Ana Marques | Universidade do Porto (original) (raw)

Ensaios & Práticas em Museologia 07, 2018

Apresentação Cinco anos volvidos após o primeiro processo de sua autoavaliação para efeitos de ac... more Apresentação
Cinco anos volvidos após o primeiro processo de sua autoavaliação para efeitos de acreditação pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), em 2013, o ano de 2018 foi tempo para o Mestrado em Museologia (MMUS) da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), e tantos outros ciclos de estudo, voltar ao exercício de autorreflexão, ainda mais profundo do que o normal e quotidiano, para balanço quanto ao que havia sido feito, que melhorias se tinham conseguido alcançar e que melhorias ainda a perseguir. Foi exercício altamente participado, agregando o motivado e comprometido conjunto de agentes no processo de ensino-aprendizagem, de educação: pessoal docente (para além da Direção e da Comissão Científica), professores afiliados, estudantes (alumni e representantes dos atuais, membros da Comissão de Acompanhamento), pessoal não-docente e membros de instituições de ensino e museológicas, parceiros estratégicos no perímetro e rede de ação do MMUS, que se pretende flexível mas robustamente consolidada e em crescimento. Um exercício que resultou na submissão de uma proposta de alteração de estrutura curricular que, a ser aprovada, terá efeitos num futuro próximo.
Não obstante as propostas de alterações, no sentido da antecipação/acompanhamento das mudanças, desafios naturais e desejáveis ao progresso profissional, o espírito do MMUS mantém-se fiel ao adotado desde a sua criação, numa perspetiva de educação integradora de áreas disciplinares, de saberes e experiências, de conhecimentos, habilidades e competências que permitam aos estudantes, em reflexão crítica, partilha e felicidade, ter um papel ativo no desenvolvimento do setor museológico e, por sua via, no desenvolvimento da Sociedade.
Este sétimo número da Ensaios e Práticas em Museologia, à semelhança dos que o precederam, tenta ser um reflexo desse espírito, envolvendo estudantes do MMUS em todo o processo editorial, em que incutem as suas caraterísticas e perspetivas pessoais, e partilhando trabalhos de outros, desenvolvidos no âmbito de Dissertações, Projetos e Estágios, sob a orientação e revisão científica de docentes do ciclo de estudos e, nalguns casos, também de conceituados profissionais de museus, alguns deles alumni MMUS, mais velhos e atualmente com cargos de coordenação/direção.
Promover a rede de alumni MMUS é sempre um motivo de alegria, pelas relações de respeito, consideração e amizade que se criaram e se vão nutrindo, pelo orgulho na constatação do seu
crescimento pessoal e profissional, enfim, pelo crescimento mútuo. Assim, para além de alumni a partilhar a orientação de estudantes mais jovens, este volume beneficia e inicia-se com a participação de dois alumni que dão conta das suas dinâmicas, progressos científico-profissionais e resultados atuais de projetos iniciados/desenvolvidos ainda no âmbito do MMUS. Os seus interesses focam-se na temática do património imaterial e suas comunidades. Conta ainda com uma reflexão com interesse pelos museus de empresa, com um conjunto de experiências e sugestões na área da gestão de risco para as coleções e um contributo que relaciona museologia com ciências da informação. A encerrar o volume, a partilha de reflexões e experiências, à escala (inter)nacional, de outros com quem o MMUS se relaciona, cujo tema de interesse se agrega em torno dos museus, da arte e da sua curadoria. Enfim, uma pluralidade temática, em que:
PEDRO ARAÚJO, cujo interesse e persistência no estudo da história das Minas da Borralha resultaram na publicação recente de um primeiro volume dedicado ao período 1900-1951, percorre os interstícios da memória relativa a tão importantes minas de volfrâmio, salientando, a partir do seu trabalho de campo, um conjunto de termos e expressões mineiras, que considera um património linguístico capaz de gerar interações de maior proximidade com a comunidade;
EMANUEL GUIMARÃES, atual coordenador do Ecomuseu de Ribeira de Pena, reflete sobre o seu desenvolvimento e interação dos seus cinco núcleos com a comunidade, também marcada pela exploração mineira de volfrâmio, à luz da evolução da moldura conceptual associada ao património e aos museus;
GABRIEL MARQUES GRAÇA explora o conceito de museu de empresa, da sua génese à sua consolidação, identificando e propondo três dimensões, às quais associa respetivos e potenciais contributos para a Sociedade, a diferentes níveis;
SOFIA BARBOSA apresenta, de forma geral e sumária, o projeto que desenvolveu no Paço dos Duques de Bragança, de organização das reservas das coleções de têxtil bidimensional e de pintura, partilhando as dificuldades decorrentes de constrangimentos arquitetónicos e de recursos múltiplos, bem como as soluções de compromisso alcançadas;
INÊS COSTA destaca, do seu estágio sobre gestão de risco em contexto de circulação de coleções, a questão do manuseamento, tendo como referência as coleções do Museu Nacional de Machado de Castro, onde o desenvolveu, e sistematizando uma proposta de medidas no sentido de eliminar/mitigar o risco de dano;
INÊS OLIVEIRA partilha das preocupações quanto à preservação das coleções e aponta caraterísticas da Imagem de Transformação de Refletância que revelam o seu grande potencial como ferramenta simples e eficiente de estudo e documentação das superfícies dos objetos e das suas alterações, fundamental a um plano de gestão de riscos;
MARTA SILVA, a partir do Museu do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), onde desenvolve o seu estágio, perspetiva a organicidade do contexto, relacionando sistemicamente os acervos geridos pelo Museu, Biblioteca e Arquivo, como enquadramento para o estudo e inventário da coleção do Departamento de Eletrotecnia;
INÊS VEDES tece considerações breves quanto à prática da curadoria em museus de arte moderna e contemporânea, atendendo às origens do curador e à evolução do seu papel no setor, cada vez mais orientado pela perspetiva da articulação com a educação;
ISOBEL WHITELEGG, curadora e historiadora da arte, docente de mestrado e doutoramento da área de Art Museum & Gallery Studies da School of Museum Studies, Universidade de Leicester, e atual Diretora do programa de doutoramento, concede uma entrevista em que partilha experiências e reflexões, que se relacionam, muito especialmente, com o contexto brasileiro.

Paula Menino Homem, Ana Marques e Mário Santos