Júlia Farah Ribeiro | Universidade Estadual de Campinas (original) (raw)
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Papers by Júlia Farah Ribeiro
Anais do VIII Seminário Nacional do CMU: Memória e acervos documentais. O arquivo como espaço produtor de conhecimento. Anais...., 2016
Resumo: A crescente valorização de conjuntos históricos da arquitetura ferroviária caracteriza-se... more Resumo: A crescente valorização de conjuntos históricos da arquitetura ferroviária caracteriza-se como importante registro do amadurecimento do conceito de patrimônio cultural no Brasil. Contudo, no campo prático, a preservação desses significativos documentos edificados continua comprometida porque ainda apresenta uma série de lacunas, que em geral permitem a sua descaracterização.
A cidade de Espirito Santo do Pinhal, localizada no estado de São Paulo, tem seu núcleo histórico formado por edificações datadas do século XIX, erigidas durante o ciclo do café e protegidas pelo tombamento estadual. Contudo, outras áreas da cidade, com construções que testemunham o processo de desenvolvimento econômico e social da cidade ainda carecem de estudos sistemáticos, como é o caso da Vila Montenegro, bairro fundado em 1890. Considerando que as edificações ferroviárias e residenciais de imigrantes desse bairro tem igual relevância para entendimento da herança arquitetônica e das características históricas da reorganização urbana da cidade, este artigo traz estudos iniciais subsidiários a inventariação desse acervo especifico.
Visa-se contribuir para ampliação do conhecimento do conjunto histórico arquitetônico da cidade e estudar as possibilidades de proteção e reutilização contemporânea em consonância com os valores identitários da memória local.
Anais do IX Mestres e ConselheirosAgentes Multiplicadores do Patrimônio. Anais...Belo Horizonte(MG) CAD II - UFMG, 2017 , 2017
Resumo : O reconhecimento de valores culturais nas paisagens urbanas e a preocupação com a sua pr... more Resumo : O reconhecimento de valores culturais nas paisagens urbanas e a preocupação com a sua preservação derivam do amadurecimento de discussões sobre o próprio significado de patrimônio cultural. O contínuo aprofundamento desses debates abriu caminho para a valorização de artefatos por vezes considerados menores e que passaram a se destacar por suas qualidades compositivas, além de suas características estéticas e construtivas. Em compasso com o alargamento do conceito de patrimônio cultural, este artigo é parte de discussões abordadas na pesquisa de mestrado Para além do centro histórico: valores e sentidos do patrimônio edificado de Espirito Santo do Pinhal, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Tecnologia e Cidade da Unicamp. A cidade de Espírito Santo do Pinhal, localizada na divisa entre o estado de São Paulo e o sul de Minas Gerais, devido à sua importância econômica no período áureo do ciclo do café, é detentora de conjunto histórico e arquitetônico valorizado pela sua população e tombado em nível estadual. Os estudos para tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Espírito Santo do Pinhal tiveram início em meados de 1985 e tal iniciativa se configura em ação pioneira entre as cidades paulistas pelas circunstâncias que ensejaram o pedido de proteção oficial do conjunto. A salvaguarda foi solicitada ao CONDEPHAAT pela própria população, então representada pela Associação Pinhalense de Cultura, com o intuito de impedir o desaparecimento de prédios históricos, que à época corriam riscos de demolição iminente. O conjunto arquitetônico selecionado pelo órgão estadual corresponde a onze edifícios, considerados como as maiores expressões do período de desenvolvimento mais significativo da cidade. No processo de tombamento consta como documento inicial para a abertura dos estudos uma listagem produzida pela Associação Pinhalense com 56 imóveis considerados de interesse. Nela foram arrolados bens de épocas e tipologias variadas, relacionados a diversos grupos sociais e ocorrências históricas. A diversidade de tipologias arquitetônicas constante na lista da Associação demonstra que já no início da década de 1980 interessava aos pinhalenses a preservação de exemplares arquitetônicos que expressassem o conjunto da sociedade local em diferentes períodos. Nessa perspectiva, buscando aprofundar questões relativas à inter-relação da preservação arquitetônica com o desenvolvimento urbano de Pinhal, este trabalho apresenta o estudo de dois bairros representativos de importantes movimentos de ampliação da malha urbana de Pinhal, nomeadamente: Vila Monte Negro e Vila Norma. Tais bairros hoje configuram, respectivamente, o patrimônio ferroviário e moderno pinhalense. Acredita-se que os conjuntos identificados são representantes de extratos da sociedade pinhalense que ainda não são efetivamente valorizados ou reconhecidos, mas que foram fundamentais para a transformação da cidade e que, por isso, merecem integrar o acervo dos bens culturais de Pinhal.
Books by Júlia Farah Ribeiro
Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo apresentado à Pontifícia Universidade Cató... more Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo apresentado à Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (Campus Poços de Caldas).
Discorre a respeito do patrimônio, memória e identidade da cidade paulista de Espírito Santo do Pinhal. Estuda a origem da cidade e sua relação com o ciclo cafeeiro para a formação do seu patrimônio edificado. Analisa o processo de tombamento do núcleo histórico e suas eventuais falhas. A partir desta análise, propõe a reabilitação do núcleo histórico. Tal proposta se apoia em meios urbanísticos para criar novas diretrizes que transformem a área, reavivando a história da cidade, sua identidade e sua memória.
Conference Presentations by Júlia Farah Ribeiro
ENAMPARQ, 2018
As dicotomias entre cidade e campo, interior e capital, urbano e rural, entre o periférico e o ce... more As dicotomias entre cidade e campo, interior e capital, urbano e rural, entre o periférico e o centro, assumem uma aparência consolidada na experiência presente. Tais diferenças, supostamente bem definidas, parecem se constituir ora com arbitrariedade, ora como determinação lógica de uma concepção histórica linear. Independente de quais sejam as impressões, elas não contribuem para esclarecer os motivos históricos que levaram a atual condição material e social das redes de cidades pelo mundo. Da mesma forma, também não revelam a natureza dinâmica e relativa das dicotomias anteriormente consideradas. Para debater tais aspectos contraditórios, será apresentado o estudo de caso da pequena cidade brasileira de Espírito Santo do Pinhal. Importante centro produtor de café desde o século XX, Pinhal tem como peculiaridade, o fato de sediar um dos maiores polos industriais fabricantes de máquinas para processamento de café do mundo, cuja produção é comercializada por todo Brasil e exportada para mais cem países. Para compreender sua situação atual de integração na cadeia industrial internacional, o artigo propõe um retorno aos processos históricos que consolidaram tanto a continuidade deste território urbano como hinterland, com características predominantemente rurais, quanto a atualização de suas relações na dinâmica produtiva contemporânea que o integram ao mercado internacional. A análise do desenvolvimento agrícola e industrial observado em Pinhal revela contradições relevantes às discussões contemporâneas, pois coloca em jogo a hierarquia comumente aceita da cidade sobre o campo. Nesse caso específico, o campo estabelece vínculos mais significativos com territórios e instituições mais distantes do que com as áreas urbanas adjacentes. Com isso, o campo assume certo protagonismo e a cidade desempenha funções relativamente acessórias. Além disso, essa indústria ocupa uma posição intermediária, que depende da cidade, mas que atende ao seu campo e a outros campos mundiais. Nesse sentido, a passagem de uma etapa centrada nas matérias primas para uma etapa que inclui a fabricação de bens de produção leva a própria atividade cafeeira a adquirir autonomia em relação a cidade, suas infraestruturas e serviços. Ainda, é o fruto da relação local inevitável entre cidade e campo que assegura o diferencial estratégico dessa atividade industrial na cadeia produtiva, em grande medida graças ao acúmulo de conhecimento prático tradicional do campo e da adaptação às novas exigências contemporâneas de mercado. Por fim, a globalização rearranja, a ponto até de inverter, relações históricas entre campo e cidade de acordo com a posição relativa que ocupam dentro de um sistema que extrapola fronteiras políticas, municipais ou federais. Ainda que mantenham suas características físicas e simbólicas, o campo não é exclusivamente precário e atrasado e a cidade não ocupa necessariamente uma posição de vanguarda na dinâmica política econômica local.
Anais do VIII Seminário Nacional do CMU: Memória e acervos documentais. O arquivo como espaço produtor de conhecimento. Anais...., 2016
Resumo: A crescente valorização de conjuntos históricos da arquitetura ferroviária caracteriza-se... more Resumo: A crescente valorização de conjuntos históricos da arquitetura ferroviária caracteriza-se como importante registro do amadurecimento do conceito de patrimônio cultural no Brasil. Contudo, no campo prático, a preservação desses significativos documentos edificados continua comprometida porque ainda apresenta uma série de lacunas, que em geral permitem a sua descaracterização.
A cidade de Espirito Santo do Pinhal, localizada no estado de São Paulo, tem seu núcleo histórico formado por edificações datadas do século XIX, erigidas durante o ciclo do café e protegidas pelo tombamento estadual. Contudo, outras áreas da cidade, com construções que testemunham o processo de desenvolvimento econômico e social da cidade ainda carecem de estudos sistemáticos, como é o caso da Vila Montenegro, bairro fundado em 1890. Considerando que as edificações ferroviárias e residenciais de imigrantes desse bairro tem igual relevância para entendimento da herança arquitetônica e das características históricas da reorganização urbana da cidade, este artigo traz estudos iniciais subsidiários a inventariação desse acervo especifico.
Visa-se contribuir para ampliação do conhecimento do conjunto histórico arquitetônico da cidade e estudar as possibilidades de proteção e reutilização contemporânea em consonância com os valores identitários da memória local.
Anais do IX Mestres e ConselheirosAgentes Multiplicadores do Patrimônio. Anais...Belo Horizonte(MG) CAD II - UFMG, 2017 , 2017
Resumo : O reconhecimento de valores culturais nas paisagens urbanas e a preocupação com a sua pr... more Resumo : O reconhecimento de valores culturais nas paisagens urbanas e a preocupação com a sua preservação derivam do amadurecimento de discussões sobre o próprio significado de patrimônio cultural. O contínuo aprofundamento desses debates abriu caminho para a valorização de artefatos por vezes considerados menores e que passaram a se destacar por suas qualidades compositivas, além de suas características estéticas e construtivas. Em compasso com o alargamento do conceito de patrimônio cultural, este artigo é parte de discussões abordadas na pesquisa de mestrado Para além do centro histórico: valores e sentidos do patrimônio edificado de Espirito Santo do Pinhal, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Tecnologia e Cidade da Unicamp. A cidade de Espírito Santo do Pinhal, localizada na divisa entre o estado de São Paulo e o sul de Minas Gerais, devido à sua importância econômica no período áureo do ciclo do café, é detentora de conjunto histórico e arquitetônico valorizado pela sua população e tombado em nível estadual. Os estudos para tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Espírito Santo do Pinhal tiveram início em meados de 1985 e tal iniciativa se configura em ação pioneira entre as cidades paulistas pelas circunstâncias que ensejaram o pedido de proteção oficial do conjunto. A salvaguarda foi solicitada ao CONDEPHAAT pela própria população, então representada pela Associação Pinhalense de Cultura, com o intuito de impedir o desaparecimento de prédios históricos, que à época corriam riscos de demolição iminente. O conjunto arquitetônico selecionado pelo órgão estadual corresponde a onze edifícios, considerados como as maiores expressões do período de desenvolvimento mais significativo da cidade. No processo de tombamento consta como documento inicial para a abertura dos estudos uma listagem produzida pela Associação Pinhalense com 56 imóveis considerados de interesse. Nela foram arrolados bens de épocas e tipologias variadas, relacionados a diversos grupos sociais e ocorrências históricas. A diversidade de tipologias arquitetônicas constante na lista da Associação demonstra que já no início da década de 1980 interessava aos pinhalenses a preservação de exemplares arquitetônicos que expressassem o conjunto da sociedade local em diferentes períodos. Nessa perspectiva, buscando aprofundar questões relativas à inter-relação da preservação arquitetônica com o desenvolvimento urbano de Pinhal, este trabalho apresenta o estudo de dois bairros representativos de importantes movimentos de ampliação da malha urbana de Pinhal, nomeadamente: Vila Monte Negro e Vila Norma. Tais bairros hoje configuram, respectivamente, o patrimônio ferroviário e moderno pinhalense. Acredita-se que os conjuntos identificados são representantes de extratos da sociedade pinhalense que ainda não são efetivamente valorizados ou reconhecidos, mas que foram fundamentais para a transformação da cidade e que, por isso, merecem integrar o acervo dos bens culturais de Pinhal.
Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo apresentado à Pontifícia Universidade Cató... more Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo apresentado à Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (Campus Poços de Caldas).
Discorre a respeito do patrimônio, memória e identidade da cidade paulista de Espírito Santo do Pinhal. Estuda a origem da cidade e sua relação com o ciclo cafeeiro para a formação do seu patrimônio edificado. Analisa o processo de tombamento do núcleo histórico e suas eventuais falhas. A partir desta análise, propõe a reabilitação do núcleo histórico. Tal proposta se apoia em meios urbanísticos para criar novas diretrizes que transformem a área, reavivando a história da cidade, sua identidade e sua memória.
ENAMPARQ, 2018
As dicotomias entre cidade e campo, interior e capital, urbano e rural, entre o periférico e o ce... more As dicotomias entre cidade e campo, interior e capital, urbano e rural, entre o periférico e o centro, assumem uma aparência consolidada na experiência presente. Tais diferenças, supostamente bem definidas, parecem se constituir ora com arbitrariedade, ora como determinação lógica de uma concepção histórica linear. Independente de quais sejam as impressões, elas não contribuem para esclarecer os motivos históricos que levaram a atual condição material e social das redes de cidades pelo mundo. Da mesma forma, também não revelam a natureza dinâmica e relativa das dicotomias anteriormente consideradas. Para debater tais aspectos contraditórios, será apresentado o estudo de caso da pequena cidade brasileira de Espírito Santo do Pinhal. Importante centro produtor de café desde o século XX, Pinhal tem como peculiaridade, o fato de sediar um dos maiores polos industriais fabricantes de máquinas para processamento de café do mundo, cuja produção é comercializada por todo Brasil e exportada para mais cem países. Para compreender sua situação atual de integração na cadeia industrial internacional, o artigo propõe um retorno aos processos históricos que consolidaram tanto a continuidade deste território urbano como hinterland, com características predominantemente rurais, quanto a atualização de suas relações na dinâmica produtiva contemporânea que o integram ao mercado internacional. A análise do desenvolvimento agrícola e industrial observado em Pinhal revela contradições relevantes às discussões contemporâneas, pois coloca em jogo a hierarquia comumente aceita da cidade sobre o campo. Nesse caso específico, o campo estabelece vínculos mais significativos com territórios e instituições mais distantes do que com as áreas urbanas adjacentes. Com isso, o campo assume certo protagonismo e a cidade desempenha funções relativamente acessórias. Além disso, essa indústria ocupa uma posição intermediária, que depende da cidade, mas que atende ao seu campo e a outros campos mundiais. Nesse sentido, a passagem de uma etapa centrada nas matérias primas para uma etapa que inclui a fabricação de bens de produção leva a própria atividade cafeeira a adquirir autonomia em relação a cidade, suas infraestruturas e serviços. Ainda, é o fruto da relação local inevitável entre cidade e campo que assegura o diferencial estratégico dessa atividade industrial na cadeia produtiva, em grande medida graças ao acúmulo de conhecimento prático tradicional do campo e da adaptação às novas exigências contemporâneas de mercado. Por fim, a globalização rearranja, a ponto até de inverter, relações históricas entre campo e cidade de acordo com a posição relativa que ocupam dentro de um sistema que extrapola fronteiras políticas, municipais ou federais. Ainda que mantenham suas características físicas e simbólicas, o campo não é exclusivamente precário e atrasado e a cidade não ocupa necessariamente uma posição de vanguarda na dinâmica política econômica local.