar a importância das atividades exercidas por essas mulheres, anônimas, na legitimação, manutenção e conservação da autoridade dos poderes locais bem como dos movimentos de libertação. Essas mulheres camponesas, entendidas nesta investigação como guerrilheiras, desenvolveram “tarefas militares”, nas atividades que executavam nas bases dos movimentos de libertação, e muitas vezes fora delas, cortando cafeeiros, as bananeiras, tirando os paus da estrada, cavando as fossas para os carros não passar, fazendo kisaka, fuba, por fim, trabalhando nas lavras. Dessa forma desempenhavam os intitulados por elas mesmos “trabalhos da revolução”, tarefas constituídas enquanto ações fundamentais de guerra, na cobertura e trabalho logístico de retaguarda. Trato do uso da força do trabalho agrícola e militar na sustentabilidade das zonas libertadas e na manutenção de uma economia anticolonial de pequena escala (agrícolas, trocas, criação de animais, víveres). Esta pesquisa, portanto, aponta para a existência de uma agência específica de mulheres, sustentada prioritariamente por meio do desempenho das atividades agrícolas, com alimentação e saberes associados à terra, mas não somente. A ideia aqui foi reconhecer que essas mulheres afirmaram suas vozes e capacidades de escolhas no contexto da guerra de libertação nacional. É uma investigação, portanto, que tenciona demarcar posicionamento contra a essencialização e universalização das experiências.
Palavras-chave: Angola; mulheres angolanas; colonialismo português; luta de libertação anticolonial; movimento de camponesas; trabalho agrícola-militar; história social e política de Angola.
Baseando-se nos registros de visitações do Santo Ofício à capitania baiana entre 1591 e 1620, est... more Baseando-se nos registros de visitações do Santo Ofício à capitania baiana entre 1591 e 1620, este estudo formula uma análise sobre a participação de escravos na sociedade baiana por meio da comunicação oral. Expõe o modo como estavam normatizadas as visitações por meio dos regimentos de 1552 e 1613 e qual o uso feito deste corpo de normas no cotidiano das pessoas que habitavam este espaço. Aponta para a existência de uma agência escrava sustentada por meio de uma circulação de pessoas e informações que geravam boatos e rumores até chegar à mesa da Inquisição. Investiga as interações entre os membros desta sociedade pautando as relações entre os vizinhos, escravos, cristãos-velhos e cristãos-novos. Nesse sentido, tanto fazendo acusações, quanto sendo alvos delas, os escravos em sua agência tornaram-se importante vetor de comunicação utilizado pela comunidade e Inquisição, o que demonstra certa complexidade em relação à circulação de informações e ideias existentes na época.
Araújo e Cláudio Nei Nascimento da Silva que, ao lado da Comissão Organizadora, corajosamente coo... more Araújo e Cláudio Nei Nascimento da Silva que, ao lado da Comissão Organizadora, corajosamente coordenaram também a realização do seminário; aos integrantes do CONIF, com particular menção à Câmara de Ensino, coordenada pela reitora do Instituto Federal Catarinense, Sônia Regina Fernandes; ao FdE, pelos intensos debates dedicados ao tema deste livro; à Comissão Técnico-Científica, que expõe aqui o cumprimento de uma árdua responsabilidade; aos Avaliadores Ad Hoc e, na pessoa do reitor Wilson Conciani, à equipe do Instituto Federal de Brasília que dedicou ao CONIF o suporte necessário.
Este livro é um dos resultados do I Fórum de Docentes de História do Institutos Federais de Educa... more Este livro é um dos resultados do I Fórum de Docentes de História do Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, que, nos dias 24 e 27 de julho de 2017 reuniu uma centena de docentes de História e outras humanidades no Campus Brasília do Instituto Federal de Brasília para discussões sobre os desafios e perspectivas dos Institutos Federais. O Fórum foi realizado no âmbito do XXIX Simpósio Nacional de História da Associação Nacional de História (Anpuh). Agradecemos à direção da Anpuh e à Comissão Organizadora do Simpósio, em especial à Professora Lucilia de Almeida Neves Delgado, por terem acolhido a proposta, inicialmente elaborada pelo Professor Thiago de Faria e Silva, e incluído um evento novo, em sua primeira edição, dentro de um evento consagrado como é o SNH, por não temerem o novo, agradecemos à Anpuh e esperamos que essa parceria possa ter vida longa. Agradecemos ao Professor Marcos Silva e à Professora Mônica Ribeiro, que atenderam tanto nosso convite para a participação no I Fórum de Docentes de História dos IFS quanto para o envio dos textos que abrem essa coletânea. Gratos somos às demais autoras e autores que enviaram seus artigos em um prazo realmente muito curto, tivéssemos nós como estender os prazos, certamente teríamos ainda mais autores e autoras representados nesse livro, mas isso não nos foi possível. Devido à exiguidade dos prazos com que trabalhamos, queremos também expressar um agradecimento pouco comum: agradecemos o trabalho ágil e a parceria da revisora de texto, Jacqueline Fiuza da Silva Regis, e da designer e diagramadora, Mariana Henrique. À toda equipe da Editora do IFB, demonstramos também nosso agradecimento, sem sua presteza e apoio, esse livro não teria sido publicado. Sobre as autoras e autores, temos ainda que destacar a abrangência que conseguimos nessa coletânea, temos aqui relatos de experiências interdisciplinares em IFs de dez unidades da federação e em cursos com características bem diversas. Ao todo temos aqui representadas experiências em treze Institutos Federais, espalhados por quase todas as regiões do Brasil. Agradecemos também ao Pró-Reitor de Ensino do IFB, Adilson Cesar de Araujo, que acompanhou de perto toda a movimentação em torno deste livro. Por fim, nosso muito obrigado à Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal, que, por meio do Edital 02/2017 de Apoio a Eventos, garantiu-nos os recursos necessários para a realização do Fórum e para a publicação deste livro como resultado imediato do evento. A FAPDF conseguiu se consolidar em pouco tempo com um agência de suma importância para o fomento da produção de conhecimento acadêmico no DF. Esperamos que também a FAP tenha vida longa.
O projeto decolonial reúne diferentes pensadorxs ao redor de um esforço epistemológico para pensa... more O projeto decolonial reúne diferentes pensadorxs ao redor de um
esforço epistemológico para pensar desafios e demandas das realidades do Sul global a partir de saberes emergentes desse mesmo Sul. Assim, busca-se superar a colonialidade dos saberes e dos sonhos, em muito reiterada pelo modelo de academia centrado no Norte global, que ainda perdura. Com isso, busca-se atuar na promoção de mudanças que possam desvelar ou mitigar perversos arranjos sociais que ainda dirigem muitas de nossas instituições.
O colóquio Decolonialidade em Abordagens Interdisciplinares é
proposto a partir da convergência entre pensamentos e sentimentos de
pessoas engajadas na superação do estado de coisas por meio da
proposição de novas formas de ser, pensar e agir no mundo, e inspiradas pelo estudo da bibliografia decolonial e do feminismo negro. Desse modo, construímos um espaço para possibilitar o diálogo interdisciplinar entre distintas abordagens de saberes e da produção de conhecimentos.
O projeto decolonial reúne diferentes pensadorxs ao redor de um esforço epistemológico para pensa... more O projeto decolonial reúne diferentes pensadorxs ao redor de um esforço epistemológico para pensar desafios e demandas das realidades do Sul global a partir de saberes emergentes desse mesmo Sul. Assim, busca-se superar a colonialidade dos saberes e dos sonhos, em muito reiterada pelo modelo de academia centrado no Norte global, que ainda perdura. Com isso, busca-se atuar na promoção de mudanças que possam desvelar ou mitigar perversos arranjos sociais que ainda dirigem muitas de nossas instituições.
O colóquio Decolonialidade em Abordagens Interdisciplinares é proposto a partir da convergência entre pensamentos e sentimentos de pessoas engajadas na superação do estado de coisas por meio da proposição de novas formas de ser, pensar e agir no mundo, e inspiradas pelo estudo da bibliografia decolonial e do feminismo negro. Desse modo, construímos um espaço para possibilitar o diálogo interdisciplinar entre distintas abordagens de saberes e da produção de conhecimentos.
Este evento contará com as pensadoras latino-americanas Yuderkis Miñoso (UCA), Claudia Miranda (UNIRIO), Thula Pires (PUC-Rio), Ana Tereza Reis (FE/UnB), Camila Prando (FD/UnB) e Cida Souza (PPGL/UnB), além de Wanderson Flor (FIL/UnB), Gersiney Santos (NELiS/UnB) e Thiago Gehre (IREL/UnB); com as lideranças indígena Tsitsina Xavante (NAX) e quilombola Givânia Silva (PPG-Sol/UnB); com mestras parteiras tradicionais e urbanas, e com as artistas Maria Tavares e Júlia Maia (”As desempregadas”) e Julie Wetzel e Lyvian Senna (”O Longe” - Cia. Burlesca), cada uma contribuindo com uma potência distinta para a promoção de caminhos alternativos de pensamento.
Nosso colóquio será realizado nos dias 5 e 6 de dezembro de 2017, no Auditório do Departamento de Antropologia do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília. Esperamos ampliar o debate e reforçar uma rede de colaboração e produção solidária de saberes.
Pretendemos explorar as relações entre História e Memória a partir da formação de grupo de pesqui... more Pretendemos explorar as relações entre História e Memória a partir da formação de grupo de pesquisa/extensão de modo a realizarmos estudos sobre a presença de mulheres africanas dos países africanos de língua oficial portuguesa no Distrito Federal. A intenção é dialogarmos com registros orais, fotográficos e impressos que tragam à tona memórias e versões da história de Brasília, na perspectiva de mulheres imigrantes, nem sempre consideradas nas versões oficiais da mídia e/ou narrativas dos livros didáticos; inéditos até mesmo nos meios acadêmicos. Na interação dos estudantes e docentes do Instituto Federal de Brasília - IFB e da Universidade de Brasília - UnB com a comunidade de mulheres africanas de língua oficial portuguesa, planejamos catalogar os locais que frequentam, trabalham e estudam e como se reconfiguram a partir desses lugares, em seus processos de construção de identidade e busca de cidadania.
Palavras-chave: Mulheres africanas. países africanos de língua oficial portuguesa. Brasília. Distrito Federal.