Matheus Vargas de Souza | UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (original) (raw)
Papers by Matheus Vargas de Souza
Tradução em Revista, 2024
Estudar um autor como Friedrich Max Müller requer muitos cuidados. Em parte, pela expressividade ... more Estudar um autor como Friedrich Max Müller requer muitos cuidados. Em parte, pela expressividade de sua atuação na constituição do colonialismo britânico sobre a Índia, durante a segunda metade do século XIX. Em parte, por sua produção intelectual dividida em diferentes campos do conhecimento. Mas uma faceta fundamental que constituiu a persona de Max Müller durante sua carreira foi a de editor e tradutor de textos sânscritos antigos. Neste artigo, pretendemos investigar os caminhos através dos quais podemos situar o Müller tradutor no contexto do colonialismo.
Humanidades em Revista, 2022
Neste ensaio me proponho a apresentar algumas indagações e reflexões preliminares relativas ao ar... more Neste ensaio me proponho a apresentar algumas indagações e reflexões preliminares relativas ao arcabouço teórico-metodológico necessário para a fase inicial da pesquisa de doutorado que venho desenvolvendo. O texto é, majoritariamente, um apanhado de problemas e encruzilhadas com as quais venho me deparando (em especial a Colonialidade dos Estudos Clássicos) e termina com uma conclusão sobre as implicações decoloniais de a pesquisa em Antiguidade (e discursos relacionados) se fazer no Sul Global. Apresento a linha de raciocínio traçada durante o primeiro semestre do doutorado.
Em Tese, 2021
Os Estudos Clássicos no Brasil se desenvolveram nos últimos anos como um campo forte e bem estrut... more Os Estudos Clássicos no Brasil se desenvolveram nos
últimos anos como um campo forte e bem estruturado. Em um
primeiro momento, ao falar em “Estudos Clássicos” alguém poderia considerar exclusivamente os estudos do grego e do latim.
No entanto, durante um período curto, um grupo de sanscritistas integrou ativamente a SBEC e atuou no sentido de pensar
o sânscrito como intimamente ligado às línguas clássicas. Sem
misturá-las plenamente, mas enfatizando sua familiaridade. Essa
presença do sânscrito entre os Estudos Clássicos brasileiros é,
defenderemos, uma boa oportunidade para estimular debates
sobre a constituição, o sentido e a essência da SBEC em nosso
país.
Athens Journal of History, 2021
This paper explores the possibility of imagining Hellanicus of Lesbos as a politically critical a... more This paper explores the possibility of imagining Hellanicus of Lesbos as a politically critical author. Many works suggest that Hellanicus was a partisan of Athens or at least a sympathizer of that polis. However, new approaches have proposed that authors like Herodotus criticized the external politics of Athens, even in subtle ways. Therefore this paper argues the possibilities of thinking on Hellanicus as a peripheral critic of Athenian politics and on the limitations the fragmentary condition of the texts imposes.
Ofícios de Clio, 2019
Resumo Este trabalho tem por objetivo propor uma interpretação da figura do Visconde de Taunay qu... more Resumo Este trabalho tem por objetivo propor uma interpretação da figura do Visconde de Taunay que agregue os conceitos de violência simbólica, colonialidade do saber e discurso patrimonial autorizado. Com efeito, discutiremos a relação entre a elite administrativa do Império e os processos de exclusão inerentes ao sistema educacional da época, levando em consideração os usos da Antiguidade como fator de exclusão, de distinção social e, desta forma, de violência simbólica, no contexto de um mundo periférico no cenário internacional. Palavras-chave: Visconde de Taunay; Violência Simbólica; Colonialidade do Saber; Recepção dos Clássicos.
Manduarisawa , 2019
Este trabalho tem por objetivo discutir os processos eurocêntricos conectados com os estudos sobr... more Este trabalho tem por objetivo discutir os processos eurocêntricos conectados com os estudos sobre a Antiguidade, em especial pondo em questão a ideia de uma Antiguidade “Clássica”, dentro da perspectiva de uma cultura de elite e um critério de avaliação para as demais culturas humanas. Partindo disso, encontramos as bases de um Ocidente europeu que, apesar de suas distinções nacionais internas, soube se diferenciar do restante do mundo tendo esse alicerce ideológico historiográfico como instrumento. Pretendemos nos questionar sobre a historiografia e a possibilidade de se desvencilhar de suas, convenientemente elaboradas, “raízes clássicas” em detrimento de uma
apreciação mais plural das culturas humanas e das práticas historiográficas como um
todo, utilizando as noções de “ecologia de saberes” e “co-presença radical” de
Boaventura de Sousa Santos, no intuito de vislumbrar uma nova epistemologia para a
História
Ofícios de Clio, 2019
Este trabalho tem por objetivo propor uma interpretação da figura do Visconde de Taunay que agreg... more Este trabalho tem por objetivo propor uma interpretação da figura do Visconde de Taunay que agregue os conceitos de violência simbólica, colonialidade do saber e discurso patrimonial autorizado. Com efeito, discutiremos a relação entre a elite administrativa do Império e os processos de exclusão inerentes ao sistema educacional da época, levando em consideração os usos da Antiguidade como fator de exclusão, de distinção social e, desta forma, de violência simbólica, no contexto de um mundo periférico no cenário internacional. Palavras-chave: Visconde de Taunay; Violência Simbólica; Colonialidade do Saber; Recepção dos Clássicos.
Temporalidades, 2019
Este trabalho se dedica a discutir o tratamento oferecido aos nativos latino-americanos pela Base... more Este trabalho se dedica a discutir o tratamento oferecido aos nativos latino-americanos pela Base Nacional Comum Curricular homologada recentemente. Entendemos que tanto a narrativa tradicional quanto a apresentada pela terceira versão da BNCC, hoje homologada, caem nas mesmas falhas relativas à comparação e à classificação valorativa destas diversas sociedades e culturas com a história e a cultura da Europa, estabelecendo juízos de valor implícitos. Pretendemos discutir esta questão nas próximas páginas.
IAÇÁ: Artes da Cena, 2019
Este artigo tem por objetivo propor uma leitura da peça La cisma de Inglaterra, de Pedro Calderón... more Este artigo tem por objetivo propor uma leitura da peça La cisma de Inglaterra, de Pedro Calderón
de la Barca, com o olhar voltado para os estudos de gênero. Através de uma leitura minuciosa do
texto de Calderón e com o apoio teórico de Joan Scott e Judith Butler, esperamos ao final do
artigo demonstrar que a tragédia do Siglo de Oro espanhol apresenta um projeto claro de
enaltecimento do reino espanhol e da fé católica tendo nas construções das relações de gênero e
dos ideias de mulher boa e mulher má uma ferramenta indispensável. Procuramos demonstrar
também que, como parte do processo de criação de ficções culturais, dentro do raciocínio de
Butler, Calderón elabora barreiras limitadoras do gênero para a sociedade espanhola do século
XVII.
História e Ensino, 2019
Este trabalho tem por objetivo problematizar o debate acerca do ensino de História Antiga na Educ... more Este trabalho tem por objetivo problematizar o debate acerca do ensino de História Antiga na Educação Básica, seja nas tentativas de reduzi-lo, seja em sua defesa, na medida em que se faz necessária uma busca por um denominador comum entre a democratização do conhecimento e a dimensão ideológica que um conteúdo contém. O objetivo central é o de permitir ao aluno uma melhor compreensão do mundo, a partir de uma educação com pluralidade de conhecimentos, mas evitando a noção de conteúdos “universalmente indispensáveis” em detrimento de uma análise verdadeiramente profunda sobre os usos feitos do passado e, no caso do ensino de História Antiga, os usos feitos do passado no próprio passado.
Talks by Matheus Vargas de Souza
Apresentação na 9ª Jornada de Pós-Graduação da UNIRIO, 2024
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma discussão bibliográfica pertinente à pesquisa de do... more Este trabalho tem por objetivo apresentar uma discussão bibliográfica pertinente à pesquisa de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em História da Unirio pelo bolsista. Tal discussão se configura como debate extenso, ao qual não se pretendeu a totalização, mas o levantamente de caminhos de reflexão relevantes para o estudo da obra de um acadêmico do século XIX. Para tanto, se desenvolveu o debate entre percepções distintas sobre as questões atinentes à biografia e à autobiografia enquanto fontes históricas, o que possibilitou esclarecer caminhos interpretativos e pontos espinhosos que requerem um cuidado maior quando do trato com as fontes onde se busca recolher informação minimamente objetiva para a historicização do autor estudado no período específico em que nos propomos a estudar, período este que é pouco estudado pela bibliografia especializada.
Anais do 31º Simpósio Nacional de História, 2021
O estudo da Índia Antiga no Brasil encontra-se dividido em quatro campos mais gerais, que constan... more O estudo da Índia Antiga no Brasil encontra-se dividido em quatro campos mais gerais, que constantemente se interpenetram, mas que guardam particularidades significativas. São eles: Letras, Filosofia, Ciência da Religião e História. Neste trabalho proponho explorar a história dos estudos sobre esta seção do passado da humanidade realizados no Brasil desde meados do século XX.
Estudos em Tradução e Recepção dos Clássicos, 2020
Este trabalho procura mapear o projeto de Max Müller em identificar a Índia Antiga à Antiguidade ... more Este trabalho procura mapear o projeto de Max Müller em identificar a Índia Antiga à Antiguidade Clássica em um jogo de similaridades necessariamente excludentes e separadoras. Podemos observar como Müller elaborou uma narrativa sobre a Antiguidade indiana através dos gregos como ferramenta, expondo em seu discurso uma crença na superioridade da Europa cristã e herdeira dos gregos frente aos orientais.
Anais da Jornada de Estudos Históricos Professor Manoel Salgado, 2019
Em sua obra Filosofia da História, Georg Hegel estabeleceu um télos para a História da humanidade... more Em sua obra Filosofia da História, Georg Hegel estabeleceu um télos para a História da humanidade. Durante esse processo, no entanto, as operações fundamentais de suas ideias consistem na categorização e na hierarquização de sociedades. Nesse sentido, nos propomos nesta comunicação a discutir um trecho curto da obra onde Hegel se apropria do texto de Heródoto de Halicarnasso como fonte para entender os africanos (incluindo egípcios) e, com uma leitura propositalmente imprecisa das Histórias, selecionando apenas o que era aproveitável para justificar suas ideias, ele separa os egípcios da África; exclusivamente porque era inadmissível para suas ideias entender o mundo egípcio como parte do mundo africano e não do mundo oriental.
Books by Matheus Vargas de Souza
Revista Mare Nostrum Vol. 11, n. 2 (2020), 2020
Vol. 11, n. 2 (2020) da Revista Mare Nostrum - Estudos sobre o Mediterrâneo Antigo (ISSN: 2177-42... more Vol. 11, n. 2 (2020) da Revista Mare Nostrum - Estudos sobre o Mediterrâneo Antigo (ISSN: 2177-4218).
Para acesso ao volume completo: https://www.revistas.usp.br/marenostrum/issue/view/11764
Dissertação de Mestrado, 2020
Heródoto de Halicarnasso foi tradicionalmente interpretado como um partidário de Atenas em seu te... more Heródoto de Halicarnasso foi tradicionalmente interpretado como um partidário de Atenas em seu tempo. Esta interpretação fez uso de uma imagem construída sobre a figura pessoal de historiador: ele seria um homem letrado, culto, de família culta e tais características o fariam necessariamente um homem alinhado ideologicamente com Atenas, além de contrário às tiranias. Tal interpretação foi criticada ao longo das últimas décadas, mas poucas críticas levaram em consideração o elemento fundamental que é a condição estrangeira de Heródoto no ambiente ateniense. Nesta dissertação exploramos as Histórias de Heródoto através das redes de significado que a obra traça relacionando o passado helênico e bárbaro com o presente que Heródoto e a Hélade experimentavam, particularmente a hegemonia centralizadora e autoritária ateniense. Desta forma, exploramos a retórica presente em diversos trechos das Histórias evidenciando como Heródoto faz uso do ato de narrar o passado para emular condições políticas contemporâneas e, assim, incitar um debate em sua audiência.
Book Reviews by Matheus Vargas de Souza
Mare Nostrum, 2020
Autores do livro: Tim Rood, Carol Atack e Tom Phillips
Tradução em Revista, 2024
Estudar um autor como Friedrich Max Müller requer muitos cuidados. Em parte, pela expressividade ... more Estudar um autor como Friedrich Max Müller requer muitos cuidados. Em parte, pela expressividade de sua atuação na constituição do colonialismo britânico sobre a Índia, durante a segunda metade do século XIX. Em parte, por sua produção intelectual dividida em diferentes campos do conhecimento. Mas uma faceta fundamental que constituiu a persona de Max Müller durante sua carreira foi a de editor e tradutor de textos sânscritos antigos. Neste artigo, pretendemos investigar os caminhos através dos quais podemos situar o Müller tradutor no contexto do colonialismo.
Humanidades em Revista, 2022
Neste ensaio me proponho a apresentar algumas indagações e reflexões preliminares relativas ao ar... more Neste ensaio me proponho a apresentar algumas indagações e reflexões preliminares relativas ao arcabouço teórico-metodológico necessário para a fase inicial da pesquisa de doutorado que venho desenvolvendo. O texto é, majoritariamente, um apanhado de problemas e encruzilhadas com as quais venho me deparando (em especial a Colonialidade dos Estudos Clássicos) e termina com uma conclusão sobre as implicações decoloniais de a pesquisa em Antiguidade (e discursos relacionados) se fazer no Sul Global. Apresento a linha de raciocínio traçada durante o primeiro semestre do doutorado.
Em Tese, 2021
Os Estudos Clássicos no Brasil se desenvolveram nos últimos anos como um campo forte e bem estrut... more Os Estudos Clássicos no Brasil se desenvolveram nos
últimos anos como um campo forte e bem estruturado. Em um
primeiro momento, ao falar em “Estudos Clássicos” alguém poderia considerar exclusivamente os estudos do grego e do latim.
No entanto, durante um período curto, um grupo de sanscritistas integrou ativamente a SBEC e atuou no sentido de pensar
o sânscrito como intimamente ligado às línguas clássicas. Sem
misturá-las plenamente, mas enfatizando sua familiaridade. Essa
presença do sânscrito entre os Estudos Clássicos brasileiros é,
defenderemos, uma boa oportunidade para estimular debates
sobre a constituição, o sentido e a essência da SBEC em nosso
país.
Athens Journal of History, 2021
This paper explores the possibility of imagining Hellanicus of Lesbos as a politically critical a... more This paper explores the possibility of imagining Hellanicus of Lesbos as a politically critical author. Many works suggest that Hellanicus was a partisan of Athens or at least a sympathizer of that polis. However, new approaches have proposed that authors like Herodotus criticized the external politics of Athens, even in subtle ways. Therefore this paper argues the possibilities of thinking on Hellanicus as a peripheral critic of Athenian politics and on the limitations the fragmentary condition of the texts imposes.
Ofícios de Clio, 2019
Resumo Este trabalho tem por objetivo propor uma interpretação da figura do Visconde de Taunay qu... more Resumo Este trabalho tem por objetivo propor uma interpretação da figura do Visconde de Taunay que agregue os conceitos de violência simbólica, colonialidade do saber e discurso patrimonial autorizado. Com efeito, discutiremos a relação entre a elite administrativa do Império e os processos de exclusão inerentes ao sistema educacional da época, levando em consideração os usos da Antiguidade como fator de exclusão, de distinção social e, desta forma, de violência simbólica, no contexto de um mundo periférico no cenário internacional. Palavras-chave: Visconde de Taunay; Violência Simbólica; Colonialidade do Saber; Recepção dos Clássicos.
Manduarisawa , 2019
Este trabalho tem por objetivo discutir os processos eurocêntricos conectados com os estudos sobr... more Este trabalho tem por objetivo discutir os processos eurocêntricos conectados com os estudos sobre a Antiguidade, em especial pondo em questão a ideia de uma Antiguidade “Clássica”, dentro da perspectiva de uma cultura de elite e um critério de avaliação para as demais culturas humanas. Partindo disso, encontramos as bases de um Ocidente europeu que, apesar de suas distinções nacionais internas, soube se diferenciar do restante do mundo tendo esse alicerce ideológico historiográfico como instrumento. Pretendemos nos questionar sobre a historiografia e a possibilidade de se desvencilhar de suas, convenientemente elaboradas, “raízes clássicas” em detrimento de uma
apreciação mais plural das culturas humanas e das práticas historiográficas como um
todo, utilizando as noções de “ecologia de saberes” e “co-presença radical” de
Boaventura de Sousa Santos, no intuito de vislumbrar uma nova epistemologia para a
História
Ofícios de Clio, 2019
Este trabalho tem por objetivo propor uma interpretação da figura do Visconde de Taunay que agreg... more Este trabalho tem por objetivo propor uma interpretação da figura do Visconde de Taunay que agregue os conceitos de violência simbólica, colonialidade do saber e discurso patrimonial autorizado. Com efeito, discutiremos a relação entre a elite administrativa do Império e os processos de exclusão inerentes ao sistema educacional da época, levando em consideração os usos da Antiguidade como fator de exclusão, de distinção social e, desta forma, de violência simbólica, no contexto de um mundo periférico no cenário internacional. Palavras-chave: Visconde de Taunay; Violência Simbólica; Colonialidade do Saber; Recepção dos Clássicos.
Temporalidades, 2019
Este trabalho se dedica a discutir o tratamento oferecido aos nativos latino-americanos pela Base... more Este trabalho se dedica a discutir o tratamento oferecido aos nativos latino-americanos pela Base Nacional Comum Curricular homologada recentemente. Entendemos que tanto a narrativa tradicional quanto a apresentada pela terceira versão da BNCC, hoje homologada, caem nas mesmas falhas relativas à comparação e à classificação valorativa destas diversas sociedades e culturas com a história e a cultura da Europa, estabelecendo juízos de valor implícitos. Pretendemos discutir esta questão nas próximas páginas.
IAÇÁ: Artes da Cena, 2019
Este artigo tem por objetivo propor uma leitura da peça La cisma de Inglaterra, de Pedro Calderón... more Este artigo tem por objetivo propor uma leitura da peça La cisma de Inglaterra, de Pedro Calderón
de la Barca, com o olhar voltado para os estudos de gênero. Através de uma leitura minuciosa do
texto de Calderón e com o apoio teórico de Joan Scott e Judith Butler, esperamos ao final do
artigo demonstrar que a tragédia do Siglo de Oro espanhol apresenta um projeto claro de
enaltecimento do reino espanhol e da fé católica tendo nas construções das relações de gênero e
dos ideias de mulher boa e mulher má uma ferramenta indispensável. Procuramos demonstrar
também que, como parte do processo de criação de ficções culturais, dentro do raciocínio de
Butler, Calderón elabora barreiras limitadoras do gênero para a sociedade espanhola do século
XVII.
História e Ensino, 2019
Este trabalho tem por objetivo problematizar o debate acerca do ensino de História Antiga na Educ... more Este trabalho tem por objetivo problematizar o debate acerca do ensino de História Antiga na Educação Básica, seja nas tentativas de reduzi-lo, seja em sua defesa, na medida em que se faz necessária uma busca por um denominador comum entre a democratização do conhecimento e a dimensão ideológica que um conteúdo contém. O objetivo central é o de permitir ao aluno uma melhor compreensão do mundo, a partir de uma educação com pluralidade de conhecimentos, mas evitando a noção de conteúdos “universalmente indispensáveis” em detrimento de uma análise verdadeiramente profunda sobre os usos feitos do passado e, no caso do ensino de História Antiga, os usos feitos do passado no próprio passado.
Apresentação na 9ª Jornada de Pós-Graduação da UNIRIO, 2024
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma discussão bibliográfica pertinente à pesquisa de do... more Este trabalho tem por objetivo apresentar uma discussão bibliográfica pertinente à pesquisa de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em História da Unirio pelo bolsista. Tal discussão se configura como debate extenso, ao qual não se pretendeu a totalização, mas o levantamente de caminhos de reflexão relevantes para o estudo da obra de um acadêmico do século XIX. Para tanto, se desenvolveu o debate entre percepções distintas sobre as questões atinentes à biografia e à autobiografia enquanto fontes históricas, o que possibilitou esclarecer caminhos interpretativos e pontos espinhosos que requerem um cuidado maior quando do trato com as fontes onde se busca recolher informação minimamente objetiva para a historicização do autor estudado no período específico em que nos propomos a estudar, período este que é pouco estudado pela bibliografia especializada.
Anais do 31º Simpósio Nacional de História, 2021
O estudo da Índia Antiga no Brasil encontra-se dividido em quatro campos mais gerais, que constan... more O estudo da Índia Antiga no Brasil encontra-se dividido em quatro campos mais gerais, que constantemente se interpenetram, mas que guardam particularidades significativas. São eles: Letras, Filosofia, Ciência da Religião e História. Neste trabalho proponho explorar a história dos estudos sobre esta seção do passado da humanidade realizados no Brasil desde meados do século XX.
Estudos em Tradução e Recepção dos Clássicos, 2020
Este trabalho procura mapear o projeto de Max Müller em identificar a Índia Antiga à Antiguidade ... more Este trabalho procura mapear o projeto de Max Müller em identificar a Índia Antiga à Antiguidade Clássica em um jogo de similaridades necessariamente excludentes e separadoras. Podemos observar como Müller elaborou uma narrativa sobre a Antiguidade indiana através dos gregos como ferramenta, expondo em seu discurso uma crença na superioridade da Europa cristã e herdeira dos gregos frente aos orientais.
Anais da Jornada de Estudos Históricos Professor Manoel Salgado, 2019
Em sua obra Filosofia da História, Georg Hegel estabeleceu um télos para a História da humanidade... more Em sua obra Filosofia da História, Georg Hegel estabeleceu um télos para a História da humanidade. Durante esse processo, no entanto, as operações fundamentais de suas ideias consistem na categorização e na hierarquização de sociedades. Nesse sentido, nos propomos nesta comunicação a discutir um trecho curto da obra onde Hegel se apropria do texto de Heródoto de Halicarnasso como fonte para entender os africanos (incluindo egípcios) e, com uma leitura propositalmente imprecisa das Histórias, selecionando apenas o que era aproveitável para justificar suas ideias, ele separa os egípcios da África; exclusivamente porque era inadmissível para suas ideias entender o mundo egípcio como parte do mundo africano e não do mundo oriental.
Revista Mare Nostrum Vol. 11, n. 2 (2020), 2020
Vol. 11, n. 2 (2020) da Revista Mare Nostrum - Estudos sobre o Mediterrâneo Antigo (ISSN: 2177-42... more Vol. 11, n. 2 (2020) da Revista Mare Nostrum - Estudos sobre o Mediterrâneo Antigo (ISSN: 2177-4218).
Para acesso ao volume completo: https://www.revistas.usp.br/marenostrum/issue/view/11764
Dissertação de Mestrado, 2020
Heródoto de Halicarnasso foi tradicionalmente interpretado como um partidário de Atenas em seu te... more Heródoto de Halicarnasso foi tradicionalmente interpretado como um partidário de Atenas em seu tempo. Esta interpretação fez uso de uma imagem construída sobre a figura pessoal de historiador: ele seria um homem letrado, culto, de família culta e tais características o fariam necessariamente um homem alinhado ideologicamente com Atenas, além de contrário às tiranias. Tal interpretação foi criticada ao longo das últimas décadas, mas poucas críticas levaram em consideração o elemento fundamental que é a condição estrangeira de Heródoto no ambiente ateniense. Nesta dissertação exploramos as Histórias de Heródoto através das redes de significado que a obra traça relacionando o passado helênico e bárbaro com o presente que Heródoto e a Hélade experimentavam, particularmente a hegemonia centralizadora e autoritária ateniense. Desta forma, exploramos a retórica presente em diversos trechos das Histórias evidenciando como Heródoto faz uso do ato de narrar o passado para emular condições políticas contemporâneas e, assim, incitar um debate em sua audiência.