Pedro Rocha de Oliveira | UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (original) (raw)
Books by Pedro Rocha de Oliveira
Loyola / Editora da PUC-Rio, 2018
A experiência contemporânea tem mostrado com insistência o caráter violento da socialização capit... more A experiência contemporânea tem mostrado com insistência o caráter violento da socialização capitalista. Em todo o mundo, a concentração de riqueza e de capacidade repressiva impõem sobre a humanidade uma forma de vida destrutiva, pautada pela ameaça constante da privação material. O objetivo deste livro é mapear a origem histórica dessa violência social, baseada na mercadoria, no dinheiro e no Estado.
Trata-se de uma investigação sobre as origens da sociedade moderna propriamente dita, empreendida através da análise de processos econômicos e políticos que tiveram lugar no berço do capitalismo: a Inglaterra, entre o final do século XV e o início do século XVII.
Sem assumir conhecimento especializado por parte do leitor, e reconhecendo a escassez de material em português sobre o período, o livro adota uma linguagem não técnica, e aposta na compreensão de fenômenos que, devidamente entendidos, lançam luz simultaneamente sobre o passado e o presente.
Papers by Pedro Rocha de Oliveira
Natureza Humana - Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise, 2022
O presente texto procura promover uma análise do Psicologia de grupo e análise do Eu, de Sigmund ... more O presente texto procura promover uma análise do Psicologia de grupo e análise do Eu, de Sigmund Freud (1921), visando explicitar e sublinhar as ideias políticas e antropológicas que estão por trás das escolhas teóricas feitas pelo autor no âmbito da psicologia social, mapeando, posteriormente, o impacto dessas escolhas sobre sua teoria dos instintos. Para tanto, utilizamos principalmente duas balizas. A primeira é uma caracterização histórica e teórica daquilo que chamamos de discurso moderno a respeito das multidões, paradigmaticamente caracterizado em termos políticos e filosóficos, e tendo ramificações importantes para a psicologia social clássica do final do século XIX e início do XX, com a qual Freud dialoga de perto. A segunda é a concepção antropológica que Freud desenvolve no Totem e Tabu (1914), e que depende fundamentalmente de uma certa imagem do ser humano primitivo. Demonstramos como essa imagem desempenha um papel de destaque nas explicações de nosso autor a respeito do desenvolvimento psíquico individual, acompanhando os raciocínios que relacionam mutuamente a suposta “horda primitiva”, o conceito de “ideal do Eu” e as concepções psicanalíticas de moralidade, sexualidade e religião. Finalmente, lançando mão de ilustrações antropológicas e etológicas diferentes daquelas empregadas originalmente por Freud, sugerimos alguns caminhos alternativos para recolocar os problemas relativos ao fenômeno da multidão a partir do sistema teórico freudiano.
Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, 2021
Resumo: O texto procura empreender uma análise do negacionismo. Por um lado, sugerimos tratar-se ... more Resumo: O texto procura empreender uma análise do negacionismo. Por um lado, sugerimos tratar-se de um fenômeno ideológico caracterizável em termos de uma crítica da modernidade empreendida por formuladores que não participam intelectualmente dos pressupostos modernos. Por outro lado, construímos a imagem de um negacionismo objetivo, o qual consistiria no desenrolar histórico dos limites intrínsecos do processo de socialização moderno. Para caracterizar esses limites, sugerimos uma apreensão da história da modernidade focada no caráter de classe de instituições costumeiramente convocadas por sua apologética-a sociedade civil, a ciência, o Estado. Caracterizamos como progressista o pensamento ocupado dessa apologética que, no entanto, procura ou criticar intelectualmente, ou relevar, aquele caráter de classe, o qual se torna, não obstante, historicamente evidente para as pessoas comuns, consistentemente por ele vitimadas. Nesse sentido, o processo social moderno é caracterizado como guerra civil, da qual, bem compreendido, o pensamento moderno deve ser tomado como a enunciação.
Dissertatio, 2021
Resumo: No presente texto procuramos apresentar um panorama da obra de Paulo Arantes analisando o... more Resumo: No presente texto procuramos apresentar um panorama da obra de Paulo Arantes analisando os pontos de contato entre sete de suas principais obras: Ressentimento da dialética, Sentimento de dialética, O fio da meada, Zero à esquerda, Extinção, O novo tempo do mundo e Um departamento francês de ultramar. Procurando ressaltar a preocupação fundamental que alinhava a diversidade temática dessas obras, nos esforçamos em reconstruir a argumentação de Arantes, em especial na medida que lida com o problema dos limites da modernização capitalista, a relação entre esses limites e a racionalidade moderna, e a bizarra sobrevida civilizacional para além deles. Esse tríplice problema é várias vezes recolocado na obra de Arantes, na medida que a atenção do autor oscila entre sua manifestação na periferia mundial e nas metrópoles capitalistas.
(English abstract below) Resumo – Uma ideia central da criminologia materialista é que a po- líti... more (English abstract below)
Resumo – Uma ideia central da criminologia materialista é que a po-
lítica penal de uma determinada sociedade – o que é crime, quanto
e como se pune – não resulta de concepções jurídicas, mas é função
de sua viabilidade e necessidade econômica. Partimos dessa ideia
para analisar a transição histórica sucessiva de três paradigmas pu-
nitivos da sociedade moderna – os castigos físicos, os trabalhos forçados e o encarceramento. Seguindo e desenvolvendo as leituras de Rusche/Kirchheimer, esses paradigmas são apresentados como políticas de Estado relacionadas a alterações no regime de acumulação capitalista e da demanda de força de trabalho. Esse raciocínio é stendido a formas contemporâneas de política penal – em especial, o controle territorial de espaços de pobreza pela polícia no município do Rio de Janeiro – para sugerir um quarto paradigma dessa política, ligado a alterações no sentido econômico da população no capitalismo contemporâneo.
Abstract – A central idea in materialist critical criminology is that the
criminal policy of a given society – what constitutes a crime, the amount
and form of punishment – does not result from legal concepts, but
is due to its feasibility and economic necessity. We take this idea as
a starting point to analyze the successive historical transition of three
punitive paradigms of modern society – physical punishment, forced labor, and imprisonment. Following and developing readings of Rusche/
Kirchheimer, these paradigms are presented as state policies related
to changes in the regime of capital accumulation and in the demand
for labor force. This reasoning is extended to contemporary forms of
criminal policy – in particular, the territorial control of poverty areas
by the police in the municipality of Rio de Janeiro – to suggest a fourth paradigm of this policy, linked to changes in the economic significance of
population in contemporary capitalism.
O presente trabalho sugere uma história da formação e da consolidação do Es tado Moderno enquant... more O presente trabalho sugere uma história da formação e da consolidação do Es tado Moderno enquanto imposição da forma de vida capitalista. Atentase à maneira como a conformação institucional que caracteriza o Estado Moderno relacionouse com um discurso explícito a respeito do papel socializador da vio lência, espelhando não apenas uma contínua leitura da competição econômica intrínseca à produção sistemática de mercadorias, mas também uma cons ciência histórica constante a respeito do caráter violento do próprio Estado. Através da exploração de certas diferenças específicas entre as formas absolu tista e burguesa do Estado Moderno, bem como do contraste conceitual entre " forma de vida capitalista " e " Estado burguês " , é construído um argumento que relaciona transformações no sentido econômico da população em geral, formas de legitimidade política, e práticas estatais repressivas paradigmáticas.
Este trabalho apresenta a apropriação do pensamento frankfurtiano por Paulo Arantes e Roberto Sch... more Este trabalho apresenta a apropriação do pensamento frankfurtiano por Paulo Arantes e Roberto Schwarz como uma resposta a problemas de interpretação da experiência nacional cuja compreensão exige uma contextualização dentro do quadro geral do desenvolvimento do capitalismo, bem como uma perspectiva de crítica radical da sociedade burguesa. Essa abordagem parte das primeiras recepções da Teoria Crítica no Brasil, na década de 1960, quando do golpe civil-militar, e na década de 1970, época da assim-chamada “reabertura democrática”. Em ambos os momentos, a recusa da prescrição soviética à aliança com a burguesia nacional levou certos intelectuais a revisarem as categorias do marxismo ortodoxo, buscando inspiração na crítica da modernização burguesa delineada pela segunda geração da Escola de Frankfurt. Ademais, o conceito marxiano de Acumulação Primitiva de Capital desempenhou a função fundamental de enfatizar a continuidade entre a violência colonial, na alvorada da história brasileira, e a entrada tardia do país no capitalismo mundial. A geração de Schwarz e Arantes percebeu aquela continuidade não como algo acidental e excepcional, mas como um exemplo do que, na sociedade burguesa, é a regra, de modo a fazer emergir a imagem de uma precária modernização brasileira que não era um processo inacabado, mas completo em sua precariedade mesma: a integração miserável do país dentro da divisão internacional do trabalho. Por outro lado, certas especificidades daquela integração, na medida que aparecem como algo mais do que um acidente brasileiro, pode, podem ser expandidas de modo a contribuir para um diagnóstico do capitalismo como um todo. Schwarz desenvolve essa problemática através de uma interpretação da obra literária de Macho de Assis, na qual a elite brasileira do século XIX, ao mesmo tempo escravista e liberal, exemplifica a compatibilidade entre as luzes européias e a brutalidade colonial, funcionando como chave para entender as limitações e promessas da civilização burguesa.
(English abstract follows) Através da análise dos Regimentos de 1548 e 1686, procuramos sublinha... more (English abstract follows)
Através da análise dos Regimentos de 1548 e 1686, procuramos sublinhar e discutir o conteúdo histórico-social moderno do esforço colonial no Brasil. Identificamos a centralidade da preocupação com a criação de uma população de trabalhadores a partir dos indígenas, e examinamos o caráter legal que tal problema assume para a administração metropolitana, mostrando como a especificidade da violência colonial diz respeito à expansão e sofisticação de instituições capitalistas típicas.
This paper analyses two important pieces of colonial legislation – the “Regimentos” of 1548 and 1684 – to emphasize the socio-historically modern content of the colonial effort in Brazil. The central character of the effort to transform indigenous people into a population of laborers is identified, and the legal aspect that his effort assumes is examined, so as to show the specific link between colonial violence and the expansion and sophistication of typically capitalist institutions.
Resenha crítica detalhada do livro "O Novo Tempo do Mundo" de Paulo Arantes (Boitempo, 2014)
O artigo discute o conceito de Estado de Exceção, sua delimitação jurídica, suas origens históric... more O artigo discute o conceito de Estado de Exceção, sua delimitação jurídica, suas origens históricas, a relação com o Estado de Direito burguês e sua generalização na sociedade contemporânea.
Buscando os aspectos da crítica da cultura de Siegfried Kracauer que apontam para uma crítica rad... more Buscando os aspectos da crítica da cultura de Siegfried Kracauer que apontam para uma crítica radical da sociedade, o presente texto analisa a caracterização feita por aquele autor da arte industrializada do início do século XX nas obras O ornamento da massa: ensaios de 1963 e De Caligari a Hitler: uma história psicológica do cinema alemão , de 1947. Atenta-se para a maneira como tal caracterização mapeia a determinação das formas dessa arte pelo ideário e contexto político-econômicos da sociedade onde ela emerge, especialmente no que tange às relações entre avanço técnico e projeto de modernização social na sociedade burguesa.
Culture, Theory and Critique, 2012
This essay presents the appropriation of second-generation Frankfurtian thought by Paulo Arantes ... more This essay presents the appropriation of second-generation Frankfurtian thought by Paulo Arantes and Roberto Schwarz, two Brazilian contemporary authors, as a response to national problems whose understanding demands a contextualisation within the general picture of the development of capitalism, as well as a perspective of radical critique of bourgeois society. This approach develops from the first receptions of Critical Theory in Brazil in the early 1960s and late 1970s, when military dictatorship and so-called ‘democratic reopening’ forced the Left either to accept the alliance with the national bourgeoisie prescribed by Soviet policy or to revise the categories of orthodox Marxism so as to insist on a radical critique of capitalism. In both moments, leftist intellectuals who chose the second path turned to the Frankfurt School's critique of bourgeois modernization for inspiration. The Marxian notion of the Primitive Accumulation of Capital was also explored in order to emphasize the seamless continuity between colonial violence, in the beginning of Brazilian history, and the country's late entrance in world capitalism. Schwarz's and Arantes's generation perceived that continuity, not as something accidental and exceptional, but as an example of what, in bourgeois civilization, was the rule, and therefore Brazilian modernisation appeared not as a still-unfinished process, but as a necessarily precarious and complete event: the country's miserable integration within international division of labour. On the other hand, certain specificities of that integration, insofar as they appear as more than a Brazilian accident, can be expanded so as to contribute to a diagnosis of capitalism as a whole. Schwarz develops this problematic through an interpretation of the literary work of Machado de Assis. In it, the Brazilian elite of the 1800s – at once pro-slavery and liberal, and thus exemplifying the compatibility between European lumières and colonial brutality – functions as a key to understanding the limitations of the promises of bourgeois civilisation.
O texto sublinha o papel que as noções marxianas de troca, trabalho abstrato e potencial tecnológ... more O texto sublinha o papel que as noções marxianas de troca, trabalho abstrato e potencial tecnológico-produtivo desempenham nas teorias adornianas sobre a representação conceitual, a filosofia da história e a estética. É empreendida a análise imanente de trechos relevantes da Dialética Negativa, da Dialética do Esclarecimento e da Teoria Estética, buscando construir uma argumentação contínua que salienta o caráter unificado do projeto intelectual que Adorno desenvolve nessas obras.
O ensaio analisa os argumentos desenvolvidos por Peter Szondi em Ensaio sobre o trágico (1961), T... more O ensaio analisa os argumentos desenvolvidos por Peter Szondi em Ensaio sobre o trágico (1961), Teoria do drama burguês (1973), e Teoria do drama moderno (1956), de modo a empreender uma caracterização geral de sua sociologia
da literatura, salientando a atenção que o autor dá aos conflitos entre a escritura dos textos teatrais e a tradição dos gêneros teatrais. Aquele processo de escritura é tal que enraíza o texto firmemente em seu contexto social, cristalizando formalmente sua situação social sob a forma de uma estrutura lógica que faz um relato de seu tempo. É assim que, no teatro burguês, as contradições do esforço civilizatório ocidental são formalmente expressas.
O artigo questiona o fundamento e a finalidade do trabalho de crítica cultural à luz de argumento... more O artigo questiona o fundamento e a finalidade do trabalho de crítica cultural à luz de argumentos frankfurtianos a respeito da cultura sob o capitalismo.
The concept of the aestheticization of reality presented in this essay is an attempt to articulat... more The concept of the aestheticization of reality presented in this essay is an attempt to articulate a number of contemporary cultural and political phenomena and give them critical intelligibility through their mutual interaction. This is undertaken in parallel with a discussion of the intellectual tradition of ideological critique. A notion of ideology is deployed that has more to do with adequacy to reality than with attempts to conceal it. The historical role of ideological critique is established as a function of the level of the economic, political, and technological development of capitalism. The general notion of a crisis of liberal society and the consequences it has for ideological critique are presented. At the same time, a connection is suggested between the problem of the relevance of ideological critique and the crisis of representation in modern art, and a discussion of the social and political significance of this connection is undertaken. The relationship between art and society is considered from a political and a cognitive perspective, taking into account the possible critical and affirmative functions of artworks. A distinction is drawn between attempts at critique through aesthetic content and form. A similitude is suggested between the form contemporary ideology has taken and the internal functioning of artworks. It is finally suggested that the critique of aestheticized reality implies a theory that is able to critically address itself in a way similar to what was promoted in modern art by formally aware works.
Outros by Pedro Rocha de Oliveira
Rituais de Sofrimento, 2012
Originalmente publicado como posfácio de: Viana, Silvia: Rituais de Sofrimento. São Paulo: Boitem... more Originalmente publicado como posfácio de: Viana, Silvia: Rituais de Sofrimento. São Paulo: Boitempo. Coleção Estado de Sítio. 2012. Cultura, dominação sócio-econômica -- e reality shows.
A experiência social contemporânea tem mostrado com insistência o caráter violento da socializaçã... more A experiência social contemporânea tem mostrado com insistência o caráter violento da socialização capitalista. Os ditames do mercado esmagam as pessoas através de condições destrutivas de trabalho, de moradia, de alimentação; elites internacionais submetem populações inteiras ao extermínio pela miséria ou pela guerra enquanto depredam recursos naturais; a concentração de riqueza e de capacidade repressiva tornam o policiamento militarizado e o encarceramento em massa expedientes normais de governo, enquanto as decisões administrativas passam crescentemente ao largo das necessidades das pessoas comuns. O objetivo deste livro é mapear a origem histórica dessas formas específicas de violência social, em especial na medida que estão baseadas na mercadoria, no dinheiro e no Estado, entendidos enquanto estruturas sociais de mediação e controle da vida. Trata-se de uma investigação sobre as origens da sociedade moderna propriamente dita, empreendida através da análise de processos econômicos e políticos que tiveram lugar no berço do Capitalismo: a Inglaterra, entre o final do século XV e o início do século XVII. O foco de nossa atenção são as multifacetadas transformações sociais que possibilitaram a monetarização, por um lado, e implicam, por outro, a concentração de poderio político e econômico, destruindo a possibilidade da produção para subsistência nas comunidades aldeãs e desarticulando-as enquanto espaços de organização material autônoma a nível local. Sem assumir conhecimento especializado por parte do leitor, e reconhecendo a escassez de material em português sobre o período, o livro adota uma linguagem não-técnica, e aposta na compreensão de fenômenos que, devidamente entendidos, lançam luz simultaneamente sobre o passado e o presente. Esse esforço de interpretação histórica beneficia-se de literatura atualizada, baseada em documentação ampla, que fornece material para a compreensão dos violentos mecanismos econômicos, políticos e jurídicos de expropriação da terra, mercadorização social e concentração de poder estatal, bem como da concertada relação entre a Coroa e as elites cujos interesses e poderio impulsionaram as transformações sociais que estão na origem do sistema capitalista. E embora a inspiração fundamental desse trabalho seja o conceito de " Acumulação Primitiva de Capital " , exposto por Karl Marx no famoso Capítulo 24 do Livro 1 do Capital, este livro não se dedica a questões técnicas do marxismo, mas transita por diferentes perspectivas teóricas para iluminar o período histórico em questão com o máximo de detalhe e clareza possíveis. No Capítulo 1, traçamos um mapa da estrutura da sociedade inglesa através do exame das capacidades políticas e funções econômicas do campesinato, da aristocracia, da Coroa, da Igreja e das cidades. No Capítulo 2, partindo dessa estrutura de distribuição de poder, analisamos os impactos econômicos e sociais do processo de mercadorização da terra. No Capítulo 3, focando nas consequências dessas transformações econômicas para a administração social, analisamos reconfigurações das instituições de governo, e das relações de força e de interesse entre a monarquia e as elites novas e tradicionais. No Capítulo 4, debruçamo-nos sobre as rebeliões sociais do período, que entendemos como reação popular à violência econômica e extraeconômica envolvida nas transformações descritas nos capítulos 2 e 3. No Capítulo 5, sobre o esforço colonial inglês, damos conta da maneira como tais transformações impulsionaram a elite inglesa a estender suas práticas econômicas sobre territórios e populações na Irlanda e no continente americano. Na Conclusão, procuramos sugerir formulações gerais a respeito da natureza e do sentido histórico da modernização capitalista, intencionando reportar a experiência social contemporânea do leitor àquilo que, conforme argumentamos, está em suas origens.
Loyola / Editora da PUC-Rio, 2018
A experiência contemporânea tem mostrado com insistência o caráter violento da socialização capit... more A experiência contemporânea tem mostrado com insistência o caráter violento da socialização capitalista. Em todo o mundo, a concentração de riqueza e de capacidade repressiva impõem sobre a humanidade uma forma de vida destrutiva, pautada pela ameaça constante da privação material. O objetivo deste livro é mapear a origem histórica dessa violência social, baseada na mercadoria, no dinheiro e no Estado.
Trata-se de uma investigação sobre as origens da sociedade moderna propriamente dita, empreendida através da análise de processos econômicos e políticos que tiveram lugar no berço do capitalismo: a Inglaterra, entre o final do século XV e o início do século XVII.
Sem assumir conhecimento especializado por parte do leitor, e reconhecendo a escassez de material em português sobre o período, o livro adota uma linguagem não técnica, e aposta na compreensão de fenômenos que, devidamente entendidos, lançam luz simultaneamente sobre o passado e o presente.
Natureza Humana - Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise, 2022
O presente texto procura promover uma análise do Psicologia de grupo e análise do Eu, de Sigmund ... more O presente texto procura promover uma análise do Psicologia de grupo e análise do Eu, de Sigmund Freud (1921), visando explicitar e sublinhar as ideias políticas e antropológicas que estão por trás das escolhas teóricas feitas pelo autor no âmbito da psicologia social, mapeando, posteriormente, o impacto dessas escolhas sobre sua teoria dos instintos. Para tanto, utilizamos principalmente duas balizas. A primeira é uma caracterização histórica e teórica daquilo que chamamos de discurso moderno a respeito das multidões, paradigmaticamente caracterizado em termos políticos e filosóficos, e tendo ramificações importantes para a psicologia social clássica do final do século XIX e início do XX, com a qual Freud dialoga de perto. A segunda é a concepção antropológica que Freud desenvolve no Totem e Tabu (1914), e que depende fundamentalmente de uma certa imagem do ser humano primitivo. Demonstramos como essa imagem desempenha um papel de destaque nas explicações de nosso autor a respeito do desenvolvimento psíquico individual, acompanhando os raciocínios que relacionam mutuamente a suposta “horda primitiva”, o conceito de “ideal do Eu” e as concepções psicanalíticas de moralidade, sexualidade e religião. Finalmente, lançando mão de ilustrações antropológicas e etológicas diferentes daquelas empregadas originalmente por Freud, sugerimos alguns caminhos alternativos para recolocar os problemas relativos ao fenômeno da multidão a partir do sistema teórico freudiano.
Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, 2021
Resumo: O texto procura empreender uma análise do negacionismo. Por um lado, sugerimos tratar-se ... more Resumo: O texto procura empreender uma análise do negacionismo. Por um lado, sugerimos tratar-se de um fenômeno ideológico caracterizável em termos de uma crítica da modernidade empreendida por formuladores que não participam intelectualmente dos pressupostos modernos. Por outro lado, construímos a imagem de um negacionismo objetivo, o qual consistiria no desenrolar histórico dos limites intrínsecos do processo de socialização moderno. Para caracterizar esses limites, sugerimos uma apreensão da história da modernidade focada no caráter de classe de instituições costumeiramente convocadas por sua apologética-a sociedade civil, a ciência, o Estado. Caracterizamos como progressista o pensamento ocupado dessa apologética que, no entanto, procura ou criticar intelectualmente, ou relevar, aquele caráter de classe, o qual se torna, não obstante, historicamente evidente para as pessoas comuns, consistentemente por ele vitimadas. Nesse sentido, o processo social moderno é caracterizado como guerra civil, da qual, bem compreendido, o pensamento moderno deve ser tomado como a enunciação.
Dissertatio, 2021
Resumo: No presente texto procuramos apresentar um panorama da obra de Paulo Arantes analisando o... more Resumo: No presente texto procuramos apresentar um panorama da obra de Paulo Arantes analisando os pontos de contato entre sete de suas principais obras: Ressentimento da dialética, Sentimento de dialética, O fio da meada, Zero à esquerda, Extinção, O novo tempo do mundo e Um departamento francês de ultramar. Procurando ressaltar a preocupação fundamental que alinhava a diversidade temática dessas obras, nos esforçamos em reconstruir a argumentação de Arantes, em especial na medida que lida com o problema dos limites da modernização capitalista, a relação entre esses limites e a racionalidade moderna, e a bizarra sobrevida civilizacional para além deles. Esse tríplice problema é várias vezes recolocado na obra de Arantes, na medida que a atenção do autor oscila entre sua manifestação na periferia mundial e nas metrópoles capitalistas.
(English abstract below) Resumo – Uma ideia central da criminologia materialista é que a po- líti... more (English abstract below)
Resumo – Uma ideia central da criminologia materialista é que a po-
lítica penal de uma determinada sociedade – o que é crime, quanto
e como se pune – não resulta de concepções jurídicas, mas é função
de sua viabilidade e necessidade econômica. Partimos dessa ideia
para analisar a transição histórica sucessiva de três paradigmas pu-
nitivos da sociedade moderna – os castigos físicos, os trabalhos forçados e o encarceramento. Seguindo e desenvolvendo as leituras de Rusche/Kirchheimer, esses paradigmas são apresentados como políticas de Estado relacionadas a alterações no regime de acumulação capitalista e da demanda de força de trabalho. Esse raciocínio é stendido a formas contemporâneas de política penal – em especial, o controle territorial de espaços de pobreza pela polícia no município do Rio de Janeiro – para sugerir um quarto paradigma dessa política, ligado a alterações no sentido econômico da população no capitalismo contemporâneo.
Abstract – A central idea in materialist critical criminology is that the
criminal policy of a given society – what constitutes a crime, the amount
and form of punishment – does not result from legal concepts, but
is due to its feasibility and economic necessity. We take this idea as
a starting point to analyze the successive historical transition of three
punitive paradigms of modern society – physical punishment, forced labor, and imprisonment. Following and developing readings of Rusche/
Kirchheimer, these paradigms are presented as state policies related
to changes in the regime of capital accumulation and in the demand
for labor force. This reasoning is extended to contemporary forms of
criminal policy – in particular, the territorial control of poverty areas
by the police in the municipality of Rio de Janeiro – to suggest a fourth paradigm of this policy, linked to changes in the economic significance of
population in contemporary capitalism.
O presente trabalho sugere uma história da formação e da consolidação do Es tado Moderno enquant... more O presente trabalho sugere uma história da formação e da consolidação do Es tado Moderno enquanto imposição da forma de vida capitalista. Atentase à maneira como a conformação institucional que caracteriza o Estado Moderno relacionouse com um discurso explícito a respeito do papel socializador da vio lência, espelhando não apenas uma contínua leitura da competição econômica intrínseca à produção sistemática de mercadorias, mas também uma cons ciência histórica constante a respeito do caráter violento do próprio Estado. Através da exploração de certas diferenças específicas entre as formas absolu tista e burguesa do Estado Moderno, bem como do contraste conceitual entre " forma de vida capitalista " e " Estado burguês " , é construído um argumento que relaciona transformações no sentido econômico da população em geral, formas de legitimidade política, e práticas estatais repressivas paradigmáticas.
Este trabalho apresenta a apropriação do pensamento frankfurtiano por Paulo Arantes e Roberto Sch... more Este trabalho apresenta a apropriação do pensamento frankfurtiano por Paulo Arantes e Roberto Schwarz como uma resposta a problemas de interpretação da experiência nacional cuja compreensão exige uma contextualização dentro do quadro geral do desenvolvimento do capitalismo, bem como uma perspectiva de crítica radical da sociedade burguesa. Essa abordagem parte das primeiras recepções da Teoria Crítica no Brasil, na década de 1960, quando do golpe civil-militar, e na década de 1970, época da assim-chamada “reabertura democrática”. Em ambos os momentos, a recusa da prescrição soviética à aliança com a burguesia nacional levou certos intelectuais a revisarem as categorias do marxismo ortodoxo, buscando inspiração na crítica da modernização burguesa delineada pela segunda geração da Escola de Frankfurt. Ademais, o conceito marxiano de Acumulação Primitiva de Capital desempenhou a função fundamental de enfatizar a continuidade entre a violência colonial, na alvorada da história brasileira, e a entrada tardia do país no capitalismo mundial. A geração de Schwarz e Arantes percebeu aquela continuidade não como algo acidental e excepcional, mas como um exemplo do que, na sociedade burguesa, é a regra, de modo a fazer emergir a imagem de uma precária modernização brasileira que não era um processo inacabado, mas completo em sua precariedade mesma: a integração miserável do país dentro da divisão internacional do trabalho. Por outro lado, certas especificidades daquela integração, na medida que aparecem como algo mais do que um acidente brasileiro, pode, podem ser expandidas de modo a contribuir para um diagnóstico do capitalismo como um todo. Schwarz desenvolve essa problemática através de uma interpretação da obra literária de Macho de Assis, na qual a elite brasileira do século XIX, ao mesmo tempo escravista e liberal, exemplifica a compatibilidade entre as luzes européias e a brutalidade colonial, funcionando como chave para entender as limitações e promessas da civilização burguesa.
(English abstract follows) Através da análise dos Regimentos de 1548 e 1686, procuramos sublinha... more (English abstract follows)
Através da análise dos Regimentos de 1548 e 1686, procuramos sublinhar e discutir o conteúdo histórico-social moderno do esforço colonial no Brasil. Identificamos a centralidade da preocupação com a criação de uma população de trabalhadores a partir dos indígenas, e examinamos o caráter legal que tal problema assume para a administração metropolitana, mostrando como a especificidade da violência colonial diz respeito à expansão e sofisticação de instituições capitalistas típicas.
This paper analyses two important pieces of colonial legislation – the “Regimentos” of 1548 and 1684 – to emphasize the socio-historically modern content of the colonial effort in Brazil. The central character of the effort to transform indigenous people into a population of laborers is identified, and the legal aspect that his effort assumes is examined, so as to show the specific link between colonial violence and the expansion and sophistication of typically capitalist institutions.
Resenha crítica detalhada do livro "O Novo Tempo do Mundo" de Paulo Arantes (Boitempo, 2014)
O artigo discute o conceito de Estado de Exceção, sua delimitação jurídica, suas origens históric... more O artigo discute o conceito de Estado de Exceção, sua delimitação jurídica, suas origens históricas, a relação com o Estado de Direito burguês e sua generalização na sociedade contemporânea.
Buscando os aspectos da crítica da cultura de Siegfried Kracauer que apontam para uma crítica rad... more Buscando os aspectos da crítica da cultura de Siegfried Kracauer que apontam para uma crítica radical da sociedade, o presente texto analisa a caracterização feita por aquele autor da arte industrializada do início do século XX nas obras O ornamento da massa: ensaios de 1963 e De Caligari a Hitler: uma história psicológica do cinema alemão , de 1947. Atenta-se para a maneira como tal caracterização mapeia a determinação das formas dessa arte pelo ideário e contexto político-econômicos da sociedade onde ela emerge, especialmente no que tange às relações entre avanço técnico e projeto de modernização social na sociedade burguesa.
Culture, Theory and Critique, 2012
This essay presents the appropriation of second-generation Frankfurtian thought by Paulo Arantes ... more This essay presents the appropriation of second-generation Frankfurtian thought by Paulo Arantes and Roberto Schwarz, two Brazilian contemporary authors, as a response to national problems whose understanding demands a contextualisation within the general picture of the development of capitalism, as well as a perspective of radical critique of bourgeois society. This approach develops from the first receptions of Critical Theory in Brazil in the early 1960s and late 1970s, when military dictatorship and so-called ‘democratic reopening’ forced the Left either to accept the alliance with the national bourgeoisie prescribed by Soviet policy or to revise the categories of orthodox Marxism so as to insist on a radical critique of capitalism. In both moments, leftist intellectuals who chose the second path turned to the Frankfurt School's critique of bourgeois modernization for inspiration. The Marxian notion of the Primitive Accumulation of Capital was also explored in order to emphasize the seamless continuity between colonial violence, in the beginning of Brazilian history, and the country's late entrance in world capitalism. Schwarz's and Arantes's generation perceived that continuity, not as something accidental and exceptional, but as an example of what, in bourgeois civilization, was the rule, and therefore Brazilian modernisation appeared not as a still-unfinished process, but as a necessarily precarious and complete event: the country's miserable integration within international division of labour. On the other hand, certain specificities of that integration, insofar as they appear as more than a Brazilian accident, can be expanded so as to contribute to a diagnosis of capitalism as a whole. Schwarz develops this problematic through an interpretation of the literary work of Machado de Assis. In it, the Brazilian elite of the 1800s – at once pro-slavery and liberal, and thus exemplifying the compatibility between European lumières and colonial brutality – functions as a key to understanding the limitations of the promises of bourgeois civilisation.
O texto sublinha o papel que as noções marxianas de troca, trabalho abstrato e potencial tecnológ... more O texto sublinha o papel que as noções marxianas de troca, trabalho abstrato e potencial tecnológico-produtivo desempenham nas teorias adornianas sobre a representação conceitual, a filosofia da história e a estética. É empreendida a análise imanente de trechos relevantes da Dialética Negativa, da Dialética do Esclarecimento e da Teoria Estética, buscando construir uma argumentação contínua que salienta o caráter unificado do projeto intelectual que Adorno desenvolve nessas obras.
O ensaio analisa os argumentos desenvolvidos por Peter Szondi em Ensaio sobre o trágico (1961), T... more O ensaio analisa os argumentos desenvolvidos por Peter Szondi em Ensaio sobre o trágico (1961), Teoria do drama burguês (1973), e Teoria do drama moderno (1956), de modo a empreender uma caracterização geral de sua sociologia
da literatura, salientando a atenção que o autor dá aos conflitos entre a escritura dos textos teatrais e a tradição dos gêneros teatrais. Aquele processo de escritura é tal que enraíza o texto firmemente em seu contexto social, cristalizando formalmente sua situação social sob a forma de uma estrutura lógica que faz um relato de seu tempo. É assim que, no teatro burguês, as contradições do esforço civilizatório ocidental são formalmente expressas.
O artigo questiona o fundamento e a finalidade do trabalho de crítica cultural à luz de argumento... more O artigo questiona o fundamento e a finalidade do trabalho de crítica cultural à luz de argumentos frankfurtianos a respeito da cultura sob o capitalismo.
The concept of the aestheticization of reality presented in this essay is an attempt to articulat... more The concept of the aestheticization of reality presented in this essay is an attempt to articulate a number of contemporary cultural and political phenomena and give them critical intelligibility through their mutual interaction. This is undertaken in parallel with a discussion of the intellectual tradition of ideological critique. A notion of ideology is deployed that has more to do with adequacy to reality than with attempts to conceal it. The historical role of ideological critique is established as a function of the level of the economic, political, and technological development of capitalism. The general notion of a crisis of liberal society and the consequences it has for ideological critique are presented. At the same time, a connection is suggested between the problem of the relevance of ideological critique and the crisis of representation in modern art, and a discussion of the social and political significance of this connection is undertaken. The relationship between art and society is considered from a political and a cognitive perspective, taking into account the possible critical and affirmative functions of artworks. A distinction is drawn between attempts at critique through aesthetic content and form. A similitude is suggested between the form contemporary ideology has taken and the internal functioning of artworks. It is finally suggested that the critique of aestheticized reality implies a theory that is able to critically address itself in a way similar to what was promoted in modern art by formally aware works.
Rituais de Sofrimento, 2012
Originalmente publicado como posfácio de: Viana, Silvia: Rituais de Sofrimento. São Paulo: Boitem... more Originalmente publicado como posfácio de: Viana, Silvia: Rituais de Sofrimento. São Paulo: Boitempo. Coleção Estado de Sítio. 2012. Cultura, dominação sócio-econômica -- e reality shows.
A experiência social contemporânea tem mostrado com insistência o caráter violento da socializaçã... more A experiência social contemporânea tem mostrado com insistência o caráter violento da socialização capitalista. Os ditames do mercado esmagam as pessoas através de condições destrutivas de trabalho, de moradia, de alimentação; elites internacionais submetem populações inteiras ao extermínio pela miséria ou pela guerra enquanto depredam recursos naturais; a concentração de riqueza e de capacidade repressiva tornam o policiamento militarizado e o encarceramento em massa expedientes normais de governo, enquanto as decisões administrativas passam crescentemente ao largo das necessidades das pessoas comuns. O objetivo deste livro é mapear a origem histórica dessas formas específicas de violência social, em especial na medida que estão baseadas na mercadoria, no dinheiro e no Estado, entendidos enquanto estruturas sociais de mediação e controle da vida. Trata-se de uma investigação sobre as origens da sociedade moderna propriamente dita, empreendida através da análise de processos econômicos e políticos que tiveram lugar no berço do Capitalismo: a Inglaterra, entre o final do século XV e o início do século XVII. O foco de nossa atenção são as multifacetadas transformações sociais que possibilitaram a monetarização, por um lado, e implicam, por outro, a concentração de poderio político e econômico, destruindo a possibilidade da produção para subsistência nas comunidades aldeãs e desarticulando-as enquanto espaços de organização material autônoma a nível local. Sem assumir conhecimento especializado por parte do leitor, e reconhecendo a escassez de material em português sobre o período, o livro adota uma linguagem não-técnica, e aposta na compreensão de fenômenos que, devidamente entendidos, lançam luz simultaneamente sobre o passado e o presente. Esse esforço de interpretação histórica beneficia-se de literatura atualizada, baseada em documentação ampla, que fornece material para a compreensão dos violentos mecanismos econômicos, políticos e jurídicos de expropriação da terra, mercadorização social e concentração de poder estatal, bem como da concertada relação entre a Coroa e as elites cujos interesses e poderio impulsionaram as transformações sociais que estão na origem do sistema capitalista. E embora a inspiração fundamental desse trabalho seja o conceito de " Acumulação Primitiva de Capital " , exposto por Karl Marx no famoso Capítulo 24 do Livro 1 do Capital, este livro não se dedica a questões técnicas do marxismo, mas transita por diferentes perspectivas teóricas para iluminar o período histórico em questão com o máximo de detalhe e clareza possíveis. No Capítulo 1, traçamos um mapa da estrutura da sociedade inglesa através do exame das capacidades políticas e funções econômicas do campesinato, da aristocracia, da Coroa, da Igreja e das cidades. No Capítulo 2, partindo dessa estrutura de distribuição de poder, analisamos os impactos econômicos e sociais do processo de mercadorização da terra. No Capítulo 3, focando nas consequências dessas transformações econômicas para a administração social, analisamos reconfigurações das instituições de governo, e das relações de força e de interesse entre a monarquia e as elites novas e tradicionais. No Capítulo 4, debruçamo-nos sobre as rebeliões sociais do período, que entendemos como reação popular à violência econômica e extraeconômica envolvida nas transformações descritas nos capítulos 2 e 3. No Capítulo 5, sobre o esforço colonial inglês, damos conta da maneira como tais transformações impulsionaram a elite inglesa a estender suas práticas econômicas sobre territórios e populações na Irlanda e no continente americano. Na Conclusão, procuramos sugerir formulações gerais a respeito da natureza e do sentido histórico da modernização capitalista, intencionando reportar a experiência social contemporânea do leitor àquilo que, conforme argumentamos, está em suas origens.
(Tese de doutorado) Lançando mão da Crítica da Economia Política, da Psicanálise e da Teoria Crí... more (Tese de doutorado) Lançando mão da Crítica da Economia Política, da Psicanálise e da Teoria Crítica, o presente trabalho procura promover uma caracterização da sociedade capitalista contemporânea em função de seu modo de produção material e formas ideológicas. Levando a sério determinados elementos do pensamento adorniano, procura-se, então, partir de elaborações estéticas para construir modelos que possibilitem a rejeição da totalidade dessa sociedade, ao mesmo tempo refletindo sobre o papel, a função e as limitações das categorias críticas tradicionais.
Resenha do livro "Cidades Sitiadas" de Stephen Graham. Damos atenção especial ao emprego dado pel... more Resenha do livro "Cidades Sitiadas" de Stephen Graham. Damos atenção especial ao emprego dado pelo autor ao conceito de "desmodernização".