Margarida M Petter | Universidade de São Paulo (original) (raw)

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Papers by Margarida M Petter

Research paper thumbnail of Bernard Caron (Diretor do LLACAN- Centro de Pesquisas do CNRS - Paris)

Research paper thumbnail of Línguas Especiais, Línguas Secretas: na África e no Brasil

Revista Anpoll, 1998

... Entre si, somente, os iniciados reconheciam que a língua lá' bì era uma maneira dife... more ... Entre si, somente, os iniciados reconheciam que a língua lá' bì era uma maneira diferente de nomear o mundo, "um metadiscurso sempre reelaborado por seus locutores, e não uma língua constituída" (Moñino, 1991:15). Para ...

Research paper thumbnail of O crioulo português da Guiné-Bissau

Research paper thumbnail of Uma hipótese explicativa do contato entre o português e as línguas africanas

Papia Revista Brasileira De Estudos Crioulos E Similares, Oct 26, 2008

No Brasil, a maior parte dos estudos sobre a caracterização do chamado "Português Brasileiro" des... more No Brasil, a maior parte dos estudos sobre a caracterização do chamado "Português Brasileiro" desenvolve-se dentro de uma metodologia contrastiva, em que a identidade do português brasileiro (PB) é evidenciada em comparação com o português europeu (PE). Alguns raros estudos de sociolingüística observam a semelhança da morfossintaxe do PB e das línguas crioulas de base portuguesa. Evidências lingüísticas relevantes apóiam as análises nas duas direções. É inegável, como demonstram os trabalhos publicados, que o PB difere nos níveis fonético-fonológico e sintático, sobretudo, do PE; por outro lado são notáveis as semelhanças encontradas na concordância de gênero e número do sintagma nominal dos crioulos de Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e a variação identifi cada nesses mesmos contextos em variedades não-padrão do PB. Essas análises, embora sejam pertinentes, são parciais, pois deixam de situar o PB num conjunto maioro dos países de fala portuguesa -onde se encontram outras variedades de português, não crioulas, faladas na África (Angola e Moçambique) e na Ásia (Macau, Goa e Timor Leste). Uma análise exaustiva sobre a identidade do PB deveria contemplar esse conjunto. Esta não é uma tarefa fácil, mas deve ser iniciada.

Research paper thumbnail of Aspectos morfossintáticos comuns ao português angolano, brasileiro e moçambicano

Papia Revista Brasileira De Estudos Crioulos E Similares, Jan 5, 2010

Several languages from the Bantu group are spoken in Angola and Mozambique. Most of them were use... more Several languages from the Bantu group are spoken in Angola and Mozambique. Most of them were used by a great number of individuals who were forcibly relocated to Brazil during the slave trade period. As well as having similar social history of colonization, these three linguistic varieties of Portuguese are not Creole languages. Some common aspects of these languages can be observed at the noun phrase level, specifically in number and gender agreement. The analysis we present here aims to demonstrate that agreement phenomena which diverge from the European Portuguese path, can be explained to some extent by the linguistic contact with Bantu languages. We analyze such facts based on the 4-M theory, by Myers-Scotton, which distinguish content morphemes, system morphemes, and +/-conceptually activated morphemes. Grammatical morphemes [-conceptually activated] present more variation in language production. In this level we also observe the interaction of morphemes with equivalent function in Bantu languages. Key-words: linguistic contact, linguistic varieties of Portuguese, African languages. O português falado no Brasil é uma língua não nativa, transplantada, da mesma forma que outras variedades de português falado na África -tanto na área dos crioulos: Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, quanto na região onde não se desenvolveu uma forma crioulizada, em Angola e Moçambique -e na Ásia, em Timor Leste. O reconhecimento desse fato leva-

Research paper thumbnail of Quilombos do Vale do Ribeira: variação e mudança na concordância de gênero e número

Papia Revista Brasileira De Estudos Crioulos E Similares, Oct 28, 2008

Dafne Zanoni (IC-USP) 0. Introdução Terras de preto, comunidades negras, comunidades quilombolas,... more Dafne Zanoni (IC-USP) 0. Introdução Terras de preto, comunidades negras, comunidades quilombolas, quilombos... São várias as denominações que se vêm alternando e substituindo para identificar um grupo social que se caracteriza por ser constituído, majoritariamente, por negros e por habitar mais de mil áreas da zona rural do país, na maior parte dos casos, sem titulação das terrasapenas 71 delas têm seus direitos territoriais reconhecidos pelo governo. No Alto Vale do Ribeira, sul do Estado de São Paulo, região de relevo bem acidentado, onde predominam vales e montanhas, com hidrografia significativa e onde se observam os mais baixos índices de desenvolvimento, encontram-se mais de trinta comunidades quilombolas, distribuídas entre os sete municípios que a compõem: Ibirapuã Paulista, Barra do Chapéu, Ribeira, Iporanga, Barra do Turvo, Apiaí e Itaoca. Cangume -a comunidade selecionada para estudo -localiza-se em Itaoca, município reconhecido em 1991, a 350km da capital paulista, fazendo divisa com os municípios de Apiaí, Iporanga, Ribeira e Adrianópolis, no sul do Estado do Paraná. Cangume é um bairro rural de Itaoca, com 146 habitantes, distribuídos em 36 famílias, na maioria negros e mulatos. Apesar de o bairro ser de difícil acesso, seus habitantes não vivem em total isolamento, pois mantêm contato com os bairros vizinhos e com o próprio município de Itaoca, com os quais realizam transações comerciais. Não há documentos sobre a origem e nem a data de surgimento do bairro; a fonte mais valiosa de informação é a recuperação da memória oral de seus moradores. Nossas visitas a essa comunidade iniciaram-se em 1997. Desde então foram feitas 28 entrevistas, com a duração média de trinta minutos cada. O primeiro trabalho descritivo sobre o material coletado foi publicado em Petter (2001), onde está documentada a presença de alguns traços fonéticos

Research paper thumbnail of Revista Ilustrada: Un document sur le langage des Noirs à la fin du XIXe siècle

Studies in the History of the Language Sciences, 2007

Research paper thumbnail of Portugais du Brésil et langues africaines

Langages, 1998

... Parallèlement, pour les esclaves qui continuaient à transiter par l'île de Sâo Tome, il ... more ... Parallèlement, pour les esclaves qui continuaient à transiter par l'île de Sâo Tome, il se produisit aussi un contact prolongé avec le parler de l'île, un créole « à base portugaise » du même nom (aujourd'hui langue officielle). ...

Research paper thumbnail of A Tabatinga revisitada: a manutenção de um léxico de origem africana em Minas Gerais (MG-Brasil

Este trabalho focaliza o léxico de origem banta presente na região de Tabatinga, localizada na ci... more Este trabalho focaliza o léxico de origem banta presente na região de Tabatinga, localizada na cidade de Bom Despacho, em Minas Gerais. Essa localidade -do mesmo modo que o Cafundó, em São Paulo, e outras cidades mineiras (Patrocínio e Milho Verde) -conservou um conjunto de palavras de origem banta, pertencentes ao vocabulário comum, cujo uso ficou restrito à comunidade. Os resultados obtidos, comparados ao trabalho de Queiroz (1998 [1981]) revelaram manutenção de parte do léxico, mudança fonética e semântica bem como indicaram que a "língua" de Bom Despacho está assumindo a função de gíria de um grupo de falantes moradores da Tabatinga, região de origem do dialeto. A "gíria" ou "dialeto" da Tabatinga mantém-se porque seu uso está hoje associado à identidade do grupo, que não se caracteriza mais por ser negro ou africano, mas por ser habitante de uma região pobre e outrora discriminada. Ao retomar a pesquisa na região mineira objetivou-se explicar como se formou essa "língua" e por que ela se manteve até hoje. Esta pesquisa é parte do projeto-piloto "Levantamento etnolinguístico de comunidades afro-brasileiras: Minas Gerais e Pará", que é parte do projeto Inventário da Diversidade Linguística Brasileira, promovido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e USP (Universidade de São Paulo). Palavras-chave: línguas africanas no Brasil, léxico, contato de línguas, línguas bantas no Brasil.

Research paper thumbnail of Bernard Caron (Diretor do LLACAN- Centro de Pesquisas do CNRS - Paris)

Research paper thumbnail of Línguas Especiais, Línguas Secretas: na África e no Brasil

Revista Anpoll, 1998

... Entre si, somente, os iniciados reconheciam que a língua lá' bì era uma maneira dife... more ... Entre si, somente, os iniciados reconheciam que a língua lá' bì era uma maneira diferente de nomear o mundo, "um metadiscurso sempre reelaborado por seus locutores, e não uma língua constituída" (Moñino, 1991:15). Para ...

Research paper thumbnail of O crioulo português da Guiné-Bissau

Research paper thumbnail of Uma hipótese explicativa do contato entre o português e as línguas africanas

Papia Revista Brasileira De Estudos Crioulos E Similares, Oct 26, 2008

No Brasil, a maior parte dos estudos sobre a caracterização do chamado "Português Brasileiro" des... more No Brasil, a maior parte dos estudos sobre a caracterização do chamado "Português Brasileiro" desenvolve-se dentro de uma metodologia contrastiva, em que a identidade do português brasileiro (PB) é evidenciada em comparação com o português europeu (PE). Alguns raros estudos de sociolingüística observam a semelhança da morfossintaxe do PB e das línguas crioulas de base portuguesa. Evidências lingüísticas relevantes apóiam as análises nas duas direções. É inegável, como demonstram os trabalhos publicados, que o PB difere nos níveis fonético-fonológico e sintático, sobretudo, do PE; por outro lado são notáveis as semelhanças encontradas na concordância de gênero e número do sintagma nominal dos crioulos de Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e a variação identifi cada nesses mesmos contextos em variedades não-padrão do PB. Essas análises, embora sejam pertinentes, são parciais, pois deixam de situar o PB num conjunto maioro dos países de fala portuguesa -onde se encontram outras variedades de português, não crioulas, faladas na África (Angola e Moçambique) e na Ásia (Macau, Goa e Timor Leste). Uma análise exaustiva sobre a identidade do PB deveria contemplar esse conjunto. Esta não é uma tarefa fácil, mas deve ser iniciada.

Research paper thumbnail of Aspectos morfossintáticos comuns ao português angolano, brasileiro e moçambicano

Papia Revista Brasileira De Estudos Crioulos E Similares, Jan 5, 2010

Several languages from the Bantu group are spoken in Angola and Mozambique. Most of them were use... more Several languages from the Bantu group are spoken in Angola and Mozambique. Most of them were used by a great number of individuals who were forcibly relocated to Brazil during the slave trade period. As well as having similar social history of colonization, these three linguistic varieties of Portuguese are not Creole languages. Some common aspects of these languages can be observed at the noun phrase level, specifically in number and gender agreement. The analysis we present here aims to demonstrate that agreement phenomena which diverge from the European Portuguese path, can be explained to some extent by the linguistic contact with Bantu languages. We analyze such facts based on the 4-M theory, by Myers-Scotton, which distinguish content morphemes, system morphemes, and +/-conceptually activated morphemes. Grammatical morphemes [-conceptually activated] present more variation in language production. In this level we also observe the interaction of morphemes with equivalent function in Bantu languages. Key-words: linguistic contact, linguistic varieties of Portuguese, African languages. O português falado no Brasil é uma língua não nativa, transplantada, da mesma forma que outras variedades de português falado na África -tanto na área dos crioulos: Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, quanto na região onde não se desenvolveu uma forma crioulizada, em Angola e Moçambique -e na Ásia, em Timor Leste. O reconhecimento desse fato leva-

Research paper thumbnail of Quilombos do Vale do Ribeira: variação e mudança na concordância de gênero e número

Papia Revista Brasileira De Estudos Crioulos E Similares, Oct 28, 2008

Dafne Zanoni (IC-USP) 0. Introdução Terras de preto, comunidades negras, comunidades quilombolas,... more Dafne Zanoni (IC-USP) 0. Introdução Terras de preto, comunidades negras, comunidades quilombolas, quilombos... São várias as denominações que se vêm alternando e substituindo para identificar um grupo social que se caracteriza por ser constituído, majoritariamente, por negros e por habitar mais de mil áreas da zona rural do país, na maior parte dos casos, sem titulação das terrasapenas 71 delas têm seus direitos territoriais reconhecidos pelo governo. No Alto Vale do Ribeira, sul do Estado de São Paulo, região de relevo bem acidentado, onde predominam vales e montanhas, com hidrografia significativa e onde se observam os mais baixos índices de desenvolvimento, encontram-se mais de trinta comunidades quilombolas, distribuídas entre os sete municípios que a compõem: Ibirapuã Paulista, Barra do Chapéu, Ribeira, Iporanga, Barra do Turvo, Apiaí e Itaoca. Cangume -a comunidade selecionada para estudo -localiza-se em Itaoca, município reconhecido em 1991, a 350km da capital paulista, fazendo divisa com os municípios de Apiaí, Iporanga, Ribeira e Adrianópolis, no sul do Estado do Paraná. Cangume é um bairro rural de Itaoca, com 146 habitantes, distribuídos em 36 famílias, na maioria negros e mulatos. Apesar de o bairro ser de difícil acesso, seus habitantes não vivem em total isolamento, pois mantêm contato com os bairros vizinhos e com o próprio município de Itaoca, com os quais realizam transações comerciais. Não há documentos sobre a origem e nem a data de surgimento do bairro; a fonte mais valiosa de informação é a recuperação da memória oral de seus moradores. Nossas visitas a essa comunidade iniciaram-se em 1997. Desde então foram feitas 28 entrevistas, com a duração média de trinta minutos cada. O primeiro trabalho descritivo sobre o material coletado foi publicado em Petter (2001), onde está documentada a presença de alguns traços fonéticos

Research paper thumbnail of Revista Ilustrada: Un document sur le langage des Noirs à la fin du XIXe siècle

Studies in the History of the Language Sciences, 2007

Research paper thumbnail of Portugais du Brésil et langues africaines

Langages, 1998

... Parallèlement, pour les esclaves qui continuaient à transiter par l'île de Sâo Tome, il ... more ... Parallèlement, pour les esclaves qui continuaient à transiter par l'île de Sâo Tome, il se produisit aussi un contact prolongé avec le parler de l'île, un créole « à base portugaise » du même nom (aujourd'hui langue officielle). ...

Research paper thumbnail of A Tabatinga revisitada: a manutenção de um léxico de origem africana em Minas Gerais (MG-Brasil

Este trabalho focaliza o léxico de origem banta presente na região de Tabatinga, localizada na ci... more Este trabalho focaliza o léxico de origem banta presente na região de Tabatinga, localizada na cidade de Bom Despacho, em Minas Gerais. Essa localidade -do mesmo modo que o Cafundó, em São Paulo, e outras cidades mineiras (Patrocínio e Milho Verde) -conservou um conjunto de palavras de origem banta, pertencentes ao vocabulário comum, cujo uso ficou restrito à comunidade. Os resultados obtidos, comparados ao trabalho de Queiroz (1998 [1981]) revelaram manutenção de parte do léxico, mudança fonética e semântica bem como indicaram que a "língua" de Bom Despacho está assumindo a função de gíria de um grupo de falantes moradores da Tabatinga, região de origem do dialeto. A "gíria" ou "dialeto" da Tabatinga mantém-se porque seu uso está hoje associado à identidade do grupo, que não se caracteriza mais por ser negro ou africano, mas por ser habitante de uma região pobre e outrora discriminada. Ao retomar a pesquisa na região mineira objetivou-se explicar como se formou essa "língua" e por que ela se manteve até hoje. Esta pesquisa é parte do projeto-piloto "Levantamento etnolinguístico de comunidades afro-brasileiras: Minas Gerais e Pará", que é parte do projeto Inventário da Diversidade Linguística Brasileira, promovido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e USP (Universidade de São Paulo). Palavras-chave: línguas africanas no Brasil, léxico, contato de línguas, línguas bantas no Brasil.