Allan Pereira | Universidade Estadual de Campinas (original) (raw)
Papers by Allan Pereira
Miguilim – Revista Eletrônica do Netlli, 2024
Neste artigo, investigamos a construção textual de sentido em uma seção de Os Sertões, de Euclide... more Neste artigo, investigamos a construção textual de sentido em uma seção de Os Sertões, de Euclides da Cunha, qual seja, “Um grito de protesto”, reflexão crítica sobre o massacre dos habitantes do Arraial de Canudos, realizado pelo exército brasileiro entre 1886 e 1887, durante a Guerra de Canudos, por ordem do governo de Prudente de Morais. Com base em estudiosos da Linguística Textual, principalmente Irandé Antunes (2005), Ingedore Villaça Koch (2018, 2021) e Michel Charolles (1997), examinamos, na passagem mencionada, os dois princípios de textualidade centrados no texto, a coesão e a coerência, e abordamos brevemente os outros cinco princípios, centrados no usuário, a saber, situacionalidade, informatividade, intertextualidade, intencionalidade e aceitabilidade. Concluímos, por meio da análise feita, que esses fatores contribuem conjuntamente para a construção do sentido do texto, o que explica o forte impacto dessa passagem de Os Sertões no leitor.
Jornada de Iniciação Científica e Mostra de Iniciação Tecnológica, 2023
Este artigo, resultado de nossa pesquisa de iniciação científica, examina as relações intertextua... more Este artigo, resultado de nossa pesquisa de iniciação científica, examina as relações intertextuais e parodísticas entre Os Sertões, de Euclides da Cunha, e o Apocalipse, de João, uma hipótese originalmente formulada pela crítica literária Walnice Nogueira Galvão (2009). Por meio do método das passagens paralelas, constatamos que, na representação euclidiana do Arraial de Canudos, foram empregadas, de fato, imagens invertidas do retrato bíblico da nova Jerusalém: a cidade santa, quadrangular, simétrica, feita de ouro e pedras preciosas, converte-se no arraial de barro, construído irracionalmente, a esmo; a igreja, inexistente, aparece informe, tosca; o rio de água viva dá lugar ao Vaza Barris barrento, seco; a árvore da vida é trocada pela natureza morta; e, ao invés da graça divina, a maldição é imprecada. De acordo com a teoria da paródia de Linda Hutcheon (1985), estudiosa que, a partir do caráter duplo da raiz etimológica do vocábulo-contracanto ou canto paralelo-, concebeu uma definição de paródia como repetição com diferença, capaz de contemplar práticas modernas que não necessariamente lançam mão do ridículo, concluímos que há, realmente, uma relação parodística entre Os Sertões e o Apocalipse. Além disso, com base nos estudos de Gérard Genette (2006), identificamos ocorrências de intertextualidade entre as obras, especialmente por meio de alusões.
Esferas, 2022
Este artigo examina a trajetória que culminou na reviravolta de consciência de Euclides da Cunha ... more Este artigo examina a trajetória que culminou na reviravolta de consciência de Euclides da Cunha - que passou de fervoroso apoiador da Guerra de Canudos a crítico mordaz -, delineando suas possíveis causas e circunstâncias, e discute a hipótese de que a ruína de seus ideais republicanos seja um dos principais fatores que impulsionaram a escrita de Os Sertões. Para isso, foram selecionados trechos de artigos, reportagens, telegramas e cartas de 1886 até 1897, durante os primórdios da República.
Porto Das Letras, 2022
Em Os Sertões, de Euclides da Cunha, a tensão entre o objetivo de fazer justiça a Canudos e o vín... more Em Os Sertões, de Euclides da Cunha, a tensão entre o objetivo de fazer justiça a Canudos e o vínculo às ideias da elite intelectual de seu tempo resultam numa obra complexa que, em seus 120 anos de publicação, nos mostra um Brasil extremamente contemporâneo. Neste estudo, buscamos entender como esta tensão se dá no nível do discurso, na inclusão e mobilização das vozes frequentemente contraditórias que compõem a representação da Guerra de Canudos, do sertão da Bahia e do sertanejo. Para isso, examinamos o dialogismo na obra, recorrendo às teorias elaboradas por Mikhail Bakhtin sobre dialogismo e, especialmente, sobre polifonia, entendida a partir de seus estudos sobre os romances de Dostoiévski. O principal objetivo é avaliar a suposta polifonia em Os Sertões, conjecturada por Walnice Nogueira Galvão no ensaio "Polifonia e paixão", considerando que, como um conceito político e ideológico, discutir a polifonia em Os Sertões implica em pensar a obra dentro de seu contexto histórico.
Miguilim – Revista Eletrônica do Netlli, 2024
Neste artigo, investigamos a construção textual de sentido em uma seção de Os Sertões, de Euclide... more Neste artigo, investigamos a construção textual de sentido em uma seção de Os Sertões, de Euclides da Cunha, qual seja, “Um grito de protesto”, reflexão crítica sobre o massacre dos habitantes do Arraial de Canudos, realizado pelo exército brasileiro entre 1886 e 1887, durante a Guerra de Canudos, por ordem do governo de Prudente de Morais. Com base em estudiosos da Linguística Textual, principalmente Irandé Antunes (2005), Ingedore Villaça Koch (2018, 2021) e Michel Charolles (1997), examinamos, na passagem mencionada, os dois princípios de textualidade centrados no texto, a coesão e a coerência, e abordamos brevemente os outros cinco princípios, centrados no usuário, a saber, situacionalidade, informatividade, intertextualidade, intencionalidade e aceitabilidade. Concluímos, por meio da análise feita, que esses fatores contribuem conjuntamente para a construção do sentido do texto, o que explica o forte impacto dessa passagem de Os Sertões no leitor.
Jornada de Iniciação Científica e Mostra de Iniciação Tecnológica, 2023
Este artigo, resultado de nossa pesquisa de iniciação científica, examina as relações intertextua... more Este artigo, resultado de nossa pesquisa de iniciação científica, examina as relações intertextuais e parodísticas entre Os Sertões, de Euclides da Cunha, e o Apocalipse, de João, uma hipótese originalmente formulada pela crítica literária Walnice Nogueira Galvão (2009). Por meio do método das passagens paralelas, constatamos que, na representação euclidiana do Arraial de Canudos, foram empregadas, de fato, imagens invertidas do retrato bíblico da nova Jerusalém: a cidade santa, quadrangular, simétrica, feita de ouro e pedras preciosas, converte-se no arraial de barro, construído irracionalmente, a esmo; a igreja, inexistente, aparece informe, tosca; o rio de água viva dá lugar ao Vaza Barris barrento, seco; a árvore da vida é trocada pela natureza morta; e, ao invés da graça divina, a maldição é imprecada. De acordo com a teoria da paródia de Linda Hutcheon (1985), estudiosa que, a partir do caráter duplo da raiz etimológica do vocábulo-contracanto ou canto paralelo-, concebeu uma definição de paródia como repetição com diferença, capaz de contemplar práticas modernas que não necessariamente lançam mão do ridículo, concluímos que há, realmente, uma relação parodística entre Os Sertões e o Apocalipse. Além disso, com base nos estudos de Gérard Genette (2006), identificamos ocorrências de intertextualidade entre as obras, especialmente por meio de alusões.
Esferas, 2022
Este artigo examina a trajetória que culminou na reviravolta de consciência de Euclides da Cunha ... more Este artigo examina a trajetória que culminou na reviravolta de consciência de Euclides da Cunha - que passou de fervoroso apoiador da Guerra de Canudos a crítico mordaz -, delineando suas possíveis causas e circunstâncias, e discute a hipótese de que a ruína de seus ideais republicanos seja um dos principais fatores que impulsionaram a escrita de Os Sertões. Para isso, foram selecionados trechos de artigos, reportagens, telegramas e cartas de 1886 até 1897, durante os primórdios da República.
Porto Das Letras, 2022
Em Os Sertões, de Euclides da Cunha, a tensão entre o objetivo de fazer justiça a Canudos e o vín... more Em Os Sertões, de Euclides da Cunha, a tensão entre o objetivo de fazer justiça a Canudos e o vínculo às ideias da elite intelectual de seu tempo resultam numa obra complexa que, em seus 120 anos de publicação, nos mostra um Brasil extremamente contemporâneo. Neste estudo, buscamos entender como esta tensão se dá no nível do discurso, na inclusão e mobilização das vozes frequentemente contraditórias que compõem a representação da Guerra de Canudos, do sertão da Bahia e do sertanejo. Para isso, examinamos o dialogismo na obra, recorrendo às teorias elaboradas por Mikhail Bakhtin sobre dialogismo e, especialmente, sobre polifonia, entendida a partir de seus estudos sobre os romances de Dostoiévski. O principal objetivo é avaliar a suposta polifonia em Os Sertões, conjecturada por Walnice Nogueira Galvão no ensaio "Polifonia e paixão", considerando que, como um conceito político e ideológico, discutir a polifonia em Os Sertões implica em pensar a obra dentro de seu contexto histórico.