Fernando Magalhães | UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (original) (raw)
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Resumo. A historiografia tradicional apresentada pelos livros didáticos não contempla uma históri... more Resumo.
A historiografia tradicional apresentada pelos livros didáticos não contempla uma história social das idéias na acepção do termo; e bem distante passa da construção de uma história problema, preocupada com a elaboração de um objeto de estudo comparativo que busque unificar o campo das “ciências do homem”. É a multiplicação dos pontos de vista o que funda o poder da análise, nos diz Revel (2002, p.47). Para um campo do saber que se pretende baseado em método, muito fica de fora na construção dos relatos históricos apresentados pelos livros didáticos adotados pelas escolas públicas brasileiras. Em busca de um enriquecimento destes conteúdos, propomos uma leitura dos acontecimentos um pouco mais atenta à heterogeneidade dos grupos e personagens que compuseram a História do Brasil. Este trabalho de pesquisa tem como objetivo, portanto, recuperar uma corrente de pensamento e um grupo que a expressa socialmente ainda que de forma despercebida pela história tradicional que hoje se apresenta aos estudantes de história: os maçons e a sua relevante, porém pouco conhecida participação nos acontecimentos históricos. Analisaremos aqui, com este objetivo específico, a sua inserção nas páginas dos livros didáticos atuais. Desta forma, entendemos que a compreensão da atuação da maçonaria enquanto lócus de
sociabilidade e transmissão de novas idéias no espaço social deve ser objeto de maiores estudos que ressaltem a relevância de sua participação nos acontecimentos históricos. Esta é a proposta deste estudo. Aproveitando a oportunidade que se apresenta, no momento em que, nas escolas públicas, o Programa Nacional do Livro Didático, PNLD 2012, oferece ao corpo docente a escolha do livro didático a ser trabalhado nas salas de aula do ensino médio, elaboramos uma leitura analítica de 12 das 19 obras oferecidas para esta escolha na disciplina de História. Buscamos analisar a inserção por parte dos autores, do tema “Maçonaria” em suas obras. Para tanto, nos valemos dos recursos teóricos de Barthes (1973), Veyne (1976), Foucault (1996) e Revel (2002), em suas abordagens e considerações, respectivamente, sobre prazer, inventário das diferenças e suas constantes, sociedade de discurso e tempo social. Descobrimos que pouco ou quase nada se escreve sobre tal assunto, limitando-se, na totalidade das obras observadas, o tema a ser trabalhado em poucas linhas, no que tange à História do Brasil, repetidamente em um mesmo e único tópico, notadamente no tocante às Conjurações Baiana e Mineira, à Independência do Brasil e à “questão religiosa”, ao final do Segundo Império. Quanto à História Geral, nada foi encontrado em todo o conjunto analisado.
A seguir, apresentamos o desenvolvimento das observações feitas, obra a obra.
O poeta, dramaturgo e ensaísta William Butler Yeats , foi o ícone de uma geração de poetas simbol... more O poeta, dramaturgo e ensaísta William Butler Yeats , foi o ícone de uma geração de poetas simbolistas que marcou a literatura mundial no início do século XX. Emblemático representante único de uma renascença irlandesa, em seus escritos recheados de fadas e fantasmas expressou uma ideologia que marcou a sua época. Em sua obra, "Ensaios e Introdução", arrolou seus principais pressupostos, que moldaram seu trabalho: Eu creio na prática e na filosofia do que concordamos chamar de Magia, no que eu posso chamar de invocação de espíritos...Nas visões da verdade, jacentes nas profundezas da mente quando os olhos estão fechados e eu acredito em três doutrinas:
O artigo propõe descrever e situar a vida do professor José de Souza Marques , negro, maçom e con... more O artigo propõe descrever e situar a vida do professor José de Souza Marques , negro, maçom e constituinte de suma relevância para a historiografia do país. A tarefa de recuperar sua trajetória se faz através de uma perspectiva qualitativa de abordagem contra hegemônica que observa um apagamento e invisibilização da memória de significativos personagens negros à margem da História. Enquanto professor, negro, maçom e constituinte, busca-se abordar e contextualizar na primeira República suas articulações e benfeitorias à população fluminense.
Prof. MSc. FERNANDO DA SILVA MAGALHÃES Doutorando PROPed -UERJ "Os que não sabem não querem apren... more Prof. MSc. FERNANDO DA SILVA MAGALHÃES Doutorando PROPed -UERJ "Os que não sabem não querem aprender, nem instruir-se, porque lhes falta o tempo, faltando-lhes, sobretudo, esse afã de estudar e ilustrar-se. A estes devemos fazer nascer neles o amor ao estudo e estímulo nobre de investigar e conhecer o que nunca souberam ou conheceram. Aos que, por sua inteligência se crêem estar sempre ao alcance de tudo compreender com um simples golpe de vista, diremos, fazendo-lhes conhecer o erro em que estão de sua ignorância sobre maçonaria, que o mais rico e pobre de engenho tem sempre o que aprender nos nossos livros. (...) A Maçonaria tem por princípios a igualdade moral e por fins universalizar a confraternização de todos os homens, fazendo com que entre todos reine aquela igualdade para os tornar mais felizes pelo espírito, pelo coração, pelas obras e pelos sentimentos.
Resumo. A historiografia tradicional apresentada pelos livros didáticos não contempla uma históri... more Resumo.
A historiografia tradicional apresentada pelos livros didáticos não contempla uma história social das idéias na acepção do termo; e bem distante passa da construção de uma história problema, preocupada com a elaboração de um objeto de estudo comparativo que busque unificar o campo das “ciências do homem”. É a multiplicação dos pontos de vista o que funda o poder da análise, nos diz Revel (2002, p.47). Para um campo do saber que se pretende baseado em método, muito fica de fora na construção dos relatos históricos apresentados pelos livros didáticos adotados pelas escolas públicas brasileiras. Em busca de um enriquecimento destes conteúdos, propomos uma leitura dos acontecimentos um pouco mais atenta à heterogeneidade dos grupos e personagens que compuseram a História do Brasil. Este trabalho de pesquisa tem como objetivo, portanto, recuperar uma corrente de pensamento e um grupo que a expressa socialmente ainda que de forma despercebida pela história tradicional que hoje se apresenta aos estudantes de história: os maçons e a sua relevante, porém pouco conhecida participação nos acontecimentos históricos. Analisaremos aqui, com este objetivo específico, a sua inserção nas páginas dos livros didáticos atuais. Desta forma, entendemos que a compreensão da atuação da maçonaria enquanto lócus de
sociabilidade e transmissão de novas idéias no espaço social deve ser objeto de maiores estudos que ressaltem a relevância de sua participação nos acontecimentos históricos. Esta é a proposta deste estudo. Aproveitando a oportunidade que se apresenta, no momento em que, nas escolas públicas, o Programa Nacional do Livro Didático, PNLD 2012, oferece ao corpo docente a escolha do livro didático a ser trabalhado nas salas de aula do ensino médio, elaboramos uma leitura analítica de 12 das 19 obras oferecidas para esta escolha na disciplina de História. Buscamos analisar a inserção por parte dos autores, do tema “Maçonaria” em suas obras. Para tanto, nos valemos dos recursos teóricos de Barthes (1973), Veyne (1976), Foucault (1996) e Revel (2002), em suas abordagens e considerações, respectivamente, sobre prazer, inventário das diferenças e suas constantes, sociedade de discurso e tempo social. Descobrimos que pouco ou quase nada se escreve sobre tal assunto, limitando-se, na totalidade das obras observadas, o tema a ser trabalhado em poucas linhas, no que tange à História do Brasil, repetidamente em um mesmo e único tópico, notadamente no tocante às Conjurações Baiana e Mineira, à Independência do Brasil e à “questão religiosa”, ao final do Segundo Império. Quanto à História Geral, nada foi encontrado em todo o conjunto analisado.
A seguir, apresentamos o desenvolvimento das observações feitas, obra a obra.
O poeta, dramaturgo e ensaísta William Butler Yeats , foi o ícone de uma geração de poetas simbol... more O poeta, dramaturgo e ensaísta William Butler Yeats , foi o ícone de uma geração de poetas simbolistas que marcou a literatura mundial no início do século XX. Emblemático representante único de uma renascença irlandesa, em seus escritos recheados de fadas e fantasmas expressou uma ideologia que marcou a sua época. Em sua obra, "Ensaios e Introdução", arrolou seus principais pressupostos, que moldaram seu trabalho: Eu creio na prática e na filosofia do que concordamos chamar de Magia, no que eu posso chamar de invocação de espíritos...Nas visões da verdade, jacentes nas profundezas da mente quando os olhos estão fechados e eu acredito em três doutrinas:
O artigo propõe descrever e situar a vida do professor José de Souza Marques , negro, maçom e con... more O artigo propõe descrever e situar a vida do professor José de Souza Marques , negro, maçom e constituinte de suma relevância para a historiografia do país. A tarefa de recuperar sua trajetória se faz através de uma perspectiva qualitativa de abordagem contra hegemônica que observa um apagamento e invisibilização da memória de significativos personagens negros à margem da História. Enquanto professor, negro, maçom e constituinte, busca-se abordar e contextualizar na primeira República suas articulações e benfeitorias à população fluminense.
Prof. MSc. FERNANDO DA SILVA MAGALHÃES Doutorando PROPed -UERJ "Os que não sabem não querem apren... more Prof. MSc. FERNANDO DA SILVA MAGALHÃES Doutorando PROPed -UERJ "Os que não sabem não querem aprender, nem instruir-se, porque lhes falta o tempo, faltando-lhes, sobretudo, esse afã de estudar e ilustrar-se. A estes devemos fazer nascer neles o amor ao estudo e estímulo nobre de investigar e conhecer o que nunca souberam ou conheceram. Aos que, por sua inteligência se crêem estar sempre ao alcance de tudo compreender com um simples golpe de vista, diremos, fazendo-lhes conhecer o erro em que estão de sua ignorância sobre maçonaria, que o mais rico e pobre de engenho tem sempre o que aprender nos nossos livros. (...) A Maçonaria tem por princípios a igualdade moral e por fins universalizar a confraternização de todos os homens, fazendo com que entre todos reine aquela igualdade para os tornar mais felizes pelo espírito, pelo coração, pelas obras e pelos sentimentos.