Marina P A Mello | Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) (original) (raw)
Papers by Marina P A Mello
Educational philosophy and theory, Feb 23, 2024
Inspired by the Studies on authoritarian personality and based on contemporary research on author... more Inspired by the Studies on authoritarian personality and based on contemporary research on authoritarianism in Brazil, we will analyze the construction of the idol aura surrounding former president Bolsonaro, which allowed the far right to be elected and remain in power until the last elections in 2022. We see his rise as mostly due to the digital violence that largely benefited his campaign and was directed against the block of left-wing candidates. So as to clarify this issue, we will revisit the sociohistorical and psycho-political fundamentals of the antidemocratic and ethnocentric behaviors spurred by that leadership that became idolized. We will also outline an emancipatory, antiracist, culturally relevant and decolonial education, as a way to provide what Adorno regarded as being the antidote to the reemergence of a regressive barbarism. In the case of Brazil, barbarism refers to the remnants of the slave system implemented in the country for three and a half centuries, whose destructive potential was awakened under Bolsonaro's government, given the latent antidemocratic and authoritarian tendencies in our society.
Revista Crítica Histórica, 2023
Nesse artigo, propomos uma análise comparativa das expressões dos “feminismos afrodiaspóricos” vi... more Nesse artigo, propomos uma análise comparativa das expressões dos “feminismos afrodiaspóricos” visíveis nas páginas da imprensa negra paulistana (do início do século XX) à vocalidade efetiva de mulheres negras que escreveram, em um outro momento histórico, em jornais que desta feita, embora não identificados estritamente ao que denominamos como “imprensa negra”, integram a “imprensa alternativa”, como o jornal Nós Mulheres (1976-1978), que buscou redimensionar o escopo da pauta feminista, contemplando a necessária condição das mulheres racializadas, notadamente a de mulheres negras. Sendo muitas delas anônimas, figuraram como colaboradoras daquele movimento de reconfiguração da pauta feminista no Brasil. Inspiradas e ancorada no trabalho de historiadoras como Saidiya Hartman (2019), objetivamos identificar e analisar no periódico escolhido, traços da revolução ao mesmo tempo íntima e coletiva, promovida por mulheres negras diante do roteiro precário de liberdade, fraternidade e autonomia, prescrito para elas desde o pós abolição.
Práxis Educativa, 2022
Resumo: Para versar sobre a representação social no campo da Educação Superior, este trabalho tra... more Resumo: Para versar sobre a representação social no campo da Educação Superior, este trabalho traçou e analisou o perfil das e dos palestrantes de seis eventos acadêmicos realizados em 2020 por universidades públicas brasileiras. Buscou-se verificar de que modo o conceito de branquitude torna possível entender a realidade das relações e das interações acadêmicas em termos étnico-raciais. Uma das hipóteses foi a de que a intelligentsia brasileira é apresentada ou representada de forma quase exclusiva, mas sempre majoritária, por
Revista Contemporânea de Educação
No Brasil, com a crescente demanda de denúncias de fraudes ocorridas nos últimos anos no sistema ... more No Brasil, com a crescente demanda de denúncias de fraudes ocorridas nos últimos anos no sistema de cotas raciais, fruto das ações afirmativas, muitas universidades iniciaram a implantação de comissões de heteroidentificação em seus processos seletivos. Nesse sentido, o presente artigo objetiva apresentar alguns dos caminhos, desafios e desdobramentos referentes à organização e implementação das Bancas de heteroidentificação no Sistema de Seleção de ingresso de estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Conclui-se, a partir dessa experiência, que tais procedimentos institucionais tendem a se mostrar indispensáveis nos processos de seleção, na medida em que buscam garantir o direito de ingresso de negros (pretos e pardos) e indígenas nas universidades públicas brasileiras.
Cultura Historica Patrimonio, Sep 10, 2013
Sociedade E Cultura, Mar 18, 2010
Resenha do livro: OLIVEIRA, E. Mulher negra e professora universitaria: trajetoria, conflitos e i... more Resenha do livro: OLIVEIRA, E. Mulher negra e professora universitaria: trajetoria, conflitos e identidade . Brasilia: Liber Livro, 2006, 146p.
Revista Contemporânea de Educação, v. 16, n. 37, set/dez. 2021http://dx.doi.org/10.20500/rce.v16i37.45073, 2021
No Brasil, com a crescente demanda de denúncias de fraudes ocorridas nos últimos anos no sistema ... more No Brasil, com a crescente demanda de denúncias de fraudes ocorridas nos últimos anos no sistema de cotas raciais, fruto das ações afirmativas, muitas universidades iniciaram a implantação de comissões de heteroidentificação em seus processos seletivos. Nesse sentido, o presente artigo objetiva apresentar alguns dos caminhos, desafios e desdobramentos referentes à organização e implementação das bancas de heteroidentificação no sistema de seleção de ingresso de estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Conclui-se, a partir dessa experiência, que tais procedimentos institucionais se mostram indispensáveis nos processos de seleção, na medida em que buscam garantir o direito de ingresso de negros e indígenas nas universidades públicas brasileiras.
Mulheres que nos fizeram , 2021
No cotidiano, nas festas, bailes e celebrações que ocorrem na casa de vó Maria, a força do aquilo... more No cotidiano, nas festas, bailes e celebrações que ocorrem na casa de vó Maria, a força do aquilombamento se reencena, injetando a energia da coragem, da vivacidade e da altivez nas crianças, jovens, adultos e velhxs que por ali circulam. Nesse texto, importa-nos, em especial, o papel desempenhado por mulheres e corpos identificados como femininos nesse processo. Nas periferias e nas margens, numa acepção que não se resume às dimensões estritamente territoriais mas que se pretende atenta aos corpos, mentes e trajetos, nossa intenção é perceber, registrar e analisar o engendramento de possibilidades emancipatórias sugeridas pelas gramáticas de reexistência e sobrevivência presentes nas periferias e margens. Entendendo as margens como lugares/territórios da instabilidade e, portanto, da criatividade , da ousadia e do desafio, vislumbramos novas/outras formas de interlocução entre a academia e a comunidade. Para tanto, o método etnográfico aliado aos aportes do pensamento decolonial, no âmbito dos chamados feminismos negros e decoloniais visa colaborar para o entendimento da viabilidade da aplicação de uma epistemologia feminista e afro-brasileira aos processos de educação em seu sentido lato. Os feminismos negros e decoloniais – por seu potencial infra e intrapolítico, por um inegável legado histórico em prol da articulação entre teoria e prática, têm se constituído em alvissareira alternativa às práticas pedagógicas tradicionais, no sentido de favorecerem a articulação entre dimensões tradicionalmente inconciliáveis: razão, objetividade, concretude, integridade cedem espaço à emoção, à plasticidade, à criatividade, à intuição, facultando alguma liberdade no sentido das potencialidades emancipatórias.
Onde está a subalterna? Subalternidade, marginalidade e domesticidade: notas para uma reflexão sobre educação na perspectiva decolonial, 2020
É comum definir-se em termos preferencialmente culturais a experiência de grupos racializados. En... more É comum definir-se em termos preferencialmente culturais a experiência de grupos racializados. Engendram-se, assim, discursos em que as diferenças étnicas conduziriam de maneira irrevogável e irrefutável as vivências que constituem a realidade social desses grupos, impondo “noções estereotipadas de ‘necessidade cultural comum’ sobre grupos heterogêneos com aspirações e interesses sociais diversos”. (BRAH, 1996, p. 337).
Para além das noções de cidadania e de participação que, de modo geral, têm se pautado por parâmetros legados pelos ideais de “liberdade, fraternidade e igualdade” que embasam os discursos sobre democracia, é importante questionar de que modo aqueles e aquelas, identificados como os “Outros” e, portanto, como os “diferentes”, têm conseguido empreender lutas e conquistar espaços de vocalidade e de efetivo poder. Quem é livre? Quando? Onde? Como? Quem é o sujeito da fraternidade? E o quê, exatamente, significa igualdade?
Revista da ABPN , 2020
Algumas décadas após a abolição oficial da escravidão no Brasil, em um cenário marcado pelo cosmo... more Algumas décadas após a abolição oficial da escravidão no Brasil, em um cenário marcado pelo cosmopolitismo, indivíduos e populações negras revolveram expectativas eugenistas e higienistas na cidade de São Paulo. Romper com a estereotipia e quebrar a imagem de exótico, no sentido de seres estranhos ou estrangeiros, impunha a formulação de uma estratégia em que o grupo teve que se defrontar com barreiras externas e internas. Em meio à imigração em massa de populações estrangeiras, Família, Pátria e Educação se converteram nos principais baluartes da luta empreendida através da imprensa negra no período estudado, no sentido da construção de uma identidade positiva para o grupo.
Culturas negras e Ciências Sociais no século XXI : perspectivas afrocentradas / Claudelir Corrêa Clemente e José Carlos Gomes da Silva (organizadores). - Uberlândia : EDUFU, 2018. 215726 p. (Coleção Observatório Etnográfico ; v. 2), 2018
"O que você ouve na minha voz é fúria, não sofrimento. Raiva, não autoridade moral". (Audre Lorde... more "O que você ouve na minha voz é fúria, não sofrimento. Raiva, não autoridade moral". (Audre Lorde) A condição de mulheres que não se encaixam, que não se enquadram de maneira categórica e irrefutável nos parâmetros celebrados de "intelectual", faz com que algumas escritoras, não identiiicadas com os padrões da "branquitude", tragam em suas respectivas "escritas" traços e vozes que se assemelham em suas intenções. Assim, raiva, indignação, denúncia e resistência articu-lam um modus especííico de gerir a revolta inscrita nos textos des-sas mulheres, prenhes, por isso, de resistência e esperança, tecidas ali no cotidiano (racializado e generiiicado) que submerge em seus escritos. 1 Este artigo retoma e atualiza aspectos de discussão contemplada em Mello (2015).
Educar e aprender exige mais do que implementar leis. Exige que se pense e se atue, concebendo a ... more Educar e aprender exige mais do que implementar leis. Exige que se pense e se atue, concebendo a educação de uma forma bem mais ampla, complexa e abrangente do que a sugerida por raízes e percursos supostamente mono e eurocentrados, monológicos e carte-sianamente conduzidos, em termos de verdades inquestionáveis. Há verdades sobre passa-do e presente; sobre as dimensões do Bem que se opõe ao Mal, do certo que se opõe ao errado, do macho que se opõe à fêmea, do íntegro que se opõe ao degenerado, do velho que se opõe ao novo, da virtude que se opõe ao vício e assim por diante. Dicotomias e hierarquias têm pautado um mundo polarizado e cioso por pureza e limpeza. Assim, educar para as rela-ções étnico-raciais, de modo emancipador, exige que se possa, de algum modo, transpor as fronteiras e os muros estritos da "escola" entendida como locus e trincheira classificatória (em séries, níveis, faixas etc.) de saberes social e culturalmente relevantes e dos que, ao contrá-rio, são encarados como supérfluos, curiosos ou folclóricos. Se a genealogia das palavras nos induz a pensar que professores são seres que professam, e alunos sejam seres sem luz, as transformações indicadas pelas leis 10.639 de 2003 e 11645 de 2011 nos lançam o desafio de descortinar o que os legados das populações ditas "nativas" (indígenas) e os da chamada "diáspora africana" teriam a nos ensinar em termos de encontro, convivência e, portanto, de educação em seu mais amplo sentido: que implica partilha e troca, que implica razão e mente, mas também afeto, intimidade, espiritualidade. Os trabalhos aqui apresentados nos inspiram a perceber que descolonizar exige con-templar as relações étnico-raciais, concebendo-as como também e inexoravelmente, associa-das às questões de gênero, classe, sexualidade, idade e nacionalidade. Para tanto, explicitar e trazer à tona sua dimensão infrapolítica, subjetiva, intrasubjetiva e cotidiana pode permitir o enfrentamento de discriminações, preconceitos e estereótipos que expõem assimetrias e exi-gem políticas de valorização e reconhecimento das identidades subalternizadas. Afinal, como sugere Franz Fanon "existir supõe sempre a presença de um/a Outro/a", que estará aqui, lá ou acolá, se dispondo ou não a ver, enxergar, ouvir, escutar. Ao mesmo tempo, urge promover a efetiva transdisciplinaridade, em que estudantes possam, por exemplo, em uma aula de Educação Física aprender matemática: jogando, cantando, imaginando e dançando, tudo ao mesmo tempo, a partir de exemplos africanos, afro-brasileiros e indígenas. Da mesma forma, decolonizar em uma aula de história que mobiliza sentidos e significados múltiplos e variados,
RESUMO Embora no plano legal, a escola como instituição e como lócus de transformação tenha podid... more RESUMO Embora no plano legal, a escola como instituição e como lócus de transformação tenha podido se renovar por leis que, alterando a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira de 1996) instituem a obrigatoriedade do ensino das histórias e culturas africanas e afro-brasileiras (Lei 10639 de 2003), bem como das histórias e culturas indígenas (Lei 11645 de 2008), pode-se afirmar que no plano das relações cotidianas, subjetivas e intersubjetivas, muito pouco ou quase nada se alterou na educação brasileira em termos efetivos: o acesso a posições e profissões consideradas " de maior prestígio " continua figurando como privilégio atrelado ao status de reconhecida branquitude. Tal situação torna-se ainda mais nefasta quando incide sobre o lugar e a condição dos modos e " fazeres " das mulheres negras intelectuais. Neste sentido, esse artigo pretende lançar luz sobre razões, consequências e possíveis encaminhamentos para se reverter tal quadro e promover uma ansiada descolonização epistemológica. ABSTRACT Even though in the scope of the application of law, the school as an institution and as a locus of transformation have been renewed by laws, that altering LDB (Law of guidelines and
Em um cenário de interação, mas não necessariamente de “integração”, buscamos entender de que man... more Em um cenário de interação, mas não necessariamente de “integração”, buscamos entender de que maneira a compreensão ou incompreensão recíproca (estudantes guineenses x estudantes brasileiros) é afetada pelas especificidades inerentes à condição de ser “mulher guineense” no Ceará, mais especificamente na região do Maciço do Baturité, e o que estaria implicado na produção de sentidos nestas circunstâncias.
Resumo: O século XX foi marcado, dentre outros aspectos, por ideias e ideais pautados pela paulat... more Resumo: O século XX foi marcado, dentre outros aspectos, por ideias e ideais pautados pela paulatina racialização das diferenças e por um consequente processo de eugenia e higienização de ambientes, corpos, comportamentos e expectativas. Neste contexto, este trabalho visa apresentar aspectos da trajetória de negros e negras paulistanas, descendentes de escravizados, tendo como referência os discursos e lugares que assumiram em sua produção na imprensa negra paulistana. Embora tais discursos denotem certo cunho etnicizante, não fugiam completamente aos referenciais de ordem, progresso e civilização difundidos e legitimados pela ideologia dominante. A despeito dos racismos e machismos reinantes, é possível perceber, nas entrelinhas do que produziram, comportamentos e ideais dissonantes, sobretudo por parte de algumas das mulheres negras, que à margem e à revelia do desejo de ordenamento, disciplina e adaptação, ousaram celebrar a liberdade nas ruas, festas e bailes promovidos em grande parte por elas dentro das comunidades negras. Palavras-chave: feminismos negros, mulheres negras no Brasil, interseccionalidades, imprensa negra, movimentos associativos negros. Abastract: The twentieth century was marked by ideas and desires guided by the gradual racialization of differences and by the consequent process of eugenics and hygienism that characterized that time. In this context, this work aims to present aspects of the trajectory of black men and women , descendants of slaves , referring especially to the discourses and places that have taken in São Paulo black press. Although such speeches can denote the acquisition of some racial consciousness, they not escaped of the reference of order, progress and civilization that were disseminated and legitimated by the dominant ideology in that historical moment. Despite the predominant prejudices of race and gender, it was revealed between the lines of what has been produced in this press, behaviors and dissonant ideals, especially by some black women.
Alt... more Although female funk produced in Brazil and Portugal leads us to their American origins, it is true that the style has diversified according to the particularities of each region and the dilemmas faced by young populations of each context in which this is produced and developed.
It is certain that this phenomenon reaches unparalleled popularity that mobilizes predominantly but not exclusively, the black and poor youth of the suburbs.
Such performances delineate, somehow, another locus for the construction of female happiness, beyond those, forged by the patriarchal model that leads inextricably to the domestic sphere, associated with marriage and the motherhood , and also subjugated to the worship of a canonical beauty and increasingly exclusive and inaccessible.
It is still possible, locate transgression on the use of languages and corporealities insubordinates when compared to the male representation systems. We argue that these
categories of female engagement cross the borders of the appropriation and violence to undertake subaltern cosmopolitanism processes.
Keywords: aesthetic-expressive rationality, funk; hip hop; black feminisms; intersectionality; eroticism.
ÉEVIDENTE QUE AS RELAÇÕES DE PODER estão, para além dos as- pectos econômicos relacionados à prod... more ÉEVIDENTE QUE AS RELAÇÕES DE PODER estão, para além dos as- pectos econômicos relacionados à produção e à distribuição de ri- queza e de renda, inextricavelmente ligadas às questões de identidade e visibilidade que os diversos grupos mobilizam na luta por representação.
Nesse sentido, o lugar social e ideológico que tem sido ocupado pelas mulheres negras corrobora e perpetua as situações históricas de menosprezo e desprezo fundadas na manutenção do status quo e, conse- quentemente, de identidades subalternizadas.
A despeito de recentes e tímidas transformações, a televisão – que é um poderoso instrumento de propagação de ideias, ideais, conceitos e preconceitos – tem celebrizado imagens de mulheres negras que não rompem nem questionam os estereótipos da mulher negra para “cama e mesa”. Ao contrário, tem se naturalizado a imagem de tais mu- lheres transitando “confortavelmente” nos ambientes domésticos e/ou associadas a um imaginário que enfatiza uma sensualidade quase que congênita.
A situação se torna particularmente perversa na medida em que, ocupando o lugar mais baixo da estrutura social, falta à grande maioria das mulheres negras condições mínimas para enfrentar esse cenário, em que o caminho mais eficaz ainda é o da educação. Educação em um sentido lato: que não apenas forma, mas, sobretudo, transforma por meio da conscientização que dá coragem e alento para o enfrentamento de tais disparidades.
É nesse sentido que o livro de Eliana de Oliveira é im- portante e oportuno por diferentes e variadas razões.
Educational philosophy and theory, Feb 23, 2024
Inspired by the Studies on authoritarian personality and based on contemporary research on author... more Inspired by the Studies on authoritarian personality and based on contemporary research on authoritarianism in Brazil, we will analyze the construction of the idol aura surrounding former president Bolsonaro, which allowed the far right to be elected and remain in power until the last elections in 2022. We see his rise as mostly due to the digital violence that largely benefited his campaign and was directed against the block of left-wing candidates. So as to clarify this issue, we will revisit the sociohistorical and psycho-political fundamentals of the antidemocratic and ethnocentric behaviors spurred by that leadership that became idolized. We will also outline an emancipatory, antiracist, culturally relevant and decolonial education, as a way to provide what Adorno regarded as being the antidote to the reemergence of a regressive barbarism. In the case of Brazil, barbarism refers to the remnants of the slave system implemented in the country for three and a half centuries, whose destructive potential was awakened under Bolsonaro's government, given the latent antidemocratic and authoritarian tendencies in our society.
Revista Crítica Histórica, 2023
Nesse artigo, propomos uma análise comparativa das expressões dos “feminismos afrodiaspóricos” vi... more Nesse artigo, propomos uma análise comparativa das expressões dos “feminismos afrodiaspóricos” visíveis nas páginas da imprensa negra paulistana (do início do século XX) à vocalidade efetiva de mulheres negras que escreveram, em um outro momento histórico, em jornais que desta feita, embora não identificados estritamente ao que denominamos como “imprensa negra”, integram a “imprensa alternativa”, como o jornal Nós Mulheres (1976-1978), que buscou redimensionar o escopo da pauta feminista, contemplando a necessária condição das mulheres racializadas, notadamente a de mulheres negras. Sendo muitas delas anônimas, figuraram como colaboradoras daquele movimento de reconfiguração da pauta feminista no Brasil. Inspiradas e ancorada no trabalho de historiadoras como Saidiya Hartman (2019), objetivamos identificar e analisar no periódico escolhido, traços da revolução ao mesmo tempo íntima e coletiva, promovida por mulheres negras diante do roteiro precário de liberdade, fraternidade e autonomia, prescrito para elas desde o pós abolição.
Práxis Educativa, 2022
Resumo: Para versar sobre a representação social no campo da Educação Superior, este trabalho tra... more Resumo: Para versar sobre a representação social no campo da Educação Superior, este trabalho traçou e analisou o perfil das e dos palestrantes de seis eventos acadêmicos realizados em 2020 por universidades públicas brasileiras. Buscou-se verificar de que modo o conceito de branquitude torna possível entender a realidade das relações e das interações acadêmicas em termos étnico-raciais. Uma das hipóteses foi a de que a intelligentsia brasileira é apresentada ou representada de forma quase exclusiva, mas sempre majoritária, por
Revista Contemporânea de Educação
No Brasil, com a crescente demanda de denúncias de fraudes ocorridas nos últimos anos no sistema ... more No Brasil, com a crescente demanda de denúncias de fraudes ocorridas nos últimos anos no sistema de cotas raciais, fruto das ações afirmativas, muitas universidades iniciaram a implantação de comissões de heteroidentificação em seus processos seletivos. Nesse sentido, o presente artigo objetiva apresentar alguns dos caminhos, desafios e desdobramentos referentes à organização e implementação das Bancas de heteroidentificação no Sistema de Seleção de ingresso de estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Conclui-se, a partir dessa experiência, que tais procedimentos institucionais tendem a se mostrar indispensáveis nos processos de seleção, na medida em que buscam garantir o direito de ingresso de negros (pretos e pardos) e indígenas nas universidades públicas brasileiras.
Cultura Historica Patrimonio, Sep 10, 2013
Sociedade E Cultura, Mar 18, 2010
Resenha do livro: OLIVEIRA, E. Mulher negra e professora universitaria: trajetoria, conflitos e i... more Resenha do livro: OLIVEIRA, E. Mulher negra e professora universitaria: trajetoria, conflitos e identidade . Brasilia: Liber Livro, 2006, 146p.
Revista Contemporânea de Educação, v. 16, n. 37, set/dez. 2021http://dx.doi.org/10.20500/rce.v16i37.45073, 2021
No Brasil, com a crescente demanda de denúncias de fraudes ocorridas nos últimos anos no sistema ... more No Brasil, com a crescente demanda de denúncias de fraudes ocorridas nos últimos anos no sistema de cotas raciais, fruto das ações afirmativas, muitas universidades iniciaram a implantação de comissões de heteroidentificação em seus processos seletivos. Nesse sentido, o presente artigo objetiva apresentar alguns dos caminhos, desafios e desdobramentos referentes à organização e implementação das bancas de heteroidentificação no sistema de seleção de ingresso de estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Conclui-se, a partir dessa experiência, que tais procedimentos institucionais se mostram indispensáveis nos processos de seleção, na medida em que buscam garantir o direito de ingresso de negros e indígenas nas universidades públicas brasileiras.
Mulheres que nos fizeram , 2021
No cotidiano, nas festas, bailes e celebrações que ocorrem na casa de vó Maria, a força do aquilo... more No cotidiano, nas festas, bailes e celebrações que ocorrem na casa de vó Maria, a força do aquilombamento se reencena, injetando a energia da coragem, da vivacidade e da altivez nas crianças, jovens, adultos e velhxs que por ali circulam. Nesse texto, importa-nos, em especial, o papel desempenhado por mulheres e corpos identificados como femininos nesse processo. Nas periferias e nas margens, numa acepção que não se resume às dimensões estritamente territoriais mas que se pretende atenta aos corpos, mentes e trajetos, nossa intenção é perceber, registrar e analisar o engendramento de possibilidades emancipatórias sugeridas pelas gramáticas de reexistência e sobrevivência presentes nas periferias e margens. Entendendo as margens como lugares/territórios da instabilidade e, portanto, da criatividade , da ousadia e do desafio, vislumbramos novas/outras formas de interlocução entre a academia e a comunidade. Para tanto, o método etnográfico aliado aos aportes do pensamento decolonial, no âmbito dos chamados feminismos negros e decoloniais visa colaborar para o entendimento da viabilidade da aplicação de uma epistemologia feminista e afro-brasileira aos processos de educação em seu sentido lato. Os feminismos negros e decoloniais – por seu potencial infra e intrapolítico, por um inegável legado histórico em prol da articulação entre teoria e prática, têm se constituído em alvissareira alternativa às práticas pedagógicas tradicionais, no sentido de favorecerem a articulação entre dimensões tradicionalmente inconciliáveis: razão, objetividade, concretude, integridade cedem espaço à emoção, à plasticidade, à criatividade, à intuição, facultando alguma liberdade no sentido das potencialidades emancipatórias.
Onde está a subalterna? Subalternidade, marginalidade e domesticidade: notas para uma reflexão sobre educação na perspectiva decolonial, 2020
É comum definir-se em termos preferencialmente culturais a experiência de grupos racializados. En... more É comum definir-se em termos preferencialmente culturais a experiência de grupos racializados. Engendram-se, assim, discursos em que as diferenças étnicas conduziriam de maneira irrevogável e irrefutável as vivências que constituem a realidade social desses grupos, impondo “noções estereotipadas de ‘necessidade cultural comum’ sobre grupos heterogêneos com aspirações e interesses sociais diversos”. (BRAH, 1996, p. 337).
Para além das noções de cidadania e de participação que, de modo geral, têm se pautado por parâmetros legados pelos ideais de “liberdade, fraternidade e igualdade” que embasam os discursos sobre democracia, é importante questionar de que modo aqueles e aquelas, identificados como os “Outros” e, portanto, como os “diferentes”, têm conseguido empreender lutas e conquistar espaços de vocalidade e de efetivo poder. Quem é livre? Quando? Onde? Como? Quem é o sujeito da fraternidade? E o quê, exatamente, significa igualdade?
Revista da ABPN , 2020
Algumas décadas após a abolição oficial da escravidão no Brasil, em um cenário marcado pelo cosmo... more Algumas décadas após a abolição oficial da escravidão no Brasil, em um cenário marcado pelo cosmopolitismo, indivíduos e populações negras revolveram expectativas eugenistas e higienistas na cidade de São Paulo. Romper com a estereotipia e quebrar a imagem de exótico, no sentido de seres estranhos ou estrangeiros, impunha a formulação de uma estratégia em que o grupo teve que se defrontar com barreiras externas e internas. Em meio à imigração em massa de populações estrangeiras, Família, Pátria e Educação se converteram nos principais baluartes da luta empreendida através da imprensa negra no período estudado, no sentido da construção de uma identidade positiva para o grupo.
Culturas negras e Ciências Sociais no século XXI : perspectivas afrocentradas / Claudelir Corrêa Clemente e José Carlos Gomes da Silva (organizadores). - Uberlândia : EDUFU, 2018. 215726 p. (Coleção Observatório Etnográfico ; v. 2), 2018
"O que você ouve na minha voz é fúria, não sofrimento. Raiva, não autoridade moral". (Audre Lorde... more "O que você ouve na minha voz é fúria, não sofrimento. Raiva, não autoridade moral". (Audre Lorde) A condição de mulheres que não se encaixam, que não se enquadram de maneira categórica e irrefutável nos parâmetros celebrados de "intelectual", faz com que algumas escritoras, não identiiicadas com os padrões da "branquitude", tragam em suas respectivas "escritas" traços e vozes que se assemelham em suas intenções. Assim, raiva, indignação, denúncia e resistência articu-lam um modus especííico de gerir a revolta inscrita nos textos des-sas mulheres, prenhes, por isso, de resistência e esperança, tecidas ali no cotidiano (racializado e generiiicado) que submerge em seus escritos. 1 Este artigo retoma e atualiza aspectos de discussão contemplada em Mello (2015).
Educar e aprender exige mais do que implementar leis. Exige que se pense e se atue, concebendo a ... more Educar e aprender exige mais do que implementar leis. Exige que se pense e se atue, concebendo a educação de uma forma bem mais ampla, complexa e abrangente do que a sugerida por raízes e percursos supostamente mono e eurocentrados, monológicos e carte-sianamente conduzidos, em termos de verdades inquestionáveis. Há verdades sobre passa-do e presente; sobre as dimensões do Bem que se opõe ao Mal, do certo que se opõe ao errado, do macho que se opõe à fêmea, do íntegro que se opõe ao degenerado, do velho que se opõe ao novo, da virtude que se opõe ao vício e assim por diante. Dicotomias e hierarquias têm pautado um mundo polarizado e cioso por pureza e limpeza. Assim, educar para as rela-ções étnico-raciais, de modo emancipador, exige que se possa, de algum modo, transpor as fronteiras e os muros estritos da "escola" entendida como locus e trincheira classificatória (em séries, níveis, faixas etc.) de saberes social e culturalmente relevantes e dos que, ao contrá-rio, são encarados como supérfluos, curiosos ou folclóricos. Se a genealogia das palavras nos induz a pensar que professores são seres que professam, e alunos sejam seres sem luz, as transformações indicadas pelas leis 10.639 de 2003 e 11645 de 2011 nos lançam o desafio de descortinar o que os legados das populações ditas "nativas" (indígenas) e os da chamada "diáspora africana" teriam a nos ensinar em termos de encontro, convivência e, portanto, de educação em seu mais amplo sentido: que implica partilha e troca, que implica razão e mente, mas também afeto, intimidade, espiritualidade. Os trabalhos aqui apresentados nos inspiram a perceber que descolonizar exige con-templar as relações étnico-raciais, concebendo-as como também e inexoravelmente, associa-das às questões de gênero, classe, sexualidade, idade e nacionalidade. Para tanto, explicitar e trazer à tona sua dimensão infrapolítica, subjetiva, intrasubjetiva e cotidiana pode permitir o enfrentamento de discriminações, preconceitos e estereótipos que expõem assimetrias e exi-gem políticas de valorização e reconhecimento das identidades subalternizadas. Afinal, como sugere Franz Fanon "existir supõe sempre a presença de um/a Outro/a", que estará aqui, lá ou acolá, se dispondo ou não a ver, enxergar, ouvir, escutar. Ao mesmo tempo, urge promover a efetiva transdisciplinaridade, em que estudantes possam, por exemplo, em uma aula de Educação Física aprender matemática: jogando, cantando, imaginando e dançando, tudo ao mesmo tempo, a partir de exemplos africanos, afro-brasileiros e indígenas. Da mesma forma, decolonizar em uma aula de história que mobiliza sentidos e significados múltiplos e variados,
RESUMO Embora no plano legal, a escola como instituição e como lócus de transformação tenha podid... more RESUMO Embora no plano legal, a escola como instituição e como lócus de transformação tenha podido se renovar por leis que, alterando a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira de 1996) instituem a obrigatoriedade do ensino das histórias e culturas africanas e afro-brasileiras (Lei 10639 de 2003), bem como das histórias e culturas indígenas (Lei 11645 de 2008), pode-se afirmar que no plano das relações cotidianas, subjetivas e intersubjetivas, muito pouco ou quase nada se alterou na educação brasileira em termos efetivos: o acesso a posições e profissões consideradas " de maior prestígio " continua figurando como privilégio atrelado ao status de reconhecida branquitude. Tal situação torna-se ainda mais nefasta quando incide sobre o lugar e a condição dos modos e " fazeres " das mulheres negras intelectuais. Neste sentido, esse artigo pretende lançar luz sobre razões, consequências e possíveis encaminhamentos para se reverter tal quadro e promover uma ansiada descolonização epistemológica. ABSTRACT Even though in the scope of the application of law, the school as an institution and as a locus of transformation have been renewed by laws, that altering LDB (Law of guidelines and
Em um cenário de interação, mas não necessariamente de “integração”, buscamos entender de que man... more Em um cenário de interação, mas não necessariamente de “integração”, buscamos entender de que maneira a compreensão ou incompreensão recíproca (estudantes guineenses x estudantes brasileiros) é afetada pelas especificidades inerentes à condição de ser “mulher guineense” no Ceará, mais especificamente na região do Maciço do Baturité, e o que estaria implicado na produção de sentidos nestas circunstâncias.
Resumo: O século XX foi marcado, dentre outros aspectos, por ideias e ideais pautados pela paulat... more Resumo: O século XX foi marcado, dentre outros aspectos, por ideias e ideais pautados pela paulatina racialização das diferenças e por um consequente processo de eugenia e higienização de ambientes, corpos, comportamentos e expectativas. Neste contexto, este trabalho visa apresentar aspectos da trajetória de negros e negras paulistanas, descendentes de escravizados, tendo como referência os discursos e lugares que assumiram em sua produção na imprensa negra paulistana. Embora tais discursos denotem certo cunho etnicizante, não fugiam completamente aos referenciais de ordem, progresso e civilização difundidos e legitimados pela ideologia dominante. A despeito dos racismos e machismos reinantes, é possível perceber, nas entrelinhas do que produziram, comportamentos e ideais dissonantes, sobretudo por parte de algumas das mulheres negras, que à margem e à revelia do desejo de ordenamento, disciplina e adaptação, ousaram celebrar a liberdade nas ruas, festas e bailes promovidos em grande parte por elas dentro das comunidades negras. Palavras-chave: feminismos negros, mulheres negras no Brasil, interseccionalidades, imprensa negra, movimentos associativos negros. Abastract: The twentieth century was marked by ideas and desires guided by the gradual racialization of differences and by the consequent process of eugenics and hygienism that characterized that time. In this context, this work aims to present aspects of the trajectory of black men and women , descendants of slaves , referring especially to the discourses and places that have taken in São Paulo black press. Although such speeches can denote the acquisition of some racial consciousness, they not escaped of the reference of order, progress and civilization that were disseminated and legitimated by the dominant ideology in that historical moment. Despite the predominant prejudices of race and gender, it was revealed between the lines of what has been produced in this press, behaviors and dissonant ideals, especially by some black women.
Alt... more Although female funk produced in Brazil and Portugal leads us to their American origins, it is true that the style has diversified according to the particularities of each region and the dilemmas faced by young populations of each context in which this is produced and developed.
It is certain that this phenomenon reaches unparalleled popularity that mobilizes predominantly but not exclusively, the black and poor youth of the suburbs.
Such performances delineate, somehow, another locus for the construction of female happiness, beyond those, forged by the patriarchal model that leads inextricably to the domestic sphere, associated with marriage and the motherhood , and also subjugated to the worship of a canonical beauty and increasingly exclusive and inaccessible.
It is still possible, locate transgression on the use of languages and corporealities insubordinates when compared to the male representation systems. We argue that these
categories of female engagement cross the borders of the appropriation and violence to undertake subaltern cosmopolitanism processes.
Keywords: aesthetic-expressive rationality, funk; hip hop; black feminisms; intersectionality; eroticism.
ÉEVIDENTE QUE AS RELAÇÕES DE PODER estão, para além dos as- pectos econômicos relacionados à prod... more ÉEVIDENTE QUE AS RELAÇÕES DE PODER estão, para além dos as- pectos econômicos relacionados à produção e à distribuição de ri- queza e de renda, inextricavelmente ligadas às questões de identidade e visibilidade que os diversos grupos mobilizam na luta por representação.
Nesse sentido, o lugar social e ideológico que tem sido ocupado pelas mulheres negras corrobora e perpetua as situações históricas de menosprezo e desprezo fundadas na manutenção do status quo e, conse- quentemente, de identidades subalternizadas.
A despeito de recentes e tímidas transformações, a televisão – que é um poderoso instrumento de propagação de ideias, ideais, conceitos e preconceitos – tem celebrizado imagens de mulheres negras que não rompem nem questionam os estereótipos da mulher negra para “cama e mesa”. Ao contrário, tem se naturalizado a imagem de tais mu- lheres transitando “confortavelmente” nos ambientes domésticos e/ou associadas a um imaginário que enfatiza uma sensualidade quase que congênita.
A situação se torna particularmente perversa na medida em que, ocupando o lugar mais baixo da estrutura social, falta à grande maioria das mulheres negras condições mínimas para enfrentar esse cenário, em que o caminho mais eficaz ainda é o da educação. Educação em um sentido lato: que não apenas forma, mas, sobretudo, transforma por meio da conscientização que dá coragem e alento para o enfrentamento de tais disparidades.
É nesse sentido que o livro de Eliana de Oliveira é im- portante e oportuno por diferentes e variadas razões.
CONGRESSO ACADÊMICO UNIFESP 2022, 2022
Eu cumprimento a todas as pessoas presentes, quero antes de mais nada agradecer a toda organizaçã... more Eu cumprimento a todas as pessoas presentes, quero antes de mais nada agradecer a toda organização da edição 2022 do Congresso Acadêmico da Unifesp, na figura de suas técnicas e técnicos, discentes e docentes, intérpretes de libras e intérpretes em geral, em especial a dessa mesa de Abertura e ressaltar, enfatizar a honra e a emoção de ter a professora Dra. Cida Bento nessa conferência, nessa abertura dos trabalhos, mesmo porque além de referência incontornável no que se refere às reflexões sobre o
Marina Pereira de Almeida Mello (UNIFESP) 2 [...] o que um povo desenvolve quando é engajado pelo... more Marina Pereira de Almeida Mello (UNIFESP) 2 [...] o que um povo desenvolve quando é engajado pelo capitalismo, em resposta e em rebelião contra si, não pode ser entendido, a não ser como a totalidade de suas vidas capitalistas. Delimitar a cultura é reduzi-la a uma decoração da vida cotidiana. A cultura são peças de teatro e poesia sobre os explorados; é deixar de usar mini-saias e passar a usar calças; é o choque entre a alma do Batismo Negro e a culpa e pecado do protestantismo branco. A cultura é também o som estridente do despertador que toca às 6 da manhã, quando uma mulher negra em Londres acorda seus filhos para prepará-los para a creche. Cultura é o quão fria ela se sente no ponto de ônibus e, em seguida, o quão quente se sente no ônibus lotado. A cultura é como você se sente na segunda-feira de manhã às oito horas, quando você espera que seja sexta-feira, desejando a sua vida de volta. A cultura é ... quando você pensa no que fazer para o jantar .... enquanto seu homem assiste as notícias na televisão. (James and Beese, 1975: 5, tradução livre da autora) Não é incomum definir-se em termos preferencialmente culturais, a experiência de grupos racializados. Engendra-se assim, discursos em que as diferenças étnicas conduziriam de maneira irrevogável e irrefutável as vivências que constituem a realidade social desses grupos, impondo noções estereotipadas de "necessidade cultural comum" sobre grupos heterogêneos com aspirações e interesses sociais diversos. (BRAH, 1996). Para além das noções de cidadania e de participação que, de modo geral, têm se pautado por parâmetros legados pelos ideais de "liberdade, fraternidade e igualdade" que embasam os discursos sobre democracia, é importante questionar de que modo aqueles e aquelas, identificados como os "Outros" e portanto, como os "diferentes", têm conseguido empreender lutas e conquistar espaços de vocalidade e de efetivo poder. Quem é livre? Quando? Onde? Como? Quem é o sujeito da fraternidade? E o quê, exatamente, significa igualdade? 1 Exponho aqui algumas ideias que me serviram de base para a apresentação realizada no Colóquio Internacional Educação sem retrocesso, realizado entre os dias 25 e 26 de abril de 2019, na Faculdade de Educação da USP, sob a coordenação da Profa.Dra.
RESUMO Embora no plano legal, a escola como instituição e como lócus de transformação tenha podid... more RESUMO Embora no plano legal, a escola como instituição e como lócus de transformação tenha podido se renovar por leis que, alterando a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira de 1996) instituem a obrigatoriedade do ensino das histórias e culturas africanas e afro-brasileiras (Lei 10639 de 2003), bem como das histórias e culturas indígenas (Lei 11645 de 2008), pode-se afirmar que no plano das relações cotidianas, subjetivas e intersubjetivas, muito pouco ou quase nada se alterou na educação brasileira em termos efetivos: o acesso a posições e profissões consideradas " de maior prestígio " continua figurando como privilégio atrelado ao status de reconhecida branquitude. Tal situação torna-se ainda mais nefasta quando incide sobre o lugar e a condição dos modos e " fazeres " das mulheres negras intelectuais. Neste sentido, esse artigo pretende lançar luz sobre razões, consequências e possíveis encaminhamentos para se reverter tal quadro e promover uma ansiada descolonização epistemológica. ABSTRACT Even though in the scope of the application of law, the school as an institution and as a locus of transformation have been renewed by laws, that altering LDB (Law of guidelines and
Trâmites epistemológicos dos afetos e desafetos nas tramas das intersubjetividades: Algumas consi... more Trâmites epistemológicos dos afetos e desafetos nas tramas das intersubjetividades: Algumas considerações sobre gênero, corpo, poder e processos de estigmatização nas interações entre mulheres brasileiras e africanas na UNILAB (CE) 1. Marina Pereira de Almeida Mello UNILAB-Brasil Palavras-chave: feminismos pós-coloniais, mulheres negras, sexualidades. O objetivo dessa comunicação é discutir aspectos preliminares de uma reflexão do âmbito das intimidades e dos tabus, associados às sexualidades e subjetividades em trânsito e, sobretudo, aos perigos que o imaginário da branquitude associa ao corpo negro. Temos como referência mulheres negras, que nesse caso estão representadas majoritariamente por um número expressivo de alunas da UNILAB (Universidade Internacional da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira) oriundas do continente africano, mais especificamente dos países de língua oficial portuguesa (PALOP), em sua maioria jovens e que migram ao Brasil por um tempo determinado pela duração de sua formação junto à instituição. Contudo, embora as estudantes internacionais representem a maioria das mulheres não brancas na instituição (incluindo-se aqui as que se autorreferem como mestiças ou pardas), é intrigante perceber que mesmo dentre as estudantes nacionais, a branquitude não é aparente e tampouco evidente a olhos nus, a despeito de algumas assim se designarem. Também esse fenômeno é objeto de investigação em curso, posto que está profundamente enraizado numa percepção de que no Ceará há predominância de pardos. Oficialmente, segundo o Censo de 2010, no país a população negra (pretos e pardos) corresponde a 50,7% da população total, sendo portanto maioria. Já no Ceará, os números revelam 31% de brancos, 2,7% pretos, 66,1% de pardos e 0,2% de indígenas. Realmente, talvez por força da formação que adquirem junto à Unilab e pelos questionamentos oriundos dessa formação, não é incomum dentre as estudantes 1 Trabalho apresentado na 30a Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de agosto de 2016, João Pessoa/PB.
Raça como objeto de pesquisa em educação, 2022
Livro: Raça como objeto de pesquisa em educação TÍTULO: Notas sobre Educação e antirracismo em te... more Livro: Raça como objeto de pesquisa em educação TÍTULO: Notas sobre Educação e antirracismo em tempos de depuração e separação. Marina Pereira de Almeida Mello Educação emancipatória. Educação crítica. Educação decolonial. Educação antirracista. Educação interseccional. Educação para a liberdade.... proliferam-se os adjetivos, assim como talvez, as intenções para se enfatizar algo relativamente óbvio: como imprimir à educação formal um caráter efetivamente transformador? Eufemisticamente, somos levados a admitir que a educação, em seu sentido genérico, é o processo pelo qual somos ensinados e ensinamos os mecanismos básicos para a sobrevivência em sociedade. É o que nos faz sermos o que somos: tanto em termos individuais como coletivamente. No entanto, sistemas formais de educação implicam em metodologias, normas e regimes autorizados pelo Estado. Como um aparato do Estadonação, historicamente, a educação escolarizada têm perpetrado e perpetuado um estado de coisas em que colonialismo, racismo, sexismo e elitismo permanecem como dimensões estruturais das relações. De forma explícita ou o que é mais comum, implícita, as relações cotidianas, vistas portanto, sob a égide do "normal", do "banal" e do "comum" se processam a partir de conexões em que identidades e alteridades são percebidas e definidas, basicamente em torno justamente dos eixos: raça, classe, gênero, geração e nacionalidade. Em experiência relacionada a um Projeto de Extensão vinculado a Unidade Curricular ministrada eminentemente para estudantes de cursos de graduação em Pedagogia e licenciaturas em Humanidades 1 , os participantes são instados a conversarem entre si e com outras pessoas, preferencialmente próximas ou íntimas, sobre temas sobre os quais geralmente não se conversa: sobre o quê, nós tidos e considerados como cidadãs e cidadãos, brasileiras e brasileiros, temos a ver com africanos, indígenas, europeus. Quando, de maneira abrupta e repentina somos indagados sobre quem somos, qual nosssa 1 Refiro-me ao Projeto "Raça, Nação e suas representações na mídia. Identidades, alteridades e subjetividades nas ideias e ideais de brasilidade e africanidade"-vinculado à Unidade Curricular Desigualdades de Raça, Gênero e Políticas Públicas, ministrada como disciplina eletiva a estudantes dos cursos de História, Ciências Sociais, Letras, Filosofia e História da Arte da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da UNIFESP.
Formação Docente, Cidadania e Direitos Humanos , 2020
Escolhas são sempre pessoais e biográficas. Antes de iniciar a reflexão que vos convido a partilh... more Escolhas são sempre pessoais e biográficas. Antes de iniciar a reflexão que vos convido a partilhar comigo, devo esclarecer a opção de escrever em primeira pessoa e de, por essa via, traçar algum tipo de paralelo entre o que defendo e o que vivi e vivo. Lugar de fala, locus de enunciação, corpo-política do conhecimento (GROSFOGUEL, DUSSEL) são conceitos que, de algum modo, deslocam e desestabilizam ideias de ciência e cientificidade, autoria e anonimato, presença e ausência. Sobretudo, podem nos levar a refletir o quanto nossos parâmetros acerca do que é válido e legítimo em termos de conhecimento, é afetado por uma dada compreensão de mundo. Ainda que inscrita na periferia dos sistemas de produção científica, a formação acadêmica no Brasil, e por extensão os fundamentos da formação docente e da educação escolarizada, muito raramente questionam a máxima cartesiana do "Penso, logo existo" (existo porque penso; penso, logo conquisto, cfe. Maldonado Torres, 2007). Por esta máxima, instaurou-se a partir do século XVI na Europa e a partir dela, uma racionalidade que passou a proclamar um dualismo entre mente e corpo; entre mente e natureza, engendrando um mundo e uma noção de mundo indisposta à multiplicidade, ao acaso, à incompletude. Descartes conseguiu proclamar um conhecimento não-situado, universal, visto pelos olhos de Deus [...] Ao esconder o lugar do sujeito da enunciação, a dominação e a expansão coloniais europeias/euro-americanas conseguiram construir por todo o globo uma hierarquia de conhecimento superior e inferior e, consequentemente, de povos superiores e inferiores. (Grosfoguel, 2008) De maneira que, assumir o "sistema-mundo patriarcal/capitalista/colonial/moderno" (Grosfoguel, 2008) nos condiciona a perceber e a aceitar a produção de conhecimentos sob uma perspectiva que, a despeito de se supor universalista, neutra e objetiva, é situada e traduz uma ética pautada em dualismos e exclusões.
Educational Philosophy and Theory, 2024
Inspired by the Studies on authoritarian personality and based on contemporary research on author... more Inspired by the Studies on authoritarian personality and based on contemporary research on authoritarianism in Brazil, we will analyze the construction of the idol aura surrounding former president Bolsonaro, which allowed the far right to be elected and remain in power until the last elections in 2022. We see his rise as mostly due to the digital violence that largely benefited his campaign and was directed against the block of left-wing candidates. So as to clarify this issue, we will revisit the sociohistorical and psycho-political fundamentals of the antidemocratic and ethnocentric behaviors spurred by that leadership that became idolized. We will also outline an emancipatory, antiracist, culturally relevant and decolonial education, as a way to provide what Adorno regarded as being the antidote to the reemergence of a regressive barbarism. In the case of Brazil, barbarism refers to the remnants of the slave system implemented in the country for three and a half centuries, whose destructive potential was awakened under Bolsonaro's government, given the latent antidemocratic and authoritarian tendencies in our society.
Educação, Raça, Gênero e Sexualidades: Perspectivas plurais, 2021
Enfatizando os vínculos entre gênero, raça, classe e sexualidade vigentes nas políticas que justi... more Enfatizando os vínculos entre gênero, raça, classe e sexualidade vigentes nas políticas que justificam o encarceramento, Davis (2018) nos lembra que não é possível dissociar o aspecto notadamente eugenista das políticas de contenção e aprisionamento dos corpos das mulheres negras, que até bem pouco tempo constituíam a maioria das confinadas em sanatórios e hospícios (FACCHINETTI; RIBEIRO; MUNOZ, 2008). Antes loucas, agora criminosas. Persiste a ideia de que os “desvios” femininos sempre têm uma dimensão sexual e essa intersecção entre criminalidade e sexualidade continua a ser racializada, ainda quando o mote principal a ser propagandeado pelo Estado penal é o da “guerra às drogas”.