Mariana Virgolino | Universidade de São Paulo (original) (raw)
Book Reviews by Mariana Virgolino
Anais Eletrônicos XXIV Encontro Regional de História da ANPUH-MG 2024, 2024
Os primeiros tratados hipocráticos começaram a circular na Grécia Antiga por volta do século V a.... more Os primeiros tratados hipocráticos começaram a circular na Grécia Antiga por volta do século V a.C. (JOUANNA, 2001; NUTTON, 2004), na mesma época em que Hipodamos de Mileto elaborou suas visões sobre a organização ideal dos espaços de uma cidade e em que Sócrates ganha fama em Atenas. O "pai" do urbanismo ocidental é um exemplo dos homens de saber que se multiplicavam na Hélade: para eles, o ser humano, a pólis e sua organização eram constituintes do cosmo, não podendo ser compreendidos à parte da physis, o mundo natural (NUTTON, 2004; DONINI & FERRARI, 2012). O próprio Aristóteles nos legou uma coleção de trabalhos sobre o que hoje chamamos de biologia, embora seja mais conhecido por seu pensamento político e metafísico; Platão e mesmo Tucídides dialogam com o saber medico 2 que se popularizou no período clássico heleno (SWAIN, 1994). O pensamento filosófico grego não pode ser descolado da história de diversas comunidades que margeavam o Mediterrâneo nos séculos VII e VI a.C. (VERNANT, 2001). Muitas póleis da Ásia Menor, incluindo Mileto, foram dominadas no processo de expansão dos lídios no século VII a.C. e, em seguida, do domínio persa a partir de 547 a.C. Isso colocou os jônios em ainda maior contato com povos que estavam sob a administração dos Aquemênidas, (egípcios, babilônios, assírios) e que possuíam saberes medicinais, matemáticos e astronômicos mais sofisticados (BURKERT, 1998). Algumas figuras saíram da Ásia Menor devido à ação dos persas na política local, como é o caso de Xenófanes de Colofon e Pitágoras de Samos (KIRK, RAVEN & SCHOFIELD, 2010), o que ajudou na difusão de suas ideias em outras cidades gregas. Internamente, muitas comunidades gregas também vivenciaram dinâmicas que puseram em marcha o questionamento do poder das aristocracias, como comprovam a poesia de Hesíodo
Papers by Mariana Virgolino
Revista Brasileira de História, 2024
Este artigo analisa o Hino Homérico II: a Deméter como um drama social, conceito criado por Victo... more Este artigo analisa o Hino Homérico II: a Deméter como um drama social, conceito criado por Victor Turner. Abordamos as atitudes alimentares e os alimentos presentes na narrativa sob uma perspectiva simbólica, compreendendo que esse poema registra conflitos econômicos e de gênero vivenciados na época de sua composição, o século VII a.C. Como documento, o hino expressa ainda a ambiguidade do feminino e suas tentativas de negociação diante de um quadro histórico no qual as prerrogativas das mulheres estavam sofrendo alterações na Grécia Antiga.
Brathair, 2022
O presente estudo tem como objetivo traçar um perfil do entendimento da antiguidade grega sobre a... more O presente estudo tem como objetivo traçar um perfil do entendimento da antiguidade grega sobre a feminilidade em longa duração, do período arcaico (sécs. VIII-VI a.C.) ao clássico (sécs. V e IV a.C.). A filosofia e a literatura médica helenas descrevem as mulheres como excessivas, úmidas e emocionais. Tais alegações, contudo, já estavam presentes na poesia arcaica. Assim sendo, nos propomos a analisar um corpus documental formado por textos médicos, filosóficos e poéticos, tendo por fim como foco o Hino Homérico V: a Afrodite. Concluímos ser possível perceber uma continuidade entre mythos e lógos no que diz respeito ao feminino, pois ambos constroem e reforçam ideias que colocam as mulheres como seres que necessitam do controle patriarcal dada a sua sexualidade exacerbada.
História (são paulo), 2022
O presente artigo analisa a narrativa do Hino Homérico IV: a Hermes, composto durante o período a... more O presente artigo analisa a narrativa do Hino Homérico IV: a Hermes, composto durante o período arcaico (séculos VIII-VI a.C.) sob a luz da Antropologia de Victor Turner, ou seja, como drama social. Destarte, procuramos demonstrar como o hino -um documento religioso- pode ser útil ao estudo do desenvolvimento do pensamento político e jurídico heleno, uma vez que serve de metáfora aos conflitos sociais que ocorriam no arcaísmo, oferecendo uma possibilidade de resolução pacífica dos mesmos através da arbitragem e negociação no espaço público.
Revista Hélade, 2018
Segundo pensadores do século IV a.C, especialmente Platão e Aristóteles, a tirania seria a pior d... more Segundo pensadores do século IV a.C, especialmente Platão e Aristóteles, a tirania seria a pior das formas de governo. Todavia, a bibliografia recente sobre as autocracias na Grécia tem entendido que as ligações entre os atenienses e a tirania eram ambíguas. Hybris, por sua vez, é uma noção que foi sofrendo alterações ao longo da história da Grécia Antiga. Se nos poemas homéricos e hesiódicos ela se caracterizava por uma conduta contrária à retidão (dike), uma arrogância marcada por um comportamento no nível do excesso, no período clássico essa palavra estava principalmente relacionada ao ataque à honra (timé) de um cidadão. Pretendemos neste artigo explorar as relações entre tirania e hybris na Atenas dos períodos arcaico (VII-VI séculos a.C) e clássico (V e IV séculos a.C) e compreender as associações entre os tiranos e um comportamento desmedido, hibrístico ao longo das épocas mencionadas.
Revista Hélade, 2018
Apesar do crescente interesse dos classicistas europeus sobre monarquias, tiranias e governos aut... more Apesar do crescente interesse dos classicistas europeus sobre monarquias, tiranias e governos autocráticos na Grécia Antiga, ainda há poucos trabalhos recentes e atualizados acerca das tiranias na Magna Grécia e na Sicília. Neste artigo pretendemos tratar de uma fgura pouco explorada pelos helenistas, Aristodemos de Cumae, cognominado malakós, “efeminado”. Analisaremos a biografa desse tirano tal como apresentada nas Antiguidades Romanas, de Dionísio de Halicarnasso e As Virtudes das Mulheres, de Plutarco, objetivando perceber as motivações para tal apelido e contrapô-las aos modelos de comportamentos idealizados que as sociedades gregas dos séculos VI e V a.C esperavam de suas fguras políticas de destaque. Ao fm, concluímos que a alcunha conferida a Aristodemos está relacionada às ideias de hybris (desmedida) conferidas aos tiranos pela cultura política ateniense do período clássico e a associações entre excesso e comportamento feminino.
Romanitas - Revista de Estudos Grecolatinos, 2016
Resenha de: MORALES, F. A. A democracia ateniense pelo avesso: os metecos e a política de Lísias.... more Resenha de: MORALES, F. A. A democracia ateniense pelo avesso: os metecos e a política de Lísias. São Paulo: Edusp, 2014. 392 p.
Revista Aletheia, Feb 12, 2015
Revista Hélade, 2018
Apesar do crescente interesse dos classicistas europeus sobre monarquias, tiranias e governos au... more Apesar do crescente interesse dos classicistas europeus sobre
monarquias, tiranias e governos autocráticos na Grécia Antiga, ainda há
poucos trabalhos recentes e atualizados acerca das tiranias na Magna Grécia
e na Sicília. Neste artigo pretendemos tratar de uma figura pouco explorada
pelos helenistas, Aristodemos de Cumae, cognominado malakós, “efeminado”.
Analisaremos a biografia desse tirano tal como apresentada nas Antiguidades
Romanas, de Dionísio de Halicarnasso e As Virtudes das Mulheres, de Plutarco,
objetivando perceber as motivações para tal apelido e contrapô-las aos modelos
de comportamentos idealizados que as sociedades gregas dos séculos VI e
V a.C esperavam de suas figuras políticas de destaque. Ao fim, concluímos
que a alcunha conferida a Aristodemos está relacionada às ideias de hybris
(desmedida) conferidas aos tiranos pela cultura política ateniense do período
clássico e a associações entre excesso e comportamento feminino.
Revista Hélade, 2017
Resumo: Segundo pensadores do século IV a.C, especialmente Platão e Aristóteles, a tirania seria ... more Resumo: Segundo pensadores do século IV a.C, especialmente Platão e Aristóteles, a tirania seria a pior das formas de governo. Todavia, a bibliografia recente sobre as autocracias na Grécia tem entendido que as ligações entre os atenienses e a tirania eram ambíguas. Hybris, por sua vez, é uma noção que foi sofrendo alterações ao longo da história da Grécia Antiga. Se nos poemas homéricos e hesiódicos ela se caracterizava por uma conduta contrária à retidão (dike), uma arrogância marcada por um comportamento no nível do excesso, no período clássico essa palavra estava principalmente relacionada ao ataque à honra (timé) de um cidadão. Pretendemos neste artigo explorar as relações entre tirania e hybris na Atenas dos períodos arcaico (VII-VI séculos a.C) e clássico (V e IV séculos a.C) e compreender as associações entre os tiranos e um comportamento desmedido, hibrístico ao longo das épocas mencionadas.
Em nossa pesquisa de mestrado 2 nos dedicamos ao estudo do santuário dedicado a Deméter e Koré lo... more Em nossa pesquisa de mestrado 2 nos dedicamos ao estudo do santuário dedicado a Deméter e Koré localizado na acrópole da pólis de Corinto. Trata-se de um sítio com mais de 7.000 m², escavado nas décadas de 1960 e 1970 por arqueólogos da American School of Classical Studies At Athens. O terreno começou a ser espaço de atividades rituais no entre os séculos VIII e VII a.C e o santuário possui várias características interessantes que o diferenciam de outros complexos dedicados a Deméter, dentre as quais destacamos ser o santuário com maior número de hestiatoria (salas de banquete) já escavadas. No Período Clássico (séculos V e IV a.C) mais de duzentas pessoas poderiam ser abrigadas ao mesmo tempo nas salas de banquete (VIRGOLINO, 2013: 154). Também o volume de objetos votivos ali recolhidos foi impressionante: mais de vinte e quatro mil figuras votivas foram contadas, catalogadas em quatrocentos e oitenta lotes (BOOKIDIS & STROUD, 1997: xx), e esse número não inclui os vasos votivos e a cerâmica utilizada no ritual do banquete que ali ocorria. Com o fim da pesquisa, concluímos que o santuário era um lugar antropológico 3 onde as mulheres coríntias construíam e demonstravam para a pólis seu pertencimento ao corpo cívico tanto pela prática do banquete, ocorrida no espaço público, quanto pela
Resumo: Em meados do século VII a.C a pólis de Corinto vê o regime aristocrático controlado pelo ... more Resumo: Em meados do século VII a.C a pólis de Corinto vê o regime aristocrático controlado pelo génos Baquiade dar lugar à tirania de Cipselos e, após essa, a de seu filho, Periandros. Durante a permanência dos Cipsélidas no poder Corinto passou por diversas transformações: obras públicas foram estimuladas e o panteão da pólis foi modificado. Neste artigo abordaremos as mudanças realizadas pela tirania na religião coríntia, especialmente com a promoção de cultos de apelo aos menos abastados, como o de Deméter e Koré e Dionisos.
Thesis Chapters by Mariana Virgolino
Nenhum trabalho é individual. Ele é sempre a soma de um esforço coletivo para um fim. E ao fim ch... more Nenhum trabalho é individual. Ele é sempre a soma de um esforço coletivo para um fim. E ao fim chegamos. Quero, então, agradecer aos que colaboraram para que isso fosse possível. E foram muitos aqueles que ajudaram a concluir estas mal traçadas linhas.
Books by Mariana Virgolino
Stasis e Estabilidade na Grécia Antiga, 2020
Anais Eletrônicos XXIV Encontro Regional de História da ANPUH-MG 2024, 2024
Os primeiros tratados hipocráticos começaram a circular na Grécia Antiga por volta do século V a.... more Os primeiros tratados hipocráticos começaram a circular na Grécia Antiga por volta do século V a.C. (JOUANNA, 2001; NUTTON, 2004), na mesma época em que Hipodamos de Mileto elaborou suas visões sobre a organização ideal dos espaços de uma cidade e em que Sócrates ganha fama em Atenas. O "pai" do urbanismo ocidental é um exemplo dos homens de saber que se multiplicavam na Hélade: para eles, o ser humano, a pólis e sua organização eram constituintes do cosmo, não podendo ser compreendidos à parte da physis, o mundo natural (NUTTON, 2004; DONINI & FERRARI, 2012). O próprio Aristóteles nos legou uma coleção de trabalhos sobre o que hoje chamamos de biologia, embora seja mais conhecido por seu pensamento político e metafísico; Platão e mesmo Tucídides dialogam com o saber medico 2 que se popularizou no período clássico heleno (SWAIN, 1994). O pensamento filosófico grego não pode ser descolado da história de diversas comunidades que margeavam o Mediterrâneo nos séculos VII e VI a.C. (VERNANT, 2001). Muitas póleis da Ásia Menor, incluindo Mileto, foram dominadas no processo de expansão dos lídios no século VII a.C. e, em seguida, do domínio persa a partir de 547 a.C. Isso colocou os jônios em ainda maior contato com povos que estavam sob a administração dos Aquemênidas, (egípcios, babilônios, assírios) e que possuíam saberes medicinais, matemáticos e astronômicos mais sofisticados (BURKERT, 1998). Algumas figuras saíram da Ásia Menor devido à ação dos persas na política local, como é o caso de Xenófanes de Colofon e Pitágoras de Samos (KIRK, RAVEN & SCHOFIELD, 2010), o que ajudou na difusão de suas ideias em outras cidades gregas. Internamente, muitas comunidades gregas também vivenciaram dinâmicas que puseram em marcha o questionamento do poder das aristocracias, como comprovam a poesia de Hesíodo
Revista Brasileira de História, 2024
Este artigo analisa o Hino Homérico II: a Deméter como um drama social, conceito criado por Victo... more Este artigo analisa o Hino Homérico II: a Deméter como um drama social, conceito criado por Victor Turner. Abordamos as atitudes alimentares e os alimentos presentes na narrativa sob uma perspectiva simbólica, compreendendo que esse poema registra conflitos econômicos e de gênero vivenciados na época de sua composição, o século VII a.C. Como documento, o hino expressa ainda a ambiguidade do feminino e suas tentativas de negociação diante de um quadro histórico no qual as prerrogativas das mulheres estavam sofrendo alterações na Grécia Antiga.
Brathair, 2022
O presente estudo tem como objetivo traçar um perfil do entendimento da antiguidade grega sobre a... more O presente estudo tem como objetivo traçar um perfil do entendimento da antiguidade grega sobre a feminilidade em longa duração, do período arcaico (sécs. VIII-VI a.C.) ao clássico (sécs. V e IV a.C.). A filosofia e a literatura médica helenas descrevem as mulheres como excessivas, úmidas e emocionais. Tais alegações, contudo, já estavam presentes na poesia arcaica. Assim sendo, nos propomos a analisar um corpus documental formado por textos médicos, filosóficos e poéticos, tendo por fim como foco o Hino Homérico V: a Afrodite. Concluímos ser possível perceber uma continuidade entre mythos e lógos no que diz respeito ao feminino, pois ambos constroem e reforçam ideias que colocam as mulheres como seres que necessitam do controle patriarcal dada a sua sexualidade exacerbada.
História (são paulo), 2022
O presente artigo analisa a narrativa do Hino Homérico IV: a Hermes, composto durante o período a... more O presente artigo analisa a narrativa do Hino Homérico IV: a Hermes, composto durante o período arcaico (séculos VIII-VI a.C.) sob a luz da Antropologia de Victor Turner, ou seja, como drama social. Destarte, procuramos demonstrar como o hino -um documento religioso- pode ser útil ao estudo do desenvolvimento do pensamento político e jurídico heleno, uma vez que serve de metáfora aos conflitos sociais que ocorriam no arcaísmo, oferecendo uma possibilidade de resolução pacífica dos mesmos através da arbitragem e negociação no espaço público.
Revista Hélade, 2018
Segundo pensadores do século IV a.C, especialmente Platão e Aristóteles, a tirania seria a pior d... more Segundo pensadores do século IV a.C, especialmente Platão e Aristóteles, a tirania seria a pior das formas de governo. Todavia, a bibliografia recente sobre as autocracias na Grécia tem entendido que as ligações entre os atenienses e a tirania eram ambíguas. Hybris, por sua vez, é uma noção que foi sofrendo alterações ao longo da história da Grécia Antiga. Se nos poemas homéricos e hesiódicos ela se caracterizava por uma conduta contrária à retidão (dike), uma arrogância marcada por um comportamento no nível do excesso, no período clássico essa palavra estava principalmente relacionada ao ataque à honra (timé) de um cidadão. Pretendemos neste artigo explorar as relações entre tirania e hybris na Atenas dos períodos arcaico (VII-VI séculos a.C) e clássico (V e IV séculos a.C) e compreender as associações entre os tiranos e um comportamento desmedido, hibrístico ao longo das épocas mencionadas.
Revista Hélade, 2018
Apesar do crescente interesse dos classicistas europeus sobre monarquias, tiranias e governos aut... more Apesar do crescente interesse dos classicistas europeus sobre monarquias, tiranias e governos autocráticos na Grécia Antiga, ainda há poucos trabalhos recentes e atualizados acerca das tiranias na Magna Grécia e na Sicília. Neste artigo pretendemos tratar de uma fgura pouco explorada pelos helenistas, Aristodemos de Cumae, cognominado malakós, “efeminado”. Analisaremos a biografa desse tirano tal como apresentada nas Antiguidades Romanas, de Dionísio de Halicarnasso e As Virtudes das Mulheres, de Plutarco, objetivando perceber as motivações para tal apelido e contrapô-las aos modelos de comportamentos idealizados que as sociedades gregas dos séculos VI e V a.C esperavam de suas fguras políticas de destaque. Ao fm, concluímos que a alcunha conferida a Aristodemos está relacionada às ideias de hybris (desmedida) conferidas aos tiranos pela cultura política ateniense do período clássico e a associações entre excesso e comportamento feminino.
Romanitas - Revista de Estudos Grecolatinos, 2016
Resenha de: MORALES, F. A. A democracia ateniense pelo avesso: os metecos e a política de Lísias.... more Resenha de: MORALES, F. A. A democracia ateniense pelo avesso: os metecos e a política de Lísias. São Paulo: Edusp, 2014. 392 p.
Revista Aletheia, Feb 12, 2015
Revista Hélade, 2018
Apesar do crescente interesse dos classicistas europeus sobre monarquias, tiranias e governos au... more Apesar do crescente interesse dos classicistas europeus sobre
monarquias, tiranias e governos autocráticos na Grécia Antiga, ainda há
poucos trabalhos recentes e atualizados acerca das tiranias na Magna Grécia
e na Sicília. Neste artigo pretendemos tratar de uma figura pouco explorada
pelos helenistas, Aristodemos de Cumae, cognominado malakós, “efeminado”.
Analisaremos a biografia desse tirano tal como apresentada nas Antiguidades
Romanas, de Dionísio de Halicarnasso e As Virtudes das Mulheres, de Plutarco,
objetivando perceber as motivações para tal apelido e contrapô-las aos modelos
de comportamentos idealizados que as sociedades gregas dos séculos VI e
V a.C esperavam de suas figuras políticas de destaque. Ao fim, concluímos
que a alcunha conferida a Aristodemos está relacionada às ideias de hybris
(desmedida) conferidas aos tiranos pela cultura política ateniense do período
clássico e a associações entre excesso e comportamento feminino.
Revista Hélade, 2017
Resumo: Segundo pensadores do século IV a.C, especialmente Platão e Aristóteles, a tirania seria ... more Resumo: Segundo pensadores do século IV a.C, especialmente Platão e Aristóteles, a tirania seria a pior das formas de governo. Todavia, a bibliografia recente sobre as autocracias na Grécia tem entendido que as ligações entre os atenienses e a tirania eram ambíguas. Hybris, por sua vez, é uma noção que foi sofrendo alterações ao longo da história da Grécia Antiga. Se nos poemas homéricos e hesiódicos ela se caracterizava por uma conduta contrária à retidão (dike), uma arrogância marcada por um comportamento no nível do excesso, no período clássico essa palavra estava principalmente relacionada ao ataque à honra (timé) de um cidadão. Pretendemos neste artigo explorar as relações entre tirania e hybris na Atenas dos períodos arcaico (VII-VI séculos a.C) e clássico (V e IV séculos a.C) e compreender as associações entre os tiranos e um comportamento desmedido, hibrístico ao longo das épocas mencionadas.
Em nossa pesquisa de mestrado 2 nos dedicamos ao estudo do santuário dedicado a Deméter e Koré lo... more Em nossa pesquisa de mestrado 2 nos dedicamos ao estudo do santuário dedicado a Deméter e Koré localizado na acrópole da pólis de Corinto. Trata-se de um sítio com mais de 7.000 m², escavado nas décadas de 1960 e 1970 por arqueólogos da American School of Classical Studies At Athens. O terreno começou a ser espaço de atividades rituais no entre os séculos VIII e VII a.C e o santuário possui várias características interessantes que o diferenciam de outros complexos dedicados a Deméter, dentre as quais destacamos ser o santuário com maior número de hestiatoria (salas de banquete) já escavadas. No Período Clássico (séculos V e IV a.C) mais de duzentas pessoas poderiam ser abrigadas ao mesmo tempo nas salas de banquete (VIRGOLINO, 2013: 154). Também o volume de objetos votivos ali recolhidos foi impressionante: mais de vinte e quatro mil figuras votivas foram contadas, catalogadas em quatrocentos e oitenta lotes (BOOKIDIS & STROUD, 1997: xx), e esse número não inclui os vasos votivos e a cerâmica utilizada no ritual do banquete que ali ocorria. Com o fim da pesquisa, concluímos que o santuário era um lugar antropológico 3 onde as mulheres coríntias construíam e demonstravam para a pólis seu pertencimento ao corpo cívico tanto pela prática do banquete, ocorrida no espaço público, quanto pela
Resumo: Em meados do século VII a.C a pólis de Corinto vê o regime aristocrático controlado pelo ... more Resumo: Em meados do século VII a.C a pólis de Corinto vê o regime aristocrático controlado pelo génos Baquiade dar lugar à tirania de Cipselos e, após essa, a de seu filho, Periandros. Durante a permanência dos Cipsélidas no poder Corinto passou por diversas transformações: obras públicas foram estimuladas e o panteão da pólis foi modificado. Neste artigo abordaremos as mudanças realizadas pela tirania na religião coríntia, especialmente com a promoção de cultos de apelo aos menos abastados, como o de Deméter e Koré e Dionisos.
Nenhum trabalho é individual. Ele é sempre a soma de um esforço coletivo para um fim. E ao fim ch... more Nenhum trabalho é individual. Ele é sempre a soma de um esforço coletivo para um fim. E ao fim chegamos. Quero, então, agradecer aos que colaboraram para que isso fosse possível. E foram muitos aqueles que ajudaram a concluir estas mal traçadas linhas.