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UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
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A territorialidade humana é construída através do sentimento de pertencimento a um grupo social e... more A territorialidade humana é construída através do sentimento de pertencimento a um grupo social entorno de uma identidade coletiva expressa pela forma como o grupo se apropria de um determinado espaço. A maneira como a territorialidade é utilizada para a construção do Estado-nação define uma cidadania excludente que divide os indivíduos entre os cidadãos (os de dentro) e os outros (os de fora). No Brasil, devido ao fato da integração de partes do território ao discurso da nação terem sido feitas em temporalidades diferentes, certos grupos sociais foram sendo excluídos da identidade coletiva -mesmo quando estes grupos são formados por brasileiros natos -o que criou espacialidades fragmentadas onde o racismo floresce. O argumento central do ensaio é que o racismo se perpetua no tempo pela construção de mecanismos simbólicos e jurídicos que definem o outro como um cidadão de segunda classe. Desta forma, através da análise da gênese da favela, é possível reconhecer o processo de construção destes mecanismos com os quais a República continua -até os dias de hoje -a relacionar-se com estas diferentes territorialidades. Para tal, o ensaio demonstra o discurso explícito pela República na construção da identidade nacional; analisa a racialização do favelado pelo movimento higienista e eugênico no início do século XX -uma das vertentes políticas de implantação da identidade republicana -e conclui a construção de uma cidadania simbólica e jurídica pela qual o Brasil tem reconhecido a figura do favelado como um cidadão de segunda classe.
A territorialidade humana é construída através do sentimento de pertencimento a um grupo social e... more A territorialidade humana é construída através do sentimento de pertencimento a um grupo social entorno de uma identidade coletiva expressa pela forma como o grupo se apropria de um determinado espaço. A maneira como a territorialidade é utilizada para a construção do Estado-nação define uma cidadania excludente que divide os indivíduos entre os cidadãos (os de dentro) e os outros (os de fora). No Brasil, devido ao fato da integração de partes do território ao discurso da nação terem sido feitas em temporalidades diferentes, certos grupos sociais foram sendo excluídos da identidade coletiva -mesmo quando estes grupos são formados por brasileiros natos -o que criou espacialidades fragmentadas onde o racismo floresce. O argumento central do ensaio é que o racismo se perpetua no tempo pela construção de mecanismos simbólicos e jurídicos que definem o outro como um cidadão de segunda classe. Desta forma, através da análise da gênese da favela, é possível reconhecer o processo de construção destes mecanismos com os quais a República continua -até os dias de hoje -a relacionar-se com estas diferentes territorialidades. Para tal, o ensaio demonstra o discurso explícito pela República na construção da identidade nacional; analisa a racialização do favelado pelo movimento higienista e eugênico no início do século XX -uma das vertentes políticas de implantação da identidade republicana -e conclui a construção de uma cidadania simbólica e jurídica pela qual o Brasil tem reconhecido a figura do favelado como um cidadão de segunda classe.