Celia Tolentino | Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (original) (raw)

Papers by Celia Tolentino

Faculdade de Filosofia e Ciências eBooks, 2011

Este livro trata de cinema. Os filmes tomados como objeto deste estudo foram alguns daqueles que ... more Este livro trata de cinema. Os filmes tomados como objeto deste estudo foram alguns daqueles que levaram para a grande tela duplas de cantores famosos da produção musical de temática caipira/sertanejo. Neste caso, a produção cinematográfica nacional tomou alguns elementos da cultura de massa brasileira em uma de suas vertentes mais acabadas e consumidas, a música caipira/sertaneja, na esperança de levar às salas de cinema um grande número de espectadores, fato nem sempre alcançado como este livro mostra. Contudo, quando essas canções caipira/sertanejas de sucesso foram relidas pelo cinema, elaborou-se um tipo específico de representação do rural brasileiro em cada uma das fitas. Percebemos que a indústria cultural brasileira, no período focalizado por esta pesquisa, releu, deu nova roupagem a elementos da cultura de origem rural, tornando-a assim palatável para o consumo, uma vez que estes elementos quando vistos em sua forma original soariam como arcaico, caipira, isto é, rural. E estas questões são aqui discutidas através das fitas: Luar do sertão (1970), Menino da Porteira (1976), Estrada da Vida (1980), Sonhei com você (1987) e 2 filhos de Francisco (2005).

EDUCAmazônia, 2008

A relação entre objetividade do conhecimento e a experiência de vida é o tema deste breve ensaio.... more A relação entre objetividade do conhecimento e a experiência de vida é o tema deste breve ensaio. Refletindo sobre o processo de abordagem da pesquisa científica e a problemática relação entre sujeito e objeto do conhecimento nas Ciências Sociais, tentamos dar relevo ao imbricamento que se faz entre o conhecimento objetivo e a história do sujeito cognoscente a partir de uma pesquisa em particular. Considerando que o pesquisador tem, ele também, sua história privada, colocamos em debate a assertiva de Hegel: "o que é familiar não é, por isso mesmo, necessariamente, conhecido".

O Este livro e o resultado de minha pesquisa de mestrado relida com a distância de quase duas dec... more O Este livro e o resultado de minha pesquisa de mestrado relida com a distância de quase duas decadas. Como diria Roberto Schwarz, a proposito do belo e emblematico filme Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho: ?os fieis quando se reencontram depois da provacao, nao sao mais os mesmos do comeco?. E quase impossivel nao reler com os olhos de hoje as certezas de ontem e fazer alteracoes, ao menos, para tornar certas passagens mais fluidas, mais fundamentadas e mesmo mais claras politica e teoricamente. Mas, ainda que haja releitura e, alguma medida, reescritura, o material e sempre aquele coletado no periodo de 1984 a 1990 com o apoio de varias pessoas. Foram muitas as contribuicoes na epoca, especialmente, para a garimpagem dos documentos referentes ao governo de Carvalho Pinto e sua proposta de Revisao Agraria Paulista, muitos dispersos, sumidos e propositalmente esquecidos nos anos posteriores ao seu governo. Selo Editorial:

DEVIRES - Cinema e Humanidades, Feb 24, 2016

Baleia na rede, Dec 31, 1969

Resumo: Como se estivesse tecendo num antigo tear manual, a linha narrativa de El retorno de Eva,... more Resumo: Como se estivesse tecendo num antigo tear manual, a linha narrativa de El retorno de Eva, da escritora paraguaia Susana Gertopan, vai compondo, com os fios da tradição e da modernidade, memória e história, exílio e retorno, a trajetória de uma jovem mulher em busca de si na condição de cidadã paraguaia e judia. Enquanto a protagonista busca desfazer-se dos diversos nós que a vinculam a uma herança cultural e religiosa que não combina, como ela mesma diz, com o cenário no qual cresce, e nem com a vida moderna de Jerusalém, terra prometida dos seus antepassados para onde emigra, vamos observando a problemática tessitura de sua individualidade entre dois mundos, ambos em crise e transição. Palavras chave: literatura paraguaia, literatura judaica, Susana Gertopan. Casamento como encenação da tradição "La mujer se adquiere de tres maneras, por dinero, por contrato, por coito. Y se adquiere a sí misma de dos manera, por divorcio y por la muerte del marido." (Tratado de Kidushin 2b apud KATZ, 2003, p. 193) Babilónico, Tratado de Kidushin 81b, apud KATZ)

Baleia na rede, Dec 31, 1969

Baleia na rede, Dec 31, 1969

Baleia na rede, Dec 31, 1969

Chegamos ao 4º número do nosso periódico Baleia na Rede encarando a discussão de um filme contemp... more Chegamos ao 4º número do nosso periódico Baleia na Rede encarando a discussão de um filme contemporâneo. Depois de discutirmos a literatura regionalista dos anos 40 com Fogo Morto, de José Lins do Rego, a poética herdada desta mesma literatura no filme Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, e aprofundarmos as questões sociais e políticas em torno dos anos 60 através de Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, nos debruçamos sobre os anos 70 e os seus milagres, chumbos, exílios e gols em O ano que meus pais saíram de férias, filme de Cao Hamburger. A exigência do grupo de estudos passava a ser aquela de debater uma obra de hoje, pouco afrontada pela crítica acadêmica e jornalística. Como veremos, as particularidades cinematográficas driblaram a maior parte das análises impressionadas pela tragédia ficcional e aquela real que perpassa este filme e seu olhar inusitado sobre os anos mais duros da ditadura militar. Essa é a temática do seminário de estudos abordada na seção Em foco.Na seção Mais palavras recebemos a colaboração de Patrícia da Silva Santos, estudiosa de Kafka, com um artigo que debate os desafios às leituras sobre o autor tcheco de expressão alemã. Mário Augusto Medeiros da Silva põe em debate o conceito de estereótipo social, objeto de análise de diversos cientistas sociais e historiadores nacionais e estrangeiros importantes, associando-o à produção literária de autores negros brasileiros. Quase dialogando à revelia com esta leitura, Patrícia Regina Cenci de Queiroz pensa as dificuldades, estratégias e contratempos do escritor Lima Barreto na sua batalha editorial, discutindo como o autor de Bruzundangas teve de se adaptar às expectativas dos editores e do pública da Primeira República. Wagner de Barros expõe, mediante uma leitura da obra D. Quixote, a relação entre objetividade e subjetividade presente no pensamento kierkegaardiano e, por fim, Riccardo Greco, doutorando em literatura brasileira e portuguesa na Universidade de Siena-Itália, nos brinda com um artigo sobre literatura e fome.Em Outro Focos, lembramos o grande inaugurador, malgrè lui, do chamado cinema Marginal, Ozualdo Candeias, morto em fevereiro deste ano. Como pude observar junto com Américo R. Almeida Neto, Candeias nos legou uma estética da fome que ainda merece a justa decodificação. Autodidata e corajoso dava razão a Jean-Claude Bernardet quando afirmava que o cinema político brasileiro tinha a má consciência da classe média. E, fugindo desta perspectiva, construiu obras que não poupava críticas ao povo, aos intelectuais, aos governos e ao sistema. Candeias foi um grande mestre sem discípulos. Na seqüência, Antonio Amaral da Rocha revisita Glauber e Mário Faustino no sempre desafiador Terra em Transe, pensando a relação poesia e cinema.Outras cores desta vez versa sobre a música através do artigo de André Ricardo Siqueira, Orientalismo e Música, onde o autor nos fala sobre a predileção dos compositores ocidentais por uma estética calcada na transparência em detrimento da opacidade presente nas culturas tradicionais, estejam elas no Oriente ficcional ou nas culturas populares do próprio ocidente.Esta revista agradece a colaboração de todos os participantes e, particularmente, à equipe editorial formada por Odirlei Dias Pereira, Elisângela da Silva Santos, Estevão Armada e da mais nova agregada ao Grupo de Estudos de Literatura e Cinema, Elionora Silvéria da Costa pela revisão dos textos. A todos boa leitura. Conselho de Redação.

Baleia na rede, Dec 31, 1969

Baleia na rede, Dec 31, 1969

Resumo: Neste texto observamos a questão da pobreza na perspectiva do cinema na América Latina at... more Resumo: Neste texto observamos a questão da pobreza na perspectiva do cinema na América Latina através de Madeinusa (Peru/Espanha, 2006), filme dirigido por Claudia Llosa, que coloca em cena uma hipotética comunidade indígena do altiplano peruano, examinado usos e costumes do que denomina Tempo Santo, isto é, dos dias que antecedem a Páscoa. Como neste dias o Cristo estaria morto, o pecado não exist iria nesta localidade que se entregaria a todo tipo de excessos. Com olhar marcadamente urbano, o filme oscila entre o deleite do exotismo e o etnocentrismo pois, ainda que desenhando uma comunidade hipotética, acaba reforçando as muitas pré-noções que pairam sobre os povos andinos. Palavras chave: cinema peruano, paganismo, catolicismo sincrético, comunidade indígena. O cinema peruano é diverso, heterogêneo e pouco integrado. Na presente década há um crescimento do cinema dito regionalista, que descentraliza a produção cinematográfica e se torna cada vez mais conhecido em Lima, na América Latina e Europa. Quispe (2009) destaca, ao lado de Madeinusa (2006), os filmes Días de Santiago 4 (2004) e Chicha tu madre 5 (2006) como películas que apresentam uma nova geração de diretores e são sucessos de bilheteria e crítica internacional. Madeinusa (Peru/Espanha, 2006) é o primeiro longa-metragem dirigido pela peruana Claudia Llosa, que em 2009 ganha o Urso de Ouro no Festival de Berlim pelo seu segundo filme, La Teta Asustada, Um ponto em comum nos dois filmes é a presença da atriz Magaly Soler que no primeiro filme interpreta Madeinusa e no

Idéias, Dec 20, 2013

Resumo: Entendendo a arte como uma forma particular de conhecimento é possível pensar que a socio... more Resumo: Entendendo a arte como uma forma particular de conhecimento é possível pensar que a sociologia tem muito a aprender com ela. Uma das teses que compartilhamos nesse ensaio é a de que a arte é capaz de realizar a síntese do tempo histórico por sua capacidade específi ca de ser e estar do mundo, pois, enquanto o conhecimento científi co busca categorias universais, intentando reduzir ao máximo a infl uência dos aspectos humanos e sociais na apreensão dos fenômenos, o conhecimento estético, ainda que busque referenciais abstratos, não pode livrar-se da experiência e do mundo ao seu redor. Essa premissa, tomando como base a leitura de Fredric Jameson, vale tanto para a arte autoral como para aquela feita em série, isto é, a produção da indústria cultural. Tanto uma quanto a outra, ao seu modo, traduz o tempo social, tarefa que cabe à crítica desvendar.

Cadernos (Universidade de São Paulo, Centro de Estudos Rurais e Urbanos), 1995

O texto e uma primeira abordagem de uma pesquisa maior que pretende discutir as imagens do rural ... more O texto e uma primeira abordagem de uma pesquisa maior que pretende discutir as imagens do rural no cinema brasileiro. Analisa o discurso de Glauber Rocha em contraponto com a conjuntura por ele abordada e, mais detalhadamente, examina a composicao que o cineasta faz dos atores sociais e a forma como o sinsereno sertao brasileiro. Glauber Rocha toma o banditismo rural e o messianismo para discutir os caminhos da consciencia politica, devendo ao final de seu discurso sugeri-las como formas arcaicas e despolitizadas de mobilizacao. Ao tomar o objeto, entretanto, o cineasta acaba por fazer, subliminarmente, a apologia da saga sertaneja e reconhece a consciencia subalterna como politica em suas especificidades historicas.

O Este livro é o resultado de minha pesquisa de mestrado relida com a distância de quase duas déc... more O Este livro é o resultado de minha pesquisa de mestrado relida com a distância de quase duas décadas. Como diria Roberto Schwarz, a propósito do belo e emblemático filme Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho: ?os fiéis quando se reencontram depois da provação, não são mais os mesmos do começo?. É quase impossível não reler com os olhos de hoje as certezas de ontem e fazer alterações, ao menos, para tornar certas passagens mais fluidas, mais fundamentadas e mesmo mais claras política e teoricamente. Mas, ainda que haja releitura e, alguma medida, reescritura, o material é sempre aquele coletado no período de 1984 a 1990 com o apoio de várias pessoas. Foram muitas as contribuições na época, especialmente, para a garimpagem dos documentos referentes ao governo de Carvalho Pinto e sua proposta de Revisão Agrária Paulista, muitos dispersos, sumidos e propositalmente esquecidos nos anos posteriores ao seu governo.

Faculdade de Filosofia e Ciências eBooks, 2011

Este livro trata de cinema. Os filmes tomados como objeto deste estudo foram alguns daqueles que ... more Este livro trata de cinema. Os filmes tomados como objeto deste estudo foram alguns daqueles que levaram para a grande tela duplas de cantores famosos da produção musical de temática caipira/sertanejo. Neste caso, a produção cinematográfica nacional tomou alguns elementos da cultura de massa brasileira em uma de suas vertentes mais acabadas e consumidas, a música caipira/sertaneja, na esperança de levar às salas de cinema um grande número de espectadores, fato nem sempre alcançado como este livro mostra. Contudo, quando essas canções caipira/sertanejas de sucesso foram relidas pelo cinema, elaborou-se um tipo específico de representação do rural brasileiro em cada uma das fitas. Percebemos que a indústria cultural brasileira, no período focalizado por esta pesquisa, releu, deu nova roupagem a elementos da cultura de origem rural, tornando-a assim palatável para o consumo, uma vez que estes elementos quando vistos em sua forma original soariam como arcaico, caipira, isto é, rural. E estas questões são aqui discutidas através das fitas: Luar do sertão (1970), Menino da Porteira (1976), Estrada da Vida (1980), Sonhei com você (1987) e 2 filhos de Francisco (2005).

EDUCAmazônia, 2008

A relação entre objetividade do conhecimento e a experiência de vida é o tema deste breve ensaio.... more A relação entre objetividade do conhecimento e a experiência de vida é o tema deste breve ensaio. Refletindo sobre o processo de abordagem da pesquisa científica e a problemática relação entre sujeito e objeto do conhecimento nas Ciências Sociais, tentamos dar relevo ao imbricamento que se faz entre o conhecimento objetivo e a história do sujeito cognoscente a partir de uma pesquisa em particular. Considerando que o pesquisador tem, ele também, sua história privada, colocamos em debate a assertiva de Hegel: "o que é familiar não é, por isso mesmo, necessariamente, conhecido".

O Este livro e o resultado de minha pesquisa de mestrado relida com a distância de quase duas dec... more O Este livro e o resultado de minha pesquisa de mestrado relida com a distância de quase duas decadas. Como diria Roberto Schwarz, a proposito do belo e emblematico filme Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho: ?os fieis quando se reencontram depois da provacao, nao sao mais os mesmos do comeco?. E quase impossivel nao reler com os olhos de hoje as certezas de ontem e fazer alteracoes, ao menos, para tornar certas passagens mais fluidas, mais fundamentadas e mesmo mais claras politica e teoricamente. Mas, ainda que haja releitura e, alguma medida, reescritura, o material e sempre aquele coletado no periodo de 1984 a 1990 com o apoio de varias pessoas. Foram muitas as contribuicoes na epoca, especialmente, para a garimpagem dos documentos referentes ao governo de Carvalho Pinto e sua proposta de Revisao Agraria Paulista, muitos dispersos, sumidos e propositalmente esquecidos nos anos posteriores ao seu governo. Selo Editorial:

DEVIRES - Cinema e Humanidades, Feb 24, 2016

Baleia na rede, Dec 31, 1969

Resumo: Como se estivesse tecendo num antigo tear manual, a linha narrativa de El retorno de Eva,... more Resumo: Como se estivesse tecendo num antigo tear manual, a linha narrativa de El retorno de Eva, da escritora paraguaia Susana Gertopan, vai compondo, com os fios da tradição e da modernidade, memória e história, exílio e retorno, a trajetória de uma jovem mulher em busca de si na condição de cidadã paraguaia e judia. Enquanto a protagonista busca desfazer-se dos diversos nós que a vinculam a uma herança cultural e religiosa que não combina, como ela mesma diz, com o cenário no qual cresce, e nem com a vida moderna de Jerusalém, terra prometida dos seus antepassados para onde emigra, vamos observando a problemática tessitura de sua individualidade entre dois mundos, ambos em crise e transição. Palavras chave: literatura paraguaia, literatura judaica, Susana Gertopan. Casamento como encenação da tradição "La mujer se adquiere de tres maneras, por dinero, por contrato, por coito. Y se adquiere a sí misma de dos manera, por divorcio y por la muerte del marido." (Tratado de Kidushin 2b apud KATZ, 2003, p. 193) Babilónico, Tratado de Kidushin 81b, apud KATZ)

Baleia na rede, Dec 31, 1969

Baleia na rede, Dec 31, 1969

Baleia na rede, Dec 31, 1969

Chegamos ao 4º número do nosso periódico Baleia na Rede encarando a discussão de um filme contemp... more Chegamos ao 4º número do nosso periódico Baleia na Rede encarando a discussão de um filme contemporâneo. Depois de discutirmos a literatura regionalista dos anos 40 com Fogo Morto, de José Lins do Rego, a poética herdada desta mesma literatura no filme Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, e aprofundarmos as questões sociais e políticas em torno dos anos 60 através de Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, nos debruçamos sobre os anos 70 e os seus milagres, chumbos, exílios e gols em O ano que meus pais saíram de férias, filme de Cao Hamburger. A exigência do grupo de estudos passava a ser aquela de debater uma obra de hoje, pouco afrontada pela crítica acadêmica e jornalística. Como veremos, as particularidades cinematográficas driblaram a maior parte das análises impressionadas pela tragédia ficcional e aquela real que perpassa este filme e seu olhar inusitado sobre os anos mais duros da ditadura militar. Essa é a temática do seminário de estudos abordada na seção Em foco.Na seção Mais palavras recebemos a colaboração de Patrícia da Silva Santos, estudiosa de Kafka, com um artigo que debate os desafios às leituras sobre o autor tcheco de expressão alemã. Mário Augusto Medeiros da Silva põe em debate o conceito de estereótipo social, objeto de análise de diversos cientistas sociais e historiadores nacionais e estrangeiros importantes, associando-o à produção literária de autores negros brasileiros. Quase dialogando à revelia com esta leitura, Patrícia Regina Cenci de Queiroz pensa as dificuldades, estratégias e contratempos do escritor Lima Barreto na sua batalha editorial, discutindo como o autor de Bruzundangas teve de se adaptar às expectativas dos editores e do pública da Primeira República. Wagner de Barros expõe, mediante uma leitura da obra D. Quixote, a relação entre objetividade e subjetividade presente no pensamento kierkegaardiano e, por fim, Riccardo Greco, doutorando em literatura brasileira e portuguesa na Universidade de Siena-Itália, nos brinda com um artigo sobre literatura e fome.Em Outro Focos, lembramos o grande inaugurador, malgrè lui, do chamado cinema Marginal, Ozualdo Candeias, morto em fevereiro deste ano. Como pude observar junto com Américo R. Almeida Neto, Candeias nos legou uma estética da fome que ainda merece a justa decodificação. Autodidata e corajoso dava razão a Jean-Claude Bernardet quando afirmava que o cinema político brasileiro tinha a má consciência da classe média. E, fugindo desta perspectiva, construiu obras que não poupava críticas ao povo, aos intelectuais, aos governos e ao sistema. Candeias foi um grande mestre sem discípulos. Na seqüência, Antonio Amaral da Rocha revisita Glauber e Mário Faustino no sempre desafiador Terra em Transe, pensando a relação poesia e cinema.Outras cores desta vez versa sobre a música através do artigo de André Ricardo Siqueira, Orientalismo e Música, onde o autor nos fala sobre a predileção dos compositores ocidentais por uma estética calcada na transparência em detrimento da opacidade presente nas culturas tradicionais, estejam elas no Oriente ficcional ou nas culturas populares do próprio ocidente.Esta revista agradece a colaboração de todos os participantes e, particularmente, à equipe editorial formada por Odirlei Dias Pereira, Elisângela da Silva Santos, Estevão Armada e da mais nova agregada ao Grupo de Estudos de Literatura e Cinema, Elionora Silvéria da Costa pela revisão dos textos. A todos boa leitura. Conselho de Redação.

Baleia na rede, Dec 31, 1969

Baleia na rede, Dec 31, 1969

Resumo: Neste texto observamos a questão da pobreza na perspectiva do cinema na América Latina at... more Resumo: Neste texto observamos a questão da pobreza na perspectiva do cinema na América Latina através de Madeinusa (Peru/Espanha, 2006), filme dirigido por Claudia Llosa, que coloca em cena uma hipotética comunidade indígena do altiplano peruano, examinado usos e costumes do que denomina Tempo Santo, isto é, dos dias que antecedem a Páscoa. Como neste dias o Cristo estaria morto, o pecado não exist iria nesta localidade que se entregaria a todo tipo de excessos. Com olhar marcadamente urbano, o filme oscila entre o deleite do exotismo e o etnocentrismo pois, ainda que desenhando uma comunidade hipotética, acaba reforçando as muitas pré-noções que pairam sobre os povos andinos. Palavras chave: cinema peruano, paganismo, catolicismo sincrético, comunidade indígena. O cinema peruano é diverso, heterogêneo e pouco integrado. Na presente década há um crescimento do cinema dito regionalista, que descentraliza a produção cinematográfica e se torna cada vez mais conhecido em Lima, na América Latina e Europa. Quispe (2009) destaca, ao lado de Madeinusa (2006), os filmes Días de Santiago 4 (2004) e Chicha tu madre 5 (2006) como películas que apresentam uma nova geração de diretores e são sucessos de bilheteria e crítica internacional. Madeinusa (Peru/Espanha, 2006) é o primeiro longa-metragem dirigido pela peruana Claudia Llosa, que em 2009 ganha o Urso de Ouro no Festival de Berlim pelo seu segundo filme, La Teta Asustada, Um ponto em comum nos dois filmes é a presença da atriz Magaly Soler que no primeiro filme interpreta Madeinusa e no

Idéias, Dec 20, 2013

Resumo: Entendendo a arte como uma forma particular de conhecimento é possível pensar que a socio... more Resumo: Entendendo a arte como uma forma particular de conhecimento é possível pensar que a sociologia tem muito a aprender com ela. Uma das teses que compartilhamos nesse ensaio é a de que a arte é capaz de realizar a síntese do tempo histórico por sua capacidade específi ca de ser e estar do mundo, pois, enquanto o conhecimento científi co busca categorias universais, intentando reduzir ao máximo a infl uência dos aspectos humanos e sociais na apreensão dos fenômenos, o conhecimento estético, ainda que busque referenciais abstratos, não pode livrar-se da experiência e do mundo ao seu redor. Essa premissa, tomando como base a leitura de Fredric Jameson, vale tanto para a arte autoral como para aquela feita em série, isto é, a produção da indústria cultural. Tanto uma quanto a outra, ao seu modo, traduz o tempo social, tarefa que cabe à crítica desvendar.

Cadernos (Universidade de São Paulo, Centro de Estudos Rurais e Urbanos), 1995

O texto e uma primeira abordagem de uma pesquisa maior que pretende discutir as imagens do rural ... more O texto e uma primeira abordagem de uma pesquisa maior que pretende discutir as imagens do rural no cinema brasileiro. Analisa o discurso de Glauber Rocha em contraponto com a conjuntura por ele abordada e, mais detalhadamente, examina a composicao que o cineasta faz dos atores sociais e a forma como o sinsereno sertao brasileiro. Glauber Rocha toma o banditismo rural e o messianismo para discutir os caminhos da consciencia politica, devendo ao final de seu discurso sugeri-las como formas arcaicas e despolitizadas de mobilizacao. Ao tomar o objeto, entretanto, o cineasta acaba por fazer, subliminarmente, a apologia da saga sertaneja e reconhece a consciencia subalterna como politica em suas especificidades historicas.

O Este livro é o resultado de minha pesquisa de mestrado relida com a distância de quase duas déc... more O Este livro é o resultado de minha pesquisa de mestrado relida com a distância de quase duas décadas. Como diria Roberto Schwarz, a propósito do belo e emblemático filme Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho: ?os fiéis quando se reencontram depois da provação, não são mais os mesmos do começo?. É quase impossível não reler com os olhos de hoje as certezas de ontem e fazer alterações, ao menos, para tornar certas passagens mais fluidas, mais fundamentadas e mesmo mais claras política e teoricamente. Mas, ainda que haja releitura e, alguma medida, reescritura, o material é sempre aquele coletado no período de 1984 a 1990 com o apoio de várias pessoas. Foram muitas as contribuições na época, especialmente, para a garimpagem dos documentos referentes ao governo de Carvalho Pinto e sua proposta de Revisão Agrária Paulista, muitos dispersos, sumidos e propositalmente esquecidos nos anos posteriores ao seu governo.