Eli Vagner Francisco Rodrigues | Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (original) (raw)
Papers by Eli Vagner Francisco Rodrigues
Revista Brasileira de Ensino Superior
O artigo pretende apresentar e debater os princípios teóricos do esclarecimento a partir da refle... more O artigo pretende apresentar e debater os princípios teóricos do esclarecimento a partir da reflexão de Immanuel Kant sobre a condição do homem moderno desenvolvida no opúsculo: Resposta à pergunta: O que é o Esclarecimento? (1784) bem como refletir sobre a relevância do pensamento kantiano apresentado na referida obra para o século XXI, sobretudo no contexto da educação contemporânea. Pretende-se refletir sobre as relações entre a possibilidade do desenvolvimento da autonomia no ambiente da cultura como produto de mercado, característica da sociedade globalizada.
Orientador: Oswaldo Giacoia JuniorTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto... more Orientador: Oswaldo Giacoia JuniorTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciencias HumanasResumo: O tema desse trabalho baseia-se na hipótese de que a filosofia de Schopenhauer pode ser caracterizada como um pensamento niilista. Procura-se explicitar como a crítica de Nietzsche à moral da compaixão de Schopenhauer encontra sua inserção e ganha densidade teórica no contexto de suas análises do niilismo da fraqueza, traço destacado por Nietzsche como característica da decadência cultural européia. Examina-se também o problema do nada na filosofia de Schopenhauer, com o propósito de situá-lo em relação à temática do niilismo, bem como para tentar evidenciar o sentido em que a ética do filósofo de Frankfurt configura uma soteriologia. As bases para tal interpretação repousam nas seguintes características dessa filosofia: o apontamento de uma ausência de finalidade (negação do finalismo, "ateleologia") para a vontade e, conseqüentemente, a...
Voluntas: Revista Internacional de Filosofia, 2022
Palestra proferida pelo Prof. Leo Strauss no General Seminar of the Graduate Faculty of Political... more Palestra proferida pelo Prof. Leo Strauss no General Seminar of the Graduate Faculty of Political and Social Science of the New School for Social Research in New York em fevereiro de 1941 editado pelos professores David Janssens (Vrije Universiteit Brussel) e Daniel Tanguay (University of Ottawa) e publicado na revista Interpretation A Journal of Political Philosophy Spring 1999 Volume 26 Number 3.
Tradução texto de Leo Strauss
Foi Theodor Adorno quem nos alertou para o que seria uma espécie de obrigação das novas gerações ... more Foi Theodor Adorno quem nos alertou para o que seria uma espécie de obrigação das novas gerações de educadores com relação à história recente da humanidade. Esta orientação é, ao mesmo tempo, um alerta em relação ao sempre perigoso esquecimento de fatos cruciais e tenebrosos da história humana. A disciplina de história, para Adorno, seria no sentido em que ele coloca as teses de seu celebrado texto uma espécie de alerta e antídoto contra o fascismo, a barbárie e o preconceito. Certas datas, sabemos, não são comemorativas. A simples lembrança do genocídio do holocausto, por exemplo nos enche de vergonha e tristeza. Não se comemora o holocausto. Por outro lado comemora-se o seu final efetivado pelas mãos do próprio homem e isto, se não é motivo de júbilo, é, pelo menos motivo de alívio e ocasião para reflexão. Não se comemora o fato consumado do holocausto, mas celebra-se a libertação dos campos de concentração, lugar onde ocorreram, talvez, os horrores mais absurdos que a humanidade já perpetrou.
O tema desse trabalho baseia-se na hipotese de que a filosofia de Schopenhauer pode ser caracteri... more O tema desse trabalho baseia-se na hipotese de que a filosofia de Schopenhauer pode ser caracterizada como um pensamento niilista. Procura-se explicitar como a critica de Nietzsche a moral da compaixao de Schopenhauer encontra sua insercao e ganha densidade teorica no contexto de suas analises do niilismo da fraqueza, traco destacado por Nietzsche como caracteristica da decadencia cultural europeia. Examina-se tambem o problema do nada na filosofia de Schopenhauer, com o proposito de situa-lo em relacao a tematica do niilismo, bem como para tentar evidenciar o sentido em que a etica do filosofo de Frankfurt configura uma soteriologia. As bases para tal interpretacao repousam nas seguintes caracteristicas dessa filosofia: o apontamento de uma ausencia de finalidade (negacao do finalismo, "ateleologia") para a vontade e, consequentemente, a ausencia de um telos inteligivel para o mundo, a postura pessimista baseada na metafisica da vontade, e na soteriologia defendida pelo filosofo na sua doutrina da negacao da vontade, que aponta para o estatuto do nada, alvo da vontade na etica da compaixao. Essa caracterizacao, a nosso ver, esta relacionada com a recepcao, interpretacao e critica nietzscheana da filosofia de Schopenhauer, sobretudo na caracterizacao que Nietzsche faz do niilismo da fraqueza Abstract
UNESP Os escritos de Schopenhauer sobre a religião assumem, em diferentes momentos, perspectivas ... more UNESP Os escritos de Schopenhauer sobre a religião assumem, em diferentes momentos, perspectivas aparentemente paradoxais. Encontramos nesses escritos uma abordagem crítica, paralela à uma valorização da inspiração ética de algumas religiões e, em aspectos centrais da fundamentação de sua " moral da compaixão " , a filiação de sua ética com algumas tradições e doutrinas religiosas orientais. Schopenhauer faz profissão de ateísmo. Sua visão pessimista do mundo não comporta a idéia de um Deus benévolo ou de um Bem Supremo como causa de todas as coisas. As questões da origem do mundo ou de sua justificação não são matéria de sua filosofia, por se tratar de questões que nos remetem à transcendência. Para o filósofo não se pode saber a origem do mundo, nem se deve dar importância a questões sobre o início ou o fim das coisas, pois, a distância que nos separa destes extremos só nos permite conjecturas. O que é certo, julga, (por experiência), é que o mundo tem um princípio uma essência maligna. A simples existência dos seres representa já uma injustiça fundamental. Para Schopenhauer o princípio de um mundo assolado por guerras, doenças, dor e sofrimento, não pode ser um Deus todo-poderoso e benévolo. À tese leibniziana do melhor dos mundos possíveis o filósofo opõe a sugestão de que este deve ser o pior dos mundos possíveis. Esta posição ateísta e pessimista é contrária ao espírito da filosofia alemã de sua época. Podemos afirmar que Schopenhauer é o inimigo das teodicéias, sua filosofia pode ser considerada uma " anti-teodicéia " , não obstante sua aproximação ética com o cristianismo. No quadro da filosofia alemã, o sistema de Schopenhauer representa uma reação às filosofias de Kant, Hegel e Fichte, e, sobretudo, uma reação à influência da teologia sobre a filosofia. Na crítica à filosofia de Kant, Schopenhauer afirma que o postulado da existência de Deus na introdução da Crítica da Razão Prática não passa de um sintoma do " inexorável peso da senilidade sobre a lucidez do mestre de Konigsberg ". A Hegel os ataques são ainda mais provocativos. A oposição de Schopenhauer à esta " tendência " filosófica tem como um dos fundamentos a separação que ele defende entre discurso filosófico e discurso religioso, frutos, no seu entender, da mesma necessidade metafísica do homem, mas radicalmente diferentes no método e no valor. Para Schopenhauer, enquanto o discurso filosófico serve-se de conceitos e argumentos lógicos para provar
Univ Estadual Paulista, UNESP, Filosofia & Etica, Dept Ciencias Humanas,FAAC, Bauru, SP, Brazil
Pretende-se neste artigo abordar o problema da relacao entre o ressentimento e a formacao dos jui... more Pretende-se neste artigo abordar o problema da relacao entre o ressentimento e a formacao dos juizos morais presentes na obra de Schopenhauer a partir de uma perspectiva critica proposta por Nietzsche que tem suas bases na constatacao de que existe na etica ocidental um enfraquecimento das posturas afirmativas da vida como resultado de uma decadencia fisiopatologica que influencia a ordem dos juizos morais sobre a existencia humana. A etica niilista de Schopenhauer seria um exemplo de uma desagregacao dos instintos afirmativos vitais configurando-se por isso como uma moral da fraqueza e, consequentemente um sintoma da decadencia cultural europeia.
Caderno de resumos do evento Caderno de resumos da XVIII Jornada Multidisciplinar – 2016: &qu... more Caderno de resumos do evento Caderno de resumos da XVIII Jornada Multidisciplinar – 2016: "Imagem, Pensamento e Cultura"/ Eli Vagner Francisco Rodrigues e Caroline Kraus Luvizotto – Bauru: UNESP-FAAC,
O artigo analisa a critica de Max Horkheimer ao conceito de razao relacionada as ciencias humanas... more O artigo analisa a critica de Max Horkheimer ao conceito de razao relacionada as ciencias humanas e naturais na forma como foi estabelecida enquanto instância reguladora na historia da ciencia e da filosofia no ocidente. A tese central de Horkheimer e a de que existe uma diferenca fundamental entre a teoria segundo a qual a razao e um principio inerente da realidade, e a doutrina segundo a qual a razao e uma faculdade subjetiva da mente. Analisa-se a forma como Horkheimer tenta demonstrar que a perspectiva racional imanente levou a concepcoes dogmaticas em algumas disciplinas das ciencias humanas e como a perspectiva positivista conduz a alguns problemas epistemologicos relacionados a forma como se concebe a relacao entre ciencia e verdade. Conclui-se com a critica de Horkheimer a possibilidade, aberta pela visao positivista, do uso da ciencia, ou do discurso cientificista, como instrumento de dominio politico na sociedade contemporânea.
Resumo: Nas “ Reflexoes Sobre o Racismo ” de Jean Paul Sartre o filosofo desenvolve uma analise p... more Resumo: Nas “ Reflexoes Sobre o Racismo ” de Jean Paul Sartre o filosofo desenvolve uma analise psicologica do preconceito antissemita que possibilita a compreensao de alguns aspectos relevantes do desenvolvimento de sentimentos preconceituosos. Atraves de uma desconstrucao do comportamento e da postura psicologica do tipo antissemita, aliada a uma analise de aspectos relevantes da historia recente da Europa decadas de 50/60, Sartre tenta provar a incoerencia das ideias racistas contra o povo judeu. A analise de Sartre ultrapassa o embate panfletario racista como no caso dos libelos apocrifos (Os protocolos dos sabios de Siao), e o registro ideologico e adentra num territorio de analise “psicologica” do antissemita. As ideias de Sartre, sobretudo no nucleo interpretativo do texto nao sao as de um especialista no tema da historia do antissemitismo, seu texto se situa mais na classificacao ensaistica que propriamente resultado de longa investigacao sobre o tema, mas nos conduz a quest...
Aufklärung: journal of philosophy, 2020
Schopenhauer affirms an identity between Christianity, Buddhism and Brahminism in relation to the... more Schopenhauer affirms an identity between Christianity, Buddhism and Brahminism in relation to the notion of human and world guilt. According to the philosopher, the three religions affirm a guilt that is carried by the human being due to his own existence. Considering the problem of the sources to which Schopenhauer resorted in his studies on Eastern religions, especially in relation to the Upanishads, it is questioned in this article whether the position of approximation and imputative identity in relation to the human being and the world, affirmed by him, in fact, sustainable based on the arguments presented in the two volumes of the World as will and representation and in Parerga and Paralipomena.
Revista de Filosofia Aurora, Apr 27, 2018
Voluntas: Revista Internacional de Filosofia, 2017
Voluntas: Revista Internacional de Filosofia, 2015
O gênero literário da tragédia é apontado por Schopenhauer, no parágrafo 51 de O mundo como vonta... more O gênero literário da tragédia é apontado por Schopenhauer, no parágrafo 51 de O mundo como vontade e representação, como a mais perfeita tradução da visão de mundo característica de sua filosofia. No capítulo citado, Schopenhauer faz uma crítica ao recurso literário denominado “Justiça poética”, apontando-o como um recurso que subverteria completamente a essência deste gênero. Este artigo apresenta uma análise dos argumentos de Schopenhauer contra o uso do recurso da justiça poética, além de apresentar, em linhas gerais, as teses de Schopenhauer sobre o gênero da tragédia em relação à sua filosofia. Para Schopenhauer, o sentido verdadeiro da tragédia reside na profunda intelecção de que os heróis não expiam os erros cometidos na ação dramática, mas que pagam, com o fatalismo final característico do gênero, pelo próprio pecado original, isto é, a culpa pela própria existência.
Revista Brasileira de Ensino Superior
O artigo pretende apresentar e debater os princípios teóricos do esclarecimento a partir da refle... more O artigo pretende apresentar e debater os princípios teóricos do esclarecimento a partir da reflexão de Immanuel Kant sobre a condição do homem moderno desenvolvida no opúsculo: Resposta à pergunta: O que é o Esclarecimento? (1784) bem como refletir sobre a relevância do pensamento kantiano apresentado na referida obra para o século XXI, sobretudo no contexto da educação contemporânea. Pretende-se refletir sobre as relações entre a possibilidade do desenvolvimento da autonomia no ambiente da cultura como produto de mercado, característica da sociedade globalizada.
Orientador: Oswaldo Giacoia JuniorTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto... more Orientador: Oswaldo Giacoia JuniorTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciencias HumanasResumo: O tema desse trabalho baseia-se na hipótese de que a filosofia de Schopenhauer pode ser caracterizada como um pensamento niilista. Procura-se explicitar como a crítica de Nietzsche à moral da compaixão de Schopenhauer encontra sua inserção e ganha densidade teórica no contexto de suas análises do niilismo da fraqueza, traço destacado por Nietzsche como característica da decadência cultural européia. Examina-se também o problema do nada na filosofia de Schopenhauer, com o propósito de situá-lo em relação à temática do niilismo, bem como para tentar evidenciar o sentido em que a ética do filósofo de Frankfurt configura uma soteriologia. As bases para tal interpretação repousam nas seguintes características dessa filosofia: o apontamento de uma ausência de finalidade (negação do finalismo, "ateleologia") para a vontade e, conseqüentemente, a...
Voluntas: Revista Internacional de Filosofia, 2022
Palestra proferida pelo Prof. Leo Strauss no General Seminar of the Graduate Faculty of Political... more Palestra proferida pelo Prof. Leo Strauss no General Seminar of the Graduate Faculty of Political and Social Science of the New School for Social Research in New York em fevereiro de 1941 editado pelos professores David Janssens (Vrije Universiteit Brussel) e Daniel Tanguay (University of Ottawa) e publicado na revista Interpretation A Journal of Political Philosophy Spring 1999 Volume 26 Number 3.
Tradução texto de Leo Strauss
Foi Theodor Adorno quem nos alertou para o que seria uma espécie de obrigação das novas gerações ... more Foi Theodor Adorno quem nos alertou para o que seria uma espécie de obrigação das novas gerações de educadores com relação à história recente da humanidade. Esta orientação é, ao mesmo tempo, um alerta em relação ao sempre perigoso esquecimento de fatos cruciais e tenebrosos da história humana. A disciplina de história, para Adorno, seria no sentido em que ele coloca as teses de seu celebrado texto uma espécie de alerta e antídoto contra o fascismo, a barbárie e o preconceito. Certas datas, sabemos, não são comemorativas. A simples lembrança do genocídio do holocausto, por exemplo nos enche de vergonha e tristeza. Não se comemora o holocausto. Por outro lado comemora-se o seu final efetivado pelas mãos do próprio homem e isto, se não é motivo de júbilo, é, pelo menos motivo de alívio e ocasião para reflexão. Não se comemora o fato consumado do holocausto, mas celebra-se a libertação dos campos de concentração, lugar onde ocorreram, talvez, os horrores mais absurdos que a humanidade já perpetrou.
O tema desse trabalho baseia-se na hipotese de que a filosofia de Schopenhauer pode ser caracteri... more O tema desse trabalho baseia-se na hipotese de que a filosofia de Schopenhauer pode ser caracterizada como um pensamento niilista. Procura-se explicitar como a critica de Nietzsche a moral da compaixao de Schopenhauer encontra sua insercao e ganha densidade teorica no contexto de suas analises do niilismo da fraqueza, traco destacado por Nietzsche como caracteristica da decadencia cultural europeia. Examina-se tambem o problema do nada na filosofia de Schopenhauer, com o proposito de situa-lo em relacao a tematica do niilismo, bem como para tentar evidenciar o sentido em que a etica do filosofo de Frankfurt configura uma soteriologia. As bases para tal interpretacao repousam nas seguintes caracteristicas dessa filosofia: o apontamento de uma ausencia de finalidade (negacao do finalismo, "ateleologia") para a vontade e, consequentemente, a ausencia de um telos inteligivel para o mundo, a postura pessimista baseada na metafisica da vontade, e na soteriologia defendida pelo filosofo na sua doutrina da negacao da vontade, que aponta para o estatuto do nada, alvo da vontade na etica da compaixao. Essa caracterizacao, a nosso ver, esta relacionada com a recepcao, interpretacao e critica nietzscheana da filosofia de Schopenhauer, sobretudo na caracterizacao que Nietzsche faz do niilismo da fraqueza Abstract
UNESP Os escritos de Schopenhauer sobre a religião assumem, em diferentes momentos, perspectivas ... more UNESP Os escritos de Schopenhauer sobre a religião assumem, em diferentes momentos, perspectivas aparentemente paradoxais. Encontramos nesses escritos uma abordagem crítica, paralela à uma valorização da inspiração ética de algumas religiões e, em aspectos centrais da fundamentação de sua " moral da compaixão " , a filiação de sua ética com algumas tradições e doutrinas religiosas orientais. Schopenhauer faz profissão de ateísmo. Sua visão pessimista do mundo não comporta a idéia de um Deus benévolo ou de um Bem Supremo como causa de todas as coisas. As questões da origem do mundo ou de sua justificação não são matéria de sua filosofia, por se tratar de questões que nos remetem à transcendência. Para o filósofo não se pode saber a origem do mundo, nem se deve dar importância a questões sobre o início ou o fim das coisas, pois, a distância que nos separa destes extremos só nos permite conjecturas. O que é certo, julga, (por experiência), é que o mundo tem um princípio uma essência maligna. A simples existência dos seres representa já uma injustiça fundamental. Para Schopenhauer o princípio de um mundo assolado por guerras, doenças, dor e sofrimento, não pode ser um Deus todo-poderoso e benévolo. À tese leibniziana do melhor dos mundos possíveis o filósofo opõe a sugestão de que este deve ser o pior dos mundos possíveis. Esta posição ateísta e pessimista é contrária ao espírito da filosofia alemã de sua época. Podemos afirmar que Schopenhauer é o inimigo das teodicéias, sua filosofia pode ser considerada uma " anti-teodicéia " , não obstante sua aproximação ética com o cristianismo. No quadro da filosofia alemã, o sistema de Schopenhauer representa uma reação às filosofias de Kant, Hegel e Fichte, e, sobretudo, uma reação à influência da teologia sobre a filosofia. Na crítica à filosofia de Kant, Schopenhauer afirma que o postulado da existência de Deus na introdução da Crítica da Razão Prática não passa de um sintoma do " inexorável peso da senilidade sobre a lucidez do mestre de Konigsberg ". A Hegel os ataques são ainda mais provocativos. A oposição de Schopenhauer à esta " tendência " filosófica tem como um dos fundamentos a separação que ele defende entre discurso filosófico e discurso religioso, frutos, no seu entender, da mesma necessidade metafísica do homem, mas radicalmente diferentes no método e no valor. Para Schopenhauer, enquanto o discurso filosófico serve-se de conceitos e argumentos lógicos para provar
Univ Estadual Paulista, UNESP, Filosofia & Etica, Dept Ciencias Humanas,FAAC, Bauru, SP, Brazil
Pretende-se neste artigo abordar o problema da relacao entre o ressentimento e a formacao dos jui... more Pretende-se neste artigo abordar o problema da relacao entre o ressentimento e a formacao dos juizos morais presentes na obra de Schopenhauer a partir de uma perspectiva critica proposta por Nietzsche que tem suas bases na constatacao de que existe na etica ocidental um enfraquecimento das posturas afirmativas da vida como resultado de uma decadencia fisiopatologica que influencia a ordem dos juizos morais sobre a existencia humana. A etica niilista de Schopenhauer seria um exemplo de uma desagregacao dos instintos afirmativos vitais configurando-se por isso como uma moral da fraqueza e, consequentemente um sintoma da decadencia cultural europeia.
Caderno de resumos do evento Caderno de resumos da XVIII Jornada Multidisciplinar – 2016: &qu... more Caderno de resumos do evento Caderno de resumos da XVIII Jornada Multidisciplinar – 2016: "Imagem, Pensamento e Cultura"/ Eli Vagner Francisco Rodrigues e Caroline Kraus Luvizotto – Bauru: UNESP-FAAC,
O artigo analisa a critica de Max Horkheimer ao conceito de razao relacionada as ciencias humanas... more O artigo analisa a critica de Max Horkheimer ao conceito de razao relacionada as ciencias humanas e naturais na forma como foi estabelecida enquanto instância reguladora na historia da ciencia e da filosofia no ocidente. A tese central de Horkheimer e a de que existe uma diferenca fundamental entre a teoria segundo a qual a razao e um principio inerente da realidade, e a doutrina segundo a qual a razao e uma faculdade subjetiva da mente. Analisa-se a forma como Horkheimer tenta demonstrar que a perspectiva racional imanente levou a concepcoes dogmaticas em algumas disciplinas das ciencias humanas e como a perspectiva positivista conduz a alguns problemas epistemologicos relacionados a forma como se concebe a relacao entre ciencia e verdade. Conclui-se com a critica de Horkheimer a possibilidade, aberta pela visao positivista, do uso da ciencia, ou do discurso cientificista, como instrumento de dominio politico na sociedade contemporânea.
Resumo: Nas “ Reflexoes Sobre o Racismo ” de Jean Paul Sartre o filosofo desenvolve uma analise p... more Resumo: Nas “ Reflexoes Sobre o Racismo ” de Jean Paul Sartre o filosofo desenvolve uma analise psicologica do preconceito antissemita que possibilita a compreensao de alguns aspectos relevantes do desenvolvimento de sentimentos preconceituosos. Atraves de uma desconstrucao do comportamento e da postura psicologica do tipo antissemita, aliada a uma analise de aspectos relevantes da historia recente da Europa decadas de 50/60, Sartre tenta provar a incoerencia das ideias racistas contra o povo judeu. A analise de Sartre ultrapassa o embate panfletario racista como no caso dos libelos apocrifos (Os protocolos dos sabios de Siao), e o registro ideologico e adentra num territorio de analise “psicologica” do antissemita. As ideias de Sartre, sobretudo no nucleo interpretativo do texto nao sao as de um especialista no tema da historia do antissemitismo, seu texto se situa mais na classificacao ensaistica que propriamente resultado de longa investigacao sobre o tema, mas nos conduz a quest...
Aufklärung: journal of philosophy, 2020
Schopenhauer affirms an identity between Christianity, Buddhism and Brahminism in relation to the... more Schopenhauer affirms an identity between Christianity, Buddhism and Brahminism in relation to the notion of human and world guilt. According to the philosopher, the three religions affirm a guilt that is carried by the human being due to his own existence. Considering the problem of the sources to which Schopenhauer resorted in his studies on Eastern religions, especially in relation to the Upanishads, it is questioned in this article whether the position of approximation and imputative identity in relation to the human being and the world, affirmed by him, in fact, sustainable based on the arguments presented in the two volumes of the World as will and representation and in Parerga and Paralipomena.
Revista de Filosofia Aurora, Apr 27, 2018
Voluntas: Revista Internacional de Filosofia, 2017
Voluntas: Revista Internacional de Filosofia, 2015
O gênero literário da tragédia é apontado por Schopenhauer, no parágrafo 51 de O mundo como vonta... more O gênero literário da tragédia é apontado por Schopenhauer, no parágrafo 51 de O mundo como vontade e representação, como a mais perfeita tradução da visão de mundo característica de sua filosofia. No capítulo citado, Schopenhauer faz uma crítica ao recurso literário denominado “Justiça poética”, apontando-o como um recurso que subverteria completamente a essência deste gênero. Este artigo apresenta uma análise dos argumentos de Schopenhauer contra o uso do recurso da justiça poética, além de apresentar, em linhas gerais, as teses de Schopenhauer sobre o gênero da tragédia em relação à sua filosofia. Para Schopenhauer, o sentido verdadeiro da tragédia reside na profunda intelecção de que os heróis não expiam os erros cometidos na ação dramática, mas que pagam, com o fatalismo final característico do gênero, pelo próprio pecado original, isto é, a culpa pela própria existência.
Pois que um ser possa ser a obra de um outro e ainda assim ser livre, segundo seu querer e agir, ... more Pois que um ser possa ser a obra de um outro e ainda assim ser livre, segundo seu querer e agir, é algo que pode ser dito em palavras, mas não percebido em pensamentos"-Parerga e Paralipomena, Sobre a ética § 118.
Do homem primeiro canta, empírea musa, a rebeldia-e o fruto, que, vedado, com seu mortal sabor no... more Do homem primeiro canta, empírea musa, a rebeldia-e o fruto, que, vedado, com seu mortal sabor nos trouxe ao mundo a morte e todo o mal na perda do Éden. (Milton, Paraíso Perdido Canto I) 1-Introdução. Do ponto de vista metafísico há uma questão mais fundamental que a questão sobre a morte. Ela foi proposta por Leibniz nos "Princípios da natureza e da graça", de 1714 e retomada por Heidegger em "Introdução à metafísica", de 1953. Em Leibniz ela aparece em contornos mais retóricos do que propriamente como um enfrentamento do problema: "por que alguma coisa em vez de nada?" "por que o ser e não, antes, o nada?" "Por que existe algo ao invés do abismo do não-ser?". Em Heidegger a questão servirá tanto como retomada de um aspecto relevante do se denominou a história da pergunta pelo ser e, também, como um leitmotiv para analítica do Dasein em Ser e Tempo (1927). Certamente Leibniz não encara o verdadeiro problema levantado pela questão da morte uma vez que é desmotivado pelo perigo ontológico que o conceito de nada representaria ao seu otimismo filosófico. Esse Professor Pangloss da filosofia preferiu relegar a Grundfrage (questão pelo fundamento) da filosofia a uma questão lógica. De fato, parece repugnante para uma teodiceia a ideia de um nada anterior ao fundamento (Grund) de todas as coisas uma vez que o fundamento último, para essa concepção, teria de ser uma divindade. Admitir a hipótese do nada abriria, para Leibniz, a possibilidade de admitir que a realidade que conhecemos seria abissalmente infundada e que estaríamos diante de um abismo (Abgrund) metafísico. A admissão de uma concepção de nada como algo anterior ao ser abre problemas metafísicos que nos levam até o campo das impossibilidades linguísticas. Com o problema do nada, a forma usual da predicação e, portanto, da estrutura lógica do discurso, fica comprometida. Além disso, surge o problema do nihil privativum e do nihil negativum do qual trataremos mais adiante. O trato conceitual com o problema do nada
A palavra "crítica" é relevante tanto para o contexto da filosofia quanto para o universo das art... more A palavra "crítica" é relevante tanto para o contexto da filosofia quanto para o universo das artes. Somente depois do surgimento de uma atividade e de uma espécie de intelectual que estabeleceu uma relação entre o mundo literário e o grande público a palavra começa a ter um significado específico para o jornalismo. Originariamente crítica (κριτική) tem o significado de "capacidade de julgar". Como o desenvolvimento do pensamento filosófico se dá a partir de assimilação teórica da tradição aliado a novas contribuições costuma-se pensar esse trabalho da razão como uma atividade crítica por excelência. Apesar de seu uso corrente em diversas subdivisões disciplinares da filosofia no sentido de análise e decomposição conceitual, entre outros sentidos próximos, o termo ficou mais associado, com justas razões, ao pensamento de Immanuel Kant que escreveu três famosas críticas (Crítica da razão Pura, Crítica da razão Prática e Crítica da faculdade de julgar). A crítica de Kant, de maneira geral, se refere à capacidade que a própria razão possui de julgar a si mesma em vários aspectos e foi despertada, como ele mesmo afirmou, por uma crítica que Hume fez à metafísica. Para o contexto da história da filosofia a filosofia kantiana passou a ser designada de filosofia crítica. A partir dessa história podemos constatar, portanto, que uma tradição crítica nasce a partir de outra. Da crítica de Hume à metafísica dogmática nasce a crítica de Kant à capacidade de julgar da razão. Outra referência filosófica que marca o uso do termo na historiografia filosófica é a "teoria crítica". O uso do termo nesse sentido é explicado por Horkheimer em um texto de 1968 (Filosofia e Teoria Crítica) no qual ele aponta a diferença entre dois métodos gnosiológicos. Um foi fundamentado no Discours de la Méthode, e o outro, na crítica da economia política. Segundo Horkheimer, a teoria em sentido tradicional, cartesiano, como a que se encontra em vigor em todas as ciências especializadas, organiza a experiência à base da formulação de questões que surgem em conexão com a reprodução da vida dentro da sociedade atual. Os sistemas das disciplinas conteriam os conhecimentos de tal forma que, sob circunstâncias dadas, eles seriam aplicáveis ao maior número possível de ocasiões. A gênese social dos problemas, as situações reais nas quais a ciência é empregada e os fins perseguidos em sua aplicação, são por ela mesma consideradas exteriores. Aqui a
Resumo: Schopenhauer afirma uma identidade entre o cristianismo o budismo e o bramanismo em relaç... more Resumo: Schopenhauer afirma uma identidade entre o cristianismo o budismo e o bramanismo em relação à noção de culpabilidade humana e do mundo. Segundo o filósofo, as três religiões afirmam uma culpa que é carregada pelo ser humano devido à sua própria existência. Considerando o problema das fontes às quais Schopenhauer recorreu em seus estudos sobre as religiões orientais, sobretudo em relação aos Upanishades, questiona-se neste artigo se a posição de aproximação e identidade imputativa em relação ao ser humano e ao mundo, afirmada por ele é, de fato, sustentável a partir dos argumentos apresentados nos dois volumes do Mundo como vontade e representação e nos Parerga e Paralipomena. Abstract: Schopenhauer affirms an identity between Christianity, Buddhism and Brahminism in relation to the notion of human and world guilt. According to the philosopher, the three religions affirm a guilt that is carried by the human being due to his own existence. Considering the problem of the sources to which Schopenhauer resorted in his studies on Eastern religions, especially in relation to the Upanishads, it is questioned in this article whether the position of approximation and imputative identity in relation to the human being and the world, affirmed by him, in fact, sustainable based on the arguments presented in the two volumes of the World as will and representation and in Parerga and Paralipomena. Palavras chave: culpa, cristianismo, budismo, bramanismo. A questão central sobre a diferença entre as religiões, segundo Schopenhauer, diz respeito ao problema da culpa (Schuld) 1. A avaliação do filósofo em relação às doutrinas religiosas segue um critério de negação (condenação) e afirmação do mundo e da vida sempre em perspectiva de um necessário ordenamento moral. Segundo Schopenhauer, a 1 O termo Schuld tem uma dupla siginificação em alemão. Traduz-se como culpa e como dívida. Tanto o tradutor das obras de Nietzsche para o portugês Prof. Paulo Cezar Souza quanto o Prof. Jair Barbosa, responsável pela tradução dos dois volumes do Mundo para nosso vernáculo, fazem menção a esta importante ambiguidade em relação ao termo acentuando que ele determina diversas possibilidades interpretativas em relação a natureza da culpa e da forma como se forjou a noção de imputação em relação ao ser humano na cultura ocidental.
Resumo: A investigação de E. R. Dodds sobre o sentido de culpabilidade e vergonha na cultura arca... more Resumo: A investigação de E. R. Dodds sobre o sentido de culpabilidade e vergonha na cultura arcaica grega na celebrada obra "Os gregos e o irracional" indica pontos de contato e distanciamento entre os modos como a tradição homérica pensou a culpa e a forma como este elemento fundamental da cultura ética se perpetuou na tradição cristã e ocidental, sobretudo ne Europa. Pretende-se, com esta exposição das noções de culpa e vergonha na cultura grega arcaica, compreender em que aspectos essas noções se diferenciam da forma como compreendemos a imputabilidade humana nos dias de hoje como herdeiros do pensamento moderno. Há, também, neste escrito uma tentativa, ainda que inicial, de comparar algumas reflexões de Dodds com elementos básicos através dos quais Freud pensou a origem do sentimento de culpa na psiquê humana. Abstract: ER Dodds' investigation of the sense of guilt and shame in archaic Greek culture in the celebrated work "The Greeks and the Irrational" indicates points of contact and distance between the ways in which the Homeric tradition thought guilt and the way this element fundamental aspect of ethical culture was perpetuated in the Christian and Western tradition, especially in Europe. It is intended, with this exposure of the notions of guilt and shame in archaic Greek culture, to understand in what aspects these notions differ from the way we understand human imputability today as heirs of modern thought. There is also an attempt in this writing, albeit an initial one, to compare some reflections of Dodds with basic elements through which Freud thought the origin of guilt in the human psyche. Introdução. A contribuição de E. R. Dodds para a compreensão das matrizes espirituais arcaicas que levaram ao desenvolvimento de uma cultura da culpa e da vergonha entre os gregos antigos, tendência que posteriormente será desenvolvida a partir de matrizes cristãs no ocidente, é inestimável. Esta contribuição se dá, sobretudo, a partir de sua obra mais conhecida, influente e debatida, The Greeks and the Irrational, de 1951. Entre 1937 e 1939 Freud escreveu, em Moisés e o Monoteísmo, que em determinada época
Resumo: No capítulo da obra " Sobre o Fundamento da Moral " denominado " Crítica ao fundamento da... more Resumo: No capítulo da obra " Sobre o Fundamento da Moral " denominado " Crítica ao fundamento dado à moral por Kant " , Schopenhauer acusa Kant de ter cometido uma " petição de princípio " na formulação do conceito de lei moral na " Fundamentação da metafísica dos costumes ". A análise do conceito de lei moral é fundamental para Schopenhauer estabelecer o débito da ética kantiana em relação à teologia, mais precisamente ao decálogo mosaico. O significado originário de lei (lex, nomos), argumenta Schopenhauer, limita-se a lei civil, uma instituição que repousa no arbítrio humano. Um segundo significado é o sentido metafórico de lei da natureza. Ambos não se aplicam à filosofia moral. Uma lei na forma de um " tu deves " não pode ser legítima por si só. A introdução dos conceitos de " prescrição " e " dever " representam o grande defeito da ética de Kant, o " proton pseudos " de sua filosofia moral, uma inaceitável petição de princípio, que compromete toda a ética. O eudemonismo, banido como heteronomia, é sutilmente re-introduzido sob a forma de Soberano Bem. O fundamento para a admissão de uma razão prática seria a psicologia racional. Esta doutrina afirmava que a alma teria uma faculdade superior ou inferior de conhecimento e uma faculdade de desejar do mesmo tipo. Ela seria um " intellectus purus " ocupado apenas com representações espirituais, não sensíveis. A razão pura kantiana seria, então, segundo Schopenhauer, proveniente de uma reminiscência não consciente desta doutrina, base de considerações teológicas. Esta acusação leva Schopenhauer a examinar, também, o conceito de dever incondicionado, classificado como uma contradictio in adjecto " (contradição em termos). Schopenhauer conclui que os erros lógicos cometidos por Kant foram provocados por pressupostos teológicos. Abstract Schopenhauer accuses Kant of having committed a "petition of principle" in the formulation of the concept of moral law in the "Rationale of the Metaphysics of Customs." The analysis of the concept of moral law is fundamental for Schopenhauer to establish the debt of Kantian ethics in relation to theology, more precisely to the mosaic decalogue. The original meaning of law (lex, nomos), Schopenhauer argues, is limited to civil law, an institution that rests on human agency. A second meaning is the metaphorical sense of nature's law. Both do not apply to moral philosophy. A law in the form of a "thou shalt" can not be legitimate by itself. The introduction of the concepts of "prescription" and "duty" represent the great flaw of Kant's ethics, the "pseudo proton" of his moral philosophy, an unacceptable petition of principle that compromises all ethics. Eudemonism, banished as heteronomy, is subtly reintroduced in the form of Sovereign Good. The foundation for the admission of a practical reason would be rational psychology. This doctrine affirmed that the soul would have an upper or lower faculty of
UNESP Introdução Schopenhauer afirma que " não no querer, mas no querer com conhecimento é que re... more UNESP Introdução Schopenhauer afirma que " não no querer, mas no querer com conhecimento é que reside a culpa " (Schopenhauer, 2005, pág. 222). A afirmação aparece em um contexto no qual o filósofo trata dos níveis de " inocência " na natureza. Esta, segundo Schopenhauer, pode ser atribuída à afirmação da vontade no nível vegetal. As plantas manifestam sua ingenuidade em suas próprias fisionomias. Os animais são tanto mais ingênuos que os homens quanto as plantas são mais ingênuas que os animais. Essa inocência repousa na falta de conhecimento. O conhecimento é, então, um componente fundamental da culpa atribuída ao ser humano por sua própria existência. Aquele que conhece a natureza da vontade não mais teria sua inocência como justificativa para uma isenção de culpa. Tradicionalmente as doutrinas éticas apontam o conhecimento (da norma) e liberdade de agir (livre-arbítrio) como os pressupostos de qualquer imputação a seres racionais (e livres). A questão sobre a culpa, no entanto, é mais complexa do que parece. Mais adiante veremos que, a partir de uma investigação sobre a culpa na filosofia de Schopenhauer, pode-se chegar à compreensão de problemas fundamentais da ética e da religião e descortinar elementos constitutivos do que de fato está em jogo na tensão entre as filosofias de Schopenhauer e Nietzsche. Trata-se, portanto, de investigar, a partir os fundamentos e as implicações relacionadas com a concepção de " ordenamento moral do mundo " sustentada por Schopenhauer e da influência, a relevância e atualidade de tal concepção para a ética. O horizonte filosófico conceitual da investigação pode ser compreendido como uma oposição entre uma perspectiva niilista que nega uma ordem moral para o mundo, espécie de amoralismo, e a suposta necessidade de sustentação de um ordenamento ético. No horizonte dessas questões estão problemas centrais da ética, do direito, da religião e da política como o niilismo, negação do livre-arbítrio, culpa, imputação, redenção e dogmatismo. Schopenhauer afirma que a negação de uma significação moral do mundo constitui o maior e mais fundamental erro, a própria perversidade da mentalidade. Tal declaração aponta para um dos principais desafios da filosofia de Schopenhauer: o estabelecimento de um sentido moral para a existência. Para o filósofo de Frankfurt, enquanto o aspecto
Resumo: Schopenhauer afirma que uma ética não dogmática requer leis demonstráveis derivadas da ex... more Resumo: Schopenhauer afirma que uma ética não dogmática requer leis demonstráveis derivadas da experiência. Nesse sentido o fundamento de uma ética deve ser uma metafísica imanente, que sustente, na experiência possível, suas afirmações, e que seja, por isso mesmo, capaz de dar de uma vez por todas um fundamento legítimo à moral. A fundamentação da moral schopenhaueriana segue, portanto, uma argumentação muito próxima de uma metodologia científica. Para Schopenhauer a filosofia deve se aproximar mais de uma cosmologia do que da teologia. Max Horkheimer em " O pensamento de Schopenhauer em relação à ciência e à religião " destaca a fecundidade de tal posição filosófica e atualiza a importância de Schopenhauer tanto para sua formação quanto para uma legítima interpretação da modernidade. Acompanhamos, neste artigo tanto os aspectos fundamentais da fundamentação schopenhaueriana da moral, quanto aspectos da interpretação de Horkheimer da empreitada do filósofo. Abstract: Schopenhauer asserts that a non-dogmatic ethic requires demonstrable laws derived from experience. In this sense, the foundation of an ethic must be an immanent metaphysics, which sustains in its possible experience its affirmations, and is therefore capable of giving once and for all a legitimate foundation to morality. The reasoning of Schopenhauerian morality therefore follows a very close argumentation of a scientific methodology. For Schopenhauer philosophy must approach more of a cosmology than of theology. Max Horkheimer in "Schopenhauer's thinking in relation to science and religion" highlights the fecundity of such a philosophical position and actualizes Schopenhauer's importance both for his formation and for a legitimate interpretation of
UNESP Os escritos de Schopenhauer sobre a religião assumem, em diferentes momentos, perspectivas ... more UNESP Os escritos de Schopenhauer sobre a religião assumem, em diferentes momentos, perspectivas aparentemente paradoxais. Encontramos nesses escritos uma abordagem crítica, paralela à uma valorização da inspiração ética de algumas religiões e, em aspectos centrais da fundamentação de sua " moral da compaixão " , a filiação de sua ética com algumas tradições e doutrinas religiosas orientais. Schopenhauer faz profissão de ateísmo. Sua visão pessimista do mundo não comporta a idéia de um Deus benévolo ou de um Bem Supremo como causa de todas as coisas. As questões da origem do mundo ou de sua justificação não são matéria de sua filosofia, por se tratar de questões que nos remetem à transcendência. Para o filósofo não se pode saber a origem do mundo, nem se deve dar importância a questões sobre o início ou o fim das coisas, pois, a distância que nos separa destes extremos só nos permite conjecturas. O que é certo, julga, (por experiência), é que o mundo tem um princípio uma essência maligna. A simples existência dos seres representa já uma injustiça fundamental. Para Schopenhauer o princípio de um mundo assolado por guerras, doenças, dor e sofrimento, não pode ser um Deus todo-poderoso e benévolo. À tese leibniziana do melhor dos mundos possíveis o filósofo opõe a sugestão de que este deve ser o pior dos mundos possíveis. Esta posição ateísta e pessimista é contrária ao espírito da filosofia alemã de sua época. Podemos afirmar que Schopenhauer é o inimigo das teodicéias, sua filosofia pode ser considerada uma " anti-teodicéia " , não obstante sua aproximação ética com o cristianismo. No quadro da filosofia alemã, o sistema de Schopenhauer representa uma reação às filosofias de Kant, Hegel e Fichte, e, sobretudo, uma reação à influência da teologia sobre a filosofia. Na crítica à filosofia de Kant, Schopenhauer afirma que o postulado da existência de Deus na introdução da Crítica da Razão Prática não passa de um sintoma do " inexorável peso da senilidade sobre a lucidez do mestre de Konigsberg ". A Hegel os ataques são ainda mais provocativos. A oposição de Schopenhauer à esta " tendência " filosófica tem como um dos fundamentos a separação que ele defende entre discurso filosófico e discurso religioso, frutos, no seu entender, da mesma necessidade metafísica do homem, mas radicalmente diferentes no método e no valor. Para Schopenhauer, enquanto o discurso filosófico serve-se de conceitos e argumentos lógicos para provar
A educação, para Adorno, seria uma ação preventiva no sentido de evitar a barbárie, evitar a barb... more A educação, para Adorno, seria uma ação preventiva no sentido de evitar a barbárie, evitar a barbárie seria uma medida que passaria pela emancipação do homem com relação aos seus instintos destrutivos, sua face bárbara, violenta e, sobretudo, conferir ao homem de amanhã um caminho para que ele possa lidar com sua liberdade no próprio sentido do esclarecimento, isto é, de uma autonomia da razão sobre a ciência, a técnica e a violência.
Minha intenção, nestas páginas, é analisar com base em algumas passagens significativas alguns mo... more Minha intenção, nestas páginas, é analisar com base em algumas passagens significativas alguns momentos desta relação crítica tendo como pano de fundo não só a questão do distanciamento e da negação como também da incorporação, assim como ocorreu com Nietzsche, como ilustram as citações, de 65 e de 88, e que, efetivamente, corresponde à uma análise de toda obra madura de Nietzsche. Limito-me a apresentar as tensões, e não examiná-las a exaustão o que deve justificar as indicações inconclusivas. Um caminho óbvio seria a leitura cronológica das obras de Nietzsche a fim de identificar cada passo de distanciamento e rejeição. O critério temático, no entanto, se mostra, também, bastante produtivo. Se tomarmos, por exemplo, a questão sobre o valor da vida apontada por Nietzsche na terceira das Considerações Extemporâneas, podemos constituir um eixo temático de articulação das duas filosofias. Ali já se encontra, a meu ver, tematizado, mesmo que de maneira muito breve, um dos temas centrais da articulação crítica das duas obras, a saber: o problema do niilismo
verdadeiro motivo moral não provém nem da religião nem da razão. O filósofo aponta como verdadeir... more verdadeiro motivo moral não provém nem da religião nem da razão. O filósofo aponta como verdadeira motivação moral um " sentimento " , afirmando que, ao contrário dos outros princípios morais até então apresentados na história das doutrinas éticas, este sentimento pode ser considerado um princípio plenamente legítimo, por ser inerente à natureza humana e passível de uma comprovação pela experiência. Trata-se da compaixão. Em primeiro lugar, Schopenhauer estabelece um critério para o julgamento de uma ação e sustenta que somente um ato desprovido de egoísmo pode ser considerado uma ação moral genuína. Para o filósofo, a razão não tem um poder de motivação suficiente para fazer o homem romper com seu egoísmo natural, não sendo, assim, o verdadeiro motivo de uma ação moral. A religião com suas promessas e ameaças só pode levar o indivíduo a uma ação egoísta, pois, para o filósofo, por trás de uma ação motivada por preceitos religiosos sempre haverá o interesse pela recompensa ou o medo de um castigo. O motivo legitimamente moral, portanto, julga
Resumo: Como o problema do nada enquanto tema filosófico está diretemente relacionado à caracteri... more Resumo: Como o problema do nada enquanto tema filosófico está diretemente relacionado à caracterização niilista do filósofo de Frankfurt, convém analisa-lo a partir das considerações do Mundo Como Vontade e Representação. Veremos que, se o nada é um conceito essencial para a compreensão dos limites e conclusões éticas, também devemos notar que a delimitação interpretativa do termo, no contexto do último capítulo do Mundo, é crucial para não interpretarmos a filosofia de Schopenhauer como um niilismo absoluto. A decisiva passagem do Mundo que utilizamos, corrobora a interpretação da filosofia schopenhauriana como uma soteriologia, baseada na idéia de um nada relativo como oposição à afirmação da vontade. Abstract: As the problem of nothingness as a philosophical issue is directly related to the nihilistic characterization of the philosopher of Frankfurt, should analyze it from the considerations of the World as Will and Representation. We will see that if nothing is a key concept for understanding the limits and ethical conclusions, we should also note that the interpretative definition of the term in the context of the last chapter of the World, it is crucial not to interpret the philosophy of Schopenhauer as an absolute nihilism. The decisive passage in the world to use, supports the interpretation of schopenhauriana philosophy as a soteriology, based on the idea of a no relative as opposed to the assertion of the will. Palavras-chaves: Nada, ética, niilismo,nihil privativum, nihil negativum. Introdução: Analisa-se nesse artigo, como o problema do nada enquanto tema filosófico está relacionado à caracterização niilista do filósofo de Frankfurt. Veremos que, se o nada é um conceito essencial para a compreensão dos limites e conclusões desse pensamento, também devemos notar que a delimitação interpretativa do termo, no contexto do último capítulo do Mundo, é crucial para não interpretarmos tal filosofia como uma adesão ao
História filosófica da culpa, 2023
Este livro pretende apresentar diversos contextos culturais nos quais a questão da culpabilidade... more Este livro pretende apresentar diversos contextos culturais nos quais a questão da culpabilidade humana foi desenvolvida, seja do ponto de vista mitológico, religioso, teológico, psicológico, filosófico e mesmo histórico, entrecruzando interpretações e autores, instituições e costumes, opiniões e visões de mundo. Como não se trata de datar uma origem para o surgimento da noção de culpabilidade ou mesmo de localizar o nascimento do sentimento de culpa na história da humanidade, o que seria, do ponto de vista metodológico, de difícil execusão, mas antes, de acompanhar os desdobramentos do desenvolvimento do conceito, da noção ou ideia de culpa e de seus desdobramentos na história da cultura, o texto apresenta análises exegéticas de obras centrais para o estabelecimento da de uma história filosófica da culpa. Por outro lado, o livro apresenta, em alguns capítulos, um aspecto ensaístico, por exemplo quanto trata da permanência da culpa na cultura contemporânea em modalidades diversas que, se não são remetidas ao problema central da culpabilidade na cultura, passam por problemas distintos e até considerados distantes de qualquer esfera imputativa. A proposta central diz respeito à uma história de um conceito.
metafísica dos costumes, 2024
Arthur Schopenhauer recebeu sua vênia legendi 1 no ano de 1820 e lecionou na Universidade de Berl... more Arthur Schopenhauer recebeu sua vênia legendi 1 no ano de 1820 e lecionou na Universidade de Berlin nesse mesmo ano. Embora tenha continuado a anunciar suas aulas até o semestre de verão de 1822 e depois novamente no semestre de inverno de 1826 e 1827, até o semestre de inverno de 1831/1832, sua única atuação como professor universitário foi no verão de 1820. Esse dado biográfico, no entanto, não retira o valor
das preleções que o filósofo preparou para o exercício acadêmico. Elaboradas de forma análoga a sua obra capital “O mundo como vontade e representação” as preleções versam sobre a Teoria de toda a Representação, Pensamento e Conhecimento; Metafísica da Natureza; Metafísica do Belo e Metafísica dos Costumes.
A obra que o leitor tem em mãos é uma tradução da última dessas quatro preleções e que fechou a participação de Schopenhauer na Universidade de Berlin, a “Metafísica dos Costumes”.
História filosófica da culpa, 2023
O trabalho pretende analisar as origens e o desenvolvimento do conceito de culpa na tradição filo... more O trabalho pretende analisar as origens e o desenvolvimento do conceito de culpa na tradição filosófica ocidental, privilegiando autores que forma determinantes para o estabelecimento da doutrina do pecado original e para a concepção a recepção crítica desse legado cultural. Percorre- se através da exegese dos textos clássicos de filosofia e teologia, psicanálise e literatura, as formas como o conceito de culpa influenciou a cultura do ocidente.
A morte e suas múltiplas faces, 2021
A recuperação da teologia nos últimos escritos de Horkheimer, com a ideia de anseio pelo inteira... more A recuperação da teologia nos últimos escritos de
Horkheimer, com a ideia de anseio pelo inteiramente outro e de
uma solidariedade laica, se inspirará no autor de O mundo como
vontade e representação, que teria fundado filosoficamente o amor
ao próximo sem depender de questionáveis prescrições religiosas.
Uma participação “a-religiosa” no combate ao sofrimento alheio
seria mais autêntica porque, mesmo tendo momentos teológicos,
evitaria a sanha do fanatismo que, notadamente quando unido a
falsos patriotismos e orgulhos nacionais, produz o contrário da
identificação com todo ser que sofre. Daí podermos ter
contribuições em vista de certas reconsiderações de teses
aproximativas entre filosofia e religião como interessante
tendência da pesquisa schopenhaueriana. Uma tendência que já
recebeu a impactante contribuição do aluno e herdeiro de
Horkheimer na Universidade de Frankfurt, Alfred Schmidt, em
textos tão relevantes quanto (ainda) pouco estudados, como o seu
livro Die Wahrheit im Gewande der Lüge. Schopenhauers
Religionsphilosophie [A verdade travestida de mentira: a filosofia da
religião de Schopenhauer].
Com efeito, surgiram nas duas últimas décadas diversos
estudos que, de um lado, colocam em questão a própria relação
de Schopenhauer como estudioso das religiões orientais e suas
Schopenhauer e a religião
11
fontes e, de outro, evidenciam a coerência e a contundência das
teses schopenhauerianas no campo da assim chamada “filosofia
da religião”; assim como inserem o filósofo no horizonte de uma
das mais profícuas linhas de pesquisa da atualidade, aquela que
trata do diálogo entre as tradições orientais e ocidentais de
pensamento.
Foi a partir desses elementos contextuais que fizemos a
proposta para a publicação de um livro com a temática Filosofia
e Religião no horizonte da filosofia de Schopenhauer, a fim de
reunir resultados de pesquisas de estudiosos tanto da obra de
Schopenhauer quanto de filosofias que com ela dialogam no
Brasil e no mundo.
Schopenhauer e a religião, 2021
A recuperação da teologia nos últimos escritos de Horkheimer, com a ideia de anseio pelo inteira... more A recuperação da teologia nos últimos escritos de
Horkheimer, com a ideia de anseio pelo inteiramente outro e de
uma solidariedade laica, se inspirará no autor de O mundo como
vontade e representação, que teria fundado filosoficamente o amor
ao próximo sem depender de questionáveis prescrições religiosas.
Uma participação “a-religiosa” no combate ao sofrimento alheio
seria mais autêntica porque, mesmo tendo momentos teológicos,
evitaria a sanha do fanatismo que, notadamente quando unido a
falsos patriotismos e orgulhos nacionais, produz o contrário da
identificação com todo ser que sofre. Daí podermos ter
contribuições em vista de certas reconsiderações de teses
aproximativas entre filosofia e religião como interessante
tendência da pesquisa schopenhaueriana. Uma tendência que já
recebeu a impactante contribuição do aluno e herdeiro de
Horkheimer na Universidade de Frankfurt, Alfred Schmidt, em
textos tão relevantes quanto (ainda) pouco estudados, como o seu
livro Die Wahrheit im Gewande der Lüge. Schopenhauers
Religionsphilosophie [A verdade travestida de mentira: a filosofia da
religião de Schopenhauer].
Com efeito, surgiram nas duas últimas décadas diversos
estudos que, de um lado, colocam em questão a própria relação
de Schopenhauer como estudioso das religiões orientais e suas
Schopenhauer e a religião
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fontes e, de outro, evidenciam a coerência e a contundência das
teses schopenhauerianas no campo da assim chamada “filosofia
da religião”; assim como inserem o filósofo no horizonte de uma
das mais profícuas linhas de pesquisa da atualidade, aquela que
trata do diálogo entre as tradições orientais e ocidentais de
pensamento.
Foi a partir desses elementos contextuais que fizemos a
proposta para a publicação de um livro com a temática Filosofia
e Religião no horizonte da filosofia de Schopenhauer, a fim de
reunir resultados de pesquisas de estudiosos tanto da obra de
Schopenhauer quanto de filosofias que com ela dialogam no
Brasil e no mundo.
Do homem primeiro canta, empírea musa, a rebeldia-e o fruto, que, vedado, com seu mortal sabor no... more Do homem primeiro canta, empírea musa, a rebeldia-e o fruto, que, vedado, com seu mortal sabor nos trouxe ao mundo a morte e todo o mal na perda do Éden. (Milton, Paraíso Perdido Canto I) 1-Introdução. Do ponto de vista metafísico há uma questão mais fundamental que a questão sobre a morte. Ela foi proposta por Leibniz nos "Princípios da natureza e da graça", de 1714 e retomada por Heidegger em "Introdução à metafísica", de 1953. Em Leibniz ela aparece em contornos mais retóricos do que propriamente como um enfrentamento do problema: "por que alguma coisa em vez de nada?" "por que o ser e não, antes, o nada?" "Por que existe algo ao invés do abismo do não-ser?". Em Heidegger a questão servirá tanto como retomada de um aspecto relevante do se denominou a história da pergunta pelo ser e, também, como um constante leitmotiv para analítica do Dasein em Ser e Tempo (1927). Certamente Leibniz não encara o verdadeiro problema levantado pela questão da morte uma vez que é desmotivado pelo perigo ontológico que o conceito de nada representaria ao seu otimismo filosófico. Esse Professor Pangloss da filosofia preferiu relegar a Grundfrage (questão pelo fundamento) da filosofia a uma questão lógica. De fato, parece repugnante para uma teodiceia a ideia de um nada anterior ao fundamento (Grund) de todas as coisas uma vez que o fundamento último, para essa concepção, teria de ser uma divindade. Admitir a hipótese do nada abriria, para Leibniz, a possibilidade de admitir que a realidade que conhecemos seria abissalmente infundada e que estaríamos diante de um abismo (Abgrund) metafísico. A admissão de uma concepção de nada como algo anterior ao ser abre problemas metafísicos que nos levam até o campo das impossibilidades linguísticas. Com o problema do nada, a forma usual da predicação e, portanto, da estrutura lógica do discurso, fica comprometida. Além disso, surge o problema do nihil privativum e do nihil negativum do qual trataremos mais adiante. O trato conceitual com o problema do nada
Coletânea de textos grupos de pesquisa Anpof Hegel e Schopenhauer
Caderno ciências humanas dos Cadernos dos cursinhos Pré Universitários da UNESP - Filosofia, 2016
Cadernos dos Cursinhos Pré Universitários da Unesp Filosofia. Cidadania e democracia na Antiguid... more Cadernos dos Cursinhos Pré Universitários da Unesp
Filosofia.
Cidadania e democracia na Antiguidade
Estado e direitos do cidadão a partir da Idade Moderna; democracia direta, indireta e representativa.
Revoluções sociais e políticas na Europa Moderna
A luta pela conquista de direitos pelos cidadãos: direitos civis, humanos,
políticos e sociais
Direitos sociais nas Constituições brasileiras
Vida urbana: redes e hierarquia nas cidades, pobreza e segregação espacial
O desenvolvimento do pensamento liberal na sociedade capitalista e seus
críticos nos séculos XIX e XX
Políticas afirmativas
Na obra “Sobre o Fundamento da Moral”, Schopenhauer sustenta que o verdadeiro motivo moral não pr... more Na obra “Sobre o Fundamento da Moral”, Schopenhauer sustenta que o verdadeiro motivo moral não provém nem da religião nem da razão. O filósofo aponta como verdadeira motivação moral um “sentimento”, afirmando que, ao contrário dos outros princípios morais até então apresentados na história das doutrinas éticas, este sentimento pode ser considerado um princípio plenamente legítimo, por ser inerente à natureza humana e passível de uma comprovação pela experiência. Trata-se da compaixão. Em primeiro lugar, Schopenhauer estabelece um critério para o julgamento de uma ação e sustenta que somente um ato desprovido de egoísmo pode ser considerado uma ação moral genuína. Para o filósofo, a razão não tem um poder de motivação suficiente para fazer o homem romper com seu egoísmo natural, não sendo, assim, o verdadeiro motivo de uma ação moral. A religião com suas promessas e ameaças só pode levar o indivíduo a uma ação egoísta, pois, para o filósofo, por trás de uma ação motivada por preceitos religiosos sempre haverá o interesse pela recompensa ou o medo de um castigo. O motivo legitimamente moral, portanto, julga Schopenhauer, seria a compaixão, restando ao filósofo provar que ela seria confirmada pela experiência e pelas expressões do sentimento geral humano. Na tentativa de provar a legitimidade de tal fundamento propõe uma experimentação baseada em um suposto critério científico.
O que o público, que acompanhou as atuais polêmicas causadas pelas citações de Simone de Beauvoir... more O que o público, que acompanhou as atuais polêmicas causadas pelas citações de Simone de Beauvoir no ENEM 2015, pode não saber é que o primeiro volume de sua obra O Segundo Sexo foi um fenômeno editorial e causou muito mais discussões e diatribes na cena intelectual europeia do início dos anos 60 do que as reações que acompanhamos na mídia. Dados da época apontam que mais de 22 mil exemplares foram vendidos naquele ano, o que é uma marca significativa para aquele contexto. Porém, os fatos posteriores ao lançamento foram mais representativos do que o próprio sucesso inicial. O livro foi retirado de várias livrarias e provocou inúmeras reações hostis contra a autora. O que teria motivado essas reações e como podemos analisar o fato de que até hoje a obra é objeto de polêmica?
Caderno de resumos do evento Caderno de resumos da XVIII Jornada Multidisciplinar – 2016: "Imagem... more Caderno de resumos do evento Caderno de resumos da XVIII Jornada Multidisciplinar – 2016: "Imagem, Pensamento e Cultura"/ Eli Vagner Francisco Rodrigues e Caroline Kraus Luvizotto – Bauru: UNESP-FAAC,
O texto em questão, "A terceira consideração extemporânea (1874) de Nietzsche, proporciona um uni... more O texto em questão, "A terceira consideração extemporânea (1874) de Nietzsche, proporciona um universo de conceitos extremamente ricos para o que podemos denominar, em linhas gerais, de “crítica da cultura”:
A edificação de uma teoria da formação, a determinação de uma aristocracia cultural a partir da figura do gênio, uma tipologia pedagógica do santo do artista e novamente do gênio, a caracterização do filisteísmo em vários sentidos a identificação de fatores de uma decadência cultural no seio da sociedade moderna e contemporânea e, finalmente, os traços de uma perspectiva trágica para o problema da cultura e da ética e a crítica das instituições de ensino universitárias e suas relações com o poder. Este último aspecto permite inúmeras intertextualidades como a relação com obras e opúsculos muito conhecidos como “O conflito das faculdades” de Kant, o próprio texto “resposta à pergunta o que é o esclarecimento.” O texto de Schopenhauer citado por Nietzsche na terceira extemporânea sobre a filosofia universitária, inegável fonte de inspiração para as reflexões do jovem Nietzsche e numa aproximação mais recente ao texto da dialética do esclarecimento.
Todas estas possibilidades, em boa parte já exploradas por diversos autores, estão sempre às voltas com um problema crucial para a crítica da cultura, a saber o paradoxo do intelectual em sua relação com o estado e a cultura de seu tempo.
Eli Vagner Francisco Rodrigues, 2019
Resenha: Grande hotel Abismo. A escola de Frankfurt e seus personagens