Guilherme Welte | Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) (original) (raw)
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Papers / Artigos by Guilherme Welte
Byzantina Symmeikta, 2024
This article revises the current interpretation regarding who were the Ἀλβανοὶ (Albans) and Λατῖν... more This article revises the current interpretation regarding who were the Ἀλβανοὶ (Albans) and Λατῖνοι (Latins) mentioned in Michael Attaleiates’ History, written in the 11th century. While previous scholars identified these groups as Albanians and Normans, the article argues that Attaleiates uses both terms to generically drew a parallel between ancient groups appearing in Greco-Roman historiography and contemporary groups in the southern Italy during his time, like the Lombards. It also suggests that Normans (the "Franks from Italy") are sometimes referred to as Λατῖνοι in the work, particularly due to their association with the Lombard population of southern Italy, where they settled. For a more in-depth analysis, the article identifies two different contexts in which the term Λατῖνοι was used by Attaleiates: the first in association with the Ἀλβανοί (i. e., the Lombards), and the second in parallel with the Φράγγοι (Franks, i.e., the Normans). Through these reexaminations, the article provides new insights into the complex relationships between the medieval Roman Empire and its neighbors in the Italian Peninsula.
Mythos, 2021
O presente artigo visa oferecer uma análise dos usos do passado romano pelo intelectual bizantino... more O presente artigo visa oferecer uma análise dos usos do passado romano pelo intelectual bizantino Miguel Pselo em sua Cronografia e sugerir uma interpretação para a descrição depreciativa da cidade de Roma na mesma obra. O passado romano latino constituía um aspecto importante para a romanidade do autor ainda que a cidade de Roma em seus dias pudesse ser depreciada e destituída de significado para a constituição dessa romanidade. Um romano oriental como Pselo olhava para o passado romano ocidental como seu, mas este passado é lido pelas lentes da Nova Roma no Bósforo.
Master's thesis / Dissertação de mestrado by Guilherme Welte
O século XI é marcado por um significativo fluxo de pessoas oriundas da Europa Ocidental adentran... more O século XI é marcado por um significativo fluxo de pessoas oriundas da Europa Ocidental adentrando o Império Romano Medieval, comumente chamado de “Império Bizantino”. Além disso, ele testemunha a ascensão do poderio militar normando na Península Itálica, que dizimou as reinvindicações dos romanos orientais na região. Tornando-se mais visíveis e desejados pelo Imperador, alguns desses ocidentais foram contratados como mercenários, inaugurando uma “idade de ouro” do uso de forças auxiliares ocidentais. Embora esse contato tenha trazido uma aproximação, trouxe gradualmente também um atrito, observável principalmente durante as Cruzadas já em finais do século XI. Este trabalho analisa a forma como os ocidentais são retratados em duas obras desse período, a Cronografia de Miguel Pselo e a História de Miguel Ataliata, enfatizando a relação entre como esses historiadores romanos orientais construíam sua identidade, que era baseada numa ideia de romanidade, e a forma como percebiam e alterizavam esses estrangeiros. Para melhor compreensão desse assunto, analisamos igualmente o longo problema da identidade romana medieval na historiografia.
Published undergrad thesis / Monografia publicada by Guilherme Welte
Epígrafe, 2018
A identidade romana dos bizantinos é frequentemente minimizada pelos historiadores, seja compreen... more A identidade romana dos bizantinos é frequentemente minimizada pelos historiadores, seja compreendendo-a por meio da cristã, seja enxergando-a como uma "fachada" de uma identidade perene helênica, desconectando essencialmente os bizantinos dos antigos romanos. O próprio uso do termo "bizantino" para se referir àquela civilização é moderno e surge da negação de sua reivindicação identitária, originando-se em antigos conflitos medievais. Essas perspectivas, contudo, estão sendo amplamente contestadas e uma reavaliação da romanidade bizantina parece estar em curso. O presente artigo visa contextualizar e apresentar os problemas que cercam essas discussões e os caminhos que as têm norteado, abordando temas como a "origem" do Império Bizantino e seus problemas de periodização, a negação de sua romanidade e a imputação de nomenclaturas artificiais, o "bizantinismo" enquanto problema de alteridade e os significados políticos dessa identidade, destacando a tese de Anthony Kaldellis de Bizâncio como o estado-nação medieval dos romanos.
Academic Interviews / Entrevistas by Guilherme Welte
Signum - Revista da Abrem, 2020
Eu daria ainda um conselho final relativo a algo que muito me incentivou para enfrentar o desafio... more Eu daria ainda um conselho final relativo a algo que muito me incentivou para enfrentar o desafio de investir tudo numa área então inexistente no país [...]: que nossos atuais e futuros bizantinistas procurem sempre conviver com o seguinte questionamento: "até onde posso chegar em meus estudos?". Que eles tenham certeza de que as respostas a este precioso "até onde posso chegar?" serão muitas, e então muitos universos se abrirão na Via Láctea da História e do Conhecimento.
Book Reviews / Resenhas by Guilherme Welte
Diálogos Mediterrânicos, 2019
tem estudado alguns assuntos que por vezes flutuam entre a Antiguidade clássica e o Medievo bizan... more tem estudado alguns assuntos que por vezes flutuam entre a Antiguidade clássica e o Medievo bizantino. Um de seus principais projetos nos últimos anos tem sido a reabilitação da dimensão romana do Império Oriental e seu significado político e identitário, o que já lhe rendeu, além de artigos e capítulos, ao menos quatro livros publicados. 1 Kaldellis é um forte revisionista e o principal nome quando o assunto é identidade bizantina. Em 2007, o historiador publicou Hellenism in Byzantium: The Transformations of Greek Identity and the Reception of the Classical Tradition, 2 cujo segundo capítulo em especial ("The world a city": Romans of the East) ofereceu uma crítica a maneira como os bizantinistas têm lidado ou não com a autoidentificação dos bizantinos enquanto romanos. Kaldellis contribuiu com argumentos sólidos e audaciosos para esse problema, questionando a ruptura artificial que fazemos entre um Império Romano que pertenceria exclusivamente a Antiguidade e um estranho e desconexo "Império Bizantino" pertencente ao Medievo. Esse capítulo também deu lugar a uma tese preliminar mais ousada: segundo Kaldellis, Bizâncio *
Ágora, 2019
é uma bizantinista norte-americana já conhecida por trabalhos anteriores dedicados à sociedade pr... more é uma bizantinista norte-americana já conhecida por trabalhos anteriores dedicados à sociedade provincial bizantina e a dois historiadores do período intermediário: a princesa Ana Comnena (1083-1153) e seu esposo, o kaisar Nicéforo Briênio (1062-1137). Sendo um nome cada vez mais presente no campo, Neville vem realizando empreendimentos notáveis. O recente Guide to Byzantine Historical Writing é um deles e oferece uma importante contribuição por servir como um guia prático de referência à historiografia bizantina e a tudo de essencial relacionado a ela. O ponto forte da obra, preparada por Neville com o auxílio dos estudantes de pós-graduação David Harrisville, Irina Tamarkina e Charlotte Whatley, é seu grande apanhado bibliográfico multilíngue. Segundo Neville, seu guia "[...] visa tornar as riquezas das histórias medievais escritas em grego facilmente acessíveis a todos que possam estar interessados" (NEVILLE, 2018, p. 1, tradução nossa). Embora a autora seja modesta ao dizer que seu livro "[...] não contém nenhuma informação que um bizantinista diligente não pudesse rastrear com o tempo [...]" (NEVILLE, 2018, p. 1, tradução nossa), o mérito desse seu trabalho reside justamente em seu potencial de servir como um guia prático e acessível a essas fontes, especialmente quando consideramos que o Império Bizantino não costuma ser a primeira escolha daqueles que adentram as pesquisas sobre o período medieval, seja pelas especificidades necessárias para seu estudo, que são distintas daquelas para o Ocidente latino, seja por questões de outra natureza. A obra de Neville pode assim fomentar o interesse de públicos acadêmicos não tradicionais, como o brasileiro, onde esses estudos ainda são bastante escassos e periféricos, facilitando a busca por fontes primárias e proporcionando uma base bibliográfica como ponto de partida.
Public history / Divulgação científica by Guilherme Welte
Blog do POIEMA - Universidade Federal de Pelotas, 2024
Byzantina Symmeikta, 2024
This article revises the current interpretation regarding who were the Ἀλβανοὶ (Albans) and Λατῖν... more This article revises the current interpretation regarding who were the Ἀλβανοὶ (Albans) and Λατῖνοι (Latins) mentioned in Michael Attaleiates’ History, written in the 11th century. While previous scholars identified these groups as Albanians and Normans, the article argues that Attaleiates uses both terms to generically drew a parallel between ancient groups appearing in Greco-Roman historiography and contemporary groups in the southern Italy during his time, like the Lombards. It also suggests that Normans (the "Franks from Italy") are sometimes referred to as Λατῖνοι in the work, particularly due to their association with the Lombard population of southern Italy, where they settled. For a more in-depth analysis, the article identifies two different contexts in which the term Λατῖνοι was used by Attaleiates: the first in association with the Ἀλβανοί (i. e., the Lombards), and the second in parallel with the Φράγγοι (Franks, i.e., the Normans). Through these reexaminations, the article provides new insights into the complex relationships between the medieval Roman Empire and its neighbors in the Italian Peninsula.
Mythos, 2021
O presente artigo visa oferecer uma análise dos usos do passado romano pelo intelectual bizantino... more O presente artigo visa oferecer uma análise dos usos do passado romano pelo intelectual bizantino Miguel Pselo em sua Cronografia e sugerir uma interpretação para a descrição depreciativa da cidade de Roma na mesma obra. O passado romano latino constituía um aspecto importante para a romanidade do autor ainda que a cidade de Roma em seus dias pudesse ser depreciada e destituída de significado para a constituição dessa romanidade. Um romano oriental como Pselo olhava para o passado romano ocidental como seu, mas este passado é lido pelas lentes da Nova Roma no Bósforo.
O século XI é marcado por um significativo fluxo de pessoas oriundas da Europa Ocidental adentran... more O século XI é marcado por um significativo fluxo de pessoas oriundas da Europa Ocidental adentrando o Império Romano Medieval, comumente chamado de “Império Bizantino”. Além disso, ele testemunha a ascensão do poderio militar normando na Península Itálica, que dizimou as reinvindicações dos romanos orientais na região. Tornando-se mais visíveis e desejados pelo Imperador, alguns desses ocidentais foram contratados como mercenários, inaugurando uma “idade de ouro” do uso de forças auxiliares ocidentais. Embora esse contato tenha trazido uma aproximação, trouxe gradualmente também um atrito, observável principalmente durante as Cruzadas já em finais do século XI. Este trabalho analisa a forma como os ocidentais são retratados em duas obras desse período, a Cronografia de Miguel Pselo e a História de Miguel Ataliata, enfatizando a relação entre como esses historiadores romanos orientais construíam sua identidade, que era baseada numa ideia de romanidade, e a forma como percebiam e alterizavam esses estrangeiros. Para melhor compreensão desse assunto, analisamos igualmente o longo problema da identidade romana medieval na historiografia.
Epígrafe, 2018
A identidade romana dos bizantinos é frequentemente minimizada pelos historiadores, seja compreen... more A identidade romana dos bizantinos é frequentemente minimizada pelos historiadores, seja compreendendo-a por meio da cristã, seja enxergando-a como uma "fachada" de uma identidade perene helênica, desconectando essencialmente os bizantinos dos antigos romanos. O próprio uso do termo "bizantino" para se referir àquela civilização é moderno e surge da negação de sua reivindicação identitária, originando-se em antigos conflitos medievais. Essas perspectivas, contudo, estão sendo amplamente contestadas e uma reavaliação da romanidade bizantina parece estar em curso. O presente artigo visa contextualizar e apresentar os problemas que cercam essas discussões e os caminhos que as têm norteado, abordando temas como a "origem" do Império Bizantino e seus problemas de periodização, a negação de sua romanidade e a imputação de nomenclaturas artificiais, o "bizantinismo" enquanto problema de alteridade e os significados políticos dessa identidade, destacando a tese de Anthony Kaldellis de Bizâncio como o estado-nação medieval dos romanos.
Signum - Revista da Abrem, 2020
Eu daria ainda um conselho final relativo a algo que muito me incentivou para enfrentar o desafio... more Eu daria ainda um conselho final relativo a algo que muito me incentivou para enfrentar o desafio de investir tudo numa área então inexistente no país [...]: que nossos atuais e futuros bizantinistas procurem sempre conviver com o seguinte questionamento: "até onde posso chegar em meus estudos?". Que eles tenham certeza de que as respostas a este precioso "até onde posso chegar?" serão muitas, e então muitos universos se abrirão na Via Láctea da História e do Conhecimento.
Diálogos Mediterrânicos, 2019
tem estudado alguns assuntos que por vezes flutuam entre a Antiguidade clássica e o Medievo bizan... more tem estudado alguns assuntos que por vezes flutuam entre a Antiguidade clássica e o Medievo bizantino. Um de seus principais projetos nos últimos anos tem sido a reabilitação da dimensão romana do Império Oriental e seu significado político e identitário, o que já lhe rendeu, além de artigos e capítulos, ao menos quatro livros publicados. 1 Kaldellis é um forte revisionista e o principal nome quando o assunto é identidade bizantina. Em 2007, o historiador publicou Hellenism in Byzantium: The Transformations of Greek Identity and the Reception of the Classical Tradition, 2 cujo segundo capítulo em especial ("The world a city": Romans of the East) ofereceu uma crítica a maneira como os bizantinistas têm lidado ou não com a autoidentificação dos bizantinos enquanto romanos. Kaldellis contribuiu com argumentos sólidos e audaciosos para esse problema, questionando a ruptura artificial que fazemos entre um Império Romano que pertenceria exclusivamente a Antiguidade e um estranho e desconexo "Império Bizantino" pertencente ao Medievo. Esse capítulo também deu lugar a uma tese preliminar mais ousada: segundo Kaldellis, Bizâncio *
Ágora, 2019
é uma bizantinista norte-americana já conhecida por trabalhos anteriores dedicados à sociedade pr... more é uma bizantinista norte-americana já conhecida por trabalhos anteriores dedicados à sociedade provincial bizantina e a dois historiadores do período intermediário: a princesa Ana Comnena (1083-1153) e seu esposo, o kaisar Nicéforo Briênio (1062-1137). Sendo um nome cada vez mais presente no campo, Neville vem realizando empreendimentos notáveis. O recente Guide to Byzantine Historical Writing é um deles e oferece uma importante contribuição por servir como um guia prático de referência à historiografia bizantina e a tudo de essencial relacionado a ela. O ponto forte da obra, preparada por Neville com o auxílio dos estudantes de pós-graduação David Harrisville, Irina Tamarkina e Charlotte Whatley, é seu grande apanhado bibliográfico multilíngue. Segundo Neville, seu guia "[...] visa tornar as riquezas das histórias medievais escritas em grego facilmente acessíveis a todos que possam estar interessados" (NEVILLE, 2018, p. 1, tradução nossa). Embora a autora seja modesta ao dizer que seu livro "[...] não contém nenhuma informação que um bizantinista diligente não pudesse rastrear com o tempo [...]" (NEVILLE, 2018, p. 1, tradução nossa), o mérito desse seu trabalho reside justamente em seu potencial de servir como um guia prático e acessível a essas fontes, especialmente quando consideramos que o Império Bizantino não costuma ser a primeira escolha daqueles que adentram as pesquisas sobre o período medieval, seja pelas especificidades necessárias para seu estudo, que são distintas daquelas para o Ocidente latino, seja por questões de outra natureza. A obra de Neville pode assim fomentar o interesse de públicos acadêmicos não tradicionais, como o brasileiro, onde esses estudos ainda são bastante escassos e periféricos, facilitando a busca por fontes primárias e proporcionando uma base bibliográfica como ponto de partida.
Blog do POIEMA - Universidade Federal de Pelotas, 2024